quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Crítica – Sonic: O Filme


Análise Crítica – Sonic: O Filme


Review – Sonic: O Filme
O primeiro trailer para esse Sonic: O Filme surpreendeu a todos com o visual bizarro do ouriço azul, tentando mesclar suas formas cartunescas com proporções mais humanoides e criando um híbrido sinistro entre as duas coisas. Felizmente a equipe responsável pelo filme teve o bom senso adiar o filme para rever o visual do personagem, entregando algo que não só era mais próximo dos games, como também mais carismático e menos assustador.

Na trama, Sonic (voz de Ben Schwartz) vive na Terra há uma década depois de ser obrigado a fugir de seu planeta natal. Aqui, ele leva uma existência solitária e escondida. Um dia, durante uma de suas corridas, seus poderes causam um enorme pico de energia que deixam uma cidade inteira sem eletricidade, chamando a atenção dos militares. O instável Dr. Robotnik (Jim Carrey) é despachado para investigar a ameaça, enquanto Sonic tenta fugir com a ajuda do policial Tom (James Marsden).

A dublagem do Ben Schwartz dá ao Sonic uma personalidade inquieta, agitada e cheia de senso de humor. Como boa parte dos personagens reagem ao ouriço como uma criatura fofa, o personagem é beneficiado pelo redesign que recebeu em relação à primeira versão, já que nada disso funcionaria com o visual bizarro que inicialmente foi pensado para ele.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Crítica – O Preço da Verdade


Análise Crítica – O Preço da Verdade


Review – O Preço da Verdade
O diretor Todd Haynes se tornou conhecido por seus dramas sentimentais e filmes que experimentam com a linguagem audiovisual. Este O Preço da Verdade não exibe nenhuma dessas características, focando mais na denúncia em si de um caso de abuso de poder e negligência com impactos no mundo inteiro. O foco está mais na construção da retórica do que no estilo e, para o filme que se pretende, são esforços bem sucedidos.

A trama é baseada na história real do advogado Rob Billot (Mark Ruffalo), que trabalhava com direito corporativo atendendo empresas da indústria química. Um dia ele é procurado em seu escritório por um fazendeiro de sua cidade natal. O trabalhador rural suspeita de alguma contaminação na água de suas terras por parte de um aterro da indústria química DuPont e quando Rob começa a investigar, descobre um caso severo de negligência e contaminação.

Não é a primeira vez que o cinema conta a história de Rob, o documentário The Devil We Know (2018) já tinha narrado a luta do advogado e a negligência da indústria química em alertar sobre os riscos do composto químico usado na produção do teflon. O Preço da Verdade também se encaixa na tradição liberal do cinema hollywoodiano em mostrar histórias sobre um homem comum indo contra grandes empresas ou o governo para mostrar como uma pessoa pode fazer a diferença e que cabe a cada indivíduo lutar pelo que é certo.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Crítica – O Grito

Análise Crítica – O Grito


Review – O Grito
Eu não assisti ao primeiro O Grito (2004) nem ao original japonês, então fui assistir essa nova versão sem saber o que esperar, embora me parecesse desnecessária a existência de um remake de um filme cuja assombração não tenha ficado necessariamente datada.

A trama se passa em 2006 e é centrada na policial Muldoon (Andrea Riseborough) que tenta recomeçar a vida depois da morte do marido. Seu primeiro caso depois de voltar ao serviço parece se conectar com um caso brutal investigado por seu novo parceiro, Goodman (Damian Bichir), anos antes. Muldoon decide olhar os arquivos do caso antigo e descobre que a casa na qual as mortes aconteceram foi palco de múltiplos crimes ao longo dos anos. Aos poucos, ela desconfia que esses crimes podem ter uma razão sobrenatural e esbarra em uma cruel maldição.

Apesar de Muldoon ser a protagonista, a trama entra em constantes digressões e longos flashbacks que detalham os casos anteriores. Isso dá ao filme todo um ar episódico, como se estivéssemos vendo uma coletânea de curtas-metragens conectados por um fiapo de trama (a investigação da protagonista) e um tema (a maldição). Isso não seria um problema tão grande se, ao menos, essas histórias fossem interessantes, mas elas são uma coleção de lugares-comuns sem muita personalidade tipo o casal prestes a ter o primeiro filho ou o policial obcecado por um caso que não consegue resolver.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Lixo Extraordinário – O VelociPastor

Crítica - O VelociPastor


Review - The VelociPastor
O diretor Brendan Steere primeiro pensou na ideia deste O VelociPastor ainda quando fazia faculdade de cinema e durante o curso chegou a fazer um trailer para o filme que ainda não existia. Foi só em 2017 quando ele conseguiu um financiamento de 35 mil dólares que finalmente conseguiu transformar sua ideia em um longa-metragem e o resultado é tão tosco e exagerado que se torna muito divertido.

