segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Crítica – Dois Papas


Análise Crítica – Dois Papas


Review – Dois Papas
Dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e produzido pela Netflix, este Dois Papas é mais um daqueles filmes que visa premiações e que tenta passar uma mensagem sobre a necessidade de nos abrirmos para o diálogo, mesmo com aqueles que pensam diferente de nós. O longa não diz nada que outros filmes com a mesma temática já tenham dito, mas ao menos consegue dar nuance suficiente aos seus personagens para conseguir funcionar.

A trama é baseada na história real dos dois últimos Papas da igreja católica, o Papa Bento XVI/ Joseph Ratzinger (Anthony Hopkins) e o atual Papa Francisco/ Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce). Eles tinham posicionamentos opostos em relação a como guiar a igreja, mas ao longo de seu papado Bento percebe que não foi capaz de resolver os problemas internos da instituição que Bergoglio tanto apontava. A narrativa se desenvolve a partir dos diálogos dos dois e da tentativa de Bento em convencer Bergoglio a não se aposentar, pois pensa que ele pode ser o próximo Papa.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Crítica – Pokémon Sword e Shield


Análise Crítica – Pokémon Sword e Shield


Review – Pokémon Sword and Shield
Eu joguei muito Pokémon bem na época que virou febre no início dos anos 2000. Devo ter jogado Pokémon Red/Blue/Yellow do início ao fim uma meia dúzia de vezes e o mesmo para Pokémon Gold/Silver/Crystal e mais algumas para Pokémon Fire Red/ Leaf Green, remakes dos primeiros jogos para Game Boy Advance, além de ter jogado os dois Pokémon Stadium para Nintendo 64. Meu interesse pelos monstrinhos meio que parou por aí e eu nem tive ânimo para jogar Pokémon Ruby/Sapphire até o fim (sim, eu sei que ele saiu antes de Fire Red) e depois não voltei mais para a franquia. Voltei a me interessar com a notícia de que estes Pokémon Sword e Shield sairiam exclusivamente para o Nintendo Switch, o principal console da Nintendo. Longe das limitações dos pequenos portáteis como o 3DS, talvez houvesse potencial para algo com um escopo mais amplo e, de certa forma é exatamente o que acontece.

Como em outros games da franquia, a narrativa é praticamente a mesma. O jogador controla um garoto que deseja se tornar o campeão de sua região, escolhe entre três pokémons iniciais diferentes e depois corre o mundo para coletar insígnias dos diferentes ginásios da região. É básico, é verdade, embora tenham alguns outros elementos como o mistério envolvendo a forma de energia chamada de Dynamax, mas não sai muito o traçado da franquia e não tem problema, ninguém realmente joga Pokémon pela história.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Crítica – The Witcher: 1ª Temporada


Análise Crítica – The Witcher: 1ª Temporada


Review – The Witcher: 1ª TemporadaApesar de ter se tornado famoso nos games, o universo de The Witcher nasceu na literatura pelas mãos do autor Andrzej Sapkowski. É importante lembrar isso porque essa série produzida pela Netflix é baseada nos livros, que tem algumas diferenças em relação aos games.

A trama é centrada em Geralt de Rívia (Henry Cavill). Geralt é um bruxo, um caçador de monstros que passou por uma série de mutações criadas artificialmente para ampliar suas capacidades físicas e ser capaz de enfrentar toda a sorte de criaturas sobrenaturais. O destino de Geralt muda quando ele conhece a maga Yennefer de Vengerberg (Anya Chalotra) e quando é prometido a tutela da jovem princesa Ciri (Freya Allan), uma garota dotada de poderes misteriosos que despertam a atenção de muitas pessoas perigosas.

A série é bem fiel ao universo cinzento dos livros, no qual bem e mal não existem de maneira absoluta e um ser humano comum pode ser mais vil que qualquer criatura sobrenatural. Geralt caminha por esse universo seguindo um código moral próprio, se recusando a matar monstros que não fazem mal a ninguém e preferindo curar ou restaurar criaturas amaldiçoadas a destruí-las. Nesse sentido Geralt é praticamente um protagonista de narrativas noir, um sujeito duro e cínico que tenta sobreviver e preservar a honra em um ambiente de pouca clareza moral.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Crítica – Star Wars: A Ascensão Skywalker

Análise Crítica – Star Wars: A Ascensão Skywalker


Review – Star Wars: A Ascensão Skywalker
Depois da recepção dividida de Os Últimos Jedi (2017) e da apatia com o qual Han Solo (2018) foi recebido, a impressão é que a Disney fez este Star Wars: A Ascensão Skywalker para dar exatamente o que fãs queriam na esperança de que isso agradasse e tornasse o filme melhor. O resultado, no entanto, é praticamente o inverso, um filme com cara de fanfic mal elaborada que desfaz ou ignora muito do que os dois anteriores fizeram apenas para fazer um fanservice desesperado por medo do fandom. Medo, como Yoda disse uma vez, é o caminho para o lado sombrio.

