segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Crítica – 1917

Análise Crítica – 1917


Review – 1917
Hollywood fez um monte de filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, mas poucos sobre a Primeira. Talvez pelo fato da Segunda ter sido uma “guerra justa”, com Europeus e Estados Unidos se juntando para libertar o mundo do julgo nazista e isso proporciona várias oportunidades de contar histórias de heroísmo e sacrifício. Já a Primeira Guerra se baseava em diferentes disputas e se deu sob condições ainda mais brutais e desumanas, com os diferentes lados presos em trincheiras por meses a fio sem avançar um centímetro em relação aos seus inimigos. Se os adversários não os matassem, doenças certamente o fariam por conta da falta de higiene daqueles lugares. Dirigido por Sam Mendes, 1917 mostra exatamente o quão infernal foi a experiência dessa guerra.

A trama acompanha dois soldados, Blake (Charles Dean Chapman, o Tommen de Game of Thrones) e Schofield (George McKay), incumbidos de avisar um pelotão de que o ataque que estão prestes a fazer é, na verdade, uma armadilha dos inimigos. O risco e urgência da missão são ampliados pelo fato de que o irmão de Blake é parte do pelotão prestes a cair na armadilha.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Crítica – Cats


Análise Crítica – Cats


Review Crítica – Cats
Há quarenta anos Hollywood tenta levar o musical da Broadway Cats para os cinemas. Agora que uma adaptação finalmente chegou aos cinemas entendemos o porque da demora. Dirigido pelo mesmo Tom Hooper que quase conseguiu estragar Os Miseráveis (2013), essa adaptação de Cats já estava sendo execrada desde antes do lançamento por conta do visual bizarro dos gatos humanoides e é fácil bater no filme por conta disso (eu mesmo o farei nos próximos parágrafos), mas mesmo ignorado todo o aspecto estranho e sinistro da computação gráfica (o que é bem difícil, por sinal) que envolve os atores, o que sobra é um musical sem ritmo e sem impacto, que gera mais vergonha do que encantamento.

Na trama, os gatos Jellicles fazem sua reunião anual para decidir quem será enviado para uma vida melhor. A gata Victoria (Francesca Hayward) conhece o bando e se junta aos demais gatos. É esse mínimo fiapo de trama que vai situar os números musicais do filme, no qual cada número é praticamente a apresentação de um dos gatos. Essa falta de qualquer coisa que malmente representa um arco narrativo já estava presente no musical de teatro, é verdade, mas no teatro isso causa menos incômodo já que essa sucessão de atrações sem muita trama já existia em antigas formas teatrais, como o vaudeville.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Lixo Extraordinário – A Escala: Amizade em Segundo Lugar

Análise Crítica – A Escala: Amizade em Segundo Lugar


Review – A Escala: Amizade em Segundo Lugar
William H. Macy é um ótimo ator e trabalhou em alguns de meus filmes favoritos como Fargo (1996) Boogie Nights (1997), Magnólia (1999) ou O Quarto de Jack (2015), então fiquei curioso quando soube que ele ia fazer sua estreia como diretor com a comédia A Escala: Amizade em Segundo Lugar.

Os primeiros trailers saíram e meu interesse foi diminuindo, já que parecia ser sobre duas amigas largando tudo para disputar um homem. O tipo de premissa tão anacrônica e machista que não fazia sentido em 2017 (quando o filme foi lançado) ao ponto em que comecei a pensar que havia algo mais, Macy poderia estar fazendo um filme irônico ou que seria capaz de virar a premissa em cima dela mesma e mostrar o quanto esse tipo de olhar sobre as mulheres é datado. Mas não, o filme é mesmo sobre mulheres se tornando rivais e literalmente fazendo piruetas para o prazer visual de um homem.

Na trama Kate (Alexandra Daddario) e Meg (Kate Upton) dividem um apartamento e são amigas desde o colégio. Quando as duas sentem que suas vidas não estão indo pelo caminho que desejam, decidem viajar para espairecer. No voo as duas conhecem Ryan (Matt Barr) e imediatamente tentam conquistá-lo. Quando um furacão impedem que aterrissem no destino planejado e a companhia aérea decide colocar todos os passageiros em um hotel de luxo, Kate e Meg decidem fazer qualquer coisa para ficar com Ryan.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Crítica – O Escândalo


Análise Crítica – O Escândalo


Review – O Escândalo
Roger Ailes foi um dos primeiros grandes executivos da mídia estadunidense a cair por denúncias de assédio. A partir dele, o movimento de denúncias ganhou força e outros homens em posições de poder começaram a ser expostos, como o produtor de cinema Harvey Weinstein. Então era questão de tempo até que a história de Ailes e das mulheres que o denunciaram fosse contada no cinema e é exatamente isso que O Escândalo faz.

