segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Crítica – Mindhunter: 2ª Temporada


Análise Crítica – Mindhunter: 2ª Temporada


Review – Mindhunter: 2ª Temporada
A primeira temporada de Mindhunter envolvia tanto pela sua construção do suspense das investigações quanto pelo modo como capturava o clima de incerteza da época com o crescimento de ataques de serial killers. Ao mostrar as dificuldades que os protagonistas tinham em ter seu trabalho sobre assassinos em série levado à sério, a trama também revelava certos preconceitos sociais quanto à natureza do crime. A segunda temporada continua a desenvolver muitos desses mesmos temas, expandindo-os assim como expande o desenvolvimento do personagem.

A trama continua do ponto em que a primeira encerrou, com o agente Ford (Jonathan Groff) tendo um ataque de pânico depois de entrevistar um serial killer. O agente Tench (Holt McCallany) recebe notícia de uma mudança de comando em Quantico e o novo encarregado é mais aberto aos novos métodos pesquisados pela unidade dos protagonistas, o que é lhes dá novas oportunidades, mas também novos desafios, já que o olhar do público está mais sobre eles. Ford, Tench e os demais tem uma nova oportunidade de testar seus métodos quando uma onda de assassinatos de crianças aterroriza a cidade de Atlanta. Além das dificuldades em encontrar o culpado, os protagonistas ainda precisam lidar com toda a politicagem envolvendo a investigação, já que as autoridades estão menos interessadas na busca pela verdade e mais nas aparências.

domingo, 18 de agosto de 2019

Crítica – Era Uma Vez em...Hollywood


Análise Crítica – Era Uma Vez em Hollywood

Review – Era Uma Vez em Hollywood
Desde Bastardos Inglórios (2009) que o diretor Quentin Tarantino se dedica a olhar a história através da arte. Ele já foi desde a Segunda Guerra Mundial, passando pelo período da escravidão em Django Livre (2012) e pela Guerra Civil dos EUA em Os Oito Odiados (2015) e agora, neste Era Uma Vez em...Hollywood, se volta aos Estados Unidos da década de 60, a ascensão dos serial killers e o fim do “sonho americano” consolidado no pós-guerra. Ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos foram a única grande potência razoavelmente intacta enquanto que boa parte dos países europeus estava em ruína. Isso permitiu que o país crescesse e expandisse sua influência mundial ainda mais, tanto termos econômicos quanto políticos, sociais e culturais.

Foi um período de bonança e prosperidade para o país, que parecia inatingível e projetava um ideal idílico de perfeição. Movimentos de contracultura apontavam para possíveis avanços sociais e uma melhora de vida em geral. Ao final dos anos 60, no entanto, as rachaduras nessa fachada perfeita começaram a aparecer e os assassinatos cometidos pelo “culto” liderado por Charles Manson quebraram a impressão de invulnerabilidade que o país construíra para si nas últimas décadas. Serial killers começavam a pipocar em diferentes cidades e a sensação era que os EUA não só deixara de ser seguro, como era tomado por uma violência que as pessoas não conseguiam compreender muito bem, algo mostrado na série Mindhunter.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Crítica – The Handmaid’s Tale: 3ª Temporada


Análise Crítica – The Handmaid’s Tale: 3ª Temporada


Review – The Handmaid’s Tale: 3ª TemporadaDepois de uma excelente primeira temporada e uma segunda um pouco inferior, mas que ainda conseguia manter o interesse, The Handmaid’s Tale chega a sua terceira temporada dando sinais de cansaço, com uma trama que parece andar em círculos e decisões questionáveis quanto ao desenvolvimento de suas personagens. O texto a seguir contem SPOILERS da temporada.

A trama começa no mesmo ponto em que o segundo ano parou, com June (Elizabeth Moss) decidindo ficar em Gilead depois de dar sua filha, Nichole, para Emily (Alexis Bledel) levar através da fronteira do Canadá. A ação não passa incólume pelo governo de Gilead, mas o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) e sua esposa Serena (Yvonne Strahovski) conseguem convencer as autoridades da inocência de June na questão, colocando Emily como a única culpada.

O “sequestro” de Nichole gera um incidente internacional entre Gilead e o Canadá que permite compreender melhor como Gilead interage com o resto do mundo e o funcionamento da política internacional deste universo. Aliás, a temporada também cria imagens poderosas mostrando o que aconteceu em Gilead com antigos símbolos nacionais dos Estados Unidos, com o obelisco do monumento a Washington sendo substituído por uma cruz e a estátua do memorial a Lincoln sendo largada em ruínas, simbolizando como o sonho de igualdade naquele país foi destruído. O problema é que todo esse conflito é construído à revelia do desenvolvimento que foi feito dos personagens até então, especialmente Serena.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Crítica – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar


Análise Crítica – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar


Review – A Vida Moderna de Rocko: Volta ao LarFeita na década de noventa, animação A Vida Moderna de Rocko produzia um comentário bastante ácido sobre a sociedade de sua época e apesar de passar em um canal voltado para o público infantil, o Nickelodeon, tratava sobre questões bastante adultas. Inclusive, eu só cheguei a entender certas piadas ou situações muitos anos depois de ter originalmente assistido a série. Pois a atual onda de reboots e remakes não deixou essa série incólume, trazendo-a de volta como um telefilme da Netflix neste A Vida Moderna de Rocko: Volta ao Lar.

