Apesar de ter adorado It: A Coisa (2017), confesso que estava apreensivo com essa segunda parte, já
que, no livro de Stephen King, o segmento com os personagens com os personagens
adultos é bem inferior ao início com os personagens crianças. Este It: Capítulo 2 é, de fato, inferior à
primeira parte, mas ao menos consegue funcionar como um desfecho digno e é bem
melhor que a péssima segunda parte da versão televisiva da década de noventa.
A trama se passa 27 anos depois do original. Mike (Isaiah
Mustafa), o único do Clube dos Otários a permanecer em Derry, se dá conta de
que a onda de mortes de Pennywise (Bill Skarsgard) recomeçou. Assim, ele chama
os demais amigos para voltarem à cidade e cumprirem o juramento que fizeram de
eliminar a criatura de uma vez por todas caso ela voltasse.
O elenco adulto é competente, mas não encanta o mesmo tanto
que o elenco jovem do primeiro filme. Parte do problema é inerente à própria
situação, afinal ver crianças sendo confrontadas com seus medos é uma situação
mais tensa do que acompanhar adultos dotados de certa maturidade e ciência de
suas vulnerabilidades emocionais passarem pela mesma situação. Outra razão é
que a trama em si não dá muito espaço para desenvolver esses personagens em
suas novas situações e vermos o tanto que eles se transformaram. Temos um
pequeno vislumbre disso na cena do restaurante chinês, mas depois o filme se
reduz a uma corrida contra o tempo para derrotar Pennywise.
Eu confesso que apesar de ser fã de RPGs japoneses nunca
tive muito contato com a franquia Ys.
Eu sabia da existência dela já na época do Super Nintendo, mas só fui jogar
algum jogo da série anos atrás com Ys
Seven para PSP e passei a apreciar a jogabilidade de RPG de ação da
franquia. Isso inevitavelmente me levou a este Ys VIII: Lacrimosa of Dana, que não joguei logo que foi lançado,
mas eventualmente chegou às minhas mãos.
Como os outros jogos da série, a trama é centrada em um
guerreiro de cabelos vermelhos chamado Adol Cristin. O protagonista está em uma
viagem de navio quando a embarcação é atacada por uma poderosa criatura marinha
que destrói todo o barco. Adol e outros membros da tripulação acordam em uma ilha
deserta e aos poucos descobrem que a ilha guarda muitos mistérios, como a
presença de criaturas que muitos acreditavam estarem extintas, os Primordials
(basicamente dinossauros), e as ruínas de uma antiga civilização. Adol começa a
sonhar com essa civilização e com uma sacerdotisa chamada Dana e, assim, Adol
precisa desvendar os mistérios da ilha ao mesmo tempo em que precisa encontrar
o resto dos sobreviventes e arranjar um meio para sair da ilha.
Em nossa crítica sobre Power Rangers Battle For The Grid mencionamos como o jogo tinha potencial, mas
faltava polimento e modos de jogo. Pois desde seu lançamento saíram uma série
de conteúdos adicionais, a maioria gratuitos, que ajudam o jogo a chegar mais
próximo de sue potencial.
O filme francês Intocáveis
fez muito sucesso ao redor do mundo quando foi lançado em 2011 ao contar a
história de um imigrante que começava a trabalhar como cuidador de um homem
rico e tetraplégico e acabava construindo uma grande amizade. O sucesso acabou
rendendo também alguns remakes, como
a péssima versão argentina, Inseparáveis (2017),
e este Amigos Para Sempre, versão
hollywoodiana que consegue não ser tão desastrosa quanto a argentina, ainda que
também nunca consiga justificar a própria existência.
