segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Lixo Extraordinário – O VelociPastor

Crítica - O VelociPastor


Review - The VelociPastor
O diretor Brendan Steere primeiro pensou na ideia deste O VelociPastor ainda quando fazia faculdade de cinema e durante o curso chegou a fazer um trailer para o filme que ainda não existia. Foi só em 2017 quando ele conseguiu um financiamento de 35 mil dólares que finalmente conseguiu transformar sua ideia em um longa-metragem e o resultado é tão tosco e exagerado que se torna muito divertido.

Na trama, Doug (Greg Cohan) é um pastor protestante que viaja para a China depois que seus pais são assassinados. Durante a viagem Doug se corta com um fóssil e ganha a habilidade de se transformar em um velociraptor. De volta aos Estados Unidos, ele se transforma pela primeira vez quando vê a prostituta Carol (Alyssa Kempinski) sendo assaltada em um parque e decide usar seus poderes para ajudar as pessoas. Sua jornada de combate ao crime, no entanto, irá colocá-lo em rota de colisão com uma gangue de ninjas traficantes de drogas.

O filme é claramente feito para ser tosco, sem sentido e exagerado, criando cenas e diálogos que não soam coerentes com qualquer conduta humana básica. Um exemplo é quando Doug conversa com um superior sobre a morte dos pais (logo depois de vê-los morrer, por sinal) e ouve como resposta a frase “é isso que pais fazem, eles morrem”. Outro momento de puro nonsense é quando Doug está na China e encontra uma mulher caída com uma flecha atravessada no peito e pergunta se ela está machucada, como se a flecha e a poça de sangue no qual a jovem está caída não fossem indicativos suficientes.

Parasita faz história no Oscar 2020

Vencedores do Oscar 2020


A cerimônia de entrega do Oscar, premiação máxima do cinema hollywoodiano, aconteceu ontem, 09 de fevereiro e foi uma noite histórica. O filme Parasita, do sul-coreano Bong Joon-Ho, foi o grande vencedor, levando quatro prêmios, incluindo a estatueta de melhor filme. Foi a primeira vez nos mais de 90 anos da premiação que um filme feito fora dos Estados Unidos levou o tão cobiçado prêmio de melhor filme. Em geral filmes de outros países ficam relegados à categoria de filme estrangeiro, raramente concorrendo em outras categorias e é ainda mais raro que ganhem, como aconteceu com Roberto Benigni ganhando melhor ator por A Vida é Bela. Parasita, portanto, fez história ao, de certa forma, quebrar a hegemonia hollywoodiana e mostrar que os outros países também podem ambicionar o reconhecimento internacional da premiação.

Outro destaque fica com 1917, que levou três prêmios e Coringa, que ganhou dois, incluindo melhor ator para Joaquin Phoenix. As categorias de atuação, por sinal, foram as que tiveram menos surpresas, vencendo exatamente aqueles que todos esperaram. O Brasil que concorria na categoria de documentário com Democracia em Vertigem, infelizmente não levou a sonhada estatueta, com o prêmio da categoria indo para American Factory Confiram abaixo a lista completa de indicados com os vencedores destacados em negrito.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2020



O Framboesa de Ouro é uma premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 8 de fevereiro foram divulgados os indicados. Como era de se imaginar, o desastroso Cats liderou em indicações, levando nove menções. Atrás dele, empatados com oito, estão Funeral em Família e Rambo: Até o Fim. No prêmio redenção, troféu para celebrar quem se redimiu pelos filmes ruins que fizeram, estão nomes como Eddie Murphy, por Meu Nome é Dolemite, e Adam Sandler, pelo excelente Joias Brutas. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Crítica – Bojack Horseman: 6ª Temporada


Análise Crítica – Bojack Horseman: 6ª Temporada


Review – Bojack Horseman: 6ª Temporada
Depois de chegar em seu ponto mais baixo na quinta temporada, a sexta e última temporada de Bojack Horseman inicia com a tentativa do protagonista em corrigir seus erros do passado e tratar sua dependência de drogas. É uma temporada coerente com o espírito da série e o exame sincero que seu texto faz em pessoas marcadas por traumas e problemas psicológicos, muitas vezes usando do humor e do absurdo para falar de situações bem reais. A partir desse ponto, o texto pode conter SPOILERS da temporada final.

