terça-feira, 7 de maio de 2019

Crítica – The Act: 1ª Temporada




A primeira vez que assisti ao documentário Mamãe Morta e Querida (2017) que contava a história do chocante assassinato de Dee Dee Blanchard pela filha Gypsy Rose, que todos achavam ser uma deficiente física e mental, tive certeza que eventualmente seria adaptada para a ficção, seja como filme ou série. Assim, foi com pouca surpresa que descobri que The Act, série de antologia baseada em histórias de crimes reais produzida pelo serviço de streaming Hulu, tinha eleito a história de Gypsy para sua primeira temporada.

A trama conta a complicada relação de Dee Dee Blanchard (Patricia Arquette) e da filha Gypsy Rose (Joey King, de Barraca do Beijo). Aparentemente com muitos problemas de saúde desde o nascimento, Gypsy vive em uma cadeira de rodas, é alimentada via sonda e toma uma quantidade enorme de medicamentos por dia. Aos poucos, no entanto, a garota vai descobrindo que a mãe inventou praticamente todos esses problemas de saúde para mantê-la sob controle e ganhar atenção e caridade de estranhos. A temporada vai acompanhando as tensões entre mãe e filha até o assassinato de Dee Dee.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Crítica – Cemitério Maldito


Análise Crítica – Cemitério Maldito


Review – Cemitério Maldito
Confesso que nunca vi o primeiro Cemitério Maldito (1989). Lembro do SBT passar direto em suas sessões noturnas quando eu era criança, mas o comercial me deixava com medo de assistir. O tempo passou e eu me acostumei a filmes de terror, mas nunca lembrei de retornar a Cemitério Maldito. Assim, assisti a essa nova adaptação da história escrita por Stephen King sem ter visto a primeira versão.

A trama acompanha a família do médico Louis (Jason Clarke), que se muda para o interior do Maine para recomeçar a vida. Um dia, o gato de sua filha Ellie (Jeté Laurence) é atropelado e ele leva o animal a um cemitério de animais. Jud (John Lithgow), o vizinho da família, direciona Louis a uma parte isolada do cemitério, direcionando o médico a enterrar o gato ali. Dias depois, o gato reaparece na residência da família, mas aos poucos vai se tornando evidente que o animal está muito diferente.

É, em essência, um filme sobre a dificuldade em lidar com o luto e as maneiras com as quais o excesso de apego aos que partiram acaba destruindo as vidas de quem ficou. A ideia é vista tanto nos flashbacks da esposa de Louis, Rachel (Amy Seimetz), que tem dificuldade em desapegar da brutal morte da irmã doente anos atrás, como na própria jornada de Louis.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Rapsódias Revisitadas – Carnaval Atlântida


Crítica - Carnaval Atlântida


Review Carnaval AtlântidaAs chamadas “chanchadas” eram filmes de comédia de cunho popular feitas no Brasil dos anos 30 aos anos 50 aproximadamente. Durante um bom tempo foram consideradas um gênero “maldito” ou “inferior”, parte disso vinha do discurso de cineastas do movimento do Cinema Novo que viam as chanchadas como algo raso, alienante e vazio. Eles não estavam completamente errados, já que muita coisa, principalmente no final dos anos 50, de fato não tinha muito a oferecer ao espectador além de fórmulas manjadas.

Essas críticas, no entanto, impediram por muito tempo que se percebesse o potencial expressivo de muitas das primeiras chanchadas e de filmes comandados por realizadores como Watson Macedo, Carlos Manga ou José Carlos Burle. Um dos filmes que melhor resume as qualidades dessas chanchadas talvez seja Carnaval Atlântida, lançado em 1952 e dirigido por Burle. Na época, a Atlântida, junto com a Cinédia, era uma das maiores produtoras de cinema no Brasil daquele período. A trajetória da produtora chegou a ser retratada no documentário Assim Era a Atlântida (1974), que ajuda a entender esse período importante e pouco pesquisado do cinema brasileiro.

A trama de Carnaval Atlântida é centrada na produtora comandada por Cecílio B. DeMilho (Renato Restier), uma nome feito claramente para parodiar o produtor e diretor hollywoodiano Cecil B. DeMille. DeMilho quer que seu próximo filme seja uma superprodução baseada na história de Helena de Tróia e contrata um especialista em história grega, o professor Xenofontes (Oscarito) para ajudar na tarefa. Ao mesmo tempo, os atores do estúdio, como Augusto (Cyll Farney), Regina (Eliana Macedo) e os dois assistentes Piro (Colé Santana) e Miro (Grande Otelo) tentam convencer Cecílio a fazer uma comédia carnavalesca.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada
Eu fiquei bastante surpreso com a primeira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder. Era uma reinvenção competente da animação oitentista que conseguia trazer uma inesperada camada de complexidade aos seus personagens em relação ao maniqueísmo quadrado do produto original. Esse segundo ano segue essa mesma abordagem de adicionar camadas aos seus heróis e vilões, mas a curta duração impede que tenha o mesmo impacto do ano de estreia.