Na trama, depois de passar vinte anos perdido no espaço sideral, Rocko, Vacão e Felizberto retornam à cidade de O-Town e descobrem que seu desenho animado favorito foi cancelado. Desesperados em lidar com um mundo que não reconhecem mais, resolvem encontrar o criador do desenho para que ele traga a animação de volta.

Fica claro por esta breve sinopse que o longa tenta satirizar toda essa onda de produções tomadas por nostalgia que tem tomado a indústria hollywoodiana. De maneira bastante metalinguística o roteiro critica essa necessidade de ficarmos consumindo as mesmas coisas de nossa juventude como uma maneira de nos mantermos em uma eterna infância.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Crítica – Casal Improvável


Análise Crítica – Casal Improvável


Review  – Casal Improvável
Confesso que não esperava muita coisa deste Casal Improvável. Pelos trailers parecia mais uma daquelas comédias imaturas do Seth Rogen cheias de piadas sobre ânus e pênis sem nada a dizer. O filme não deixa de recorrer a um humor escatológico em alguns momentos, mas em seu cerne há uma competente comédia romântica como há muito não se via.

A trama gira em torno da política Charlotte Fields (Charlize Theron), ela é a Secretária de Estado dos Estados Unidos e está prestes a se lançar em uma campanha presidencial. Para impulsionar sua campanha, ela contrata o jornalista Fred Flarsky (Seth Rogen), um antigo conhecido de infância, para escrever seus discursos. Aos poucos Charlotte e Fred vão se aproximando, mas o envolvimento dela com o atrapalhado jornalista pode por em risco sua candidatura.

Chama a atenção que o filme não trata como uma questão o fato de um homem não deter o protagonismo de um relacionamento. Apesar de não ser o primeiro a colocar uma mulher em alta posição de poder e prestígio em um relacionamento amoroso com um homem mais modesto, outros filmes tratavam isso como um problema a ser superado pelo personagem masculino. O recente Meu Eterno Talvez, por exemplo, fez disso um dos principais conflitos, colocando o personagem para aprender que não há nada errado em não ser o ponto focal da relação.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Crítica – GLOW: 3ª Temporada


Análise Crítica – GLOW: 3ª Temporada


Review – GLOW: 3ª Temporada
O final da segunda temporada de GLOW prometia uma mudança de ambiente para as personagens, transformando o programa de luta-livre que se passa dentro da série em um show ao vivo em um cassino ao invés de um programa televisivo. Chegando nesta terceira temporada, é bacana constatar que a mudança de fato serviu para fazer as personagens se transformarem e não uma mera troca de cenário.

Debbie (Betty Gilpin), Bash (Chris Lowell) e Sam (Marc Maron) agora precisam adaptar o formato de GLOW para uma atração em Las Vegas, no cassino chefiado por Sandy (Geena Davis), com a mudança afetando cada um deles e também o elenco de lutadoras. Ruth (Alison Brie) tem que lidar com a distância do namorado, Debbie sente saudades do filho pequeno, Arthie (Sunita Mani) e Yolanda (Shakira Barrera) começam a enfrentar problemas no relacionamento, enquanto que Cherry (Sydelle Noel) começa a tentar engravidar.

Se em temporadas anteriores as tramas se concentravam nos desafios e problemas de manter o show funcionando, agora que a atração está relativamente consolidada as tramas focam mais nos dilemas individuais das personagens ao invés das questões de bastidores. A mudança soa natural considerando que a essa altura já compreendemos como o show funciona e o status estável que a atração alcançou na vida das personagens.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Crítica – Aladdin


Análise Crítica – Aladdin


Review – Aladdin
Já faz alguns anos que a Disney entrou em uma onda de refazer em live action a grande maioria de seus clássicos animados. Embora alguns até pudessem se beneficiar da atualização, como Cinderela (2015) ou Mogli: O Menino Lobo (2016), outros como este Aladdin não precisavam existir, já que o filme original se sustenta perfeitamente bem hoje e tem pouco que mereça ser alterado ou melhorado.

A trama é a mesma da animação. O garoto de rua Aladdin (Mena Massoud) se apaixona pela princesa Jasmine (Naomi Scott, a Kimberly do último filme dos Power Rangers), mas ela só pode se casar com um príncipe e ele não tem chance. Aladdin acaba sendo preso pelo traiçoeiro Jafar (Marwan Kenzari), que lhe dá a chance de conseguir sua liberdade se recuperar a lâmpada mágica da Caverna das Maravilhas. Aladdin acaba ficando com a lâmpada e com o Gênio (Will Smith) que vive dentro dela, usando os poderes do Gênio para tentar conquistar Jasmine.

