A 71ª entrega dos Emmy, premiação máxima da televisão dos Estados Unidos, aconteceu no último domingo, 22 de setembro, e sagrou como grande campeã a série Fleabag, criada e protagonizada pela britânica Phoebe Waller-Bridge, que levou quatro prêmios. A minissérie Chernobyl foi outra grande vencedora, levando três prêmios. Game of Thrones surpreendeu ao levar a estatueta de melhor série drama por sua controversa última temporada, cujo desfecho deixou os fãs divididos, ganhando também o prêmio de ator coadjuvante para Peter Dinklage.
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Conheçam os vencedores do Emmy 2019

sexta-feira, 20 de setembro de 2019
Crítica – Brinquedo Assassino
Não sabia muito o que esperar do novo Brinquedo Assassino. Não morro de amores pelo filme original, ainda
que aprecie seu charme em abraçar sem medo o próprio absurdo de sua premissa.
Esta nova versão, no entanto, acabou se mostrando desprovida de muita
personalidade, falhando em construir um carisma próprio a despeito de seu
esforço de atualizar a premissa principal.
Se antes o boneco Chucky era possuído pelo espírito de um serial killer depois de um ritual que dá
errado, agora Chucky (voz de Mark Hamill) é um boneco ultra tecnológico dotado
de uma inteligência artificial que o faz interagir com diferentes aparelhos.
Chucky, no entanto, tem sua IA sabotada na fábrica e programada para ser
agressiva, o que obviamente gera problemas que ele chega na casa do garoto Andy
(Gabriel Bateman) e sua mãe Karen (Aubrey Plaza).
Tudo bem que a premissa do original era razoavelmente
ridícula, mas ele tinha consciência disso e conseguia construir algo bastante
singular. Aqui, no entanto, Chucky é só mais uma IA defeituosa igual a tantos
outros filmes que apresentavam um antagonista similar. Mark Hamill, que foi a
voz do Coringa nas animações e games do Batman durante anos, é perfeitamente
capaz de fazer o Chucky soar sinistro, mas sem a ironia e sarcasmo sádico que o
personagem tinha antes, o boneco nada mais é que um robô frio cujas frases de
efeito são apenas repetições de falas de outros personagens que até podem soar
engraçadas quando Chucky diz, mas que não constroem, em si, uma personalidade
própria ao boneco.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Crítica – Os Mortos Não Morrem
Fiquei bem curioso para assistir este Os Mortos Não Morrem. Sou fã do diretor Jim Jarmusch e gosto do
modo como ele cria narrativas repletas de personagens pitorescos e com um senso
de humor bem singular. Pois o filme acabou sendo mais fraco do que eu esperava
e, apesar de ter gostado, imagino que quem não estiver habituado ao cinema do
diretor talvez não encontre muito o que apreciar.
A trama se passa em uma pequena cidade no interior dos
Estados Unidos e o filme faz um claro paralelo com a cidade na qual A Noite dos Mortos Vivos (1968), de
George Romero, se passava Uma dupla de policiais, Cliff (Bill Murray) e Ronnie (Adam
Driver) começam a investigar eventos estranhos ocorrendo na cidade após uma
catástrofe ambiental causar uma mudança no eixo de rotação da Terra.
O filme não tem exatamente um único protagonista e transita,
ao longo da narrativa, por várias figuras insólitas que habitam ou estão de
passagem pela cidade. Do hermitão vivido por Tom Waits, que serve como
narrador, passando pelo vendedor obcecado com filmes de terror e zumbis
interpretado por Caleb Landry Jones, a esquisita agente funerária escocesa de
Tilda Swinton ou a hipster vivida por Selena Gomez. Todos esses personagens
ajudam a injetar humor e estranheza na trama, mesmo quando a narrativa não tem
um direcionamento muito claro.

