John Wick: Um Novo Dia Para Matar (2017) encerrou prometendo uma guerra aberta entre John (Keanu
Reeves) e todo o submundo dos assassinos. Este John Wick 3: Parabellum entrega exatamente aquilo que o final do
anterior prometia, entregando uma corrida desesperada por sobrevivência.
Caçado onde quer que vá, John precisa encontrar o misterioso
Ancião, uma figura ainda mais poderosa que a Alta Cúpula das famílias criminosas
que controlam todo o submundo do crime. Para isso, John precisará da ajuda de
Sofia (Halle Berry), uma antiga conhecida que deve um favor a John.
Tal como os outros dois filmes é uma trama bem simples, mas
o fato de ser simples não significa que o filme não tem nada a dizer. Há muito
aqui sobre a questão de regras, responsabilidade e consequência, sobre como qualquer
grupo social, mesmo uma sombria sociedade de criminosos, precisa de regras para
resistir à completa barbárie.
Neste filme, mais do que nos anteriores, fica claro que há
um desequilíbrio de poder nessas regras, que a Alta Cúpula, aqueles que ditam
as regras, detém todo o poder e constroem as regras para manterem e
consolidarem seu próprio poder. Não deixa de ser uma metáfora para a própria sociedade,
sua necessidade de regras e como as elites financeiras e políticas
costumeiramente legislam em causa própria. O discurso sobre ação e consequência
também pode ser associado às indeléveis marcas deixadas pela violência, tanto
que comete quanto quem sofre, e como essas marcas inevitavelmente transformam e
guiam o destino dos indivíduos.