Não sabia muito o que esperar do novo Brinquedo Assassino. Não morro de amores pelo filme original, ainda
que aprecie seu charme em abraçar sem medo o próprio absurdo de sua premissa.
Esta nova versão, no entanto, acabou se mostrando desprovida de muita
personalidade, falhando em construir um carisma próprio a despeito de seu
esforço de atualizar a premissa principal.
Se antes o boneco Chucky era possuído pelo espírito de um serial killer depois de um ritual que dá
errado, agora Chucky (voz de Mark Hamill) é um boneco ultra tecnológico dotado
de uma inteligência artificial que o faz interagir com diferentes aparelhos.
Chucky, no entanto, tem sua IA sabotada na fábrica e programada para ser
agressiva, o que obviamente gera problemas que ele chega na casa do garoto Andy
(Gabriel Bateman) e sua mãe Karen (Aubrey Plaza).
Tudo bem que a premissa do original era razoavelmente
ridícula, mas ele tinha consciência disso e conseguia construir algo bastante
singular. Aqui, no entanto, Chucky é só mais uma IA defeituosa igual a tantos
outros filmes que apresentavam um antagonista similar. Mark Hamill, que foi a
voz do Coringa nas animações e games do Batman durante anos, é perfeitamente
capaz de fazer o Chucky soar sinistro, mas sem a ironia e sarcasmo sádico que o
personagem tinha antes, o boneco nada mais é que um robô frio cujas frases de
efeito são apenas repetições de falas de outros personagens que até podem soar
engraçadas quando Chucky diz, mas que não constroem, em si, uma personalidade
própria ao boneco.