sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Crítica – Frozen 2


Análise Crítica – Frozen 2


Review – Frozen 2
Eu adoro o primeiro Frozen (2013) e o modo como ele se apropriava de uma típica estrutura narrativa de filmes de princesa da Disney e virava boa parte dos elementos conhecidos de ponta à cabeça. Era um filme que resolvia muito bem todas as suas tramas, mas fez rios de dinheiro e era inevitável que a casa do Mickey resolvesse fazer uma continuação. O temor é que este Frozen 2 não tivesse nada a dizer sobre esse universo e personagens, mas consegue encontrar ideias interessantes, ainda que tenha problemas de ritmo.

Na trama, Elsa começa a ouvir um estranho chamado da floresta e lembra de uma história que seus pais contaram sobre uma floresta mística na qual espíritos elementais perigosos foram selados. Ao interagir com a estranha canção da floresta, Elsa liberta os espíritos dos elementos e, com isso, coloca o todo o reino de Arendelle em risco. Agora ela, Anna, Kristoff, Olaf e Sven precisam viajar até a floresta mística para desvendar seus mistérios.

A narrativa tem o mesmo problema de Valente (2012) no sentido de que demora a encontrar o que quer fazer com seus personagens e quais ideias quer transmitir. A primeira meia hora é uma sucessão de diálogos expositivos e gags cômicas que, embora divertidas, fazem pouco para avançar a narrativa ou desenvolver os personagens. Se ocorresse algum problema na projeção antes de chegar na metade e a sessão tivesse que ser encerrada, eu sequer seria capaz de identificar sobre o que é o filme ou qual o arco narrativo desses personagens.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Crítica – Eu, a Vó e a Boi


Análise Crítica – Eu, a Vó e a Boi


Review – Eu, a Vó e a Boi
Em 2017, o internauta Eduardo Hanzo viralizou no Twitter ao contar a insólita história da rivalidade entre a avó dele e uma vizinha. Era uma animosidade que se estendia por décadas e envolvia esquemas e peças que pareciam saídas diretamente de uma sitcom televisiva. Provavelmente foi essa impressão de que a realidade pode ser mais estranha que a ficção que chamou tanto a atenção do público. Parecia algo pronto para ser adaptado para o cinema ou televisão e a série Eu, a Vó e a Boi é exatamente isso.

A trama é centrada em Roblou (Daniel Rangel) que narra a rivalidade entre as duas avós, Turandot (Arlete Salles), com quem ele mora, e Yolanda (Vera Holtz), a quem Turandot se refere como Boi por achar “vaca” um xingamento machista. As duas moram frente a frente na mesma rua e se odeiam há anos. Com muito tempo livre nas mãos, se dedicam a infernizar a vida da outra.

O primeiro episódio da série é mais focado na rivalidade das duas e acerta no clima de absurdo conforme Turandot e Boi inventam esquemas malucos para tirar uma a outra do sério. Recorrendo a diálogos e situações tiradas diretamente dos tweets de 2017, o episódio tem o clima de absurdo e comicidade que se esperava de uma série sobre duas velhinhas rabugentas que se detestam e apontava para uma comédia promissora.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Crítica – Atlantique


Análise Crítica – Atlantique


Review – Atlantique
O cinema já produziu inúmeros filmes sobre a questão de imigrantes africanos tentando chegar à Europa de barco em condições precárias. São filmes normalmente voltados para o perigo da jornada, a dificuldade de se adaptar ao novo país e normalmente são feitos pelos mesmos países europeus que recebem esses migrantes, contando essas histórias sob o ponto de vista europeu. Este Atlantique, dirigido pela senegalesa Mati Diop, segue na contramão dessas tendências, tecendo sua trama do ponto de vista africano e do ponto de vista não dos que viajam, mas dos que ficam.

O filme se passa em Dacar, capital do Senegal, e conta a história de Souleiman (Traore) um trabalhador de construção civil que, depois de meses sem receber, deixa o emprego na construção de um grande arranha-céu para tentar ir para a Europa de barco com outros colegas de trabalho. Souleiman está romanticamente envolvido e apaixonado por Ada (Mame Bineta Sane), que, por sua vez, está prometida ao rico Omar (Babacar Sylla) por conta de um casamento arranjado pelos pais dela. Um tempo depois da partida de Souleiman e os outros trabalhadores, eventos estranhos começam a acontecer na cidade.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Crítica – As Golpistas


Análise Crítica – As Golpistas


Review – As Golpistas
Baseado em uma insólita história real, As Golpistas parece, na superfície, um daqueles filmes disposto a reduzir todo o acontecimento a puro entretenimento, mas felizmente não é isso o que acontece. A trama consegue encontrar uma boa dose de humanidade em suas personagens e entende a complexidade da situação em que elas estão.

