“Somos devoradores de mundos” diz o protagonista
interpretado por Brad Pitt em dado momentos de Ad Astra: Rumo às Estrelas. Na cena em questão o vemos caminhar em
um espaçoporto lunar em meio a quiosques de Subway e outras franquias de fast-food (inclusive, as empresas que
cederam suas marcas nessa cena ou tem um grande senso de humor ou não
entenderam o que o filme está dizendo sobre esses produtos). A cena funciona
como uma síntese do discurso do filme.
Tramas sobre exploração espacial normalmente falam sobre
como viajar pelo cosmos seria um percurso natural do ser humano. Algo que
traria iluminação, transcendência, que faria a humanidade evoluir. Aqui, no
entanto, o diretor James Gray trabalha na contramão dessas ideias (ele já tinha
feito uma antítese de filmes de aventura em Z:A Cidade Perdida) ao propor que a expansão para o espaço seria uma desculpa
para não evoluir, para que a humanidade continuasse a fazer as mesmas coisas,
continuasse a consumir recursos e explorar tudo que há ao seu redor infestando
o universo como um tumor.
A narrativa é protagonizada pelo astronauta Roy (Brad Pitt),
um homem solitário e estoico que recebe uma missão secreta do comando espacial.
Pulsos de antimatéria vindos do planeta Netuno ameaçam o sistema solar e o
comando desconfia que essa energia vem de uma estação espacial enviada ao
planeta décadas atrás e comandada por Clifford (Tommy Lee Jones), o pai de Roy.
Supostamente Clifford teria enlouquecido e matado toda a tripulação. Seus
motivos são desconhecidos, mas Roy precisará viajar aos confins do sistema
solar para detê-lo. Conforme viaja, a distância e o isolamento começam afetar o
protagonista.