O Framboesa de Ouro é uma premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 8 de fevereiro foram divulgados os indicados. Como era de se imaginar, o desastroso Cats liderou em indicações, levando nove menções. Atrás dele, empatados com oito, estão Funeral em Família e Rambo: Até o Fim. No prêmio redenção, troféu para celebrar quem se redimiu pelos filmes ruins que fizeram, estão nomes como Eddie Murphy, por Meu Nome é Dolemite, e Adam Sandler, pelo excelente Joias Brutas. Confiram abaixo a lista completa de indicados.
sábado, 8 de fevereiro de 2020
Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2020
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Notícias
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
Crítica – Bojack Horseman: 6ª Temporada
Depois de chegar em seu ponto
mais baixo na quinta temporada, a sexta e última temporada de Bojack Horseman inicia com a tentativa
do protagonista em corrigir seus erros do passado e tratar sua dependência de
drogas. É uma temporada coerente com o espírito da série e o exame sincero que
seu texto faz em pessoas marcadas por traumas e problemas psicológicos, muitas
vezes usando do humor e do absurdo para falar de situações bem reais. A partir
desse ponto, o texto pode conter SPOILERS da temporada final.
Na primeira metade da temporada
acompanhamos a dificuldade de Bojack em se manter sóbrio e percebemos como seus
vícios emergem de questões passadas mal resolvidas, em especial de todos os
comprometimentos morais que fez para se manter em seu seriado de sucesso e a
culpa que carrega por ter sido a pessoa que introduziu Sarah Lynn às drogas. Durante
o percurso dele vai se construindo a impressão de que o complexo de culpa pela
morte de Sarah Lynn e como ele viveu sua vida impune aos erros que cometeu tem
uma relação direta com os vícios do personagem
Esses erros e condutas escusas
vem a público justamente na segunda metade da temporada, quando Bojack percebe
que se manter sóbrio não é tão simples quanto parece e que ter seu pior lado
exposto tão publicamente pode alienar as pessoas de sua vida. Essa exposição
pública também serve para mostrar como a sociedade e o jornalismo lidam com
homens abusivos que ocupam posições privilegiadas. Isso fica evidente na
primeira entrevista dada por Bojack depois que é publicada a relação dele com a
morte de Sarah Lynn. A repórter simplesmente permite que ele se coloque em
posição de vítima e que todo um passado de padrões de abuso sejam resolvidos
com um mero pedido de desculpas.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
Rapsódias Revisitadas – Os Maias
Eu lembro quando a minissérie Os Maias foi originalmente exibida pela
Rede Globo em 2001 e o quanto ela foi elogiada pela qualidade de sua produção
por reproduzir a Portugal do século XIX. Revendo a série quase vinte anos
depois, fiquei com medo dela não se sustentar, tanto em aspectos estéticos
quanto da narrativa, mas ela permanece esse grande épico que narra a tragédia
de uma família da pequena aristocracia lusitana.
Antes de falar propriamente da
série, preciso sinalizar que escrevi esse texto a partir da versão lançada em
DVD de Os Maias (que também está
disponível via Globoplay). A minissérie, quando foi exibida na televisão,
adicionava narrativas de outros romances do autor Eça de Queiroz (como A Relíquia e A Capital) à trama de Os
Maias para poder render o número de capítulos exigidos pela emissora. A
versão de DVD remove todas essas histórias paralelas e concentra apenas na
trama principal envolvendo a família Maia. Então se você rever a série e
perceber que está faltando alguma coisa em relação ao que viu na televisão, é
por causa disso.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
Crítica – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa
Admito que não estava esperando
muita coisa deste Aves de Rapina:
Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. Pelos trailers eu temi que pudesse
ser uma bagunça sem sentido como foi Esquadrão Suicida (2016) ou uma aventura morna como o último As Panteras (2019). Ainda bem que eu estava errado e o resultado é
uma aventura acelerada e divertida, ainda que não tenha nada de inédito.
Na trama, Arlequina (Margot
Robbie) acabou de se separar do Coringa (que só é citado nominalmente e nunca
aparece) e isso coloca um alvo em suas costas, já que sem a proteção do Palhaço
do Crime antigos desafetos vão atrás dela. O principal desses desafetos é o
mafioso Roman Sionis (Ewan McGregor), também conhecido como Máscara Negra, que
está atrás de um diamante que guarda o segredo da fortuna de uma antiga família
mafiosa. Para tentar barganhar com Sionis, Arlequina decide encontrar o
diamante primeiro, mas além dela outras pessoas perigosas estão atrás do
diamante, como a policial Renee Montoya (Rosie Perez), a cantora Dinah Lance
(Jurnee Smollett-Bell), conhecida como Canário Negro, e a misteriosa assassina
de mafiosos autodenominada Caçadora (Mary Elizabeth Winstead).