A narrativa é centrada em Destiny (Constance Wu) uma jovem que se torna stripper quando precisa sustentar a avó. O dinheiro que ela ganha dançando mal dá para pagar as contas, já que, de tudo que ela recebe, várias pessoas da boate acabam levando uma parte. As coisas começam a mudar quando ela conhece a veterana Ramona (Jennifer Lopez) que a ensina a pegar clientes mais ricos. Anos depois, Destiny casa e tem uma filha, mas quando é deixada pelo marido, acaba tendo que voltar a ser stripper. Ramona, no entanto, propõe um novo esquema, de pegar clientes ricos, drogá-los e depois fazer cobranças de valores altos em seus cartões na boate, fazendo tudo parecer uma noitada de farra.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Crítica – O Juízo


Análise Crítica – O Juízo


Review – O Juízo
Eu constantemente falo aqui como um dos problemas de se fazer cinema de gênero no Brasil é que muitas vezes os realizadores simplesmente tentam aplicar as formas e estruturas hollywoodianas típicas desses gêneros sem tentar entender como esses formatos se adequam ou não à realidade brasileira. O Caseiro (2016) tentava reproduzir a fórmula de um terror de “casa mal assombrada” sem muito que pudesse diferenciar do que é comumente feito nos EUA. Nesse sentido, este O Juízo era bem promissor ao pegar essa premissa e tentar contar uma história mais calcada em elementos da realidade história brasileiras.

Na trama, Augusto (Felipe Camargo) se muda com a esposa, Teresa (Carol Castro), e o filho adolescente, Marinho (Joaquim Torres Waddington), para a dilapidada propriedade rural da família no interior. Augusto está endividado e propriedade é a única coisa que lhe resta e sua única oportunidade de se reerguer. Chegando lá, Augusto e seu filho começam a receber a visita de um homem estranho (Criolo) que chega oferecendo a oportunidade de encontrar diamantes nas terras do local.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Crítica – O Irlandês

Análise Crítica – O Irlandês


Review – O Irlandês
O diretor Martin Scorsese levou mais de uma década para finalmente conseguir filmar a biografia do mafioso Frank “O Irlandês” Sheeran e, de certa forma, é bom que ele tenha demorado tanto. Em geral, filmes que passam muito tempo no “limbo do desenvolvimento” tendem a passar por múltiplos tratamentos de roteiro, roteiristas e diretores ao ponto em que quando finalmente são lançados, o resultado é uma colcha de retalhos sem personalidade, vide o recente Projeto Gemini, mas não é o caso neste O Irlandês.

Aqui Scorsese demonstra um olhar bem maduro, talvez fruto do tempo trabalhando no filme, talvez pelo seu próprio momento como cineasta, agora já veterano e no pleno domínio de seu ofício. Se em Os Bons Companheiros (1990) Scorsese falava sobre a glamourização da vida de mafioso, aqui seu olhar é plenamente desglamourizado. Tal qual o protagonista, o olhar de Scorsese tem uma certa melancolia e distanciamento analítico. É o olhar de alguém com muita experiência de vida e que consegue olhar para o passado pelo que ele é e não pelas lentes da nostalgia.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Crítica – Ducktales: 1ª Temporada




Análise Crítica – Ducktales: 1ª Temporada

Review – Ducktales: 1ª TemporadaEu adorava Ducktales quando era garoto. Gostava tanto da animação quanto dos quadrinhos da Disney situados em Patópolis que construía um universo ainda mais amplo que a série animada. Com o tempo, conheci o nome de Carl Barks um dos principais quadrinistas da Disney e criador deste universo de Patópolis e personagens como o Tio Patinhas, Professor Pardal e a Maga Patalógica. Então quando soube que a Disney faria uma nova versão de Ducktales que remeteria às histórias e estética de Barks, fiquei mais do que empolgado e esta primeira temporada não decepcionou.

