terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Crítica – A Batalha das Correntes


Análise Crítica – A Batalha das Correntes


Review – A Batalha das Correntes
O lançamento deste A Batalha das Correntes no cinema é um daqueles casos que me deixa confuso quanto ao processo de decisão de algumas distribuidoras brasileiras. Filmes celebrados, sucesso de público e crítica, vencedores de prêmios muitas vezes chegam diretamente em home video (um dos casos mais recentes foi Ex Machina), enquanto grandes fracassos ignorados (merecidamente) por múltiplas instâncias de recepção ocupam espaço precioso nas telas de cinema do Brasil.

A Batalha das Correntes se encaixa no segundo caso. Pronto para ser lançado em 2017, o filme entrou num limbo de distribuição (como aconteceu com Amigos Para Sempre) depois que o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein tomou as manchetes. Dois anos depois, o filme, que tinha sido pensado para concorrer em festivais e premiações, foi finalmente lançado e a recepção foi de pura apatia. Que um filme que tenha demorado tanto para sair e tenha tido uma recepção tão morna (merecidamente) seja lançado nos cinemas ao invés de serviços de streaming ou coisa assim não tem justificativa. Principalmente quando produtos muito melhores sequer tem chance de chegar a uma sala de cinema.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Crítica – 11 de Setembro: O Resgate


Análise Crítica – 11 de Setembro: O Resgate


Review – 11 de Setembro: O Resgate
Eu não sei por onde começar a falar de 11 de Setembro: O Resgate. Um projeto tão equivocado e que trata de modo tão aproveitador uma tragédia real que me surpreendo que parentes das vítimas não tenham protestado contra esse filme, embora suspeito de que seja porque a maioria das pessoas sequer saiba que ele exista e talvez seja melhor assim.

A trama se passa durante os atentados de 11 de setembro de 2001 no qual as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque foram derrubadas por um ataque terrorista. Apesar de se basear em uma história real, a narrativa segue um grupo de personagens fictícios que fica preso em um dos elevadores durante o ataque às torres. Jeff (Charlie Sheen), Eve (Gina Gershon), Eddie (Luis Guzman), Michael (Wood Harris) e Tina (Olga Fonda). Enquanto estão presos no elevador, eles conversam com a supervisora de segurança Metzie (Whoopi Goldberg), que tenta encontrar um jeito de tirá-los de lá.

É impressionante que um filme sobre pessoas tentando sobreviver a um desastre iminente consiga ser tão chato. Os personagens são unidimensionais, funcionando como uma coleção de clichês, tipo o rico empresário que não presta atenção na família, o trabalhador simplório que só quer voltar para a família, a patricinha materialista, o sujeito com problemas de vício (em jogos de azar, nesse caso) e daí por diante. Eles trocam confidências sobre seus problemas, como uma espécie de Clube dos Cinco (1985) adulto, mas o texto nunca vai além desses dados expositivos. Não há praticamente nenhum aprendizado ou transformação experimentado por esses personagens e todos eles são um tédio de acompanhar.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Crítica – South Park: 23ª Temporada


Análise Crítica – South Park: 23ª Temporada


Review – South Park: 23ª Temporada
Se a temporada anterior de South Park começou tratando de um tema difícil que estava em evidência no momento ao falar dos tiroteios nas escolas. Esta vigésima terceira temporada começa também tratando um tema difícil, o da prisão de crianças imigrantes no que são, basicamente, campos de concentração. O episódio Mexican Joker lida com a questão tentando mostrar como a xenofobia estadunidense é baseada em medos de uma ameaça inexistente vinda dos imigrantes que se fundamenta em puro racismo. Assim, quando Kyle alerta para as autoridades que manter crianças em jaulas daria origem a um “Coringa mexicano” e o governo aumenta ainda mais a repressão por conta de uma ameaça que não existe.

Do mesmo modo, o episódio tenta mostrar como funcionam os mecanismos de colonialismo quando uma das crianças mexicanas é adotado por uma família branca, os Whites (brancos em inglês) e essa nova família tenta fazer o garoto se esquecer do passado e de sua origem para se tornar um White. A ideia aqui parece ser a de mostrar como a cultura estadunidense só aceita a integração de pessoas que partilham de uma visão de mundo que parte do olhar branco, dominador, normatizando esse olhar e tratando as demais visões de mundo como desviantes e como ameaça. Poderia render algo interessante, mas o texto se prende demais a trocadilhos bobos com a palavra White.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Crítica – Klaus


Funcionando como uma espécie de “Papai Noel Begins” a animação Klaus tenta imaginar a história de como a figura do Papai Noel se tornou conhecida e como os elementos cercando sua mitologia foram sendo construídos aos poucos. A trama é centrada em Jesper (voz de Jason Schwartzman), um jovem de família rica que não tem nenhum desejo de trabalhar e quer apenas aproveitar a boa vida que a fortuna de seu pai pode lhe proporcionar.

