quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Crítica – A Hora da Sua Morte


Análise Crítica – A Hora da Sua Morte


Review – A Hora da Sua Morte
Na superfície este A Hora da Sua Morte parece ser uma cópia genérica de Premonição (2000) e O Chamado (2002). Depois de ver o filme preciso admitir que estava completamente errado. A Hora da Sua Morte é uma colcha de retalhos quase incoerente de todos os clichês do terror hollywoodiano nas últimas décadas. É tão preso aos lugares-comuns do gênero que beira o autoparódico, mas que nunca chega a ser engraçado ao ponto de funcionar como comédia.

A trama acompanha a estudante de enfermagem Quinn (Elizabeth Lail), que ouve falar sobre um aplicativo que diz quanto tempo falta para o usuário morrer. De início Quinn acha que é brincadeira, mas descobre que todos que baixaram o aplicativo de fato morreram na hora avisada, a despeito de seus esforços de evitar sua morte. Assim, desde a premissa, se desenha um conflito no qual uma personagem recebe uma contagem regressiva de um dispositivo eletrônico, tal qual O Chamado (2002) e cujos esforços de fugir do destino são inúteis como os dos personagens de Premonição (2000).

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

5 Contra 1 – Jogos do Sonic


Piores jogos do Sonic


Aproveitando que Sonic: O Filme recentemente chegou aos cinemas, resolvi rememorar os jogos do ouriço azul fazendo um balando de seus melhores e piores momentos. Sonic apareceu pela primeira vez em 1991 e apesar de ter feito muito sucesso na época do Mega Drive, o personagem teve dificuldade de fazer a transição para os games tridimensionais e muitos de seus jogos nas últimas décadas deixaram bastante a desejar. Com isso em mente, vamos lembrar cinco bons jogos e um muito ruim estrelados pelo mascote da Sega.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Crítica – Luta Por Justiça


Análise Crítica – Luta Por Justiça


Review – Luta Por Justiça
Baseado em uma história real, este Luta Por Justiça é daqueles filmes que vale principalmente pela mensagem, já que sua estrutura narrativa e dramatúrgica não tem nada de muito diferente que outros dramas de tribunal já tenham apresentado antes. Assim como o recente O Preço da Verdade é um filme fundamentado na tradição do pensamento liberal dos Estados Unidos que uma pessoa pode enfrentar o sistema judicial e político, sendo capaz de mudar as coisas por conta de sua ação individual. Não deixa de ser curioso, inclusive, que o caso se passe na mesma cidade em que Harper Lee escreveu O Sol é Para Todos, talvez a primeira grande narrativa do século XX a adotar esses temas e estruturas.

A trama começa no final da década de oitenta quando Walter McMillan (Jamie Foxx) é preso e condenado a morte por assassinato apesar de se declarar inocente. O advogado Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) é um jovem recém formado em Harvard que decide ir para o sul dos Estados Unidos ajudar detentos no corredor da morte que foram injustiçados pelo sistema. Assim, Bryan acaba pegando o caso de Walter e luta para provar que ele é inocente.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Crítica – Entre Realidades


Análise Crítica – Entre Realidades


Review – Entre Realidades
Uma história pode ter falhas, mas se entregar um bom desfecho somos capazes de relevar todos os problemas da trama. Do mesmo modo, se um produto que começa promissor, entrega um desfecho que não consegue dar conta de suas próprias ambições, é difícil espantar o sentimento de insatisfação. Esse Entre Realidades acaba lamentavelmente se encaixando na segunda categoria.

A narrativa é centrada na solitária Sarah (Alison Brie). Ela passa os dias indo do trabalho para casa assistir seriados e não tem muita vida social. Um dia ela começa a ter sonhos estranhos e passa a questionar a própria realidade.

A jornada da personagem e o uso do realismo fantástico pode ser entendida como uma grande metáfora para o processo de alguém profundamente sozinha se perdendo na própria instabilidade mental. Nesse sentido o trabalho de Alison Brie é fundamental para nos vender o senso de confusão mental da protagonista. Brie consegue fazer de Sarah alguém vulnerável emocionalmente, carente, solitária e que, talvez por tudo isso, esteja se desconectando do mundo real e se entregando a uma série de delírios e paranoias. Do mesmo modo, Brie também consegue inserir em sua personagem uma energia insana em seus momentos de maior instabilidade, mostrando o quanto ela pode ser perigosa a si mesma ou a outros.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Crítica – O Limite da Traição


Análise Crítica – O Limite da Traição


Review – O Limite da Traição
Ano passado Tyler Perry lançou Acrimônia, um pretenso suspense sobre uma mulher que buscava vingança contra o marido que a traía. Era um produto inconsistente, que não parecia saber se queria ser um drama sério ou um novelão caricato e descambava para algo completamente absurdo em seus últimos minutos. Pois O Limite da Traição, novo filme de Perry produzido pela Netflix, funciona basicamente da mesma forma que Acrimônia, contando uma história de traição que começa minimamente calcada na realidade e depois se torna algo tão surtado que acaba ficando engraçado.