A narrativa segue as mesmas batidas e pontos-chave do original, contando com poucas modificações. A principal é a subtrama de Jasmine, que a torna uma personagem com mais controle sobre o próprio destino ao mostrá-la tentando reverter as leis machistas de Agrabah para poder se tornar sultana. Há também uma subtrama romântica envolvendo o Gênio e uma das camareiras de Jasmine, Dalia (Nasim Pedrad).

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Crítica – Rainhas do Crime


Análise Crítica – Rainhas do Crime


Review – Rainhas do Crime
É difícil olhar para este Rainhas do Crime e não pensar no superior As Viúvas (2018), já que a premissa de ambos é praticamente a mesma. Tudo bem que o quadrinho no qual Rainhas do Crime se baseia foi lançado antes, mas o filme empalidece ao lado de As Viúvas por conta da superficialidade de seu texto e falta de ritmo.

A trama se passa na década de 70 e acompanha três esposas de gângsteres irlandeses que controlam o bairro de Hell’s Kitchen em Nova Iorque. Quando os três maridos são presos, cabe a Kathy (Melissa McCarthy), Claire (Elizabeth Moss) e Ruby (Tiffany Haddish) tomar o controle dos negócios para conseguirem se sustentar. Na prática é a mesma trama de As Viúvas, no qual um grupo de mulheres precisa assumir a atividade criminosa dos maridos na ausência deles.

O maior problema é o modo corrido com o qual o filme percorre sua própria trama, como se estivesse com pressa de chegar ao final. Constantemente são usadas elipses com montagem rápida e uma música pop setentista para avançar rapidamente a narrativa e com isso o filme “pula” o desenvolvimento das personagens, já que elas se transformam nessa passagem de tempo, mas nunca vemos ou sentimos essas transformações, apenas somos informados a respeito delas.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 3ª Temporada
Ao falar sobre a segunda temporada de She-Ra e as Princesas do Poder mencionei como ela fazia pouco para avançar a trama principal da série. Pois esta terceira temporada acaba compensando esse problema, expandindo a mitologia deste universo e avançando o conflito entre as princesas e a horda.

A trama começa com Adora, Cintilante e Arqueiro indo para o setor mais desolado de Etéria para tentar encontrar uma peça de tecnologia antiga que se perdeu na região e pode lhe revelar mais sobre Mara, a She-Ra anterior, e seu próprio destino como protetora do planeta. Ao mesmo tempo, Hordak despacha Felina para buscar a mesma tecnologia com a esperança que seja a peça que falta para que ele consiga abrir um portal para trazer os exércitos da Horda para Etéria.

Como em temporadas anteriores, a série tem uma clara preocupação com o desenvolvimento de suas personagens e o desenvolvimento de motivações compreensíveis para elas. Aqui essa preocupação continua a ser exercitada e aprofunda nosso entendimento até mesmo de personagens que não esperaríamos saber muito mais do que já sabemos. O melhor exemplo é Hordak, até aqui uma figura distante e tratada como “o mal absoluto”, mas esta temporada mostra uma faceta mais vulnerável do vilão. Alguém que lida com a morte iminente e também um enorme complexo de inferioridade em relação ao Hordak Prime. A exposição desse lado até então desconhecido de Hordak, ajuda Felina a se reaproximar dele, já que ela também é movida por um sentimento de abandono e inferioridade.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Lixo Extraordinário – Dragonball Evolution


Análise Crítica - Dragonball Evolution


Review - Dragonball Evolution
O cinema hollywoodiano não é exatamente gentil com os animes japoneses. Adaptações feitas nos Estados Unidos constantemente rendem produtos que variam entre o fraco, como Alita: Anjo de Combate (2019), A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017); o ruim, como Death Note (2017), e o péssimo, a exemplo deste Dragonball Evolution.
                       
Muitos reclamam do quanto Dragonball Evolution é distante do mangá e do anime, mas a falta de fidelidade visual até seria perdoável se o filme fosse capaz de criar uma trama que fosse interessante ou personagens com algum carisma, mas não é o caso. A narrativa, tal como no anime, parte da premissa da busca pelas Esferas do Dragão, que concederia um desejo a quem as reunisse. Aqui, no entanto, a mitologia é construída de maneira confusa, envolvendo o retorno do Rei Piccolo (James Marsters) e uma profecia sobre o Oozaru e mais uma série de outros elementos que tornam o que era uma narrativa relativamente simples em algo mais bagunçado do que deveria.

Os personagens não eram exatamente poços de complexidade no anime, mas nem tudo que funciona em uma animação, funciona em live action, e aqui todos os personagens, de Goku (Justin Chatwin) ao mestre Kame (Chow Yun Fat), soam como caricaturas grosseiras, inclusive em relação às suas versões do anime e do mangá. O humor que era característico de Dragon Ball é substituído aqui por piadas que mais envergonham do que fazem rir. A única personagem com um mínimo de carisma acaba sendo a Bulma interpretada por Emmy Rossum. Claro, ainda seria possível fazer esses personagens funcionarem se o texto fosse capaz de injetar algum calor humano ou empatia neles, como fizeram as Wachowskis no subestimado Speed Racer (2008), no qual mesmo os personagens sendo rasos é possível perceber um sentimento verdadeiro neles, o que facilita a empatia.