O pai de Jesper, no entanto, quer que ele prove o próprio valor e o envia para chefiar a agência dos correios em uma remota ilha no mar do norte. Se Jesper quiser voltar a sua vida de privilégios, ele precisa entregar seis mil cartas em um ano. O problema é que a vila é habitada por dois clãs que possuem uma rivalidade secular um com o outro e ninguém se interessa por mandar cartas. A situação muda quando Jesper conhece Klaus (voz de J.K Simmons) um lenhador e fabricante de brinquedos que doa brinquedos a crianças que pedem. Jesper então começa a estimular que as crianças enviem cartas a Noel para que consiga atingir a meta de sua agência postal.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Crítica – Entre Facas e Segredos


Análise Crítica – Entre Facas e Segredos


Review – Entre Facas e Segredos
Apesar de ter se tornado conhecido com a ficção-científica Looper: Assassinos do Futuro (2012) e posteriormente por comandar Star Wars: Os Últimos Jedi (2017), o diretor Rian Johnson já mostrava familiaridade com narrativas policiais em seu primeiro longa-metragem: A Ponta de Um Crime (2005), no qual ele construía uma espécie de noir adolescente. Ele volta ao gênero com este Entre Facas e Segredos, mas ao invés do universo cinzento e bruto das correntes do noir ou do hard-boiled, ele faz algo que brinca com as histórias de detetives diletantes como Hercule Poirot ou Sherlock Holmes.

A trama começa como um típico “mistério do quarto fechado”, com o milionário romancista Harlan Thrombey (Christopher Plummer) sendo encontrado morto sozinho em seu quarto fechado no sótão de sua mansão. A polícia acredita ter sido suicídio, mas o consultor Benoit Blanc (Daniel Craig) suspeita de assassinato e reúne todos os membros da família para tentar descobrir o assassino.

É possível perceber o grande repertório de referências do gênero policial que Johnson exibe aqui, sendo possível identificar elementos de contos protagonizados pelo detetive Auguste Dupin, histórias de Sherlock Holmes ou de Hercule Poirot (dizer quais especificamente seria arriscar entregar spoilers). Apesar de ser possível identificar com clareza as bases do que Johnson faz aqui, seu trabalho nunca soa derivativo, exibindo uma personalidade própria e autoconsciência das estruturas manjadas que está evocando, sendo capaz de apontar os anacronismos desses lugares-comuns e fazer piada com eles. Nesse sentido, o filme acaba sendo simultaneamente uma celebração e uma paródia desses antigos clichês.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Crítica – Crime Sem Saída


Análise Crítica – Crime Sem Saída


Review – Crime Sem SaídaA impressão inicial é que Crime Sem Saída parecia ser um desses suspenses genéricos que passam nas madrugadas da televisão aberta, no Supercine ou Domingo Maior, e, bem, o resultado final é exatamente isso. A trama acompanha Andre Davis (Chadwick Boseman, que viveu o T’Challa em Pantera Negra), um detetive durão e famoso (ou infame) por querer fazer justiça com as próprias e seguir um código moral próprio. Ele é incumbido de caçar dois bandidos que mataram uma dúzia de policiais em um assalto que deu errado, mas conforme sua investigação progride noite adentro ele começa a desconfiar de um grande esquema de corrupção.

A ideia da polícia fechar todas as entradas e saídas da ilha de Manhattan em Nova Iorque soa relativamente forçada. Sim, tratam-se de assassinos de policiais e a corporação tende a levar isso a sério, mas, ao mesmo tempo, soa uma medida exagerada considerando que são dois bandidinhos de quinta categoria e estamos em uma cidade com traumas muito maiores como terrorismo.

Isso incomodaria menos se o desenvolvimento da trama conseguisse de fato construir uma sensação de suspense e corrida contra o tempo, mas isso não acontece. Existem alguns bons momentos de tensão, como o assalto inicial, no entanto durante boa parte da projeção o texto se apega demais aos clichês do gênero e a soluções previsíveis. Fica evidente desde o início que os policiais mortos são corruptos e coniventes com o tráfico, assim como é bem previsível que Andre será eventualmente traído por uma personagem que acompanha sua investigação.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Crítica – História de Um Casamento


Análise Crítica – História de Um Casamento


Review – História de Um Casamento
As primeiras cenas de História de um Casamento mostram narrações dos dois protagonistas, Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver), dizendo o que mais amam um no outro. São falas cheias de afeto e admiração que nos fazem entender os motivos dos dois personagens estarem juntos. Essa narração no entanto, é contraposta com as imagens dos dois em uma sessão de mediação na qual deveriam escrever coisas positivas um sobre o outro, as exatas palavras que vimos no começo do filme, mas nenhum deles lê para o outro o que escreveu, escolhendo seguir com a separação.

