Dor e Glória é
provavelmente o melhor trabalho do diretor espanhol Pedro Almodóvar desde A Pele que Habito (2011). O filme é uma
espécie de autoficção na qual Almodóvar reflete sobre suas paixões, frustrações
e o move sua arte. É, talvez, o mais perto que o diretor chegou de uma
autobiografia.
A narrativa é centrada no diretor de cinema Salvador Mallo
(Antonio Banderas) que começa a enfrentar sérios problemas de saúde e, em
decorrência disso, começa a refletir sobre sua trajetória de vida e a arte que
produziu.
Desde o início fica evidente que o personagem vivido por
Banderas foi concebido como um simulacro do próprio Almodóvar, dos figurinos e
maneirismos, passando pelo penteado, tudo remete ao célebre diretor espanhol.
Não temos como saber o que Almodóvar tirou diretamente da própria biografia ou
do que é ficção, mas não importa. O que importa é como o filme, possivelmente
mais que qualquer outro filme do diretor, nos proporciona esse mergulho pelo
fluxo de consciência do realizador.