Com apenas sete episódios, quase metade em relação aos treze da primeira temporada, esse segundo ano começa no ponto em que o anterior terminou. Adora está treinando para dominar seus poderes como She-Ra, as princesas tentam se organizar para conter o avanço de Hordak e Felina tenta encontrar um jeito de neutralizar Adora.

Se a primeira temporada era sobre Adora (e em certa medida as outras princesas também) descobrir o próprio poder, essa segunda é sobre como a protagonista lida com o peso da responsabilidade de saber que ela carrega nas costas o destino da resistência contra Hordak. Esse peso cria inseguranças em Adora, principalmente por ela saber que a última She-Ra foi, de alguma maneira, responsável por parte da destruição de Etéria. Assim, ela se torna obcecada em entender o que aconteceu para evitar que os problemas do passado voltem a se repetir.

domingo, 28 de abril de 2019

Crítica – Vingadores: Ultimato (SEM SPOILERS)

Análise Crítica – Vingadores: Ultimato


Review – Vingadores: Ultimato
Vingadores: Ultimato tinha a ingrata missão de encerrar um ciclo de narrativas iniciadas há mais de dez anos, contendo inúmeros personagens e tramas. Poderia ser confuso, bagunçado ou cansativo, mas o filme é um desfecho competente e digno a todas essas histórias, respeitando e celebrando o próprio legado.

A trama começa no ponto em que Vingadores: Guerra Infinita (2018) terminou. Com o Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e os demais tentando descobrir o que fazer depois da dizimação de Thanos (Josh Brolin). Ao mesmo tempo, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillan) estão à deriva no espaço depois da batalha no planeta Titã.

Dizer mais seria dar estragar a experiência, já que é melhor assistir sabendo o mínimo possível, mas o começo faz um eficiente trabalho em evidenciar o peso da derrota sobre os heróis e do caos que se instaurou no mundo após a dizimação. Todo o começo serve para dar peso e motivação para os eventos que segue e, por mais que demore para chegar onde precisa, é necessário para que compreendamos devidamente o que está em jogo para cada personagem.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Análise Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Review – Samantha!: 2ª Temporada
Eu fiquei bem surpreso com a primeira temporada de Samantha! O que poderia ser uma comédia esquecível sobre uma personalidade midiática no ostracismo acabou se revelando um competente e divertido estudo sobre o culto às celebridades e sobre uma geração de adultos que se recusa a crescer e está constantemente apegada à nostalgia. Essa segunda temporada não chega a dizer nada de novo, mas ao menos aprofunda seu entendimento sobre seus personagens.

A trama começa com Samantha (Emanuelle Araújo) descobrindo que seus antigos colegas de programa, Tico (Rodrigo Pandolfo) e Bolota (Maurício Xavier), vão lançar um filme biográfico sobre ela chamado “Samonstra”. Diante do que considera um ataque, Samantha tenta sabotar o filme ao mesmo tempo em que se esforça para reconstruir sua imagem como algo além de um símbolo nostálgico.

O tema da imaturidade volta a aparecer na ida de Samantha a uma reunião de pais na escola dos filhos. A reunião mostra como os adultos se mostram facilmente dispostos a abandonar as responsabilidades parentais e delegar tudo à escola, conforme Samantha os faz ver como tudo aquilo é chato e trabalhoso. A temática também é vista na relação de Dodói (Douglas Silva) com sua controladora mãe (Zezeh Barbosa), que o trata como uma criança pequena.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Crítica – Star Trek Discovery: 2ª Temporada


Análise Crítica – Star Trek Discovery: 2ª Temporada


Review – Star Trek Discovery: 2ª Temporada
O final da primeira temporada de Star Trek Discovery prometia um encontro com a tripulação da Enterprise. Fiquei em dúvida se inserir alguns personagens clássicos como Spock ou o capitão Pike não poderia cair em um mero fanservice, mas felizmente a presença desses personagens é usada para desenvolver os arcos dos protagonistas da série.

A temporada começa no ponto em que a primeira parou. A Discovery vai resgatar a Enterprise e Michael (Sonequa Martin Green) descobre que seu irmão adotivo Spock (Ethan Peck) está desaparecido. Como a Enterprise está com sérios danos, o capitão Pike (Anson Mount) se integra à tripulação da Enterprise, que está precisando de um capitão depois da morte do capitão Lorca (Oscar Isaac) no ano de estreia. Ao longo da temporada, a tripulação da Discovery se envolve em uma investigação de misteriosos sinais deixados por uma entidade que eles passam a chamar de “Anjo Vermelho”.

