Essa segunda parte de O Mundo Sombrio de Sabrina sofre de muitos dos mesmos problemas da segunda
temporada de Riverdale, também
produzida por Roberto Aguirre-Sacasa. Ambos segundos anos sofrem com uma trama arrastada,
que demora a engrenar, arcos de personagens secundários que não convencem e uma
aparente falta de compreensão do que tornou o ano de estreia tão interessante.
A trama continua basicamente onde a primeira parte terminou,
com Sabrina (Kiernan Shipka) finalmente fazendo o seu batismo de sangue,
aceitando sua herança de bruxa e indo estudar na Academia de Artes Ocultas,
deixando para trás seus amigos humanos e seu namorado, Harvey (Ross Lynch). Na
Academia, Sabrina precisa lidar com as estruturas arcaicas e machistas da
Igreja da Noite e a liderança do Padre Blackwood (Richard Coyle).
Desde a primeira parte já havia ficado evidente que o culto
das bruxas servia como uma espécie de metáfora invertida do cristianismo,
criticando a imposição de uma fé aos jovens e também o patriarcado anacrônico
da Igreja Católica. Aqui isso é construído através de paralelos tão
exageradamente óbvios, como a existência de um “antipapa” ou da performance da
“Paixão de Lúcifer” ao invés da Paixão de Cristo do cristianismo, que aquilo
que era uma interessante metáfora social se torna uma caricatura tosca. A
verdade é que quanto mais tempo a trama gasta nesses pormenores da sociedade
bruxa, menos interessante tudo fica.