A trama é quase a mesma do original. Dell Scott (Kevin Hart)
é um ex-presidiário com dificuldade de reconstruir a vida e vai a uma
entrevista de emprego só para mostrar a sua agente de condicional que está
procurando trabalho. Na entrevista ele conhece o tetraplégico Philip (Bryan Cranston)
e acaba sendo contratado. Aos poucos Dell vai se aproximando de Philip,
ensinando a ele que ainda é possível aproveitar a vida, enquanto seu chefe irá
lhe ensinar a ser mais responsável.
Lançado em 1988, Palhaços
Assassinos do Espaço Sideral parece, no papel, uma mistura ideal entre
terror e humor. Na prática, no entanto, o resultado final carece tanto de
criatividade no humor quanto de violência e gore
para funcionar como deveria em qualquer uma dessas duas frentes.
Na trama, o casal Mike (Grant Cramer) e Debbie (Suzanne
Snyder) está trocando beijos na floresta quando veem um cometa passar no céu.
Eles tentam seguir o cometa até o lugar onde ele caiu, mas quando chegam no que
deveria ser o ponto de impacto, encontram apenas uma estranha tenda circense. O
casal decide entrar na tenda e descobrem se tratar de uma nave espacial
habitada por criaturas que se parecem com palhaços. Os palhaços tentam matá-los
e eles fogem para a cidade, mas os alienígenas seguem o casal e começam a
aterrorizar os habitantes do local.
Como em muitos filmes de terror, os protagonistas se
comportam como completos idiotas na maior parte do tempo. Mike e Debbie, por
exemplo, entram sem qualquer cerimônia no estranho circo abandonado no meio do
mato. Em outro momento dois personagens se recusam a deixar o furgão em que
estão mesmo quando um palhaço assassino gigante está correndo na direção deles
só pelo motivo do automóvel ser alugado. Porque, claro, pagar o prejuízo seria
muito pior que morrer.
Escrita por Lu e Victor Cafaggi, a graphic novelTurma da
Mônica: Laços era uma afetuosa celebração do universo criado por Maurício
de Souza e funcionava por aprofundar o que sabíamos sobre esses personagens sem
esquecer a essência deles. Esta adaptação para os cinemas se manteve
relativamente fiel ao material original, mas isso não significa que não tem sua
parcela de problemas.
A trama começa quando Floquinho, o cachorro do Cebolinha
(Kevin Vechiatto), desaparece e as crianças da Rua do Limoeiro se unem para
ajudar Cebolinha a procurar Floquinho. Assim, Mônica (Giulia Benitte), Magali
(Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) partem em uma aventura por uma
floresta próxima, mas acabam se perdendo, precisando também encontrar o rumo de
casa.
A narrativa acerta não só na recriação com atores e cenários
do universo concebido por Maurício de Souza e na graphic novel na qual o filme é mais diretamente inspirado como
também no olhar mais simples e ingênuo sobre infância que essas histórias
sempre tiveram. As crianças da narrativa brincam na rua sem precisar de muita
coisa para se divertirem, muitas vezes usando a própria imaginação para
conceber suas brincadeiras, sem depender diretamente de tecnologia ou
brinquedos caros, valorizando o lúdico e a imaginação.
Aplicando a conhecida premissa de “eu acho que meu vizinho é
um assassino” a uma ambientação oitentista protagonizada por crianças, Verão de 84 funciona como uma mistura de
Janela Indiscreta (1954) com Os Goonies (1985) e a nostalgia de Stranger Things. O resultado, no
entanto, acaba sendo menor que a soma de suas partes e o que poderia ser uma
aventura/suspense jovem se torna algo morno.
A trama acompanha Davey (Graham Verchere), um garoto de
férias da escola que começa a suspeitar que o vizinho deles, o solitário
policial Mackey (Rich Sommer) possa ser o serial
killer que a polícia vem caçando a algum tempo. Ele conta suas suspeitas
aos amigos Tommy (Judah Lewis), Woody (Caleb Emery) e Farraday (Cory
Gruter-Andrew), unindo todos na investigação ao senhor Mackey. Além do
quarteto, há também Nikki (Tiera Skovbyie) a bela garota da casa da frente que
costumava ser babá de Davey e por quem o protagonista nutre uma certa paixão.
