terça-feira, 21 de maio de 2019

Crítica – Brightburn: Filho das Trevas


Análise Crítica – Brightburn: Filho das Trevas

Review – Brightburn: Filho das Trevas
O que aconteceria se o Superman fosse maligno? Se Jor-El não o tivesse enviado ao nosso planeta para ser um símbolo de esperança e sim um conquistador? São essas as perguntas que este Brightburn: Filho das Trevas tenta responder, ainda que também convoque para si outras estruturas familiares do terror

Na trama, um casal de fazendeiros no interior do Kansas, Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman), que encontram uma nave caída em suas terras e um bebê dentro da nave. Sem filhos, o casal decide adotar o bebê (eu disse que era basicamente o Superman). Anos mais tarde, com doze anos, o jovem Brendon (Jackson A. Dunn) começa a manifestar estranhas habilidades de força e velocidade, aos poucos se dando conta de que é diferente dos demais e percebendo que tem poder para fazer o que quiser.

É curioso que o filme não apenas pega a premissa básica do Superman, mas toma algumas decisões estéticas que remetem a filmes do personagem, em especial a leitura feita por Zack Snyder em O Homem de Aço (2013) e demais filmes do herói sob a batuta do diretor. Os minutos iniciais de Brightburn trazem o mesmo tipo de imagens bucólicas e planos na contraluz da pacata fazenda do Kansas que Snyder apresentava nos flashbacks de Clark em O Homemde Aço, até a paleta de cores é semelhante. A música remete bastante ao trabalho de Hans Zimmer no filme de Snyder em 2013.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Crítica – The Good Fight: 3ª Temporada


Análise Crítica – The Good Fight: 3ª Temporada


Review – The Good Fight: 3ª TemporadaQuando escrevi sobre as duas temporadas anteriores de The Good Fight, mencionei o aspecto combativo da série, de como ela não tinha papas na língua em falar de questões espinhosas de cunho social e político contemporâneos. A questão é que nessa terceira temporada toda essa combatividade acaba soando um pouco sensacionalista demais, principalmente quando mira diretamente na administração Trump, e muito cheio de si, como se a série tivesse certeza de que seu conteúdo será decisivo para derrubar o presidente ou garantir que ele não se reeleja.

Na trama, Kurt (Gary Cole), marido de Diane (Christine Baranski), acaba aceitando um cargo na atual administração, para a decepção de Diane, que teme que o marido esteja sendo usado como bobo da corte por Trump. Ao mesmo tempo a firma de Diane se envolve em um processo contra o inescrupuloso advogado Roland Blum (Michael Sheen), disposto a vencer mesmo tendo que mentir.

Como é de costume, a série trata de temas complexos como o racismo e a ascensão de grupos fascistoides. O episódio no qual Lucca (Cush Jumbo) é tratada primeiro como babá e depois como criminosa por estar andando na rua com o filho, que é branco, é um bom exemplo de como manifestações de racismo que podem parecer inicialmente inofensivas (confundi-la com uma babá) rapidamente escalam para algo perigoso.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Crítica – Entre Vinho e Vinagre


Análise Crítica – Entre Vinho e Vinagre


Review – Entre Vinho e VinagreEu já estou calejado quanto à decepcionante produção de longas metragens originais da Netflix. Sempre que algo parece minimamente promissor, o resultado final geralmente é algo morno. Ainda assim, fui esperançoso assistir Entre Vinho e Vinagre por ser a estreia da talentosa comediante e roteirista Amy Poehler como diretora. O produto final, porém, parece algo feito ao “estilo Adam Sandler de produção” no sentido de que todo filme parece ter sido feito para que Poehler saísse em uma viagem de férias com as amigas. Em si isso não teria problema se o filme rendesse algo bacana, mas do jeito que está parece que o elenco se divertiu bem mais que o espectador.

A trama segue um grupo de amigas que se reúne depois de anos para comemorar o aniversário de Rebecca (Rachel Dratch), que está fazendo cinquenta anos. Abby (Amy Poehler) alugou uma casa na região dos vinhedos da Califórnia para comemorar o aniversário da amiga e montou todo um itinerário da viagem, mas sua natureza controladora começa a incomodar as demais. Com o tempo, a alegria do reencontro vai dando vazão a ressentimentos antigos entre elas.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Crítica – Sai de Baixo: O Filme


Análise Crítica – Sai de Baixo: O Filme

Review – Sai de Baixo: O FilmeEu gostava de Sai de Baixo enquanto programa televisivo. Apesar da produção simples, a série tinha um grau de imprevisibilidade graças a sua natureza improvisacional, com os atores construindo muito de suas falas a partir das reações da plateia que assistia as gravações ou dos próprios colegas de elenco. Eu sabia que essa espontaneidade certamente se perderia em um filme, mas ainda esperava que os personagens fossem capazes de segurar a trama com seu carisma. Infelizmente isso não acontece.

