Em uma determinada cena de A Vida Invisível, alguém pergunta para uma das protagonistas, Guida
(Julia Sotckler), qual o sexo de seu filho recém-nascido. Quando Guida responde
que é homem a autora da pergunta prontamente diz “sorte dele”. Parece um
instante menor dentro da trama, quase inconsequente, mas diz muito sobre o
lugar da mulher na sociedade brasileira da década de cinquenta, época na qual o
filme se passa.
A trama é baseada no romance A Vida Invisível de Eurídice Gusmão de Martha Batalha (que,
confesso, não li) e segue duas irmãs vivendo no Rio de Janeiro da década de
cinquenta. Guida está apaixonada por um marinheiro grego e foge de casa para ir
com ele para a Grécia. A família fica sem notícias de Guida por quase um ano e,
nesse tempo, Eurídice (Carol Duarte), a irmã de Guida, se casa com o
funcionário público Antenor (Gregório Duvivier). Guida volta para o Brasil
grávida depois de ter deixado o marido, mas os pais dela a expulsam de casa e
dizem que Eurídice está morando fora do Brasil, estudando para ser pianista.
Assim, acompanhamos as vidas dessas duas mulheres e suas respectivas famílias,
sendo que nenhuma das duas está satisfeita com o rumo de suas trajetórias.