Desde Bastardos
Inglórios (2009) que o diretor Quentin Tarantino se dedica a olhar a
história através da arte. Ele já foi desde a Segunda Guerra Mundial, passando
pelo período da escravidão em Django Livre (2012) e pela Guerra Civil dos EUA em Os Oito Odiados (2015) e agora, neste Era Uma Vez em...Hollywood, se volta aos Estados Unidos da década
de 60, a ascensão dos serial killers e
o fim do “sonho americano” consolidado no pós-guerra. Ao final da Segunda Guerra
Mundial, os Estados Unidos foram a única grande potência razoavelmente intacta
enquanto que boa parte dos países europeus estava em ruína. Isso permitiu que o
país crescesse e expandisse sua influência mundial ainda mais, tanto termos
econômicos quanto políticos, sociais e culturais.
Foi um período de bonança e prosperidade para o país, que
parecia inatingível e projetava um ideal idílico de perfeição. Movimentos de
contracultura apontavam para possíveis avanços sociais e uma melhora de vida em
geral. Ao final dos anos 60, no entanto, as rachaduras nessa fachada perfeita
começaram a aparecer e os assassinatos cometidos pelo “culto” liderado por
Charles Manson quebraram a impressão de invulnerabilidade que o país construíra
para si nas últimas décadas. Serial
killers começavam a pipocar em diferentes cidades e a sensação era que os EUA não
só deixara de ser seguro, como era tomado por uma violência que as pessoas não
conseguiam compreender muito bem, algo mostrado na série Mindhunter.