quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Crítica – The Handmaid’s Tale: 3ª Temporada


Análise Crítica – The Handmaid’s Tale: 3ª Temporada


Review – The Handmaid’s Tale: 3ª TemporadaDepois de uma excelente primeira temporada e uma segunda um pouco inferior, mas que ainda conseguia manter o interesse, The Handmaid’s Tale chega a sua terceira temporada dando sinais de cansaço, com uma trama que parece andar em círculos e decisões questionáveis quanto ao desenvolvimento de suas personagens. O texto a seguir contem SPOILERS da temporada.

A trama começa no mesmo ponto em que o segundo ano parou, com June (Elizabeth Moss) decidindo ficar em Gilead depois de dar sua filha, Nichole, para Emily (Alexis Bledel) levar através da fronteira do Canadá. A ação não passa incólume pelo governo de Gilead, mas o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) e sua esposa Serena (Yvonne Strahovski) conseguem convencer as autoridades da inocência de June na questão, colocando Emily como a única culpada.

O “sequestro” de Nichole gera um incidente internacional entre Gilead e o Canadá que permite compreender melhor como Gilead interage com o resto do mundo e o funcionamento da política internacional deste universo. Aliás, a temporada também cria imagens poderosas mostrando o que aconteceu em Gilead com antigos símbolos nacionais dos Estados Unidos, com o obelisco do monumento a Washington sendo substituído por uma cruz e a estátua do memorial a Lincoln sendo largada em ruínas, simbolizando como o sonho de igualdade naquele país foi destruído. O problema é que todo esse conflito é construído à revelia do desenvolvimento que foi feito dos personagens até então, especialmente Serena.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Crítica – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar


Análise Crítica – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar


Review – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao LarFeita na década de noventa, animação A Vida Moderna de Rocko produzia um comentário bastante ácido sobre a sociedade de sua época e apesar de passar em um canal voltado para o público infantil, o Nickelodeon, tratava sobre questões bastante adultas. Inclusive, eu só cheguei a entender certas piadas ou situações muitos anos depois de ter originalmente assistido a série. Pois a atual onda de reboots e remakes não deixou essa série incólume, trazendo-a de volta como um telefilme da Netflix neste A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar.

Na trama, depois de passar vinte anos perdido no espaço sideral, Rocko, Vacão e Felizberto retornam à cidade de O-Town e descobrem que seu desenho animado favorito foi cancelado. Desesperados em lidar com um mundo que não reconhecem mais, resolvem encontrar o criador do desenho para que ele traga a animação de volta.

Fica claro por esta breve sinopse que o longa tenta satirizar toda essa onda de produções tomadas por nostalgia que tem tomado a indústria hollywoodiana. De maneira bastante metalinguística o roteiro critica essa necessidade de ficarmos consumindo as mesmas coisas de nossa juventude como uma maneira de nos mantermos em uma eterna infância.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Crítica – Casal Improvável


Análise Crítica – Casal Improvável


Review  – Casal Improvável
Confesso que não esperava muita coisa deste Casal Improvável. Pelos trailers parecia mais uma daquelas comédias imaturas do Seth Rogen cheias de piadas sobre ânus e pênis sem nada a dizer. O filme não deixa de recorrer a um humor escatológico em alguns momentos, mas em seu cerne há uma competente comédia romântica como há muito não se via.

A trama gira em torno da política Charlotte Fields (Charlize Theron), ela é a Secretária de Estado dos Estados Unidos e está prestes a se lançar em uma campanha presidencial. Para impulsionar sua campanha, ela contrata o jornalista Fred Flarsky (Seth Rogen), um antigo conhecido de infância, para escrever seus discursos. Aos poucos Charlotte e Fred vão se aproximando, mas o envolvimento dela com o atrapalhado jornalista pode por em risco sua candidatura.

Chama a atenção que o filme não trata como uma questão o fato de um homem não deter o protagonismo de um relacionamento. Apesar de não ser o primeiro a colocar uma mulher em alta posição de poder e prestígio em um relacionamento amoroso com um homem mais modesto, outros filmes tratavam isso como um problema a ser superado pelo personagem masculino. O recente Meu Eterno Talvez, por exemplo, fez disso um dos principais conflitos, colocando o personagem para aprender que não há nada errado em não ser o ponto focal da relação.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Crítica – GLOW: 3ª Temporada


Análise Crítica – GLOW: 3ª Temporada


Review – GLOW: 3ª Temporada
O final da segunda temporada de GLOW prometia uma mudança de ambiente para as personagens, transformando o programa de luta-livre que se passa dentro da série em um show ao vivo em um cassino ao invés de um programa televisivo. Chegando nesta terceira temporada, é bacana constatar que a mudança de fato serviu para fazer as personagens se transformarem e não uma mera troca de cenário.

Debbie (Betty Gilpin), Bash (Chris Lowell) e Sam (Marc Maron) agora precisam adaptar o formato de GLOW para uma atração em Las Vegas, no cassino chefiado por Sandy (Geena Davis), com a mudança afetando cada um deles e também o elenco de lutadoras. Ruth (Alison Brie) tem que lidar com a distância do namorado, Debbie sente saudades do filho pequeno, Arthie (Sunita Mani) e Yolanda (Shakira Barrera) começam a enfrentar problemas no relacionamento, enquanto que Cherry (Sydelle Noel) começa a tentar engravidar.

