
Essas críticas, no entanto, impediram por muito tempo que se
percebesse o potencial expressivo de muitas das primeiras chanchadas e de
filmes comandados por realizadores como Watson Macedo, Carlos Manga ou José
Carlos Burle. Um dos filmes que melhor resume as qualidades dessas chanchadas
talvez seja Carnaval Atlântida,
lançado em 1952 e dirigido por Burle. Na época, a Atlântida, junto com a
Cinédia, era uma das maiores produtoras de cinema no Brasil daquele período. A
trajetória da produtora chegou a ser retratada no documentário Assim Era a Atlântida (1974), que ajuda
a entender esse período importante e pouco pesquisado do cinema brasileiro.
A trama de Carnaval
Atlântida é centrada na produtora comandada por Cecílio B. DeMilho (Renato
Restier), uma nome feito claramente para parodiar o produtor e diretor
hollywoodiano Cecil B. DeMille. DeMilho quer que seu próximo filme seja uma
superprodução baseada na história de Helena de Tróia e contrata um especialista
em história grega, o professor Xenofontes (Oscarito) para ajudar na tarefa. Ao
mesmo tempo, os atores do estúdio, como Augusto (Cyll Farney), Regina (Eliana
Macedo) e os dois assistentes Piro (Colé Santana) e Miro (Grande Otelo) tentam
convencer Cecílio a fazer uma comédia carnavalesca.