Lançado em 1988, o documentário A Tênue Linha da Morte causou impacto ao usar estratégias típicas
de ficção, em especial cenas encenadas, para contar a história de um homem
injustamente condenado à morte por um crime que não cometeu. O modo de registro
documental sempre esteve ligado à ideia de registro e captura do real, então o
uso de reconstituições com atores chamou atenção na época do lançamento. Hoje é
um recurso corriqueiro do documentário ou mesmo do jornalismo, mas em 88 o
filme dirigido por Erroll Morris levantou discussões sobre o que significa representar
o real.
A ideia inicial de Morris era fazer um documentário sobre o
psiquiatra James Grigson, conhecido como Dr. Morte por conta de seus
depoimentos terem sido decisivos para a obtenção de condenações à morte em mais
de 100 casos julgados nos Estados Unidos. Em praticamente todas as vezes que
era chamado para examinar um réu, Grigson o declarava como um psicopata
irreparável, sendo a pena de morte a única maneira de evitar que o réu
cometesse mais crimes. Durante a pesquisa para o documentário, Morris conheceu
Randall Adams, condenado à morte em parte por conta do testemunho de Grigson,
que o considerou uma extrema ameaça para a sociedade depois de examinar Adams
por menos de uma hora apenas uma única vez.