Não estava muito empolgado para conferir este Rocketman, biografia do cantor Elton
John, todo material de divulgação dava a entender que seria mais uma
cinebiografia quadrada e rasa nos moldes de Bohemian Rhapsody (2018). Felizmente, os trailers
não fazem jus ao que é o material final e o resultado é um musical vibrante,
que não se furta em tentar entender as contradições de seu protagonista.
A trama segue a vida de Elton (Taron Egerton) desde sua
infância até sua idade adulta quando entra em reabilitação para tratar de seu
vício em álcool e drogas. A narrativa é toda enquadrada como um relato de Elton
em um grupo de terapia durante a sua reabilitação, o que permite ao filme
seguir o fluxo de consciência e a subjetividade da visão dele acerca da própria
história ao invés de um viés mais naturalista ou mimético.
Isso é mais evidente no modo como filme usa as canções.
Enquanto na maioria das cinebiografias de músicos o uso das canções é bastante
naturalista, aparecendo sempre dentro da diegese (do universo do filme) quando
os personagens tocam ou cantam, aqui elas são usadas mais como em um musical
tradicional. Aqui os personagens cantam para uma melodia que não está
necessariamente dentro do universo fílmico, de certa forma rompendo o realismo
narrativo para mergulhar na subjetividade de Elton John.