Se em temporadas anteriores as tramas se concentravam nos desafios e problemas de manter o show funcionando, agora que a atração está relativamente consolidada as tramas focam mais nos dilemas individuais das personagens ao invés das questões de bastidores. A mudança soa natural considerando que a essa altura já compreendemos como o show funciona e o status estável que a atração alcançou na vida das personagens.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Crítica – Aladdin


Análise Crítica – Aladdin


Review – Aladdin
Já faz alguns anos que a Disney entrou em uma onda de refazer em live action a grande maioria de seus clássicos animados. Embora alguns até pudessem se beneficiar da atualização, como Cinderela (2015) ou Mogli: O Menino Lobo (2016), outros como este Aladdin não precisavam existir, já que o filme original se sustenta perfeitamente bem hoje e tem pouco que mereça ser alterado ou melhorado.

A trama é a mesma da animação. O garoto de rua Aladdin (Mena Massoud) se apaixona pela princesa Jasmine (Naomi Scott, a Kimberly do último filme dos Power Rangers), mas ela só pode se casar com um príncipe e ele não tem chance. Aladdin acaba sendo preso pelo traiçoeiro Jafar (Marwan Kenzari), que lhe dá a chance de conseguir sua liberdade se recuperar a lâmpada mágica da Caverna das Maravilhas. Aladdin acaba ficando com a lâmpada e com o Gênio (Will Smith) que vive dentro dela, usando os poderes do Gênio para tentar conquistar Jasmine.

A narrativa segue as mesmas batidas e pontos-chave do original, contando com poucas modificações. A principal é a subtrama de Jasmine, que a torna uma personagem com mais controle sobre o próprio destino ao mostrá-la tentando reverter as leis machistas de Agrabah para poder se tornar sultana. Há também uma subtrama romântica envolvendo o Gênio e uma das camareiras de Jasmine, Dalia (Nasim Pedrad).

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Crítica – Rainhas do Crime


Análise Crítica – Rainhas do Crime


Review – Rainhas do Crime
É difícil olhar para este Rainhas do Crime e não pensar no superior As Viúvas (2018), já que a premissa de ambos é praticamente a mesma. Tudo bem que o quadrinho no qual Rainhas do Crime se baseia foi lançado antes, mas o filme empalidece ao lado de As Viúvas por conta da superficialidade de seu texto e falta de ritmo.

A trama se passa na década de 70 e acompanha três esposas de gângsteres irlandeses que controlam o bairro de Hell’s Kitchen em Nova Iorque. Quando os três maridos são presos, cabe a Kathy (Melissa McCarthy), Claire (Elizabeth Moss) e Ruby (Tiffany Haddish) tomar o controle dos negócios para conseguirem se sustentar. Na prática é a mesma trama de As Viúvas, no qual um grupo de mulheres precisa assumir a atividade criminosa dos maridos na ausência deles.

O maior problema é o modo corrido com o qual o filme percorre sua própria trama, como se estivesse com pressa de chegar ao final. Constantemente são usadas elipses com montagem rápida e uma música pop setentista para avançar rapidamente a narrativa e com isso o filme “pula” o desenvolvimento das personagens, já que elas se transformam nessa passagem de tempo, mas nunca vemos ou sentimos essas transformações, apenas somos informados a respeito delas.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada
Ao falar sobre a segunda temporada de She-Ra e as Princesas do Poder mencionei como ela fazia pouco para avançar a trama principal da série. Pois esta terceira temporada acaba compensando esse problema, expandindo a mitologia deste universo e avançando o conflito entre as princesas e a horda.

A trama começa com Adora, Cintilante e Arqueiro indo para o setor mais desolado de Etéria para tentar encontrar uma peça de tecnologia antiga que se perdeu na região e pode lhe revelar mais sobre Mara, a She-Ra anterior, e seu próprio destino como protetora do planeta. Ao mesmo tempo, Hordak despacha Felina para buscar a mesma tecnologia com a esperança que seja a peça que falta para que ele consiga abrir um portal para trazer os exércitos da Horda para Etéria.

Como em temporadas anteriores, a série tem uma clara preocupação com o desenvolvimento de suas personagens e o desenvolvimento de motivações compreensíveis para elas. Aqui essa preocupação continua a ser exercitada e aprofunda nosso entendimento até mesmo de personagens que não esperaríamos saber muito mais do que já sabemos. O melhor exemplo é Hordak, até aqui uma figura distante e tratada como “o mal absoluto”, mas esta temporada mostra uma faceta mais vulnerável do vilão. Alguém que lida com a morte iminente e também um enorme complexo de inferioridade em relação ao Hordak Prime. A exposição desse lado até então desconhecido de Hordak, ajuda Felina a se reaproximar dele, já que ela também é movida por um sentimento de abandono e inferioridade.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Lixo Extraordinário – Dragonball Evolution


Análise Crítica - Dragonball Evolution


Review - Dragonball Evolution
O cinema hollywoodiano não é exatamente gentil com os animes japoneses. Adaptações feitas nos Estados Unidos constantemente rendem produtos que variam entre o fraco, como Alita: Anjo de Combate (2019), A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017); o ruim, como Death Note (2017), e o péssimo, a exemplo deste Dragonball Evolution.
                       
