segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Crítica – A Vida Invisível


Análise Crítica – A Vida Invisível


Review – A Vida Invisível
Em uma determinada cena de A Vida Invisível, alguém pergunta para uma das protagonistas, Guida (Julia Sotckler), qual o sexo de seu filho recém-nascido. Quando Guida responde que é homem a autora da pergunta prontamente diz “sorte dele”. Parece um instante menor dentro da trama, quase inconsequente, mas diz muito sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira da década de cinquenta, época na qual o filme se passa.

A trama é baseada no romance A Vida Invisível de Eurídice Gusmão de Martha Batalha (que, confesso, não li) e segue duas irmãs vivendo no Rio de Janeiro da década de cinquenta. Guida está apaixonada por um marinheiro grego e foge de casa para ir com ele para a Grécia. A família fica sem notícias de Guida por quase um ano e, nesse tempo, Eurídice (Carol Duarte), a irmã de Guida, se casa com o funcionário público Antenor (Gregório Duvivier). Guida volta para o Brasil grávida depois de ter deixado o marido, mas os pais dela a expulsam de casa e dizem que Eurídice está morando fora do Brasil, estudando para ser pianista. Assim, acompanhamos as vidas dessas duas mulheres e suas respectivas famílias, sendo que nenhuma das duas está satisfeita com o rumo de suas trajetórias.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Crítica - Contato Visceral


Análise Crítica - Contato Visceral


Review - Contato Visceral
Começando com uma citação à obra literária No Coração das Trevas, este Contato Visceral já promete, antes que vejamos qualquer imagem do filme, uma jornada rumo à loucura e a degradação. Não é o primeiro nem será o último filme de terror a fazer isso, mas seus problemas não residem na reprodução de um arco dramático familiar e sim como esse arco é construído.

A trama é centrada em Will (Armie Hammer), um bartender que vive na cidade de Nova Orleans. Apesar de morar com a namorada, Carrie (Dakota Johnson), Will é apaixonado por Alicia (Zazie Beetz), uma amiga e cliente regular do seu bar. Os problemas de Will começam quando ele encontra um celular esquecido no bar e tenta entrar em contato com alguém que conheça o dono pelos contatos do próprio aparelho, mas começa a receber mensagens macabras.

A ideia é que as imagens e vídeos macabros enviados a ele vão aos poucos tirando sua sanidade, mas é difícil comprar a ideia de que ele fique tão fascinado ou impactado com aquilo tudo. Afinal, estamos em uma era de notícias falsas, com imagens e vídeos virais aterrorizantes claramente fabricados (como a história do Slender Man), então é difícil embarcar na noção que as imagens e mensagens seriam o suficiente para levar uma pessoa normal a sair do sério.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Crítica – Morto Não Fala


Análise Crítica – Morto Não Fala


Review – Morto Não Fala
A premissa deste Morto Não Fala é algo bem típico de narrativas de fantasia e horror. Um sujeito comum mexe com forças sobrenaturais que não compreende muito bem com o intuito de obter alguma vantagem, mas logicamente essas forças se voltam contra ele e tudo começa a desmoronar.

Stênio (Daniel de Oliveira) trabalha no necrotério de São Paulo no turno da noite e tem a habilidade de falar com os mortos. Um dia um dos cadáveres que chega em sua mesa conta a Stênio que a esposa dele, Odete (Fabiula Nascimento), o está traindo com o dono da padaria. Indignado com a traição, Stênio decide tomar uma atitude drástica, mas revelar os segredos dos mortos coloca uma maldição sobre ele.

O filme acerta em adaptar essa premissa comum do gênero ao contexto e cotidiano brasileiro, fazendo tudo soar crível como aconteceu com o drama médico em Sob Pressão (2016). Pode parecer algo pequeno, mas muitas tentativas de fazer horror no Brasil muitas vezes esbarram no problema de tentar meramente reproduzir fórmulas hollywoodianas sem trazer essas estruturas para o nosso contexto cultural, como fez O Caseiro (2016) ao tentar fazer algo similar aos filmes estadunidenses de “casa mal-assombrada” e resultou em algo sem personalidade.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Crítica – A Lavanderia


Análise Crítica – A Lavanderia


Review – A Lavanderia
Depois de dois filmes experimentando com a estética de filmar apenas com celulares (Distúrbio e High Flying Bird), o diretor Steven Soderbergh volta a fazer filmes de maneira mais "convencional". Baseado na história real dos chamados Panama Papers, um vazamento massivo de documentos que escancarou como grandes empresas lavavam dinheiro em paraísos fiscais através de negócios de fachada, A Lavanderia tenta explicar como esse esquema funcionava, ao mesmo tempo em que explora as histórias de pessoas afetadas por ele.