terça-feira, 17 de setembro de 2019
Crítica – O Bar da Luva Dourada
Assistir O Bar da Luva
Dourada, filme mais recente do diretor Fatih Akin (de Em Pedaços), me fez ser grato pelo cinema não conseguir transmitir
cheiros. O filme transita por espaços tão decadentes, dilapidados e degradados,
apresentando situações tão asquerosas que se pudéssemos sentir o odor de tudo
que assistimos certamente teríamos que deixar o cinema no meio da projeção por
conta das náuseas que o filme causaria. Não que as imagens em si não sejam
incômodas, pelo contrário, se estou aqui ponderando sobre o possível odor é
justamente pelo talento de Akin em transmitir todo esse asco através das
imagens.
A narrativa, baseada em fatos reais, conta a história de
Fritz Honka (Jonas Dassler), assassino em série que aterrorizou a parte pobre
da cidade de Hamburgo na Alemanha dos anos 70. Fatih Akin acompanha a
trajetória de Honka de maneira bastante crua, algo evidente já na longa
sequência de abertura que mostra o protagonista matando, despindo e então
serrando a cabeça de uma de suas vítimas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Crítica – How To Get Away With Murder: 5ª Temporada
Quando escrevi sobre a quarta temporada de How To Get Away With Murder, mencionei
como o quarto ano conseguia recolocar a série nos trilhos ao apontar novos
rumos e novos conflitos para os personagens. Pois este quinto ano não aprendeu
nada com o ano anterior e volta a repetir os padrões desonestos da fraca
terceira temporada, além de se limitar a reciclar conflitos de anos anteriores
ao invés de mover esses personagens para frente, resultando no pior ano da
série até agora. O texto a seguir contem SPOILERS da temporada.
A narrativa continua no ponto em que a temporada anterior
parou, com Annalise (Viola Davis) entrando para uma firma de advocacia para
empreender seu processo contra o governo estadual por maus tratos contra
detentos. Ao mesmo tempo, novos problemas parecem surgir no horizonte com a
chegada de Gabriel Maddox (Rome Flynn), que Frank (Charlie Weber) acredita ser
o filho de Annalise que todos acreditavam estar morto. Como de costume há
também flashfowards no fim e no
início do episódio que dão a entender que Bonnie (Liza Weil) matará um
personagem importante.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Crítica – Amor em Obras
Produção original da Netflix, Amor em Obras é daqueles filmes que funcionam como um passatempo
ainda que não tenha nada de memorável ou particularmente singular ao ponto de
se tornar uma experiência recomendável. É para ser visto em um dia chuvoso,
quando não há nada para fazer e você já assistiu alternativas melhores.
A narrativa é protagonizada por Gabriela (Christina Milian)
uma ambiciosa garota nova-iorquina que, depois de uma decepção amorosa, acaba
entrando em um concurso para ganhar uma pousada no interior da Nova Zelândia.
Ela vence o concurso, mas ao chegar no local, descobre que a propriedade está
em péssimo estado. Com recursos financeiros limitados, ela acaba aceitando uma
sociedade com o construtor Jake (Adam Demos) e, logicamente, os dois vão se
apaixonando conforme a reforma se desenvolve.
É um enredo que lembra bastante Um Dia a Casa Cai (1986), também sobre um casal que tenta reformar
uma casa dilapidada, e outros filmes sobre personagens que se afastam da cidade
para buscar uma vida simples no interior ao reformar uma velha propriedade,
como em Sob o Sol da Toscana (2003)
ou Um Bom Ano (2005). Em resumo, não
há nada aqui que já não tenhamos visto antes.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Crítica – O Mal Não Espera a Noite: Midsommar
Filmes de terror se passam majoritariamente à noite e com
pouca iluminação. Provavelmente porque as sombras geram espaços cujo conteúdo é
desconhecido e o desconhecido, o não compreendido, o “outro”, é sempre algo
assustador. No entanto, sempre me perguntei se alguém faria um filme de terror
que se passasse integralmente em dias claros e ensolarados. Pois o diretor Ari
Aster, responsável pelo tenebroso Hereditário
(2018), resolveu atender minha curiosidade com este O Mal Não Espera a Noite: Midsommar, que nos confronta com um
horror essencial da existência humana: a constatação da futilidade da
existência e da inevitabilidade da dor.
A trama é centrada em Dani (Florence Pugh), que está
passando por um momento difícil depois da morte da irmã e dos pais. O luto da
personagem é agravado pelo fato do namorado de Dani, Cristian (Jack Reynor), se
recusa a dar qualquer suporte emocional, ao invés disso planeja uma viagem à
Suécia com amigos. A viagem é para a pequena vila na qual Pelle (Vilhelm
Blomgrem), amigo de Cristian, nasceu e que é toda baseada em um culto à
natureza que todo ano faz um festival para comemorar o solstício de verão.
Dani, Cristian, Pelle e mais alguns amigos chegam à vila e começam a tomar
parte nas celebrações, mas aos poucos vão descobrir as práticas brutais daquela
pequena comunidade.