Esses primeiros quinze minutos servem como uma síntese de toda trama. Uma história sobre o doloroso processo do fim de um relacionamento no qual ambos perdem de vista o fato de que ainda nutrem um sentimento genuíno um pelo outro ainda que tenham optado por não permanecerem mais juntos. No percurso desses personagens, as palavras de carinho nunca ditas são substituídas por palavras agressivas ou acusatórias ditas diretamente um para o outro ou através de advogados. É como se a escolha de não comunicar para o cônjuge seu afeto tenha desgastado a relação ao ponto de que a única coisa que tenham a dizer para o outro sejam ofensas.

Conheçam os indicados ao Globo de Ouro 2020




Foram anunciados hoje, 09 de dezembro, os indicados para a 77ª premiação do Globo de Ouro. A cerimônia acontecerá no dia 05 de janeiro de 2020 e será apresentada pelo comediante Ricky Gervais. Entre os indicados é possível destacar História de um Casamento, que levou seis indicações, além de Coringa e O Irlandês, ambos com quatro menções. Entre os esnobados, que não levaram nenhuma menção, está a minissérie Olhos que Condenam, que venceu vários prêmios Emmy.

Confiram abaixo a lista completa de indicados:


MELHOR FILME DE DRAMA

História de um Casamento
1917
Dois Papas


MELHOR FILME DE MUSICAL OU COMÉDIA

Entre Facas e Segredos
JoJo Rabbit


MELHOR ATRIZ EM FILME DE DRAMA

Cynthia Erivo - Harriet
Scarlett Johansson - História de um Casamento
Saoirse Ronan - Adoráveis Mulheres
Charlize Theron - O Escândalo
Renée Zellweger - Judy


MELHOR ATOR EM FILME DE DRAMA

Christian Bale - Ford vs Ferrari
Antonio Banderas - Dor e Glória
Adam Driver - História de um Casamento
Joaquin Phoenix - Coringa
Jonathan Pryce - Dois Papas


MELHOR ATRIZ EM FILME MUSICAL OU COMÉDIA

Awkwafina - The Farewell
Ana de Armas - Entre Facas e Segredos
Cate Blanchett - Cadê Você, Bernadette?
Beanie Feldstein - Fora de Série
Emma Thompson - Late Night


MELHOR ATOR EM FILME MUSICAL OU COMÉDIA

Daniel Craig - Entre Facas e Segredos
Roman Griffin Davis - Jojo Rabbit
Leonardo DiCaprio - Era Uma Vez em... Hollywood
Taron Egerton - Rocketman
Eddie Murphy - Meu Nome é Dolemite


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Kathy Bates - Richard Jewell
Annette Bening - The Report
Laura Dern - História de um Casamento
Jennifer Lopez - As Golpistas
Margot Robbie - O Escândalo


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Tom Hanks - Um Lindo Dia na Vizinhança
Anthony Hopkins - Dois Papas
Al Pacino - O Irlandês
Joe Pesci - O Irlandês


MELHOR DIREÇÃO

Bong Joon-ho - Parasita
Sam Mendes - 1917
Todd Phillips - Coringa
Martin Scorsese - O Irlandês
Quentin Tarantino - Era Uma Vez em... Hollywood


MELHOR ROTEIRO

Noah Baumbach - História de um Casamento
Bong Joon-ho e Han Jin-won - Parasita
Anthony McCarten - Dois Papas
Quentin Tarantino - Era uma Vez em... Hollywood
Steven Zaillian - O Irlandês


MELHOR FILME ANIMADO

O Rei Leão
Toy Story 4


MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

The Farewell
Os Miseráveis
Retrato de Uma Jovem em Chamas


MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Adoráveis Mulheres
História de um Casamento 
1917
Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

"Beautiful Ghosts" (Cats)
"I'm Gonna Love Me Again" (Rocketman)
"Into the Unknown" (Frozen 2)
"Spirit" (O Rei Leão)
"Stand Up" (Harriet)


MELHOR SÉRIE DE DRAMA

Big Little Lies - (HBO)
The Crown - (Netflix)
Killing Eve - (BBC America)
The Morning Show - (Apple TV Plus)
Succession - (HBO)


MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL

Barry - (HBO)
Fleabag - (Prime Video)
The Kominsky Method - (Netflix)
The Marvelous Mrs. Maisel - (Prime Video)
The Politician - (Netflix)


MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Catch 22
Fosse/Verdon
The Loudest Voice


MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Michelle Williams - Fosse/Verdon
Helen Mirren - Catherine the Great
Merritt Wever - Inacreditável
Kaitlyn Dever - Inacreditável
Joey King - The Act


MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Christopher Abbott - Catch-22
Sacha Baron Cohen - The Spy
Russell Crowe - The Loudest Voice
Jared Harris - Chernobyl
Sam Rockwell - Fosse/Verdon


MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE DRAMA

Jennifer Aniston - The Morning Show
Olivia Colman - The Crown
Jodie Comer - Killing Eve
Nicole Kidman - Big Little Lies
Reese Witherspoon - The Morning Show


MELHOR ATOR EM SÉRIE DE DRAMA

Brian Cox - Succession
Kit Harington - Game of Thrones
Rami Malek - Mr. Robot
Tobias Menzies - The Crown
Billy Porter - Pose


MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL

Christina Applegate - Dead to Me
Rachel Brosnahan - The Marvelous Mrs. Maisel
Kirsten Dunst - On Becoming a God in Central Florida
Natasha Lyonne - Russian Doll
Phoebe Waller-Bridge - Fleabag


MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL

Michael Douglas - The Kominsky Method
Bill Hader - Barry
Ben Platt - The Politician
Paul Rudd - Living with Yourself
Ramy Youssef - Ramy


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Patricia Arquette - The Act
Helena Bonham Carter - The Crown
Toni Collette - Inacreditável
Meryl Streep - Big Little Lies
Emily Watson - Chernobyl


MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Alan Arkin - O Método Kominsky
Kieran Culkin - Succession
Andrew Scott - Fleabag
Stellan Skarsgård - Chernobyl
Henry Winkler - Barry

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Crítica – Frozen 2


Análise Crítica – Frozen 2


Review – Frozen 2
Eu adoro o primeiro Frozen (2013) e o modo como ele se apropriava de uma típica estrutura narrativa de filmes de princesa da Disney e virava boa parte dos elementos conhecidos de ponta à cabeça. Era um filme que resolvia muito bem todas as suas tramas, mas fez rios de dinheiro e era inevitável que a casa do Mickey resolvesse fazer uma continuação. O temor é que este Frozen 2 não tivesse nada a dizer sobre esse universo e personagens, mas consegue encontrar ideias interessantes, ainda que tenha problemas de ritmo.

Na trama, Elsa começa a ouvir um estranho chamado da floresta e lembra de uma história que seus pais contaram sobre uma floresta mística na qual espíritos elementais perigosos foram selados. Ao interagir com a estranha canção da floresta, Elsa liberta os espíritos dos elementos e, com isso, coloca o todo o reino de Arendelle em risco. Agora ela, Anna, Kristoff, Olaf e Sven precisam viajar até a floresta mística para desvendar seus mistérios.

A narrativa tem o mesmo problema de Valente (2012) no sentido de que demora a encontrar o que quer fazer com seus personagens e quais ideias quer transmitir. A primeira meia hora é uma sucessão de diálogos expositivos e gags cômicas que, embora divertidas, fazem pouco para avançar a narrativa ou desenvolver os personagens. Se ocorresse algum problema na projeção antes de chegar na metade e a sessão tivesse que ser encerrada, eu sequer seria capaz de identificar sobre o que é o filme ou qual o arco narrativo desses personagens.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Crítica – Eu, a Vó e a Boi


Análise Crítica – Eu, a Vó e a Boi


Review – Eu, a Vó e a Boi
Em 2017, o internauta Eduardo Hanzo viralizou no Twitter ao contar a insólita história da rivalidade entre a avó dele e uma vizinha. Era uma animosidade que se estendia por décadas e envolvia esquemas e peças que pareciam saídas diretamente de uma sitcom televisiva. Provavelmente foi essa impressão de que a realidade pode ser mais estranha que a ficção que chamou tanto a atenção do público. Parecia algo pronto para ser adaptado para o cinema ou televisão e a série Eu, a Vó e a Boi é exatamente isso.

A trama é centrada em Roblou (Daniel Rangel) que narra a rivalidade entre as duas avós, Turandot (Arlete Salles), com quem ele mora, e Yolanda (Vera Holtz), a quem Turandot se refere como Boi por achar “vaca” um xingamento machista. As duas moram frente a frente na mesma rua e se odeiam há anos. Com muito tempo livre nas mãos, se dedicam a infernizar a vida da outra.

O primeiro episódio da série é mais focado na rivalidade das duas e acerta no clima de absurdo conforme Turandot e Boi inventam esquemas malucos para tirar uma a outra do sério. Recorrendo a diálogos e situações tiradas diretamente dos tweets de 2017, o episódio tem o clima de absurdo e comicidade que se esperava de uma série sobre duas velhinhas rabugentas que se detestam e apontava para uma comédia promissora.