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Crítica – Jojo Rabbit
A primeira vista, a ideia deste Jojo Rabbit ser uma comédia sobre o
nazismo parece estranha. Afinal, o nazismo foi um regime baseado em discursos
de ódio e responsável pelo extermínio de milhões. Seria possível fazer uma
comédia sobre algo tão grave sem soar desrespeitoso com toda a tragédia humana
que foi o julgo nazista? Bem, eu diria que o que pode tornar uma comédia
problemática do ponto de vista moral está menos a sua temática e mais em qual é
o alvo da piada. Ou seja, o problema é: quem está sendo ridicularizado?
Sim, pois a comédia perpassa
inevitavelmente pelo rebaixamento do alvo da piada, para rir de alguém eu devo
achá-lo ridículo, patético, indigno da minha empatia mesmo diante de uma
situação qualquer. Sob este aspecto, quem seria mais indigno de empatia do que
um nazista? Aliás, a comédia sempre se prestou a fazer graça de “assuntos
sérios” e autoridades. O gênero cresce justamente entre a plebe, que usa do
humor para ridicularizar reis e autoridades religiosas.
Peças antigas escalavam jumentos
no papel rei, por exemplo, e essa era uma forma de rebaixar essas autoridades,
de tirar pessoas em posições de poder do pedestal em que se colocaram,
mostrando que elas estão longe de serem superiores como se julgam. Isso ajudou
a por em questão certas estruturas sociais e criticar posturas absolutistas.
Não é a toa que a comédia, sempre foi considerada uma comédia inferior ao
drama, já que as noções de “bom gosto” eram controlada pelas camadas
superiores, justamente as que eram alvo da comédia. É por isso que durante
séculos (e ainda hoje) a comédia foi considerada uma forma de arte inferior
enquanto o drama (que era produzido pela aristocracia) seria uma arte mais
nobre e elevada.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020
Crítica – Joias Brutas
Quando falamos em Adam Sandler,
logo vêm à mente as péssimas comédias que ele faz. No entanto, ao longo de sua
carreira, Sandler demonstrou que pode entregar ótimas interpretações quando
trabalha com bons diretores a exemplo de sua colaboração com Paul Thomas
Anderson em Embriagado de Amor (2002)
ou com Noah Baumbach em Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017). Dirigido pelos irmãos Safdie, responsáveis
pelo excelente Bom Comportamento
(2017), este Joias Brutas é mais um
caso de Sandler colaborando com diretores competentes e entregando uma boa
interpretação.
Na trama, Sandler é Howard, um
dono de joalheria no distrito dos diamantes de Nova Iorque. Howard sempre tem
um esquema para tentar faturar alto, mas está atolado em dívidas por conta de
seu vício em apostas. Com cobradores violentos em seu encalço para que pague o
que deve, Howard corre contra o tempo para vender uma rara opala multicolorida
e assim levantar o dinheiro que precisa.
A impressão de alguém correndo
contra o tempo é construída pelo modo como os Safdie filmam, com a câmera em
constante movimento enquanto acompanha Howard, raramente ficando parada e mesmo
quando fica a montagem fica incumbida de dar esse senso de velocidade. Com isso
fica a impressão de que Howard sempre tem algum lugar para ir e algum problema
para resolver ou do qual fugir. Como um tubarão, o protagonista está sempre se
deslocando para algum lugar em busca de uma presa mais valiosa e ficar parado pode significar sua destruição.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
Crítica – Cavaleiros do Zodíaco: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira
temporada desta nova versão de Cavaleiros do Zodíaco produzida pela Netflix, mencionei que apesar do esforço de dar
um ritmo mais ágil e tornar mais críveis alguns elementos do universo criado
por Masami Kurumada, a animação acabava carecendo o impacto do anime original. Esperava que essa
segunda temporada melhorasse alguns aspectos, mas tudo continuou igual.
A narrativa continua onde o
primeiro ano terminou, com os cavaleiros de bronze sendo salvos do desabamento
da montanha após a derrota de Ikki e a chegada de uma nova ameaça na forma dos
cavaleiros de prata. Os principais momentos da trama seguem fieis aos do mangá
e do anime, no entanto nem todos
funcionam por conta de escolhas de adaptação que a série fez.
Um exemplo é o resgate dos
cavaleiros pelas mãos de Mu. Como na primeira temporada nunca houve o arco de
Shiryu ir até Jamiel consertar as armaduras e conhecer o cavaleiro de ouro de
Áries, a aparição de Mu aqui soa jogada de qualquer jeito, mais soando como um deus ex machina preguiçoso do que um
elemento natural. Afinal, se Mu não conheceu Shiryu ou Seiya e testemunhou o
valor deles em primeira mão, que motivação ele teria para salvá-los? Uma
profecia vaga? Porque não acreditar na profecia do Santuário então?
