quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Crítica – O Escândalo


Análise Crítica – O Escândalo


Review – O Escândalo
Roger Ailes foi um dos primeiros grandes executivos da mídia estadunidense a cair por denúncias de assédio. A partir dele, o movimento de denúncias ganhou força e outros homens em posições de poder começaram a ser expostos, como o produtor de cinema Harvey Weinstein. Então era questão de tempo até que a história de Ailes e das mulheres que o denunciaram fosse contada no cinema e é exatamente isso que O Escândalo faz.

Baseada em uma história real, a trama acompanha três mulheres que trabalham na conservadora emissora jornalística Fox News, Gretchen Carlson (Nicole Kidman), Megyn Kelly (Charlize Theron) e a novata Kayla (Margot Robbie). O que as três tem em comum é o fato de terem sido assediadas sexualmente por Ailes (John Lithgow), o presidente da empresa.

Seria fácil para o filme tornar suas protagonistas em santas, afinal elas são colocadas em uma situação que qualquer um pode se compadecer por elas. No entanto, o texto é capaz de mostrar a contradição dessas personagens, em especial de Megyn e Gretchen. Ambas declaradamente conservadoras e antifeministas que se tornam alvo da virulência de seus espectadores e outros colegas de emissora apenas por não irem ao extremo do conservadorismo que outros colegas alcançam ou por questionarem certas posturas inequivocamente sexistas como Megyn faz com Trump. O texto também evidencia como essas duas personagens foram coniventes com muitas práticas da Fox News ou mudaram suas reportagens para atender aos interesses políticos da empresa, como o fato de Megyn acabar suavizando seus questionamentos a Donald Trump.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Crítica – Jumanji: Próxima Fase



Análise Crítica – Jumanji: Próxima Fase


Review – Jumanji: Próxima Fase
Ninguém estava esperando muita coisa de Jumanji: Bem Vindo à Selva (2018). Na verdade, talvez tenha sido essa exata baixa expectativa que permitiu que o filme se tornasse um imenso sucesso de bilheteria, arrecadando quase um bilhão de dólares. Na Hollywood de hoje, quando um filme faz esse tipo de dinheiro, é inevitável fazer uma continuação, mesmo quando o material não deixava muito espaço para isso. Assim, este Jumanji: Próxima Fase existe praticamente como uma exigência de mercado e o resultado final deixa claro que estamos diante de um produto de estúdio sem alma.

Na trama, dois anos depois dos eventos do filme anterior, os quatro protagonistas, Spencer (Alex Wolff), Bethany (Madison Iseman), Martha (Morgan Turner) e Fridge (Ser’Darius Blain) se reencontram em sua cidade de origem durante o Natal. Spencer sente falta da sensação de invencibilidade que experimentou quando estavam em Jumanji e entra mais uma vez no jogo, obrigando os demais a resgatá-lo. Além dos quatro protagonistas outras duas pessoas são sugadas para dentro do jogo, o avô de Spencer, Eddie (Danny DeVito), e o melhor amigo de Eddie, Milo (Danny Glover).

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Crítica – O Caso Richard Jewell


Análise Crítica – O Caso Richard Jewell


Review – O Caso Richard Jewell
Neste O Caso Richard Jewell, o diretor Clint Eastwood continua a falar sobre histórias reais de pessoas que cometeram atos heroicos e, ao invés de serem celebradas, foram perseguidas por isso, algo que já tinha tratado em produções como Sully: O Herói do RioHudson (2016). Esta nova produção do diretor não sai muito do molde do filme do piloto interpretado por Tom Hanks, mas se sustenta pela qualidade do elenco.

A trama conta a história real de Richard Jewell (Paul Walter Hauser), um segurança aspirante a policial que localiza uma bomba em um parque público durante as Olimpíadas de Atlanta em 1996. Inicialmente laureado como herói por ter evitado algo que seria uma grande tragédia, ele logo se vê como principal suspeito da investigação do FBI sobre o caso. Ao ser alvo da investigação federal, ele conta com a ajuda do advogado Watson Bryant (Sam Rockwell) e da mãe Bobi (Kathy Bates).

Tal como aconteceu em Sully, Eastwood usa essa história para falar dos Estados Unidos como uma nação tão moralmente falida e apoiada em valores equivocados que é incapaz de reconhecer um herói quando vê um, preferindo agir de maneira desconfiada e destrutiva quando alguém faz algo de destaque. Também como Sully, é a história de um sujeito que segue a risca o treinamento e conhecimento adquirido em seus anos de profissão para evitar uma tragédia, mas acaba sendo considerado culpado pela própria tragédia que conseguiu evitar. Desde a primeira cena do filme, Jewell é construído como um sujeito cuidadoso e atento aos seus arredores, mas que também gosta de se meter demais no que não é da sua conta, evidenciado pelo fato de parar para ouvir a conversa telefônica de Watson.

