Uma história pode ter falhas, mas
se entregar um bom desfecho somos capazes de relevar todos os problemas da
trama. Do mesmo modo, se um produto que começa promissor, entrega um desfecho
que não consegue dar conta de suas próprias ambições, é difícil espantar o
sentimento de insatisfação. Esse Entre
Realidades acaba lamentavelmente se encaixando na segunda categoria.
A narrativa é centrada na
solitária Sarah (Alison Brie). Ela passa os dias indo do trabalho para casa
assistir seriados e não tem muita vida social. Um dia ela começa a ter sonhos
estranhos e passa a questionar a própria realidade.
A jornada da personagem e o uso
do realismo fantástico pode ser entendida como uma grande metáfora para o
processo de alguém profundamente sozinha se perdendo na própria instabilidade
mental. Nesse sentido o trabalho de Alison Brie é fundamental para nos vender o
senso de confusão mental da protagonista. Brie consegue fazer de Sarah alguém
vulnerável emocionalmente, carente, solitária e que, talvez por tudo isso,
esteja se desconectando do mundo real e se entregando a uma série de delírios e
paranoias. Do mesmo modo, Brie também consegue inserir em sua personagem uma
energia insana em seus momentos de maior instabilidade, mostrando o quanto ela
pode ser perigosa a si mesma ou a outros.