A premissa deste Morto
Não Fala é algo bem típico de narrativas de fantasia e horror. Um sujeito
comum mexe com forças sobrenaturais que não compreende muito bem com o intuito
de obter alguma vantagem, mas logicamente essas forças se voltam contra ele e
tudo começa a desmoronar.
Stênio (Daniel de Oliveira) trabalha no necrotério de São
Paulo no turno da noite e tem a habilidade de falar com os mortos. Um dia um
dos cadáveres que chega em sua mesa conta a Stênio que a esposa dele, Odete
(Fabiula Nascimento), o está traindo com o dono da padaria. Indignado com a
traição, Stênio decide tomar uma atitude drástica, mas revelar os segredos dos
mortos coloca uma maldição sobre ele.
O filme acerta em adaptar essa premissa comum do gênero ao
contexto e cotidiano brasileiro, fazendo tudo soar crível como aconteceu com o
drama médico em Sob Pressão (2016).
Pode parecer algo pequeno, mas muitas tentativas de fazer horror no Brasil
muitas vezes esbarram no problema de tentar meramente reproduzir fórmulas
hollywoodianas sem trazer essas estruturas para o nosso contexto cultural, como
fez O Caseiro (2016) ao tentar fazer
algo similar aos filmes estadunidenses de “casa mal-assombrada” e resultou em
algo sem personalidade.