terça-feira, 19 de novembro de 2019

Crítica – Pássaro do Oriente


Análise Crítica – Pássaro do Oriente


Review – Pássaro do Oriente
Pássaro do Oriente não gasta tempo para estabelecer seu mistério principal. Depois de uma breve cena da protagonista Lucy (Alicia Vikander) chegando ao trabalho, a polícia prontamente entra no local procurando por ela. Um corpo foi achado na costa e as autoridades acham que pertence a Lily Bridges (Riley Keough), desaparecida há alguns dias e Lucy pode ter sido a última pessoa que a viu.

A pergunta “o que aconteceu como Lily?” é o fio condutor da história, que se passa no Japão da década de oitenta e adapta o elogiado livro Earthquake Bird escrito por Susanna Jones. A trama é contada do ponto de vista de Lucy enquanto testemunha para a polícia sobre como conheceu Lily e como a amizade entre as duas foi erodindo.

A narrativa mistura uma história sobre investigação com um suspense erótico e psicológico conforme mergulhamos na mente de Lucy para entender como uma jovem sueca foi morar sozinha no Japão e o triângulo amoroso que motivou o conflito entre Lucy e Lily.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Lixo Extraordinário – A Invasão das Rãs


Crítica – A Invasão das Rãs


Resenha Crítica – A Invasão das RãsLançado em 1972, A Invasão das Rãs é um dos maiores casos de propaganda enganosa do cinema. É um filme de terror cujo título menciona rãs (e o título em inglês é apenas Frogs, ou seja, sapos) e o pôster traz a imagem de um sapo com o que parece ser um braço humano saindo de sua boca. Isso dá a entender que veremos algo com sapos gigantes devorando pessoas, algo similar a A Noite dos Coelhos (1972), mas com sapos. Essa assunção, no entanto, se mostra completamente equivocada quando assistimos ao filme. Não só não existem gigantes na trama, todos são do tamanho normal de um sapo, como eles não matam ninguém.


A trama começa com o fotógrafo Pickett Smith (Sam Eliott) navegando de barco a remo por um pântano enquanto captura imagens das espécies que ali vivem e da poluição que chega ao ambiente. Pickett é derrubado de seu pequeno barco quando um casal de ricaços em uma lancha motorizada passam por ele em alta velocidade. Para se desculpar, os dois chamam Pickett para a ilha da família, próxima dali, na qual estão comemorando o aniversário de um de seus parentes.

domingo, 17 de novembro de 2019

Crítica – Invasão ao Serviço Secreto


Análise Crítica – Invasão ao Serviço Secreto


Review – Invasão ao Serviço Secreto
Depois que Invasão a Casa Branca (2013) e Invasão a Londres (2016) copiaram descaradamente Duro de Matar (1988), este final de trilogia Invasão ao Serviço Secreto resolve ser diferente dos seus antecessores e decide copiar O Fugitivo (1993). A ideia é, provavelmente, evitar a repetição e o cansaço nessa série de filmes, mas não funciona. O resultado, assim como os dois anteriores, é um filme de ação sem personalidade que apenas repete o que funcionou antes.

Na trama, o agente Banning (Gerard Butler) está prestes a ser promovido a diretor do Serviço Secreto pelo presidente Trumbull (Morgan Freeman), mas tudo muda quando um ataque mata praticamente todos os agentes do Serviço Secreto e deixa o presidente em coma. Evidências apontam Banning como o autor do ataque e ele precisa fugir para provar a própria inocência enquanto é caçado pela agente do FBI Thompson (Jada Pinkett Smith).

É curioso que um filme sobre uma fuga desenfreada e uma corrida contra o tempo consiga soar tão monótono, mas este alcança essa façanha. Provavelmente por conta do excesso de subtramas e personagens que não levam a lugar nenhum. Todo o arco de Banning e o pai (Nick Nolte) não tem qualquer relação com a trama (o pai de Banning sequer tinha sido citado nos anteriores), tampouco serve para acrescentar qualquer camada ao desenvolvimento do protagonista, se limitando a repetir o clichê do veterano traumatizado pela guerra ainda que Nolte consiga conferir algum grau de credibilidade ao personagem. O mesmo acontece com a agente Thompson, que deixa a trama sem fazer nada de muito significativo.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª Temporada


Resenha – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª TemporadaA quarta temporada de She-Ra e as Princesas do Poder funciona quase como O Império Contra-Ataca (1980) para a série, colocando as heroínas diante de todo poderio da Horda e praticamente sendo esmagadas por ela.