Baseada em uma história real, a trama acompanha três mulheres que trabalham na conservadora emissora jornalística Fox News, Gretchen Carlson (Nicole Kidman), Megyn Kelly (Charlize Theron) e a novata Kayla (Margot Robbie). O que as três tem em comum é o fato de terem sido assediadas sexualmente por Ailes (John Lithgow), o presidente da empresa.

Seria fácil para o filme tornar suas protagonistas em santas, afinal elas são colocadas em uma situação que qualquer um pode se compadecer por elas. No entanto, o texto é capaz de mostrar a contradição dessas personagens, em especial de Megyn e Gretchen. Ambas declaradamente conservadoras e antifeministas que se tornam alvo da virulência de seus espectadores e outros colegas de emissora apenas por não irem ao extremo do conservadorismo que outros colegas alcançam ou por questionarem certas posturas inequivocamente sexistas como Megyn faz com Trump. O texto também evidencia como essas duas personagens foram coniventes com muitas práticas da Fox News ou mudaram suas reportagens para atender aos interesses políticos da empresa, como o fato de Megyn acabar suavizando seus questionamentos a Donald Trump.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Crítica – Jumanji: Próxima Fase



Análise Crítica – Jumanji: Próxima Fase


Review – Jumanji: Próxima Fase
Ninguém estava esperando muita coisa de Jumanji: Bem Vindo à Selva (2018). Na verdade, talvez tenha sido essa exata baixa expectativa que permitiu que o filme se tornasse um imenso sucesso de bilheteria, arrecadando quase um bilhão de dólares. Na Hollywood de hoje, quando um filme faz esse tipo de dinheiro, é inevitável fazer uma continuação, mesmo quando o material não deixava muito espaço para isso. Assim, este Jumanji: Próxima Fase existe praticamente como uma exigência de mercado e o resultado final deixa claro que estamos diante de um produto de estúdio sem alma.

Na trama, dois anos depois dos eventos do filme anterior, os quatro protagonistas, Spencer (Alex Wolff), Bethany (Madison Iseman), Martha (Morgan Turner) e Fridge (Ser’Darius Blain) se reencontram em sua cidade de origem durante o Natal. Spencer sente falta da sensação de invencibilidade que experimentou quando estavam em Jumanji e entra mais uma vez no jogo, obrigando os demais a resgatá-lo. Além dos quatro protagonistas outras duas pessoas são sugadas para dentro do jogo, o avô de Spencer, Eddie (Danny DeVito), e o melhor amigo de Eddie, Milo (Danny Glover).

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Crítica – O Caso Richard Jewell


Análise Crítica – O Caso Richard Jewell


Review – O Caso Richard Jewell
Neste O Caso Richard Jewell, o diretor Clint Eastwood continua a falar sobre histórias reais de pessoas que cometeram atos heroicos e, ao invés de serem celebradas, foram perseguidas por isso, algo que já tinha tratado em produções como Sully: O Herói do RioHudson (2016). Esta nova produção do diretor não sai muito do molde do filme do piloto interpretado por Tom Hanks, mas se sustenta pela qualidade do elenco.

A trama conta a história real de Richard Jewell (Paul Walter Hauser), um segurança aspirante a policial que localiza uma bomba em um parque público durante as Olimpíadas de Atlanta em 1996. Inicialmente laureado como herói por ter evitado algo que seria uma grande tragédia, ele logo se vê como principal suspeito da investigação do FBI sobre o caso. Ao ser alvo da investigação federal, ele conta com a ajuda do advogado Watson Bryant (Sam Rockwell) e da mãe Bobi (Kathy Bates).

Tal como aconteceu em Sully, Eastwood usa essa história para falar dos Estados Unidos como uma nação tão moralmente falida e apoiada em valores equivocados que é incapaz de reconhecer um herói quando vê um, preferindo agir de maneira desconfiada e destrutiva quando alguém faz algo de destaque. Também como Sully, é a história de um sujeito que segue a risca o treinamento e conhecimento adquirido em seus anos de profissão para evitar uma tragédia, mas acaba sendo considerado culpado pela própria tragédia que conseguiu evitar. Desde a primeira cena do filme, Jewell é construído como um sujeito cuidadoso e atento aos seus arredores, mas que também gosta de se meter demais no que não é da sua conta, evidenciado pelo fato de parar para ouvir a conversa telefônica de Watson.