O ponto de partida é a história de Ellen Martin (Meryl Streep) uma mulher idosa que perde o marido durante um passeio de barco quando a embarcação naufraga. A seguradora responsável pela apólice da embarcação encontra uma brecha jurídica para não pagar o seguro e Ellen começa a investigar a questão até chegar em um escritório de advocacia no Panamá que esconde os ativos de muitas corporações ao criar diversas empresas de fachada. A partir da história de Ellen, a trama se divide em muitas outras histórias que envolvem pessoas afetadas ou que negociavam com este escritório de advocacia.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Crítica – Zumbilândia: Atire Duas Vezes


Análise Crítica – Zumbilândia: Atire Duas Vezes


Review – Zumbilândia: Atire Duas Vezes
O primeiro Zumbilândia (2009) foi uma grata surpresa graças ao seu elenco afiado e senso de humor com os clichês de filmes sobre zumbis. O sucesso do filme parecia tornar inevitável que houvesse uma continuação, mas ainda assim ela não veio. Ao invés disso, ganhamos uma série de televisão que matinha os personagens do filme, mas trazia um elenco diferente e o resultado foi algo sem a mesma graça do filme original, fazendo a série ser rapidamente cancelada. Com isso o retorno a este universo parecia fadado a não acontecer, até que agora, dez anos depois do lançamento do primeiro filme, chega aos cinemas este Zumbilândia: Atire Duas Vezes, continuação que mantem o elenco original.

Depois de anos viajando pelos Estados Unidos devastado pelo apocalipse zumbi, Columbus (Jesse Eisenberg), Tallahassee (Woody Harrelson), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) decidem estabelecer residência na Casa Branca abandonada. Com o tempo, no entanto, a rotina começa a tomar conta. Wichita teme por sua relação com Columbus, enquanto que Little Rock deseja conhecer outros lugares e outras pessoas para além do trio com quem cresceu. Assim, as duas mulheres vão embora, mas Columbus e Tallahassee vão atrás delas ao descobrirem que as duas foram para uma região com zumbis mais letais.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Crítica – Mortal Kombat 11: Terminator Pack


Review – Mortal Kombat 11: Terminator Pack


Desde o reboot de Mortal Kombat em 2011 a desenvolvedora Netherrealm Studios começou a colocar “personagens convidados’ em seus jogos. Mortal Kombat contava com a presença de Freddy Kruger e Kratos de God of War, o primeiro Injustice colocava no ninja Scorpion para enfrentar os heróis e vilões da DC.

Logo depois Mortal Kombat X aumentou ainda mais a presença de convidados com Jason Vorhees, Leatherface, o Predador e o Xenomorfo de Alien. Por sua vez Injustice 2 introduziu, além de personagens do universo Mortal Kombat como Sub-Zero e Raiden, heróis de outras editoras com Hellboy e as Tartarugas Ninja. Pois a tendência continua em Mortal Kombat 11 com a chegada do Exterminador do Futuro, além dos já anunciados Coringa e Spawn.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Crítica – O Favorito


Análise Crítica – O Favorito


Review – O Favorito
É curioso como o tempo muda a percepção das coisas. Nos dias de hoje, um candidato a presidente sendo pego traindo a esposa seria um problema menor, que rapidamente seria esquecido no ciclo de notícias e provavelmente não encerraria a carreira de ninguém. Em 1987, por outro lado, algo assim era um grande escândalo com potencial para destruir as chances em uma eleição.

É exatamente sobre isso que trata este O Favorito, baseado na história real de Gary Hart (Hugh Jackman), favorito nas primárias do partido democrata em 1987 para ganhar a indicação de candidato a presidente pelo partido. Hart estava muito à frente dos demais concorrente nas pesquisas até que ele é fotografado com uma mulher que seria sua amante e sua campanha começa a desmoronar.

O filme não mira seu interesse no escândalo em si, mas na discussão que se criou em torno dele. Especialmente na conversa sobre cobertura jornalística da política e o que poderia ser considerado informação de interesse público ou não. Afinal saber da vida íntima de um político é necessário para saber se ele será um bom governante? Até que ponto isso impacta ou deveria impactar na decisão dos eleitores? Do mesmo modo, podemos questionar toda a conduta dos repórteres que descobriram o caso ao passar semanas vigiando Hart e seguindo ele por todos cantos. Seria essa ação uma invasão de privacidade ou justificável sob o argumento de que se trata de uma informação de interesse público?