Muitos reclamam do quanto Dragonball Evolution é distante do mangá e do anime, mas a falta de fidelidade visual até seria perdoável se o filme fosse capaz de criar uma trama que fosse interessante ou personagens com algum carisma, mas não é o caso. A narrativa, tal como no anime, parte da premissa da busca pelas Esferas do Dragão, que concederia um desejo a quem as reunisse. Aqui, no entanto, a mitologia é construída de maneira confusa, envolvendo o retorno do Rei Piccolo (James Marsters) e uma profecia sobre o Oozaru e mais uma série de outros elementos que tornam o que era uma narrativa relativamente simples em algo mais bagunçado do que deveria.

Os personagens não eram exatamente poços de complexidade no anime, mas nem tudo que funciona em uma animação, funciona em live action, e aqui todos os personagens, de Goku (Justin Chatwin) ao mestre Kame (Chow Yun Fat), soam como caricaturas grosseiras, inclusive em relação às suas versões do anime e do mangá. O humor que era característico de Dragon Ball é substituído aqui por piadas que mais envergonham do que fazem rir. A única personagem com um mínimo de carisma acaba sendo a Bulma interpretada por Emmy Rossum. Claro, ainda seria possível fazer esses personagens funcionarem se o texto fosse capaz de injetar algum calor humano ou empatia neles, como fizeram as Wachowskis no subestimado Speed Racer (2008), no qual mesmo os personagens sendo rasos é possível perceber um sentimento verdadeiro neles, o que facilita a empatia.

domingo, 4 de agosto de 2019

Crítica – Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw


Análise Crítica – Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw


Review – Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw
Dwayne “The Rock” Johnson trouxe novo fôlego à franquia Velozes e Furiosos quando entrou para o elenco em Velozes e Furiosos 5: Operação Rio (2011). Jason Statham se tornou um dos vilões mais memoráveis nesta série de filmes em Velozes e Furiosos 7 (2015). Juntos os dois foram as melhores coisas de Velozes e Furiosos 8 (2017). Então é bem natural que eles tenham ganhado seu próprio spin-off neste Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw.

A trama coloca Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson) e Shaw (Jason Statham) juntos para encontrar Hattie (Vanessa Kirby), uma agente do MI6 que está de posse de um perigoso vírus que está sendo procurado por terroristas internacionais. Quem lidera a perseguição a Hattie é Brixton (Idris Elba), um soldado ciberneticamente aprimorado que serve a um culto tecnológico que quer recriar a humanidade com aprimoramentos mecânicos.

A narrativa é previsível (é evidente desde o inícios que Hobbs e Shaw irão superar as diferenças para aprender a trabalharem juntos, por exemplo) e tem sua parcela de furos, com tudo servindo como mero pretexto para as cenas de ação. Há, de leve, um comentário sobre o poder da mídia e como, nos dias de hoje, é fácil disseminar mentiras e convencer a população com este conteúdo falso, mas logicamente não há muito tempo investido nisso já que o foco é a pancadaria. Isso não chega a ser um problema, já que ninguém vai assistir um filme da franquia Velozes e Furiosos por conta da história.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Crítica – Privacidade Hackeada


Análise - Crítica – Privacidade Hackeada


Review – Privacidade Hackeada
Diferentes lugares do mundo, como Reino Unido, Brasil ou Estados Unidos, tiveram seus últimos períodos eleitorais marcados pelo uso massivo de rede sociais para engajar a população nas campanhas e um uso corrente de conteúdos falsos (as infames fake news) para tentar persuadir a população. Este Privacidade Hackeada tenta analisar essa questão a partir do escândalo da Cambridge Analytica, que trabalhou na votação do Brexit, fazendo campanha para a saída da União Europeia, e na campanha de Donald Trump, em ambos os casos fazendo uso de conteúdos falsos.

O documentário acompanha um grupo de pessoas afetadas pela Cambridge. Um deles é David Carroll, professor que processou a Cambridge para ter acesso aos dados dele que foram coletados pela empresa a partir de redes sociais. O início é eficiente em argumentar como praticamente tudo que fazemos no computador e com isso conseguem facilmente deduzir nosso comportamento e hábitos, com esses dados sendo usados para criar anúncios publicitários diretamente para cada pessoa.

Carroll argumenta que, por mais que esses dados sejam colocados em empresas privadas como Facebook e Google, por eles conterem um nível muito alto de informações pessoais que podem ser usadas “contra” nós de modo a nos persuadir a fazer qualquer coisa. Sob este aspecto, o documentário argumenta que os dados deveriam pertencer ao próprio usuário, para que pudéssemos controlar nosso próprio fluxo de informação e saber o que está sendo usado. Assim, o direito aos dados seria parte dos direitos humanos.