Conheçam os indicados ao Oscar 2020


Indicados ao Oscar 2020

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou hoje, 13 de janeiro, os indicados ao Oscar 2020. Coringa lidera em número de indicações, recebendo 11 menções, se tornando a adaptação de quadrinhos com mais indicações ao Oscar. Outros destaques ficam com O Irlandês, Era uma vez em Hollywood e 1917. O sul-coreano Parasita conseguiu e além da categoria de filme estrangeiro e foi indicado também a melhor filme e mais outras categorias. A atriz Scarlett Johansson recebeu duas indicações este ano, a melhor atriz por História de um Casamento e melhor atriz coadjuvante por Jojo Rabbit.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Crítica – Titãs: 2ª Temporada


Análise Crítica – Titãs: 2ª Temporada


Review – Titãs: 2ª Temporada
Ao escrever sobre a primeira temporada de Titãs, mencionei como o forte da série era a maneira como trabalhava as relações entre seus personagens e como fazia aqueles indivíduos imperfeitos e problemáticos conseguirem superar seus problemas em conjunto. Essa segunda temporada mantém o foco naquilo que o ano de estreia fez tão bem, no entanto, repete também muitos dos problemas do primeiro ano.

A narrativa recomeça no ponto onde a anterior parou, com o demoníaco Trigon (Seamus Dever) tomando o controle de Dick (Brenton Thwaites) para usá-lo contra Rachel (Teagan Croft) enquanto os demais membros da equipe tentam penetrar na barreira mágica que isola a casa na qual estão. Enfrentar Trigon é só o começo dos problemas dos Titãs, já que as ações da equipe chamam a atenção de um antigo inimigo de Dick, o letal Slade Wilson (Esai Morales).

Se a temporada focava na ruptura de Dick com Bruce Wayne (Iain Glen) e sua tentativa em ser diferente de seu tutor, essa segunda mostra os erros que Dick cometeu pelo caminho e como sua dedicação obsessiva à missão causou danos irreparáveis nele e nos outros Titãs. Essa bagagem emocional vem à tona com a tentativa de criar um novo grupo de Titãs ao treinar Gar (Ryan Potter), Rachel e Jason (Curran Walters) e também com o resgate de Rose (Chelsea Zhang), a filha de Slade que aparentemente estava sendo caçada por ele.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Crítica – Drácula


Análise Crítica – Drácula


Review – Drácula
A história do Conde Drácula, criado na literatura pelo irlandês Bram Stoker, já foi contada tantas vezes que uma nova versão dificilmente despertaria a atenção de alguém a essa altura. Esta minissérie Drácula, no entanto, capturou meu interesse quando soube que Mark Gatiss e Stephen Moffat, os responsáveis por trazerem Sherlock Holmes para a contemporaneidade com Sherlock, estavam à frente dessa releitura sobre o vampiro da Transilvânia.

A trama segue o Conde Drácula (Claes Bang) através das eras. O conhecemos primeiro através do relato de Jonathan Harker (John Heffernan), um advogado britânico que vai ao castelo de Drácula para finalizar alguns negócios e se torna presa do vampiro. É interessante que como a minissérie consegue pegar os principais pontos-chave da trama, como a ida de Harker ao castelo, a viagem de navio de Drácula para a Inglaterra ou o ataque a Lucy Westenra (Lydia West) e os apresenta sob um prisma totalmente novo. Assim, mesmo tratando de uma história que já conhecemos e com personagens familiares, a narrativa consegue apresentar frescor suficiente para nos manter engajados.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Crítica – O Farol


Análise Crítica – O Farol


Resenha Crítica – O Farol
Depois de explorar o folclore dos Estados Unidos colonial no excelente A Bruxa (2016), o diretor Robert Eggers agora resolve mergulhar (trocadilho não intencional) no folclore sobre o mar, marinheiros e pessoas que trabalham com o oceano neste O Farol e o resultado é igualmente perturbador.

Filmado todo em preto e branco, a trama se passa no final do século XIX e é centrada em dois homens que trabalham em um farol situado em uma ilha remota. Winslow (Robert Pattinson) chega na ilha esperando que o novo trabalho sirva como um recomeço, mas lá encontra o veterano vigia Wake (Willem Dafoe) que além de ser um exigente chefe, também demonstra ser mentalmente instável conforme narra histórias fantasiosas de infortúnios no mar. O isolamento e a diferença de personalidade vai aos poucos ampliando os atritos entre os dois.