Na trama, Doug (Greg Cohan) é um pastor protestante que viaja para a China depois que seus pais são assassinados. Durante a viagem Doug se corta com um fóssil e ganha a habilidade de se transformar em um velociraptor. De volta aos Estados Unidos, ele se transforma pela primeira vez quando vê a prostituta Carol (Alyssa Kempinski) sendo assaltada em um parque e decide usar seus poderes para ajudar as pessoas. Sua jornada de combate ao crime, no entanto, irá colocá-lo em rota de colisão com uma gangue de ninjas traficantes de drogas.

O filme é claramente feito para ser tosco, sem sentido e exagerado, criando cenas e diálogos que não soam coerentes com qualquer conduta humana básica. Um exemplo é quando Doug conversa com um superior sobre a morte dos pais (logo depois de vê-los morrer, por sinal) e ouve como resposta a frase “é isso que pais fazem, eles morrem”. Outro momento de puro nonsense é quando Doug está na China e encontra uma mulher caída com uma flecha atravessada no peito e pergunta se ela está machucada, como se a flecha e a poça de sangue no qual a jovem está caída não fossem indicativos suficientes.

Parasita faz história no Oscar 2020

Vencedores do Oscar 2020


A cerimônia de entrega do Oscar, premiação máxima do cinema hollywoodiano, aconteceu ontem, 09 de fevereiro e foi uma noite histórica. O filme Parasita, do sul-coreano Bong Joon-Ho, foi o grande vencedor, levando quatro prêmios, incluindo a estatueta de melhor filme. Foi a primeira vez nos mais de 90 anos da premiação que um filme feito fora dos Estados Unidos levou o tão cobiçado prêmio de melhor filme. Em geral filmes de outros países ficam relegados à categoria de filme estrangeiro, raramente concorrendo em outras categorias e é ainda mais raro que ganhem, como aconteceu com Roberto Benigni ganhando melhor ator por A Vida é Bela. Parasita, portanto, fez história ao, de certa forma, quebrar a hegemonia hollywoodiana e mostrar que os outros países também podem ambicionar o reconhecimento internacional da premiação.

Outro destaque fica com 1917, que levou três prêmios e Coringa, que ganhou dois, incluindo melhor ator para Joaquin Phoenix. As categorias de atuação, por sinal, foram as que tiveram menos surpresas, vencendo exatamente aqueles que todos esperaram. O Brasil que concorria na categoria de documentário com Democracia em Vertigem, infelizmente não levou a sonhada estatueta, com o prêmio da categoria indo para American Factory Confiram abaixo a lista completa de indicados com os vencedores destacados em negrito.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2020



O Framboesa de Ouro é uma premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 8 de fevereiro foram divulgados os indicados. Como era de se imaginar, o desastroso Cats liderou em indicações, levando nove menções. Atrás dele, empatados com oito, estão Funeral em Família e Rambo: Até o Fim. No prêmio redenção, troféu para celebrar quem se redimiu pelos filmes ruins que fizeram, estão nomes como Eddie Murphy, por Meu Nome é Dolemite, e Adam Sandler, pelo excelente Joias Brutas. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Crítica – Bojack Horseman: 6ª Temporada


Análise Crítica – Bojack Horseman: 6ª Temporada


Review – Bojack Horseman: 6ª Temporada
Depois de chegar em seu ponto mais baixo na quinta temporada, a sexta e última temporada de Bojack Horseman inicia com a tentativa do protagonista em corrigir seus erros do passado e tratar sua dependência de drogas. É uma temporada coerente com o espírito da série e o exame sincero que seu texto faz em pessoas marcadas por traumas e problemas psicológicos, muitas vezes usando do humor e do absurdo para falar de situações bem reais. A partir desse ponto, o texto pode conter SPOILERS da temporada final.

Na primeira metade da temporada acompanhamos a dificuldade de Bojack em se manter sóbrio e percebemos como seus vícios emergem de questões passadas mal resolvidas, em especial de todos os comprometimentos morais que fez para se manter em seu seriado de sucesso e a culpa que carrega por ter sido a pessoa que introduziu Sarah Lynn às drogas. Durante o percurso dele vai se construindo a impressão de que o complexo de culpa pela morte de Sarah Lynn e como ele viveu sua vida impune aos erros que cometeu tem uma relação direta com os vícios do personagem