Não é à toa que Cantando
na Chuva seja um dos musicais mais celebrados de todos os tempos. Lançado
em 1952, o filme é uma divertida e espetacular celebração de amor, música e do
próprio ofício de fazer cinema. Com um elenco no auge de sua forma, é difícil
não se deixar encantar por ele.
A trama se passa no final da década de 1920, no período de
transição entre o cinema mudo e o cinema falado. O Cantor de Jazz (1927) acabava de ser lançado com um imenso
sucesso financeiro ao finalmente apresentar uma projeção de vozes e canto
sincrônica com a imagem. Diante do fascínio de público por filmes falados, a
produtora de cinema na qual Don (Gene Kelly) e Cosmo (Donald O’Connor)
trabalham resolve transformar sua mais recente produção em um filme falado. A
companhia enfrenta problemas na transição, em especial pelo fato do par
romântico de Don no filme, a atriz Lina Lamont (Jean Hagen), tem uma voz
desagradável. A solução é chamar a aspirante a atriz Kathy (Debbie Reynolds)
para dublar Lina, mas aos poucos Don vai se apaixonando por Kathy.
Fiquei um tempo em silêncio sentado na poltrona do cinema
enquanto os créditos subiam ao fim de Bacurau,
novo filme de Kleber Mendonça Filho, que aqui dirige ao lado de Juliano
Dornelles. Os dois longas anteriores de Kleber, O Som ao Redor (2012)e Aquarius(2016) tinham me causado
impacto semelhante e, em igual medida, fui deixado sem saber como organizar meu
raciocínio para falar do filme ou o que dizer exatamente sobre ele, já que
parecia ter coisa demais para eu dar conta em um texto. Ainda assim, tentarei.
A narrativa se passa em um futuro não especificado no qual
as coisas pioraram bastante no Brasil. O ponto central da trama é a pequena
cidade de Bacurau, que sofre com falta de água depois que o governo represou um
rio próximo. Teresa (Barbara Colen) retorna à cidade para o funeral da mãe,
dona Carmelita, mas em seu tempo lá coisas estranhas começam a acontecer:
drones passeiam pelos céus, carros são baleados e pessoas são mortas sem
explicação. Assim, Teresa e outras figuras proeminentes na cidade como Acácio
(Thomas Aquino) e a médica Domingas (Sônia Braga) tentam entender o que está
acontecendo.
Eu queria muito ter gostado deste Anna: O Perigo Tem Nome. Muita coisa do que o diretor Luc Besson
fez durante os anos noventa tem lugar cativo na minha memória cinéfila como Nikita: Criada Para Matar (1990), O Profissional (1994) e O Quinto Elemento (1997), então sempre
desejo por vê-lo à frente de bons projetos, mas seus últimos filmes, apesar de
carregarem promessa, acabaram sendo bem abaixo dos melhores momentos do
realizador. Lucy(2014), apesar do
carisma de Scarlett Johansson e da boa direção de Besson foi soterrado pelo
peso da própria megalomania e Valerian e a Cidade dos Mil Planetas(2017) era prejudicado por um roteiro
problemático e um casting equivocado
de seus protagonistas. Este Anna
poderia ter sido um retorno à forma ao trazer em si ecos de Nikita, mas o resultado é algo
desconjuntado e anacrônico.
A trama começa na década de oitenta quando a jovem russa
Anna (Sasha Luss) é recrutada como assassina pela KGB. Ela vai para Paris
disfarçada como modelo e vive uma vida dupla como top model e matadora, eliminando os inimigos da Rússia. As
atividades de Anna chamam a atenção do agente da CIA Lenny (Cillian Murphy),
que força Anna a colaborar com os EUA. Assim, a espiã fica presa em um perigoso
jogo duplo no qual tem que lutar pela própria sobrevivência e liberdade.
