segunda-feira, 13 de maio de 2019

Crítica – John Wick 3: Parabellum


Análise Crítica – John Wick 3: Parabellum


Review – John Wick 3: Parabellum
John Wick: Um Novo Dia Para Matar (2017) encerrou prometendo uma guerra aberta entre John (Keanu Reeves) e todo o submundo dos assassinos. Este John Wick 3: Parabellum entrega exatamente aquilo que o final do anterior prometia, entregando uma corrida desesperada por sobrevivência.

Caçado onde quer que vá, John precisa encontrar o misterioso Ancião, uma figura ainda mais poderosa que a Alta Cúpula das famílias criminosas que controlam todo o submundo do crime. Para isso, John precisará da ajuda de Sofia (Halle Berry), uma antiga conhecida que deve um favor a John.

Tal como os outros dois filmes é uma trama bem simples, mas o fato de ser simples não significa que o filme não tem nada a dizer. Há muito aqui sobre a questão de regras, responsabilidade e consequência, sobre como qualquer grupo social, mesmo uma sombria sociedade de criminosos, precisa de regras para resistir à completa barbárie.

Neste filme, mais do que nos anteriores, fica claro que há um desequilíbrio de poder nessas regras, que a Alta Cúpula, aqueles que ditam as regras, detém todo o poder e constroem as regras para manterem e consolidarem seu próprio poder. Não deixa de ser uma metáfora para a própria sociedade, sua necessidade de regras e como as elites financeiras e políticas costumeiramente legislam em causa própria. O discurso sobre ação e consequência também pode ser associado às indeléveis marcas deixadas pela violência, tanto que comete quanto quem sofre, e como essas marcas inevitavelmente transformam e guiam o destino dos indivíduos.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Lixo Extraordinário – Eu Sei Quem Me Matou

Análise Crítica - Eu Sei Quem Me Matou


Review - Eu Sei Quem Me Matou
Estrelado por Lindsay Lohan, Eu Sei Quem Me Matou (2007) é um dos maiores vencedores do Framboesa de Ouro, premiação que celebra os piores filmes, ao lado de porcarias como A Reconquista (2000) e Cada Um Tem a Gêmea Que Merece (2011). Na verdade, Eu Sei Quem Me Matou superou o recorde de sete "prêmios" de A Reconquista, vencendo oito Framboesas.

A trama acompanha Audrey (Lindsay Lohan), uma jovem pianista e escritora com uma carreira promissora pela frente. Tudo muda quando Audrey é misteriosamente sequestrada por um serial killer que está mutilando mulheres na cidade. Audrey é aparentemente encontrada dias depois, caída no meio da estrada sem um braço e uma perna. Acordando no hospital, no entanto, a garota diz não ser Audrey, mas uma stripper chamada Dakota. Como os exames de DNA são iguais aos de Audrey e a polícia encontra contos no computador de Audrey com uma personagem com esse nome, a polícia simplesmente supõe que Dakota é uma personalidade alternativa criada por Audrey para lidar com o trauma, mas Dakota vai demonstrando ser muito mais que isso.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Crítica – Mortal Kombat 11


Análise Crítica – Mortal Kombat 11


Review – Mortal Kombat 11
Eu joguei pouco os dois últimos jogos da franquia Mortal Kombat, mas me mantive interessado na produção da desenvolvedora Netherrealm por conta do primeiro e segundo Injustice, game de luta com os personagens da universo DC, aos quais devo ter dedicado centenas de horas (jogo Injustice 2 ainda hoje). A Netherrealm tem caprichado em seus games, entregando bastante conteúdo em uma época que games de luta lançam com poucos modos e poucos personagens, além de exibir um evidente cuidado e capricho na construção de suas narrativas. Mortal Kombat 11 não é exceção a essa regra e é um ótimo jogo de luta.

A trama começa pouco tempo depois dos eventos de Mortal Kombat X. Raiden foi corrompido pelo amuleto de Shinnok e deixou a cabeça do deus ancião exposta no Submundo como um aviso a qualquer um que tente atacar o Reino da Terra. As ações de Raiden desagradam Kronika, a deusa do tempo, que considera que a decapitação de Shinnok quebrou o equilíbrio entre luz e sombras no mundo. Assim, ela decide reiniciar o tempo apagando Raiden da linha temporal, mas no processo acaba embaralhando as linhas temporais, fazendo versões passadas e presentes de mesmos personagens se encontrarem no presente.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Análise Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Review – Pokémon: Detetive Pikachu
Filmes de games levam má fama e com certa razão. A maioria dos esforços de adaptar jogos eletrônicos ao cinema normalmente rendem obras que variam entre o morno, como Tomb Raider: A Origem (2018), e o péssimo, a exemplo de Hitman: Agente 47 (2015). Pokémon: Detetive Pikachu se sai melhor que os demais, sendo minimamente envolvente para valer a experiência (principalmente para quem é fã dos monstrinhos) ainda que não seja nada extraordinário.