Esses erros e condutas escusas vem a público justamente na segunda metade da temporada, quando Bojack percebe que se manter sóbrio não é tão simples quanto parece e que ter seu pior lado exposto tão publicamente pode alienar as pessoas de sua vida. Essa exposição pública também serve para mostrar como a sociedade e o jornalismo lidam com homens abusivos que ocupam posições privilegiadas. Isso fica evidente na primeira entrevista dada por Bojack depois que é publicada a relação dele com a morte de Sarah Lynn. A repórter simplesmente permite que ele se coloque em posição de vítima e que todo um passado de padrões de abuso sejam resolvidos com um mero pedido de desculpas.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Rapsódias Revisitadas – Os Maias


Crítica - Os Maias


Review - Os Maias
Eu lembro quando a minissérie Os Maias foi originalmente exibida pela Rede Globo em 2001 e o quanto ela foi elogiada pela qualidade de sua produção por reproduzir a Portugal do século XIX. Revendo a série quase vinte anos depois, fiquei com medo dela não se sustentar, tanto em aspectos estéticos quanto da narrativa, mas ela permanece esse grande épico que narra a tragédia de uma família da pequena aristocracia lusitana.

Antes de falar propriamente da série, preciso sinalizar que escrevi esse texto a partir da versão lançada em DVD de Os Maias (que também está disponível via Globoplay). A minissérie, quando foi exibida na televisão, adicionava narrativas de outros romances do autor Eça de Queiroz (como A Relíquia e A Capital) à trama de Os Maias para poder render o número de capítulos exigidos pela emissora. A versão de DVD remove todas essas histórias paralelas e concentra apenas na trama principal envolvendo a família Maia. Então se você rever a série e perceber que está faltando alguma coisa em relação ao que viu na televisão, é por causa disso.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Crítica – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa


Análise Crítica – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa


Review – Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa
Admito que não estava esperando muita coisa deste Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. Pelos trailers eu temi que pudesse ser uma bagunça sem sentido como foi Esquadrão Suicida (2016) ou uma aventura morna como o último As Panteras (2019). Ainda bem que eu estava errado e o resultado é uma aventura acelerada e divertida, ainda que não tenha nada de inédito.

Na trama, Arlequina (Margot Robbie) acabou de se separar do Coringa (que só é citado nominalmente e nunca aparece) e isso coloca um alvo em suas costas, já que sem a proteção do Palhaço do Crime antigos desafetos vão atrás dela. O principal desses desafetos é o mafioso Roman Sionis (Ewan McGregor), também conhecido como Máscara Negra, que está atrás de um diamante que guarda o segredo da fortuna de uma antiga família mafiosa. Para tentar barganhar com Sionis, Arlequina decide encontrar o diamante primeiro, mas além dela outras pessoas perigosas estão atrás do diamante, como a policial Renee Montoya (Rosie Perez), a cantora Dinah Lance (Jurnee Smollett-Bell), conhecida como Canário Negro, e a misteriosa assassina de mafiosos autodenominada Caçadora (Mary Elizabeth Winstead).

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Crítica – Jojo Rabbit


Análise Crítica – Jojo Rabbit


Review – Jojo Rabbit
A primeira vista, a ideia deste Jojo Rabbit ser uma comédia sobre o nazismo parece estranha. Afinal, o nazismo foi um regime baseado em discursos de ódio e responsável pelo extermínio de milhões. Seria possível fazer uma comédia sobre algo tão grave sem soar desrespeitoso com toda a tragédia humana que foi o julgo nazista? Bem, eu diria que o que pode tornar uma comédia problemática do ponto de vista moral está menos a sua temática e mais em qual é o alvo da piada. Ou seja, o problema é: quem está sendo ridicularizado?

Sim, pois a comédia perpassa inevitavelmente pelo rebaixamento do alvo da piada, para rir de alguém eu devo achá-lo ridículo, patético, indigno da minha empatia mesmo diante de uma situação qualquer. Sob este aspecto, quem seria mais indigno de empatia do que um nazista? Aliás, a comédia sempre se prestou a fazer graça de “assuntos sérios” e autoridades. O gênero cresce justamente entre a plebe, que usa do humor para ridicularizar reis e autoridades religiosas.

Peças antigas escalavam jumentos no papel rei, por exemplo, e essa era uma forma de rebaixar essas autoridades, de tirar pessoas em posições de poder do pedestal em que se colocaram, mostrando que elas estão longe de serem superiores como se julgam. Isso ajudou a por em questão certas estruturas sociais e criticar posturas absolutistas. Não é a toa que a comédia, sempre foi considerada uma comédia inferior ao drama, já que as noções de “bom gosto” eram controlada pelas camadas superiores, justamente as que eram alvo da comédia. É por isso que durante séculos (e ainda hoje) a comédia foi considerada uma forma de arte inferior enquanto o drama (que era produzido pela aristocracia) seria uma arte mais nobre e elevada.