Na primeira metade da temporada acompanhamos a dificuldade de Bojack em se manter sóbrio e percebemos como seus vícios emergem de questões passadas mal resolvidas, em especial de todos os comprometimentos morais que fez para se manter em seu seriado de sucesso e a culpa que carrega por ter sido a pessoa que introduziu Sarah Lynn às drogas. Durante o percurso dele vai se construindo a impressão de que o complexo de culpa pela morte de Sarah Lynn e como ele viveu sua vida impune aos erros que cometeu tem uma relação direta com os vícios do personagem

Esses erros e condutas escusas vem a público justamente na segunda metade da temporada, quando Bojack percebe que se manter sóbrio não é tão simples quanto parece e que ter seu pior lado exposto tão publicamente pode alienar as pessoas de sua vida. Essa exposição pública também serve para mostrar como a sociedade e o jornalismo lidam com homens abusivos que ocupam posições privilegiadas. Isso fica evidente na primeira entrevista dada por Bojack depois que é publicada a relação dele com a morte de Sarah Lynn. A repórter simplesmente permite que ele se coloque em posição de vítima e que todo um passado de padrões de abuso sejam resolvidos com um mero pedido de desculpas.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Rapsódias Revisitadas – Os Maias


Crítica - Os Maias


Review - Os Maias
Eu lembro quando a minissérie Os Maias foi originalmente exibida pela Rede Globo em 2001 e o quanto ela foi elogiada pela qualidade de sua produção por reproduzir a Portugal do século XIX. Revendo a série quase vinte anos depois, fiquei com medo dela não se sustentar, tanto em aspectos estéticos quanto da narrativa, mas ela permanece esse grande épico que narra a tragédia de uma família da pequena aristocracia lusitana.

Antes de falar propriamente da série, preciso sinalizar que escrevi esse texto a partir da versão lançada em DVD de Os Maias (que também está disponível via Globoplay). A minissérie, quando foi exibida na televisão, adicionava narrativas de outros romances do autor Eça de Queiroz (como A Relíquia e A Capital) à trama de Os Maias para poder render o número de capítulos exigidos pela emissora. A versão de DVD remove todas essas histórias paralelas e concentra apenas na trama principal envolvendo a família Maia. Então se você rever a série e perceber que está faltando alguma coisa em relação ao que viu na televisão, é por causa disso.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Crítica – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa


Análise Crítica – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa


Review – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa
Admito que não estava esperando muita coisa deste Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. Pelos trailers eu temi que pudesse ser uma bagunça sem sentido como foi Esquadrão Suicida (2016) ou uma aventura morna como o último As Panteras (2019). Ainda bem que eu estava errado e o resultado é uma aventura acelerada e divertida, ainda que não tenha nada de inédito.

Na trama, Arlequina (Margot Robbie) acabou de se separar do Coringa (que só é citado nominalmente e nunca aparece) e isso coloca um alvo em suas costas, já que sem a proteção do Palhaço do Crime antigos desafetos vão atrás dela. O principal desses desafetos é o mafioso Roman Sionis (Ewan McGregor), também conhecido como Máscara Negra, que está atrás de um diamante que guarda o segredo da fortuna de uma antiga família mafiosa. Para tentar barganhar com Sionis, Arlequina decide encontrar o diamante primeiro, mas além dela outras pessoas perigosas estão atrás do diamante, como a policial Renee Montoya (Rosie Perez), a cantora Dinah Lance (Jurnee Smollett-Bell), conhecida como Canário Negro, e a misteriosa assassina de mafiosos autodenominada Caçadora (Mary Elizabeth Winstead).

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Crítica – Jojo Rabbit


Análise Crítica – Jojo Rabbit


Review – Jojo Rabbit
A primeira vista, a ideia deste Jojo Rabbit ser uma comédia sobre o nazismo parece estranha. Afinal, o nazismo foi um regime baseado em discursos de ódio e responsável pelo extermínio de milhões. Seria possível fazer uma comédia sobre algo tão grave sem soar desrespeitoso com toda a tragédia humana que foi o julgo nazista? Bem, eu diria que o que pode tornar uma comédia problemática do ponto de vista moral está menos a sua temática e mais em qual é o alvo da piada. Ou seja, o problema é: quem está sendo ridicularizado?

Sim, pois a comédia perpassa inevitavelmente pelo rebaixamento do alvo da piada, para rir de alguém eu devo achá-lo ridículo, patético, indigno da minha empatia mesmo diante de uma situação qualquer. Sob este aspecto, quem seria mais indigno de empatia do que um nazista? Aliás, a comédia sempre se prestou a fazer graça de “assuntos sérios” e autoridades. O gênero cresce justamente entre a plebe, que usa do humor para ridicularizar reis e autoridades religiosas.