A narrativa é centrada em Tim (Justice Smith), um jovem que cresceu sem se interessar em ter pokémons depois de se afastar do pai, que trabalhava como detetive tendo um monstrinho como parceiro. Quando o pai de Tim desaparece misteriosamente, ele vai até Ryme City, uma cidade na qual humanos e pokémons vivem em harmonia, ao invés de usar os monstrinhos para batalhar, para desvendar o sumiço do pai. No apartamento do pai ele encontra Pikachu (voz de Ryan Reynolds) capaz de falar, mas que só Tim consegue entender. O monstrinho diz ser um detetive, mas está sofrendo de amnésia e a única pista do seu passado é o endereço do pai de Tim. Assim, Tim e o detetive Pikachu se unem para resolver o mistério.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Crítica – The Act: 1ª Temporada




A primeira vez que assisti ao documentário Mamãe Morta e Querida (2017) que contava a história do chocante assassinato de Dee Dee Blanchard pela filha Gypsy Rose, que todos achavam ser uma deficiente física e mental, tive certeza que eventualmente seria adaptada para a ficção, seja como filme ou série. Assim, foi com pouca surpresa que descobri que The Act, série de antologia baseada em histórias de crimes reais produzida pelo serviço de streaming Hulu, tinha eleito a história de Gypsy para sua primeira temporada.

A trama conta a complicada relação de Dee Dee Blanchard (Patricia Arquette) e da filha Gypsy Rose (Joey King, de Barraca do Beijo). Aparentemente com muitos problemas de saúde desde o nascimento, Gypsy vive em uma cadeira de rodas, é alimentada via sonda e toma uma quantidade enorme de medicamentos por dia. Aos poucos, no entanto, a garota vai descobrindo que a mãe inventou praticamente todos esses problemas de saúde para mantê-la sob controle e ganhar atenção e caridade de estranhos. A temporada vai acompanhando as tensões entre mãe e filha até o assassinato de Dee Dee.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Crítica – Cemitério Maldito


Análise Crítica – Cemitério Maldito


Review – Cemitério Maldito
Confesso que nunca vi o primeiro Cemitério Maldito (1989). Lembro do SBT passar direto em suas sessões noturnas quando eu era criança, mas o comercial me deixava com medo de assistir. O tempo passou e eu me acostumei a filmes de terror, mas nunca lembrei de retornar a Cemitério Maldito. Assim, assisti a essa nova adaptação da história escrita por Stephen King sem ter visto a primeira versão.

A trama acompanha a família do médico Louis (Jason Clarke), que se muda para o interior do Maine para recomeçar a vida. Um dia, o gato de sua filha Ellie (Jeté Laurence) é atropelado e ele leva o animal a um cemitério de animais. Jud (John Lithgow), o vizinho da família, direciona Louis a uma parte isolada do cemitério, direcionando o médico a enterrar o gato ali. Dias depois, o gato reaparece na residência da família, mas aos poucos vai se tornando evidente que o animal está muito diferente.

É, em essência, um filme sobre a dificuldade em lidar com o luto e as maneiras com as quais o excesso de apego aos que partiram acaba destruindo as vidas de quem ficou. A ideia é vista tanto nos flashbacks da esposa de Louis, Rachel (Amy Seimetz), que tem dificuldade em desapegar da brutal morte da irmã doente anos atrás, como na própria jornada de Louis.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Rapsódias Revisitadas – Carnaval Atlântida


Crítica - Carnaval Atlântida


Review Carnaval AtlântidaAs chamadas “chanchadas” eram filmes de comédia de cunho popular feitas no Brasil dos anos 30 aos anos 50 aproximadamente. Durante um bom tempo foram consideradas um gênero “maldito” ou “inferior”, parte disso vinha do discurso de cineastas do movimento do Cinema Novo que viam as chanchadas como algo raso, alienante e vazio. Eles não estavam completamente errados, já que muita coisa, principalmente no final dos anos 50, de fato não tinha muito a oferecer ao espectador além de fórmulas manjadas.

Essas críticas, no entanto, impediram por muito tempo que se percebesse o potencial expressivo de muitas das primeiras chanchadas e de filmes comandados por realizadores como Watson Macedo, Carlos Manga ou José Carlos Burle. Um dos filmes que melhor resume as qualidades dessas chanchadas talvez seja Carnaval Atlântida, lançado em 1952 e dirigido por Burle. Na época, a Atlântida, junto com a Cinédia, era uma das maiores produtoras de cinema no Brasil daquele período. A trajetória da produtora chegou a ser retratada no documentário Assim Era a Atlântida (1974), que ajuda a entender esse período importante e pouco pesquisado do cinema brasileiro.