Na trama, o Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) aparentemente retornou e posa uma ameaça para toda galáxia com uma poderosa frota estelar. Palpatine propõe uma aliança com Kylo Ren (Adam Driver), mas para isso Ren deve matar Rey (Daisy Ridley) a última remanescente da Ordem Jedi. Para deter os planos do Imperador a Resistência precisa primeiro descobrir como chegar ao planeta ancestral dos Sith, com Rey, Poe (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) empreendendo uma caçada desesperada por pistas que possam dar indicações do local.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Crítica – Watchmen (Parte 3 de 3)


Resenha Crítica – Watchmen


Resenha – Watchmen
No texto anterior sobre Watchmen falei como a série explora a questão da história e memória racial dos negros nos Estados Unidos associado à iconografia dos super-heróis. Nessa terceira e última parte vou mostrar como a série adentra ainda mais nesses temas em seus três últimos episódios revelando, inclusive, como a ideia de super-heróis pode estar associada a ideias de soberania nacional ou racial.

Peles e máscaras


O sétimo episódio explora ainda mais o passado de Angela Abar (Regina King), mostrando a infância da personagem no Vietnã e como ela se tornou órfã. É curioso que se a origem de Will remetia à do Superman, aqui a origem de Angela está próxima do Batman, com ela vendo os pais serem assassinados em um crime violento. O passado de Angela nos permite compreender como ela foi impelida ao vigilantismo por uma série de fatores e também o peso que a representatividade tem na vida da personagem.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Crítica – Watchmen (Parte 2 de 3)


Análise Crítica - Watchmen (Parte 2 de 3)


Review – Watchmen (Parte 2 de 3)
No texto anterior mencionei como Watchmen começava já deixando claro os temas que seriam centrais para sua narrativa e parecia usar um massacre étnico real ocorrido nos Estados Unidos para falar do racismo institucional no país, tentando fazer algumas relações entre isso e a iconografia dos super-heróis. Na primeira parte analisei como, apesar das qualidades, os primeiros episódios não deixavam muito claro exatamente até onde a série queria levar esses temas, mas, conforme a temporada foi se desenvolvendo, se tornou possível ter um melhor vislumbre do caminho que a narrativa queria seguir. Assim como na primeira parte, aviso que o texto pode conter SPOILERS.

Através do espelho


É no quinto episódio que a série começa realmente a decolar e a mostrar até onde deseja levar a complexidade de seus temas. Até então o mistério principal de quem era Will Reeves (Louis Gossett Jr), qual o motivo dele ter matado o chefe de polícia Judd (Don Johnson) ou quem exatamente era a Sétima Kavalaria vinha sendo cozinhada em banho maria enquanto a trama focava em desenvolver seus personagens e o universo ao redor deles. As coisas começam a mudar no quinto capítulo, centrado em Wade/ Lookin Glass (Tim Blake Nelson).

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Crítica – Watchmen (Parte 1 de 3)


Análise Crítica – Watchmen (Parte 1 de 3)


Review – Watchmen (Parte 1 de 3)
Fiquei curioso quando a HBO anunciou que faria uma série de Watchmen e que ela seria escrita por Damon Lindelof, uma das mentes responsáveis por Lost. Sempre achei que o material dos quadrinhos, criado por Alan Moore e Dave Gibbons se prestava mais a uma adaptação como série do que como filme, ainda que eu ache que Watchmen: O Filme (2008), de Zack Snyder, tenha feito um trabalho razoavelmente bom.

Meu interesse, no entanto, diminuiu quando descobri que a série não seria uma adaptação direta, mas uma continuação. Watchmen não parecia o tipo de produto que necessitaria de continuação e os quadrinhos basicamente diziam tudo que precisavam dizer para expor sua visão sobre a ideia dos super-heróis. As tentativas da DC em trazer de volta esse universo nos quadrinhos só comprovaram minha impressão, já que todo o material ficou aquém da obra de Moore. Ainda assim, resolvi assistir a série por pura curiosidade e o que encontrei me deixou de queixo caído.