Chama a atenção uma certa inconsistência tonal no longa, em
especial quando o filme contrapõe o cotidiano de assassina da protagonista com
seu trabalho como modelo. Quando Anna está a serviço da KGB, o filme é sério,
sisudo e sombrio, com a protagonista sendo mentalmente afetada por toda a
violência ao seu redor, mas em seus momentos de modelo é tudo tão histriônico e
caricato que parece algo saído da franquia Zoolander.
Sim, Besson claramente parece querer parodiar o universo fashion, a questão é que as transições entre a seriedade
psicológica e o pastiche são muito abruptas, dando a impressão de dois filmes
diferentes e essas duas abordagens mais brigam entre si do que dialogam.
É curioso, no entanto, que ele tente criticar a
objetificação promovida pelo mundo da moda ao mesmo tempo em que insista a todo
momento em mostrar a nudez de sua protagonista e colocá-la em cenas de sexo
(além de um eventual estupro). Soa contraditório reclamar da objetificação de
um determinado ramo do entretenimento ao mesmo tempo em que ele próprio a expõe
mais do que necessário, já que mesmo quando ficou claro que ela usa o sexo para
manipular os homens ao seu redor, Besson continua insistindo em cenas e mais cenas
dela tirando a roupa.
Algumas cenas de sexo até descambam para o humor
involuntário, como o sexo violento entre Anna e o russo Alex (Luke Evans), que
provavelmente foi pensado como algo de uma sensualidade feroz, mas termina como
se estivéssemos assistindo ao coito de dois búfalos no cio. Atômica(2017), um filme que claramente
remetia aos produtos noventistas de Besson, conseguiu equilibrar melhor sua
combinação entre ação e sensualidade.
Outro problema é a insistência do filme em ficar indo e
voltando no tempo para tentar criar surpresas e reviravoltas na esperança de
convencer o público que esta é uma trama extremamente inteligente quando na
verdade repete todos os clichês típicos de tramas de “espião versus espião”. O
expediente de ficar “rebobinando” eventos quebra o ritmo da trama,
interrompendo constantemente o fluxo e muitas vezes repetindo algumas cenas que
já vimos, como se fossemos incapazes de lembrar algo de dez minutos atrás, para
tentar mostrar a ação de uma perspectiva diferente e que as coisas não era como
pensamos.
Como o filme abusa do recurso, ele se torna previsível e lá
pela terceira vez que uma ação é cortada sem se resolver, sabemos que o filme
irá eventualmente rebobinar até aquele momento para revelar uma surpresa que
acaba sendo facilmente antevista (eu previ a maioria). Desta maneira, a trama
não só fica bastante previsível, como também dá a impressão de um ritmo
truncado, que resiste em progredir. Se tudo tivesse sido contado em ordem
cronológica seria perfeitamente possível manter o suspense sem sacrificar a
progressão da trama. Nesse ímpeto de encadear reviravoltas, os personagens
acabam reduzidos a meros dispositivos de roteiro e mesmo a protagonista não
consegue ir além do lugar comum da assassina que quer se libertar de sua vida
de violência.
As cenas de ação exibem bastante violência e são muito bem
conduzidas, com Bresson apresentando planos longos e com poucos cortes que
conferem fluidez aos combates e as coreografias de luta exploram de maneira
criativa as habilidades letais da protagonista, em especial uma luta dentro de
um restaurante. Ainda assim, as cenas de ação são poucas e relativamente
espaçadas os longo do filme, não sendo o bastante para fazer a experiência ser
positiva.
Anna: O Perigo Tem
Nome soa como um filme parado no tempo, algo que ficou perdido dentro de
uma gaveta de estúdio e só agora foi encontrado e jogado nos cinemas. Apesar de
algumas boas cenas de ação, o filme se perde em uma inconsistência tonal,
personagens desinteressantes e uma trama que se julga mais esperta do que
realmente é.