A trama de Carnaval Atlântida é centrada na produtora comandada por Cecílio B. DeMilho (Renato Restier), uma nome feito claramente para parodiar o produtor e diretor hollywoodiano Cecil B. DeMille. DeMilho quer que seu próximo filme seja uma superprodução baseada na história de Helena de Tróia e contrata um especialista em história grega, o professor Xenofontes (Oscarito) para ajudar na tarefa. Ao mesmo tempo, os atores do estúdio, como Augusto (Cyll Farney), Regina (Eliana Macedo) e os dois assistentes Piro (Colé Santana) e Miro (Grande Otelo) tentam convencer Cecílio a fazer uma comédia carnavalesca.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada
Eu fiquei bastante surpreso com a primeira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder. Era uma reinvenção competente da animação oitentista que conseguia trazer uma inesperada camada de complexidade aos seus personagens em relação ao maniqueísmo quadrado do produto original. Esse segundo ano segue essa mesma abordagem de adicionar camadas aos seus heróis e vilões, mas a curta duração impede que tenha o mesmo impacto do ano de estreia.

Com apenas sete episódios, quase metade em relação aos treze da primeira temporada, esse segundo ano começa no ponto em que o anterior terminou. Adora está treinando para dominar seus poderes como She-Ra, as princesas tentam se organizar para conter o avanço de Hordak e Felina tenta encontrar um jeito de neutralizar Adora.

Se a primeira temporada era sobre Adora (e em certa medida as outras princesas também) descobrir o próprio poder, essa segunda é sobre como a protagonista lida com o peso da responsabilidade de saber que ela carrega nas costas o destino da resistência contra Hordak. Esse peso cria inseguranças em Adora, principalmente por ela saber que a última She-Ra foi, de alguma maneira, responsável por parte da destruição de Etéria. Assim, ela se torna obcecada em entender o que aconteceu para evitar que os problemas do passado voltem a se repetir.

domingo, 28 de abril de 2019

Crítica – Vingadores: Ultimato (SEM SPOILERS)

Análise Crítica – Vingadores: Ultimato


Review – Vingadores: Ultimato
Vingadores: Ultimato tinha a ingrata missão de encerrar um ciclo de narrativas iniciadas há mais de dez anos, contendo inúmeros personagens e tramas. Poderia ser confuso, bagunçado ou cansativo, mas o filme é um desfecho competente e digno a todas essas histórias, respeitando e celebrando o próprio legado.

A trama começa no ponto em que Vingadores: Guerra Infinita (2018) terminou. Com o Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e os demais tentando descobrir o que fazer depois da dizimação de Thanos (Josh Brolin). Ao mesmo tempo, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillan) estão à deriva no espaço depois da batalha no planeta Titã.

Dizer mais seria dar estragar a experiência, já que é melhor assistir sabendo o mínimo possível, mas o começo faz um eficiente trabalho em evidenciar o peso da derrota sobre os heróis e do caos que se instaurou no mundo após a dizimação. Todo o começo serve para dar peso e motivação para os eventos que segue e, por mais que demore para chegar onde precisa, é necessário para que compreendamos devidamente o que está em jogo para cada personagem.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Análise Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Review – Samantha!: 2ª Temporada
Eu fiquei bem surpreso com a primeira temporada de Samantha! O que poderia ser uma comédia esquecível sobre uma personalidade midiática no ostracismo acabou se revelando um competente e divertido estudo sobre o culto às celebridades e sobre uma geração de adultos que se recusa a crescer e está constantemente apegada à nostalgia. Essa segunda temporada não chega a dizer nada de novo, mas ao menos aprofunda seu entendimento sobre seus personagens.

A trama começa com Samantha (Emanuelle Araújo) descobrindo que seus antigos colegas de programa, Tico (Rodrigo Pandolfo) e Bolota (Maurício Xavier), vão lançar um filme biográfico sobre ela chamado “Samonstra”. Diante do que considera um ataque, Samantha tenta sabotar o filme ao mesmo tempo em que se esforça para reconstruir sua imagem como algo além de um símbolo nostálgico.

O tema da imaturidade volta a aparecer na ida de Samantha a uma reunião de pais na escola dos filhos. A reunião mostra como os adultos se mostram facilmente dispostos a abandonar as responsabilidades parentais e delegar tudo à escola, conforme Samantha os faz ver como tudo aquilo é chato e trabalhoso. A temática também é vista na relação de Dodói (Douglas Silva) com sua controladora mãe (Zezeh Barbosa), que o trata como uma criança pequena.