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 3
O segundo ano de O Mundo Sombrio de Sabrina parecia
perder de vista o que tinha tornado seu ano de estreia tão bacana, com uma
trama arrastada e personagens pouco convincentes, mas essa terceira parte
consegue recuperar a série e trazer de volta o senso de aventura, mistério e
temor do ano de estreia.
A trama começa mais ou menos no
ponto onde a anterior parou, com Sabrina (Kiernan Shipka) prendendo Lúcifer
(Luke Cook) no corpo de Nick (Gavin Leatherwood), mas pensando em uma maneira
de salvar o namorado. O aprisionamento do rei do inferno, no entanto, gera uma
série de consequências inesperadas, fazendo os poderes de todo o coven de Sabrina e suas tias
enfraquecerem e também causando desequilíbrio entre os diferentes planos de
existência. Para tentar trazer de volta o equilíbrio Sabrina clama para si o
trono do inferno, mas seu reinado é desafiado pelo lorde demoníaco Caliban (Sam
Corlet), que inicia um desafio envolvendo a recuperação de relíquias profanas.
Ao mesmo tempo, um circo chega a Greendale e nele está um culto pagão a uma
divindade ancestral que aproveita a fraqueza das bruxas da cidade para tomar o
poder que há em Greendale.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
Crítica – Um Lindo Dia Na Vizinhança
Em 2018 o excelente documentário Fred Rogers: O Padrinho da Criançada fazia
um consistente exame da vida do apresentador e educador Fred Rogers. O filme
foi tão bem sucedido que chegou a ser espantoso que ele tenha sido esnobado do
Oscar de melhor documentário em 2019. Documentários, no entanto, nem costumam
ter muita rentabilidade, então é inevitável que a indústria acabe fazendo um
produto de ficção com a mesma temática pouco tempo depois.
Tal como aconteceu com o
documentário Cidadãoquatro (2015),
sobre Edward Snowden, que deu origem à cinebiografia Snowden: Herói ou Traidor (2016), este Um Lindo Dia Na Vizinhança é um relato biográfico que tenta pegar
carona no sucesso de documentário. Da mesma forma que o filme sobre Snowden
dirigido por Oliver Stone, no entanto, ele não tem muito a dizer sobre seu
biografado que o documentário não tenha feito melhor.
Dirigido por Marielle Heller, do
subestimado Poderia Me Perdoar? (2019),
a trama é baseada em um artigo do repórter Tom Junod, no qual ele narrava suas
entrevistas com Fred Rogers (Tom Hanks) e como Rogers impactou sua vida. No
filme, o repórter Lloyd Vogel (Matthew Rhys) vai entrevistar Rogers e acaba
tendo sua vida transformada pelo apresentador infantil.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Crítica – Fred Rogers: O Padrinho da Criançada
Filmes, documentários ou ficção,
sobre pessoas que são lembradas pela sua bondade, gentileza ou caridade muitas
vezes caem na armadilha de retratar seus biografados como pessoas puras e
perfeitas, construindo-os mais como santos do que seres humanos e acabam falhando
em compreender exatamente quem era aquela pessoa ou as razões dela em ser
daquele jeito. Temi que este Fred Rogers:
O Padrinho da Criançada que narra a trajetória do apresentador infantil
Fred Rogers, caísse nesse erro, mas felizmente há um esforço genuíno em compreender
o famoso Mr. Rogers.
Famoso pela maneira como
conseguia se comunicar com crianças e falar com elas de maneira aberta e
sincera até mesmo sobre temas difíceis como luto ou o divórcio dos pais, Fred
Rogers é referência nos Estados Unidos em como construir um programa infantil.
Sua atração, intitulada Mr. Rogers
Neighborhood (“a vizinhança do Sr. Rogers” em português), se manteve no ar
por décadas em uma emissora pública de cunho educativo.
Recorrendo a entrevistas e
imagens de arquivo, com o próprio Fred (falecido em 2003), seus familiares e
colegas de trabalho, o documentário tenta entender o processo criativo
envolvendo a atração. Vemos o pensamento de Fred sobre como a televisão voltada
para crianças deveria ser e suas críticas à programação que meramente pensa em
estimular o consumo infantil. Fred também era um defensor do potencial formador
da televisão e da necessidade de emissoras públicas voltadas para esse ideal. O
filme inclusive nos mostra a defesa dele da televisão pública perante o senado
estadunidense e como seu conhecimento e doçura conseguem convencer os senadores
a manterem o financiamento da PBS, emissora educativa pública do país.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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