Na trama, Caco Antibes (Miguel Falabella) sai da prisão depois de anos encarcerado, retornando ao apartamento da família no Largo do Arouche apenas para descobrir que ele está indo a leilão. Assim, ele tenta recuperar o apartamento ao se envolver no esquema de lavagem de dinheiro de um tio, precisando cruzar a fronteira do Brasil com o Paraguai com uma mala de pedras preciosas. Com isso, Caco reativa a Vavatur de Vavá (Luiz Gustavo), também preso por conta das falcatruas de Caco. O que Caco não imaginava é que Magda (Marisa Orth) e Ribamar (Tom Cavalcante) tinham seus próprios esquemas planejados para a viagem.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Crítica – Days Gone


Análise Crítica – Days Gone


Review – Days Gone
As primeiras imagens e vídeos de Days Gone mostravam o protagonista Deacon St. John vagando de moto por um mundo pós-apocalíptico desolado, sendo perseguido por gigantescas hordas de infectados (as criaturas do jogo não são exatamente zumbis) que se moviam como uma onda veloz (pensem no filme Guerra Mundial Z). Tudo parecia caminhar para algo similar a uma versão de mundo aberto de The Last of Us, outro exclusivo de PS4 sobre um tipo de “apocalipse zumbi”. O resultado, embora consiga envolver, fica aquém do esperado.

A trama segue Deacon St. John, um motoqueiro que tenta sobreviver nesse mundo destruído por um perigoso vírus que transforma os humanos em “frenéticos” (freakers, no original). Esses frenéticos se comportam basicamente como zumbis, mas estão vivos e são mais fortes e ágeis que desmortos comuns. Deacon e seu melhor amigo Boozer estão planejando deixar a região montanhosa do Oregon e ir rumo ao norte do país, mas Deacon perde a moto e agora precisa encontrar recursos para construir uma nova e poder empreender a viagem.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Rapsódias Revisitadas – A Tênue Linha da Morte


Análise Crítica – A Tênue Linha da Morte


Review – A Tênue Linha da MorteLançado em 1988, o documentário A Tênue Linha da Morte causou impacto ao usar estratégias típicas de ficção, em especial cenas encenadas, para contar a história de um homem injustamente condenado à morte por um crime que não cometeu. O modo de registro documental sempre esteve ligado à ideia de registro e captura do real, então o uso de reconstituições com atores chamou atenção na época do lançamento. Hoje é um recurso corriqueiro do documentário ou mesmo do jornalismo, mas em 88 o filme dirigido por Erroll Morris levantou discussões sobre o que significa representar o real.

A ideia inicial de Morris era fazer um documentário sobre o psiquiatra James Grigson, conhecido como Dr. Morte por conta de seus depoimentos terem sido decisivos para a obtenção de condenações à morte em mais de 100 casos julgados nos Estados Unidos. Em praticamente todas as vezes que era chamado para examinar um réu, Grigson o declarava como um psicopata irreparável, sendo a pena de morte a única maneira de evitar que o réu cometesse mais crimes. Durante a pesquisa para o documentário, Morris conheceu Randall Adams, condenado à morte em parte por conta do testemunho de Grigson, que o considerou uma extrema ameaça para a sociedade depois de examinar Adams por menos de uma hora apenas uma única vez.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Crítica – John Wick 3: Parabellum


Análise Crítica – John Wick 3: Parabellum


Review – John Wick 3: Parabellum
John Wick: Um Novo Dia Para Matar (2017) encerrou prometendo uma guerra aberta entre John (Keanu Reeves) e todo o submundo dos assassinos. Este John Wick 3: Parabellum entrega exatamente aquilo que o final do anterior prometia, entregando uma corrida desesperada por sobrevivência.

Caçado onde quer que vá, John precisa encontrar o misterioso Ancião, uma figura ainda mais poderosa que a Alta Cúpula das famílias criminosas que controlam todo o submundo do crime. Para isso, John precisará da ajuda de Sofia (Halle Berry), uma antiga conhecida que deve um favor a John.

Tal como os outros dois filmes é uma trama bem simples, mas o fato de ser simples não significa que o filme não tem nada a dizer. Há muito aqui sobre a questão de regras, responsabilidade e consequência, sobre como qualquer grupo social, mesmo uma sombria sociedade de criminosos, precisa de regras para resistir à completa barbárie.