É maravilhoso quando um produto audiovisual não é nada daquilo que você espera e o resultado é muito melhor do que você poderia imaginar. Foi exatamente isso que Watchmen, a série, fez comigo. Quando eu achava que não havia nada mais a ser dito sobre a questão dos super-heróis e nossa cultura, sociedade ou política, a série puxou o tapete sob os meus pés e me mostrou que sim, havia muito a ser dito e ponderado sobre essas questões, criando algo perfeitamente digno do legado da obra de Alan Moore. Na verdade, tenho tanto a dizer sobre a série que decidi dividir minha crítica em três partes, sendo essa a primeira. Aviso que a partir desse ponto podem haver SPOILERS sobre a série.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Crítica – Esquadrão 6




Nos primeiros dez minutos de Esquadrão 6, novo filme da Netflix dirigido por Michael Bay, seriamente pensei em parar de assistir. Iniciando com uma sequência de ação filmada como uma câmera chacoalhante, uma montagem que corta a cada dois segundos e lens flares (reflexos de luz na lente da câmera) pipocando por todos os cantos do quadro, a produção mais parecia um desconfortável exame de epilepsia do que um filme propriamente dito. Tendo perseverado e assistido até o fim, devo dizer que me arrependi bastante de não desistido nos primeiros dez minutos.

A trama segue um esquadrão secreto criado por Um (Ryan Reynolds), um bilionário que resolveu criar um grupo de operações ilegais para derrubar os “vilões do mundo”. A missão que acompanhamos envolve derrubar Rovach (Lior Raz), ditador de um país do Oriente Médio, e impedi-lo de por as mãos em toneladas de armas químicas.

Os personagens são tão genéricos quanto os números que os nomeiam, seguindo clichês tipo o soldado traumatizado, a espiã fria, o criminoso arrependido e outros elementos que já cansamos de ver. Nesse sentido de nada adianta um elenco de atores carismáticos como Ryan Reynolds, Melanie Laurent ou Corey Hawkins se os personagens e mesmo o desenvolvimento da camaradagem entre eles soa forçado e não merecido.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Crítica – A Batalha das Correntes


Análise Crítica – A Batalha das Correntes


Review – A Batalha das Correntes
O lançamento deste A Batalha das Correntes no cinema é um daqueles casos que me deixa confuso quanto ao processo de decisão de algumas distribuidoras brasileiras. Filmes celebrados, sucesso de público e crítica, vencedores de prêmios muitas vezes chegam diretamente em home video (um dos casos mais recentes foi Ex Machina), enquanto grandes fracassos ignorados (merecidamente) por múltiplas instâncias de recepção ocupam espaço precioso nas telas de cinema do Brasil.

A Batalha das Correntes se encaixa no segundo caso. Pronto para ser lançado em 2017, o filme entrou num limbo de distribuição (como aconteceu com Amigos Para Sempre) depois que o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein tomou as manchetes. Dois anos depois, o filme, que tinha sido pensado para concorrer em festivais e premiações, foi finalmente lançado e a recepção foi de pura apatia. Que um filme que tenha demorado tanto para sair e tenha tido uma recepção tão morna (merecidamente) seja lançado nos cinemas ao invés de serviços de streaming ou coisa assim não tem justificativa. Principalmente quando produtos muito melhores sequer tem chance de chegar a uma sala de cinema.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Crítica – 11 de Setembro: O Resgate


Análise Crítica – 11 de Setembro: O Resgate


Review – 11 de Setembro: O Resgate
Eu não sei por onde começar a falar de 11 de Setembro: O Resgate. Um projeto tão equivocado e que trata de modo tão aproveitador uma tragédia real que me surpreendo que parentes das vítimas não tenham protestado contra esse filme, embora suspeito de que seja porque a maioria das pessoas sequer saiba que ele exista e talvez seja melhor assim.

A trama se passa durante os atentados de 11 de setembro de 2001 no qual as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque foram derrubadas por um ataque terrorista. Apesar de se basear em uma história real, a narrativa segue um grupo de personagens fictícios que fica preso em um dos elevadores durante o ataque às torres. Jeff (Charlie Sheen), Eve (Gina Gershon), Eddie (Luis Guzman), Michael (Wood Harris) e Tina (Olga Fonda). Enquanto estão presos no elevador, eles conversam com a supervisora de segurança Metzie (Whoopi Goldberg), que tenta encontrar um jeito de tirá-los de lá.

É impressionante que um filme sobre pessoas tentando sobreviver a um desastre iminente consiga ser tão chato. Os personagens são unidimensionais, funcionando como uma coleção de clichês, tipo o rico empresário que não presta atenção na família, o trabalhador simplório que só quer voltar para a família, a patricinha materialista, o sujeito com problemas de vício (em jogos de azar, nesse caso) e daí por diante. Eles trocam confidências sobre seus problemas, como uma espécie de Clube dos Cinco (1985) adulto, mas o texto nunca vai além desses dados expositivos. Não há praticamente nenhum aprendizado ou transformação experimentado por esses personagens e todos eles são um tédio de acompanhar.