A aparição de uma entidade aparentemente sobrenatural que parece vagar pelo universo ajudando pessoas necessitadas coloca a série diante de uma temática que a franquia Star Trek pouco tinha explorado até agora que a da fé. Sim, Star Trek V: A Fronteira Final (1989) mais ou menos explorou isso ao colocar Kirk e companhia para encontrar o planeta de “deus”, mas o filme é pavoroso e trata toda a questão da pior maneira possível, então vamos considerar que Discovery é a primeira tentativa séria de tentar ponderar sobre o papel da fé em um universo tão dominado pela ciência.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2


Análise Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2


Review – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2
Essa segunda parte de O Mundo Sombrio de Sabrina sofre de muitos dos mesmos problemas da segunda temporada de Riverdale, também produzida por Roberto Aguirre-Sacasa. Ambos segundos anos sofrem com uma trama arrastada, que demora a engrenar, arcos de personagens secundários que não convencem e uma aparente falta de compreensão do que tornou o ano de estreia tão interessante.

A trama continua basicamente onde a primeira parte terminou, com Sabrina (Kiernan Shipka) finalmente fazendo o seu batismo de sangue, aceitando sua herança de bruxa e indo estudar na Academia de Artes Ocultas, deixando para trás seus amigos humanos e seu namorado, Harvey (Ross Lynch). Na Academia, Sabrina precisa lidar com as estruturas arcaicas e machistas da Igreja da Noite e a liderança do Padre Blackwood (Richard Coyle).

Desde a primeira parte já havia ficado evidente que o culto das bruxas servia como uma espécie de metáfora invertida do cristianismo, criticando a imposição de uma fé aos jovens e também o patriarcado anacrônico da Igreja Católica. Aqui isso é construído através de paralelos tão exageradamente óbvios, como a existência de um “antipapa” ou da performance da “Paixão de Lúcifer” ao invés da Paixão de Cristo do cristianismo, que aquilo que era uma interessante metáfora social se torna uma caricatura tosca. A verdade é que quanto mais tempo a trama gasta nesses pormenores da sociedade bruxa, menos interessante tudo fica.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Crítica – Amor Até as Cinzas


Análise Crítica – Amor Até as Cinzas


Review – Amor Até as Cinzas
O diretor chinês Jia Zhang-ke volta a tratar de temas que lhe são caros neste Amor Até as Cinzas. A trama se estende ao longo de vários anos para falar de tempo, memória e afeto, algo que Zhang-ke já tinha explorado em filmes anteriores, como o primoroso As Montanhas Se Separam (2016), e dá ao filme a sensação de que estamos vendo um músico tocando seu maiores sucessos. Pode não levar adiante o que ele já tinha feito antes, mas é consistente o bastante para oferecer uma boa experiência.

A trama começa em 2001. Qiao (Tao Zhao) mora em uma pequena vila mineradora no interior da China e namora o pequeno gângster Bin (Fan Liao) que trabalha para um grande empresário do ramo imobiliário. Quando o chefe de Bin morre, ele acaba colocado em uma posição de liderança para a qual não estava preparado, se tornando um alvo para grupos rivais. Um dia, Bin é atacado por um grupo grande de adversários e, sem outro meio para ajudar o namorado, Qiao saca uma arma de fogo que Bin tinha guardada no carro, espantando os bandidos rivais. Qiao e Bin acabam presos e a protagonista se recusa a entregar o namorado, dizendo que a arma pertencia a ela. Assim, Qiao pega uma pena muito maior do que a de Bin, saindo da prisão cinco anos depois.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Crítica – Cópias: De Volta à Vida


Análise Crítica – Cópias: De Volta à Vida


Review – Cópias: De Volta à Vida
Este Cópias: De Volta à Vida se propõe a ser uma ficção científica que tenta discutir consciência, a mente humana e a transcendência da vida, no entanto acaba abandonando todas essas ideias lá pela metade de sua duração, preferindo ser um suspense esquecível sem nada a dizer.

A trama acompanha Will (Keanu Reeves) um cientista que pesquisa maneiras de transmitir a consciência de mortos para corpos robóticos, mas cujos fracassos sucessivos tem deixado impaciente seu chefe, Jones (John Ortiz). Um dia, durante uma viagem, ele se envolve em um acidente de carro e toda a sua família morre. Sem aceitar a fatalidade, ele decide criar réplicas da esposa e filhos para que eles continuem vivos.

Era de se imaginar, dado o começo do filme, que ele tentaria passar as mentes deles para corpos robóticos, mas não, ele os clona. Isso não faz nenhum sentido, afinal porque cargas d’água no universo desse filme a clonagem seria considerada uma ação antiética enquanto transferir mentes para robôs mais fortes e resistentes que qualquer humano seria aceitável? Mais que isso, porque robôs seriam um receptáculo melhor para a mente do que um corpo orgânico e com o mesmo DNA do sujeito original?