A trama começa mais ou menos no ponto onde a anterior parou. Depois do sacrifício da rainha para fechar o portal aberto por Felina, Cintilante é coroada como a nova rainha de Lua Clara. Diante de uma nova liderança, Hordak e Felina pressionam ainda mais a enfraquecida rebelião e o abalo na relação entre Adora e Cintilante.

Muito do distanciamento entre Adora e Cintilante acontece por conta da morte da rainha e por Cintilante silenciosamente culpar a amiga pelo que aconteceu com a mãe. Ao mesmo tempo Cintilante também experimenta insegurança em relação ao seu papel de rainha e alienação em relação aos seus amigos, já que para governar ela deixa de ir a campo nas missões com Adora e Arqueiro. Por outro lado, Adora começa a se tornar confiante demais em seus poderes como She-Ra, achando que ela sozinha consegue dar conta de qualquer ameaça e isso a faz agir de maneira descuidada.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Crítica - As Panteras


Análise Crítica - As Panteras


Review - As Panteras
Eu sinceramente não sabia o que esperar desta nova versão de As Panteras. A escolha por Elizabeth Banks como diretora e o trio principal pareciam promissores. Por outro lado, os trailers pareciam levar toda a trama de investigação e espionagem um pouco a sério demais ao invés de abraçar o espírito de aventura descompromissada e exagero da versão de 2000 estrelada por Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore (As Panteras Detonando, no entanto, é um horror).

Na trama, a equipe formada por Sabina (Kristen Stewart) e Jane (Ella Balinska) precisa proteger a engenheira Elena (Naomi Scott) depois que ela delata uma falha mortal no novo dispositivo de energia criado por sua empresa. Com a vida de Elena em perigo e o dispositivo, que pode gerar cargas elétricas capazes de matar pessoas próximas ao seu pulso de energia, tendo sido roubado, as três precisam se unir para descobrir quem está por trás da ameaça, tendo também a ajuda da chefe Bosley (Elizabeth Banks).

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Crítica – Ford vs Ferrari


Análise Crítica – Ford vs Ferrari


Review – Ford vs Ferrari
Apesar do título, Ford vs Ferrari é menos focado nas duas empresas e mais na amizade de seus dois protagonistas. É uma decisão esperta, já que eles são os mais interessantes da trama e a questão da duas empresas acaba servindo como mero pano de fundo para o percurso dos dois.

A trama, baseada em uma história real, é centrada em Carroll Shelby (Matt Damon), o primeiro estadunidense a vencer as 24 Horas de Le Mans, uma das mais difíceis do automobilismo. Depois da prova, ele se aposenta de pilotar por conta de um problema no coração e se torna vendedor de carros esportivos, iniciando também sua equipe de automobilismo tendo como principal piloto o genioso Ken Miles (Christian Bale). Carroll é procurado pelo executivo Lee Iacocca (Jon Bernthal) da montadora Ford, Lee quer que Carroll inicie uma equipe para a Ford para poder ganhar as 24 Horas de Le Mans e desafiar a supremacia da italiana Ferrari, que venceu a prova por cinco anos seguidos.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Crítica – Parasita


Análise Crítica – Parasita


Review – Parasita
Dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho, responsável por filmes com Expresso do Amanhã (2014) e Okja (2017), este Parasita é um daqueles filmes que consegue te pegar de surpresa toda vez que achamos que estamos compreendendo o que está acontecendo. Essas reviravoltas fazem o filme transitar entre diferentes gêneros e resulta em uma alegoria social que impacta pelo modo como nos guia a desdobramentos inesperados.

Na trama, a família do patriarca Ki-taek (Kang-ho Sung) se encontra toda desempregada. Para sobreviver eles recorrem a pequenos bicos como fazer caixas de pizza e outras atividades de baixa renda. A sorte deles muda quando Min (Seo-joon Park), colega de escola de Ki-woo (Woo-sik Choi), filho de Ki-taek, oferece seu emprego a Ki-woo. O trabalho em questão é dar aulas particulares de inglês para Da-hye Park (Ji-so Jung), a filha adolescente de um rico empresário do ramo de tecnologia. Chegando na casa da família, Ki-woo se torna fascinado com o estilo de vida abastado dos Park e começa a fazer planos de inserir os demais parentes em outros empregos para a família.