Neste filme, mais do que nos anteriores, fica claro que há um desequilíbrio de poder nessas regras, que a Alta Cúpula, aqueles que ditam as regras, detém todo o poder e constroem as regras para manterem e consolidarem seu próprio poder. Não deixa de ser uma metáfora para a própria sociedade, sua necessidade de regras e como as elites financeiras e políticas costumeiramente legislam em causa própria. O discurso sobre ação e consequência também pode ser associado às indeléveis marcas deixadas pela violência, tanto que comete quanto quem sofre, e como essas marcas inevitavelmente transformam e guiam o destino dos indivíduos.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Lixo Extraordinário – Eu Sei Quem Me Matou

Análise Crítica - Eu Sei Quem Me Matou


Review - Eu Sei Quem Me Matou
Estrelado por Lindsay Lohan, Eu Sei Quem Me Matou (2007) é um dos maiores vencedores do Framboesa de Ouro, premiação que celebra os piores filmes, ao lado de porcarias como A Reconquista (2000) e Cada Um Tem a Gêmea Que Merece (2011). Na verdade, Eu Sei Quem Me Matou superou o recorde de sete "prêmios" de A Reconquista, vencendo oito Framboesas.

A trama acompanha Audrey (Lindsay Lohan), uma jovem pianista e escritora com uma carreira promissora pela frente. Tudo muda quando Audrey é misteriosamente sequestrada por um serial killer que está mutilando mulheres na cidade. Audrey é aparentemente encontrada dias depois, caída no meio da estrada sem um braço e uma perna. Acordando no hospital, no entanto, a garota diz não ser Audrey, mas uma stripper chamada Dakota. Como os exames de DNA são iguais aos de Audrey e a polícia encontra contos no computador de Audrey com uma personagem com esse nome, a polícia simplesmente supõe que Dakota é uma personalidade alternativa criada por Audrey para lidar com o trauma, mas Dakota vai demonstrando ser muito mais que isso.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Crítica – Mortal Kombat 11


Análise Crítica – Mortal Kombat 11


Review – Mortal Kombat 11
Eu joguei pouco os dois últimos jogos da franquia Mortal Kombat, mas me mantive interessado na produção da desenvolvedora Netherrealm por conta do primeiro e segundo Injustice, game de luta com os personagens da universo DC, aos quais devo ter dedicado centenas de horas (jogo Injustice 2 ainda hoje). A Netherrealm tem caprichado em seus games, entregando bastante conteúdo em uma época que games de luta lançam com poucos modos e poucos personagens, além de exibir um evidente cuidado e capricho na construção de suas narrativas. Mortal Kombat 11 não é exceção a essa regra e é um ótimo jogo de luta.

A trama começa pouco tempo depois dos eventos de Mortal Kombat X. Raiden foi corrompido pelo amuleto de Shinnok e deixou a cabeça do deus ancião exposta no Submundo como um aviso a qualquer um que tente atacar o Reino da Terra. As ações de Raiden desagradam Kronika, a deusa do tempo, que considera que a decapitação de Shinnok quebrou o equilíbrio entre luz e sombras no mundo. Assim, ela decide reiniciar o tempo apagando Raiden da linha temporal, mas no processo acaba embaralhando as linhas temporais, fazendo versões passadas e presentes de mesmos personagens se encontrarem no presente.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Análise Crítica – Pokémon: Detetive Pikachu


Review – Pokémon: Detetive Pikachu
Filmes de games levam má fama e com certa razão. A maioria dos esforços de adaptar jogos eletrônicos ao cinema normalmente rendem obras que variam entre o morno, como Tomb Raider: A Origem (2018), e o péssimo, a exemplo de Hitman: Agente 47 (2015). Pokémon: Detetive Pikachu se sai melhor que os demais, sendo minimamente envolvente para valer a experiência (principalmente para quem é fã dos monstrinhos) ainda que não seja nada extraordinário.

A narrativa é centrada em Tim (Justice Smith), um jovem que cresceu sem se interessar em ter pokémons depois de se afastar do pai, que trabalhava como detetive tendo um monstrinho como parceiro. Quando o pai de Tim desaparece misteriosamente, ele vai até Ryme City, uma cidade na qual humanos e pokémons vivem em harmonia, ao invés de usar os monstrinhos para batalhar, para desvendar o sumiço do pai. No apartamento do pai ele encontra Pikachu (voz de Ryan Reynolds) capaz de falar, mas que só Tim consegue entender. O monstrinho diz ser um detetive, mas está sofrendo de amnésia e a única pista do seu passado é o endereço do pai de Tim. Assim, Tim e o detetive Pikachu se unem para resolver o mistério.