terça-feira, 10 de setembro de 2019
Crítica – Indústria Americana
Produzido pela Netflix, o documentário Indústria Americana tenta retratar os conflitos causados pela
chegada de uma fábrica chinesa aos Estados Unidos. Poderia render uma boa
discussão sobre capitalismo, globalização e imperialismo, mas o
filme acaba ficando à margem de tudo isso e o resultado é um produto
superficial que parece não entender que a história que está contando é apenas
uma parte de uma questão muito maior.
No filme, uma cidade no interior dos Estados Unidos teve sua
economia dilapidada quando a General Motors fechou uma fábrica no local. A
cidade volta a ter esperança no próprio crescimento quando um bilionário chinês
compra o espaço da antiga fábrica e a reabre como uma fábrica de vidros para
automóveis. A esperança, no entanto, vai se esvaindo conforme os trabalhadores
vão se confrontando com o “estilo gerencial” dos chineses.
Aí começam os problemas do filme. Ele retrata toda a
situação com um foco míope que faz as disputas entre patrões e empregados
parecer algo particular dos chineses, cuja disciplina e foco em produtividade
os faz explorar os trabalhadores ao máximo. Na verdade, essa é uma estratégia
típica do capitalismo globalizado constantemente adotada por países
imperialistas.
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Crítica,
Documentário

segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Crítica – Abigail e a Cidade Proibida
Quando escrevi sobre o pavoroso Mentes Sombrias (2018) e o recente Máquinas Mortais (2019) mencionei como esses filmes demonstravam o
esgotamento da fórmula de universos distópicos autoritários com tramas
infanto-juvenis sobre resistência e independência. Pois a mensagem
aparentemente não chegou na Rússia, já que este Abigail e a Cidade Perdida, co-produção entre Rússia e Estados
Unidos, repete preguiçosamente todos os elementos típicos deste tipo de
história salpicando algumas pitadas de Harry
Potter.
A trama gira em torno da jovem Abigail Foster (Tinatin
Dalakishvili), ela cresceu em uma cidade cercada por uma grande muralha e
governada por um Estado autoritário que justifica seu controle excessivo como a
única maneira de manter uma perigosa doença sob controle e seu pai foi
capturado ainda quando a protagonista era criança sob a acusação de estar
infectado. Logicamente o governo está mentindo e os infectados são, na verdade,
pessoas com poderes especiais. No esforço para descobrir o que aconteceu com o
pai, Abigail se junta à Resistência (porque claro que há uma resistência)
liderada por Bale (Gleb Bochkov) e Stella (Ravshana Kurkova)

domingo, 8 de setembro de 2019
Crítica – It: Capítulo 2
Apesar de ter adorado It: A Coisa (2017), confesso que estava apreensivo com essa segunda parte, já
que, no livro de Stephen King, o segmento com os personagens com os personagens
adultos é bem inferior ao início com os personagens crianças. Este It: Capítulo 2 é, de fato, inferior à
primeira parte, mas ao menos consegue funcionar como um desfecho digno e é bem
melhor que a péssima segunda parte da versão televisiva da década de noventa.
A trama se passa 27 anos depois do original. Mike (Isaiah
Mustafa), o único do Clube dos Otários a permanecer em Derry, se dá conta de
que a onda de mortes de Pennywise (Bill Skarsgard) recomeçou. Assim, ele chama
os demais amigos para voltarem à cidade e cumprirem o juramento que fizeram de
eliminar a criatura de uma vez por todas caso ela voltasse.
O elenco adulto é competente, mas não encanta o mesmo tanto
que o elenco jovem do primeiro filme. Parte do problema é inerente à própria
situação, afinal ver crianças sendo confrontadas com seus medos é uma situação
mais tensa do que acompanhar adultos dotados de certa maturidade e ciência de
suas vulnerabilidades emocionais passarem pela mesma situação. Outra razão é
que a trama em si não dá muito espaço para desenvolver esses personagens em
suas novas situações e vermos o tanto que eles se transformaram. Temos um
pequeno vislumbre disso na cena do restaurante chinês, mas depois o filme se
reduz a uma corrida contra o tempo para derrotar Pennywise.

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