O diretor chinês Jia Zhang-ke volta a tratar de temas que
lhe são caros neste Amor Até as Cinzas.
A trama se estende ao longo de vários anos para falar de tempo, memória e
afeto, algo que Zhang-ke já tinha explorado em filmes anteriores, como o
primoroso As Montanhas Se Separam
(2016), e dá ao filme a sensação de que estamos vendo um músico tocando seu
maiores sucessos. Pode não levar adiante o que ele já tinha feito antes, mas é
consistente o bastante para oferecer uma boa experiência.
A trama começa em 2001. Qiao (Tao Zhao) mora em uma pequena
vila mineradora no interior da China e namora o pequeno gângster Bin (Fan Liao)
que trabalha para um grande empresário do ramo imobiliário. Quando o chefe de
Bin morre, ele acaba colocado em uma posição de liderança para a qual não
estava preparado, se tornando um alvo para grupos rivais. Um dia, Bin é atacado
por um grupo grande de adversários e, sem outro meio para ajudar o namorado,
Qiao saca uma arma de fogo que Bin tinha guardada no carro, espantando os
bandidos rivais. Qiao e Bin acabam presos e a protagonista se recusa a entregar
o namorado, dizendo que a arma pertencia a ela. Assim, Qiao pega uma pena muito
maior do que a de Bin, saindo da prisão cinco anos depois.