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Crítica – El Camino: A Breaking Bad Film


Análise Crítica – El Camino: A Breaking Bad Film


Review – El Camino: A Breaking Bad Film
Apesar de adorar Breaking Bad confesso que tive receio quando ouvi que este longa-metragem El Camino serviria como um epílogo para a série focando no que aconteceu com Jesse Pinkman (Aaron Paul) depois de ter saído do cativeiro, afinal Felina, episódio final de Breaking Bad, é um desfecho excelente que praticamente não exige um complemento. Por outro lado, também tive o mesmo temor pela série Better Call Saul e o resultado final da série provou que eu não tinha razão para ficar desconfiado da capacidade do diretor e roteirista Vince Gilligan. El Camino, no entanto, acaba ficando em uma espécie de meio termo, mantendo a competência estética de Gilligan, mas falhando em trazer novos olhares a personagens conhecidos como fez Better Call Saul.

A trama começa imediatamente depois dos eventos do episódio final de Breaking Bad, com Jesse fugindo do cativeiro depois de Walt (Bryan Cranston) matar a gangue do Uncle Jack. Jesse vai para a casa de seus amigos Skinny Pete (Charles Baker) e Badger (Matt Jones) para se abrigar, descobrindo através dos noticiários que a polícia o considera o principal suspeito pelas mortes da gangue e de Walt. Assim, Jesse precisa arranjar um meio de sair da cidade de Albuquerque em meio ao cerco policial.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Lixo Extraordinário – Contato de Risco


Crítica – Contato de Risco


Review - Gigli
Vocês podem não lembrar, mas em dado momento no início dos anos 2000 o ator Ben Affleck e a cantora Jennifer Lopez formaram um casal. Para surfar na onda de popularidade do casal de celebridades foi feito este Contato de Risco, filme que colocava Affleck e Lopez como par romântico, esperando que os fãs que acompanhavam o casal nos tabloides fossem também pagar para assisti-los nos cinemas, o que acabou não acontecendo.

Contato de Risco foi um imenso fracasso de crítica e público, constantemente figurando entre os cem filmes mais mal avaliados do agregador IMDb e tendo sido indicado a nove Framboesas de Ouro na época de seu lançamento,  vencendo cinco, incluindo pior filme. As carreiras de Affleck e Lopez conseguiram se recuperar do retumbante fracasso, mas o diretor Martin Brest, responsável pelo primeiro Um Tira da Pesada (1984) e Perfume de Mulher (1992), nunca mais dirigiu um longa-metragem em Hollywood.

A trama acompanha Larry Gigli (Ben Affleck), um gangster de baixo escalão que recebe a missão de sequestrar Brian (Justin Bartha), o irmão deficiente mental de um poderoso promotor federal. A misteriosa Ricki (Jennifer Lopez) é contratada para ajudar Gigli a manter Brian sob controle, mas Ricki e Gigli não se entendem muito bem, embora seja óbvio que ambos vão acabar juntos.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Crítica – Carmen Sandiego: 2ª Temporada


Análise Crítica – Carmen Sandiego: 2ª Temporada


Review – Carmen Sandiego: 2ª Temporada
A primeira temporada de Carmen Sandiego dava indicativo que o segundo ano exploraria mais o passado misterioso da protagonista e aprofundaria alguns personagens ao seu redor, como Shadowsan. A promessa, no entanto, não foi exatamente cumprida, já que muito desse desenvolvimento acaba acontecendo apenas no último episódio.

Esse segundo ano começa com Carmen Sandiego continuando a tentar sabotar a organização criminosa conhecida como VILE, agora tendo seu antigo tutor da VILE, Shadowsan, como aliado. Ao mesmo tempo, precisa fugir da agência ACME, que continua a considerá-la uma aliada da VILE, embora a agente Argent esteja tentando convencer os demais de que Carmen é uma aliada em potencial.

A temporada segue uma estrutura de episódios focados em casos isolados, em cada um Carmen precisa parar um crime específico da VILE e algumas migalhas de um arco maior sendo salpicadas a cada capítulo. Como aconteceu no ano de estreia, o foco é mesmo na aventura e a série continua competente em criar cenas de ação e perigo que exploram o potencial das habilidades e gadgets de seus muitos heróis e vilões. Do mesmo modo, também continua exibindo um relativo talento em criar personagens insólitos que parecem saídos diretamente de algum filme de espionagem exagerado da década de 60. Como antes, cada episódio leva Carmen a um país diferente e a trama segue exibindo um viés pedagógico em suas histórias, usando as aventuras da ladra internacional para ensinar ao jovem espectador sobre a história e geografia dos países visitados.