Na trama, o Pato Donald precisa deixar Patópolis a trabalho e resolve deixar os sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho com seu tio. Os garotos não sabem, mas esse tio é ninguém menos que o Tio Patinhas, o homem mais rico da cidade. Na casa de Patinhas eles conhecem a governanta Dona Patilda, a neta dela, Patrícia, e o piloto Capitão Boing. Juntos eles passam a viver muitas aventuras enquanto que os três garotos tentam também descobrir o que aconteceu com a mãe deles, Dumbella, que desapareceu quando eles ainda eram crianças.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Crítica – Projeto Gemini


Análise Crítica – Projeto Gemini


Review – Projeto Gemini
A divulgação deste Projeto Gemini tratava como uma imensa novidade sua premissa de colocar um astro de ação como Will Smith enfrentando a si mesmo através do uso de computação gráfica. Não sei até que ponto isso se deu por falta de repertório ou simplesmente por querer convencer desonestamente o espectador de que estava vendo algo inédito, mas a verdade é que isso está longe de ser novidade entre os blockbusters hollywoodianos.

Arnold Schwarzenegger enfrentou um clone de si mesmo em O Sexto Dia (2000), Jean-Claude Van Damme fez o mesmo um ano depois em Replicante (2001). No mesmo ano o chinês Jet Li lutou contra um doppelganger de outra dimensão em O Confronto (2001) e esses são apenas os exemplos que vem na minha memória imediata. Desta maneira, desde sua premissa Projeto Gemini já soava como um produto requentado, ainda que um nome como Ang Lee no comando desse a esperança de que o filme pudesse ser algo mais do que um blockbuster de ação genérico, mas infelizmente isso não acontece.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Crítica – Uma Segunda Chance Para Amar

Análise Crítica – Uma Segunda Chance Para Amar


Review – Uma Segunda Chance Para Amar
Pelo material de divulgação Uma Segunda Chance Para Amar parecia ser aquele tipo de comédia romântica feita para pegar carona no espírito natalino e passar mensagens positivas sobre família e relacionamentos. O resultado final é basicamente isso, embora suas tentativas de mexer com a fórmula não cheguem a funcionar exatamente.

A trama é centrada em Kate (Emilia Clarke), uma jovem aspirante a cantora cuja vida está um caos desde que ela teve um grave problema de saúde. Sua carreira como cantora não decola e ela está presa em um emprego sem futuro, trabalhando como vendedora em uma loja de produtos natalinos gerenciada pela dura Noel (Michelle Yeoh). A vida de Kate começa a mudar quando ela conhece Tom (Henry Golding) e a vida dela começa a mudar.

Tal como em Como Eu Era Antes de Você (2016), Emilia Clarke é adorável como uma jovem que não consegue dar um jeito na própria vida. Considerando a natureza caótica de Kate, seria uma personagem fácil de se tornar detestável nas mãos de uma atriz menos carismática, mas Clarke da a ela charme suficiente para que ela não seja só uma desastrada abestalhada. A atriz também consegue dar conta das facetas mais sérias da personagem, em especial a relação complicada que ela tem com a família ou no trauma por conta do problema de saúde pelo qual passou.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Crítica – Carcereiros: O Filme


Análise Crítica – Carcereiros: O Filme


Review – Carcereiros: O Filme
A série Carcereiros chega em um momento em que a ficção seriada brasileira finalmente parece ter aprendido a reconfigurar os gêneros narrativos hollywoodianos e dar a eles uma personalidade própria que soe genuína no contexto brasileiro. Vemos isso em produtos como Sob Pressão (tanto o filme quanto a série) ou na recente Segunda Chamada. Já este Carcereiros: O Filme, longa inspirado na série, sacrifica essa identidade e a verossimilhança em relação ao contexto brasileiro para tentar produzir um suspense com mais cara de algo hollywoodiano em uma narrativa que lembra Assalto à 13ª DP (1976), de John Carpenter, divergindo do tom mais “pé no chão” da série.

Na trama, o carcereiro Adriano (Rodrigo Lombardi) é chamado para trabalhar em sua noite de folga quando a Polícia Federal avisa que sua prisão irá receber temporariamente um novo detento: o terrorista islâmico Abdel Moussa (Kaysar Dadour) que se escondia no Brasil. Abdel deve passar uma noite no presídio antes de ser levado pela Interpol para ser julgado por explodir uma escola, mas a presença dele causa inquietação entre os detentos, alguns deles jurando o terrorista de morte. O inesperado, no entanto, acontece quando um grupo armado invade a prisão em busca de um prisioneiro específico.