Peças antigas escalavam jumentos no papel rei, por exemplo, e essa era uma forma de rebaixar essas autoridades, de tirar pessoas em posições de poder do pedestal em que se colocaram, mostrando que elas estão longe de serem superiores como se julgam. Isso ajudou a por em questão certas estruturas sociais e criticar posturas absolutistas. Não é a toa que a comédia, sempre foi considerada uma comédia inferior ao drama, já que as noções de “bom gosto” eram controlada pelas camadas superiores, justamente as que eram alvo da comédia. É por isso que durante séculos (e ainda hoje) a comédia foi considerada uma forma de arte inferior enquanto o drama (que era produzido pela aristocracia) seria uma arte mais nobre e elevada.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Crítica – Joias Brutas


Análise Crítica – Joias Brutas


Review – Joias BrutasQuando falamos em Adam Sandler, logo vêm à mente as péssimas comédias que ele faz. No entanto, ao longo de sua carreira, Sandler demonstrou que pode entregar ótimas interpretações quando trabalha com bons diretores a exemplo de sua colaboração com Paul Thomas Anderson em Embriagado de Amor (2002) ou com Noah Baumbach em Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017). Dirigido pelos irmãos Safdie, responsáveis pelo excelente Bom Comportamento (2017), este Joias Brutas é mais um caso de Sandler colaborando com diretores competentes e entregando uma boa interpretação.

Na trama, Sandler é Howard, um dono de joalheria no distrito dos diamantes de Nova Iorque. Howard sempre tem um esquema para tentar faturar alto, mas está atolado em dívidas por conta de seu vício em apostas. Com cobradores violentos em seu encalço para que pague o que deve, Howard corre contra o tempo para vender uma rara opala multicolorida e assim levantar o dinheiro que precisa.

A impressão de alguém correndo contra o tempo é construída pelo modo como os Safdie filmam, com a câmera em constante movimento enquanto acompanha Howard, raramente ficando parada e mesmo quando fica a montagem fica incumbida de dar esse senso de velocidade. Com isso fica a impressão de que Howard sempre tem algum lugar para ir e algum problema para resolver ou do qual fugir. Como um tubarão, o protagonista está sempre se deslocando para algum lugar em busca de uma presa mais valiosa e ficar parado pode significar sua destruição.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Crítica – Cavaleiros do Zodíaco: 2ª Temporada



Análise Crítica – Cavaleiros do Zodíaco: 2ª Temporada

Review – Cavaleiros do Zodíaco: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada desta nova versão de Cavaleiros do Zodíaco produzida pela Netflix, mencionei que apesar do esforço de dar um ritmo mais ágil e tornar mais críveis alguns elementos do universo criado por Masami Kurumada, a animação acabava carecendo o impacto do anime original. Esperava que essa segunda temporada melhorasse alguns aspectos, mas tudo continuou igual.

A narrativa continua onde o primeiro ano terminou, com os cavaleiros de bronze sendo salvos do desabamento da montanha após a derrota de Ikki e a chegada de uma nova ameaça na forma dos cavaleiros de prata. Os principais momentos da trama seguem fieis aos do mangá e do anime, no entanto nem todos funcionam por conta de escolhas de adaptação que a série fez.

Um exemplo é o resgate dos cavaleiros pelas mãos de Mu. Como na primeira temporada nunca houve o arco de Shiryu ir até Jamiel consertar as armaduras e conhecer o cavaleiro de ouro de Áries, a aparição de Mu aqui soa jogada de qualquer jeito, mais soando como um deus ex machina preguiçoso do que um elemento natural. Afinal, se Mu não conheceu Shiryu ou Seiya e testemunhou o valor deles em primeira mão, que motivação ele teria para salvá-los? Uma profecia vaga? Porque não acreditar na profecia do Santuário então?

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 3


Análise Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 3


Review – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 3
O segundo ano de O Mundo Sombrio de Sabrina parecia perder de vista o que tinha tornado seu ano de estreia tão bacana, com uma trama arrastada e personagens pouco convincentes, mas essa terceira parte consegue recuperar a série e trazer de volta o senso de aventura, mistério e temor do ano de estreia.

A trama começa mais ou menos no ponto onde a anterior parou, com Sabrina (Kiernan Shipka) prendendo Lúcifer (Luke Cook) no corpo de Nick (Gavin Leatherwood), mas pensando em uma maneira de salvar o namorado. O aprisionamento do rei do inferno, no entanto, gera uma série de consequências inesperadas, fazendo os poderes de todo o coven de Sabrina e suas tias enfraquecerem e também causando desequilíbrio entre os diferentes planos de existência. Para tentar trazer de volta o equilíbrio Sabrina clama para si o trono do inferno, mas seu reinado é desafiado pelo lorde demoníaco Caliban (Sam Corlet), que inicia um desafio envolvendo a recuperação de relíquias profanas. Ao mesmo tempo, um circo chega a Greendale e nele está um culto pagão a uma divindade ancestral que aproveita a fraqueza das bruxas da cidade para tomar o poder que há em Greendale.