Tal como acontecia em A Bruxa, muito da tensão vem do fato de não sabermos se de fato existem horrores sobrenaturais rondando os personagens ou se tudo é fruto da mente deles, enfraquecida pelo isolamento, desnutrição e bebida. O uso de preto e branco permite que Eggers invista em composições cheias de contrastes entre luz e sombra que, somados aos ângulos de câmera descentralizados e por vezes inclinados, criam formas tortas, distorcidas, que criam a sensação de desconforto e a impressão de que há algo errado naquele lugar. É um modo de composição imagética bastante tributário ao movimento do cinema expressionista alemão e serve para mergulhar o espectador na perspectiva e estado mental dos personagens que vivenciam uma realidade torta na qual o mundo real se mistura com fantasia e delírios.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Crítica – Ameaça Profunda


Análise Crítica – Ameaça Profunda


Review – Ameaça Profunda
Na mesma semana que estreia Kursk: A Última Missão também chega aos cinemas outro filme sobre pessoas presas em uma instalação submarina neste Ameaça Profunda. Não que eles vão competir diretamente por público, já que o primeiro é um drama baseado em uma história real e o segundo é uma ficção de terror, mas não deixa de ser curioso que dois filmes com ambientação parecida estreiem no mesmo dia.

A trama é centrada em Norah (Kristen Stewart), uma engenheira mecânica que fica presa em uma instalação submarina de perfuração em um dos pontos mais profundos do oceano. Depois que um aparente terremoto destrói parte do complexo, ela e mais alguns sobreviventes precisam achar alguma maneira de escapar.

O início tenta criar algum suspense acerca do que está acontecendo, mas como alguns letreiros durante os créditos iniciais já falam que criaturas estranhas estavam sendo avistadas ao redor da instalação, então fica óbvio desde o início que eles não estão diante de um desastre natural, mas de algum horror abissal saído das profundezas. A falta de qualquer construção de atmosfera e tensão é um problema que acompanha o filme em sua integralidade, já que ao invés de ir trabalhando o suspense o filme opta pelo choque fácil de jogar a esmo sustos surpresa na tela.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Crítica – Adoráveis Mulheres

Análise Crítica – Adoráveis Mulheres


Review – Adoráveis Mulheres
Eu não estava lá muito empolgado por essa nova versão de Adoráveis Mulheres. A versão de 1994 protagonizada por Winona Ryder continua a se sustentar muito bem hoje e a única coisa que dava a impressão de que não seria um produto caça-níqueis era a presença de Greta Gerwig, responsável pelo ótimo Lady Bird (2018), como diretora e roteirista do longa.

A trama acompanha a saga da família March durante a Guerra de Secessão dos Estados Unidos. A filha mais velha, Jo (Saiorse Ronan), serve como a narradora da história contando os percalços dela, de suas irmãs e da mãe depois que o pai vai servir na guerra. Nesta versão Gerwig opta por desenvolver a trama de maneira não linear, o que inicialmente parece um mero floreio feito para diferenciar esta versão das demais, mas conforme o filme avança consegue justificar o seu uso.

Considerando que é uma adaptação de uma obra literária que já recebeu várias adaptações em filme e série, logicamente há pouco a ser dito aqui que outras versões já não tenham dito sobre esta história, mas é tudo tão bem conduzido que é difícil não se deixar envolver mais uma vez pelas March.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Crítica – Kursk: A Última Missão


Análise Crítica – Kursk: A Última Missão


Review – Kursk: A Última Missão
Kursk: A Última Missão é um daqueles filmes sobre tragédias reais feito para levar o público às lágrimas que sempre chega aos cinemas ao menos uma vez por ano. É tão quadrado e preso aos lugares-comuns desse tipo de produção que chega ser uma surpresa ver o nome de alguém como Thomas Vinterberg na cadeira de diretor.

A trama é centrada em Mikhail (Matthias Schoenarts), um dos oficiais a bordo do submarino nuclear Kursk. Quando um exercício de treinamento dá errado e um torpedo explode dentro do submarino, cabe a Mikhail liderar os sobreviventes enquanto esperam o resgate. Enquanto isso, Tanya (Lea Seydux), esposa de Mikhail, tenta conseguir informações com as autoridades russas, que teimam em não admitir que não estão devidamente equipados para o resgate.

A narrativa segue a estrutura padrão desse tipo de filme, com um começo que mostra esses personagens como maridos e pais de família (um deles é recém-casado, inclusive) na esperança que isso seja suficiente para angariar simpatia do público, já que o texto nunca se esforça para dar personalidades discerníveis a cada um deles ou mesmo ao próprio Mikhail, figura central da trama, mostrado apenas como um pai de família, como se isso bastasse em termos de construção de personagem.