O cinema já produziu inúmeros
filmes sobre a questão de imigrantes africanos tentando chegar à Europa de
barco em condições precárias. São filmes normalmente voltados para o perigo da
jornada, a dificuldade de se adaptar ao novo país e normalmente são feitos
pelos mesmos países europeus que recebem esses migrantes, contando essas
histórias sob o ponto de vista europeu. Este Atlantique, dirigido pela senegalesa Mati Diop, segue na contramão
dessas tendências, tecendo sua trama do ponto de vista africano e do ponto de
vista não dos que viajam, mas dos que ficam.
O filme se passa em Dacar,
capital do Senegal, e conta a história de Souleiman (Traore) um trabalhador de
construção civil que, depois de meses sem receber, deixa o emprego na
construção de um grande arranha-céu para tentar ir para a Europa de barco com
outros colegas de trabalho. Souleiman está romanticamente envolvido e
apaixonado por Ada (Mame Bineta Sane), que, por sua vez, está prometida ao rico
Omar (Babacar Sylla) por conta de um casamento arranjado pelos pais dela. Um
tempo depois da partida de Souleiman e os outros trabalhadores, eventos
estranhos começam a acontecer na cidade.