Conheçam os indicados ao Oscar 2020


Indicados ao Oscar 2020

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou hoje, 13 de janeiro, os indicados ao Oscar 2020. Coringa lidera em número de indicações, recebendo 11 menções, se tornando a adaptação de quadrinhos com mais indicações ao Oscar. Outros destaques ficam com O Irlandês, Era uma vez em Hollywood e 1917. O sul-coreano Parasita conseguiu e além da categoria de filme estrangeiro e foi indicado também a melhor filme e mais outras categorias. A atriz Scarlett Johansson recebeu duas indicações este ano, a melhor atriz por História de um Casamento e melhor atriz coadjuvante por Jojo Rabbit.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Crítica – Titãs: 2ª Temporada


Análise Crítica – Titãs: 2ª Temporada


Review – Titãs: 2ª Temporada
Ao escrever sobre a primeira temporada de Titãs, mencionei como o forte da série era a maneira como trabalhava as relações entre seus personagens e como fazia aqueles indivíduos imperfeitos e problemáticos conseguirem superar seus problemas em conjunto. Essa segunda temporada mantém o foco naquilo que o ano de estreia fez tão bem, no entanto, repete também muitos dos problemas do primeiro ano.

A narrativa recomeça no ponto onde a anterior parou, com o demoníaco Trigon (Seamus Dever) tomando o controle de Dick (Brenton Thwaites) para usá-lo contra Rachel (Teagan Croft) enquanto os demais membros da equipe tentam penetrar na barreira mágica que isola a casa na qual estão. Enfrentar Trigon é só o começo dos problemas dos Titãs, já que as ações da equipe chamam a atenção de um antigo inimigo de Dick, o letal Slade Wilson (Esai Morales).

Se a temporada focava na ruptura de Dick com Bruce Wayne (Iain Glen) e sua tentativa em ser diferente de seu tutor, essa segunda mostra os erros que Dick cometeu pelo caminho e como sua dedicação obsessiva à missão causou danos irreparáveis nele e nos outros Titãs. Essa bagagem emocional vem à tona com a tentativa de criar um novo grupo de Titãs ao treinar Gar (Ryan Potter), Rachel e Jason (Curran Walters) e também com o resgate de Rose (Chelsea Zhang), a filha de Slade que aparentemente estava sendo caçada por ele.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Crítica – Drácula


Análise Crítica – Drácula


Review – Drácula
A história do Conde Drácula, criado na literatura pelo irlandês Bram Stoker, já foi contada tantas vezes que uma nova versão dificilmente despertaria a atenção de alguém a essa altura. Esta minissérie Drácula, no entanto, capturou meu interesse quando soube que Mark Gatiss e Stephen Moffat, os responsáveis por trazerem Sherlock Holmes para a contemporaneidade com Sherlock, estavam à frente dessa releitura sobre o vampiro da Transilvânia.

A trama segue o Conde Drácula (Claes Bang) através das eras. O conhecemos primeiro através do relato de Jonathan Harker (John Heffernan), um advogado britânico que vai ao castelo de Drácula para finalizar alguns negócios e se torna presa do vampiro. É interessante que como a minissérie consegue pegar os principais pontos-chave da trama, como a ida de Harker ao castelo, a viagem de navio de Drácula para a Inglaterra ou o ataque a Lucy Westenra (Lydia West) e os apresenta sob um prisma totalmente novo. Assim, mesmo tratando de uma história que já conhecemos e com personagens familiares, a narrativa consegue apresentar frescor suficiente para nos manter engajados.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Crítica – O Farol


Análise Crítica – O Farol


Resenha Crítica – O Farol
Depois de explorar o folclore dos Estados Unidos colonial no excelente A Bruxa (2016), o diretor Robert Eggers agora resolve mergulhar (trocadilho não intencional) no folclore sobre o mar, marinheiros e pessoas que trabalham com o oceano neste O Farol e o resultado é igualmente perturbador.

Filmado todo em preto e branco, a trama se passa no final do século XIX e é centrada em dois homens que trabalham em um farol situado em uma ilha remota. Winslow (Robert Pattinson) chega na ilha esperando que o novo trabalho sirva como um recomeço, mas lá encontra o veterano vigia Wake (Willem Dafoe) que além de ser um exigente chefe, também demonstra ser mentalmente instável conforme narra histórias fantasiosas de infortúnios no mar. O isolamento e a diferença de personalidade vai aos poucos ampliando os atritos entre os dois.

Tal como acontecia em A Bruxa, muito da tensão vem do fato de não sabermos se de fato existem horrores sobrenaturais rondando os personagens ou se tudo é fruto da mente deles, enfraquecida pelo isolamento, desnutrição e bebida. O uso de preto e branco permite que Eggers invista em composições cheias de contrastes entre luz e sombra que, somados aos ângulos de câmera descentralizados e por vezes inclinados, criam formas tortas, distorcidas, que criam a sensação de desconforto e a impressão de que há algo errado naquele lugar. É um modo de composição imagética bastante tributário ao movimento do cinema expressionista alemão e serve para mergulhar o espectador na perspectiva e estado mental dos personagens que vivenciam uma realidade torta na qual o mundo real se mistura com fantasia e delírios.