Dizer mais seria estragar a experiência de quem vai assistir, mas o que começa como um drama social logo dá lugar ao suspense e posteriormente a uma absurda farsa. Seriam gêneros difíceis de transitar de maneira orgânica, mas Bong Joon-ho consegue caminhar com segurança entre a seriedade e o farsesco. A história é, em essência, sobre relações de classe social e a maneira com a qual ricos e pobres enxergam um ao outro.

domingo, 10 de novembro de 2019

Crítica – Doutor Sono


Análise Crítica – Doutor Sono


Review – Doutor Sono
Eu não fiquei muito empolgado quando este Doutor Sono, adaptação do romance de Stephen King que continua a história de Danny Torrance de O Iluminado, foi anunciado. Os trailers focavam mais em fazer referência a adaptação para cinema de O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, do que tentar delinear uma identidade própria e parecia mais um produto hollywoodiano planejado e formatado para explorar a nostalgia do espectador. O resultado final, porém, acaba sendo menos tributário ao filme de Kubrick do que eu esperava.

A trama se passa décadas depois dos eventos de O Iluminado. Danny Torrance (Ewan McGregor) agora é um alcoólatra em recuperação e trabalha como enfermeiro em uma clínica que atende pacientes terminais. Ele usa suas habilidades de “iluminado” para trazer conforto aos pacientes em seus últimos momentos e acaba sendo apelidado de “doutor sono”. Ao mesmo tempo, Danny começa a ter contato com outra garota iluminada, Abra Stone (Kyliegh Curran), e os poderes crescentes da garota chamam a atenção de um grupo de pessoas que vive de devorar as almas de iluminados. O grupo é liderado pela poderosa Rose (Rebecca Ferguson) e Danny precisa correr para manter Abra segura.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Crítica – Dora e a Cidade Perdida


Análise Crítica – Dora e a Cidade Perdida


Resenha – Dora e a Cidade Perdida
A animação Dora a Exploradora é famosa por seu caráter lúdico e educativo voltado a crianças pequenas. Por conta disso, foi recebida com estranhamento a notícia de que a animação seria adaptada para o cinema em live action, com uma versão mais velha da protagonista e uma trama mais aventuresca e próxima de algo como Indiana Jones. Afinal, uma personagem voltada para um público ainda na infância conseguiria atrair um público adolescente? Tendo assistido Dora e a Cidade Perdida, a impressão é que o filme não sabe o que quer ser nem com que público quer se comunicar.

A trama mostra Dora (Isabela Moner) já adolescente e tendo que finalmente ir para a escola enquanto seus pais embarcam numa expedição para encontrar uma antiga cidade inca que, segundo lendas, estaria repleta de ouro. Depois de algum tempo, Dora perde o contato com os pais e acaba sendo sequestrada da por um grupo de mercenários que estavam rastreando os pais de Dora e queriam roubar o tesouro da cidade. Agora na selva, Dora e seus amigos precisam encontrar os pais da protagonista e alcançar a cidade perdida antes dos vilões.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Rapsódias Revisitadas – Macunaíma


Crítica – Macunaíma


Review – Macunaíma
Lançado em 1969 e dirigido por Joaquim Pedro de Andrade a partir do romance homônimo de Mário de Andrade, Macunaíma foi o filme mais lucrativo do movimento do Cinema Novo brasileiro. Provavelmente o sucesso se deu pela estrutura cômica anárquica que remetia às chanchadas de décadas anteriores como Carnaval Atlântida (1952), o que provavelmente tornava mais acessível toda a trama carregada de simbolismos.

A narrativa acompanha as desventuras de Macunaíma (Grande Otelo), que nasce já adulto de uma mãe idosa. Macunaíma vive em um constante estado de preguiça e nunca faz nada por conta própria, sempre tirando vantagem dos outros. Um dia a floresta em que mora fica inundada e Macunaíma e seus irmãos vão morar na cidade. No trajeto o protagonista se banha em águas misteriosas e passa a ser branco (sendo interpretado por Paulo José) e continua a viver na cidade tentando levar vantagem em cima dos outros.

Chamado de “herói sem caráter” o arco dramático do protagonista é de fato estruturado como uma típica jornada de herói, com o chamado à aventura, um artefato de grande poder a ser coletado e o retorno ao lar. O que torna a trama tão singular e reflexiva dos processos de construção identitária brasileiras é sua abordagem satírica a todo esse percurso. Macunaíma é um “herói” brasileiro porque ele se dá bem sem precisar fazer nada e tirando vantagem em cima dos outros, demonstrando como o individualismo e esse senso de esperteza, de querer passar por cima das pessoas ao redor, é algo endêmico do brasileiro.