Na trama, a defensora pública Jasmine (Bresha Webb) é incumbida de defender Grace (Crystal Fox), uma mulher acusada de violentamente matar o marido. O caso toma a mídia e o chefe de Jasmine a pressiona para fazer Grace aceitar um acordo com a promotoria e se declarar culpada, mas Jasmine aos poucos percebe que há algo errado na história de Grace.

Assim como Acrimônia é a história de uma mulher traída e usada por um cônjuge abusivo e reage a esses abusos de maneira violenta. Com essa premissa, a narrativa poderia ser usada para falar sobre machismo e os problemas que decorrem de uma estrutura patriarcal que trata as mulheres como objetos descartáveis. A “moral” dos filmes de Perry, no entanto, não tenta defender o fim das práticas machistas por uma questão ética ou humana, suas narrativas basicamente argumentam que não se deve tratar mulheres de maneiras desumanas porque elas são loucas desequilibradas e você vai acabar morto. É como alguns argumentos abolicionistas do século XIX que defendiam o fim da escravidão para que os senhores afastassem suas famílias dos convívios dos negros que seriam naturalmente vis, malignos e violentos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Crítica – Sonic: O Filme


Análise Crítica – Sonic: O Filme


Review – Sonic: O Filme
O primeiro trailer para esse Sonic: O Filme surpreendeu a todos com o visual bizarro do ouriço azul, tentando mesclar suas formas cartunescas com proporções mais humanoides e criando um híbrido sinistro entre as duas coisas. Felizmente a equipe responsável pelo filme teve o bom senso adiar o filme para rever o visual do personagem, entregando algo que não só era mais próximo dos games, como também mais carismático e menos assustador.

Na trama, Sonic (voz de Ben Schwartz) vive na Terra há uma década depois de ser obrigado a fugir de seu planeta natal. Aqui, ele leva uma existência solitária e escondida. Um dia, durante uma de suas corridas, seus poderes causam um enorme pico de energia que deixam uma cidade inteira sem eletricidade, chamando a atenção dos militares. O instável Dr. Robotnik (Jim Carrey) é despachado para investigar a ameaça, enquanto Sonic tenta fugir com a ajuda do policial Tom (James Marsden).

A dublagem do Ben Schwartz dá ao Sonic uma personalidade inquieta, agitada e cheia de senso de humor. Como boa parte dos personagens reagem ao ouriço como uma criatura fofa, o personagem é beneficiado pelo redesign que recebeu em relação à primeira versão, já que nada disso funcionaria com o visual bizarro que inicialmente foi pensado para ele.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Crítica – O Preço da Verdade


Análise Crítica – O Preço da Verdade


Review – O Preço da Verdade
O diretor Todd Haynes se tornou conhecido por seus dramas sentimentais e filmes que experimentam com a linguagem audiovisual. Este O Preço da Verdade não exibe nenhuma dessas características, focando mais na denúncia em si de um caso de abuso de poder e negligência com impactos no mundo inteiro. O foco está mais na construção da retórica do que no estilo e, para o filme que se pretende, são esforços bem sucedidos.

A trama é baseada na história real do advogado Rob Billot (Mark Ruffalo), que trabalhava com direito corporativo atendendo empresas da indústria química. Um dia ele é procurado em seu escritório por um fazendeiro de sua cidade natal. O trabalhador rural suspeita de alguma contaminação na água de suas terras por parte de um aterro da indústria química DuPont e quando Rob começa a investigar, descobre um caso severo de negligência e contaminação.

Não é a primeira vez que o cinema conta a história de Rob, o documentário The Devil We Know (2018) já tinha narrado a luta do advogado e a negligência da indústria química em alertar sobre os riscos do composto químico usado na produção do teflon. O Preço da Verdade também se encaixa na tradição liberal do cinema hollywoodiano em mostrar histórias sobre um homem comum indo contra grandes empresas ou o governo para mostrar como uma pessoa pode fazer a diferença e que cabe a cada indivíduo lutar pelo que é certo.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Crítica – O Grito

Análise Crítica – O Grito


Review – O Grito
Eu não assisti ao primeiro O Grito (2004) nem ao original japonês, então fui assistir essa nova versão sem saber o que esperar, embora me parecesse desnecessária a existência de um remake de um filme cuja assombração não tenha ficado necessariamente datada.

A trama se passa em 2006 e é centrada na policial Muldoon (Andrea Riseborough) que tenta recomeçar a vida depois da morte do marido. Seu primeiro caso depois de voltar ao serviço parece se conectar com um caso brutal investigado por seu novo parceiro, Goodman (Damian Bichir), anos antes. Muldoon decide olhar os arquivos do caso antigo e descobre que a casa na qual as mortes aconteceram foi palco de múltiplos crimes ao longo dos anos. Aos poucos, ela desconfia que esses crimes podem ter uma razão sobrenatural e esbarra em uma cruel maldição.

Apesar de Muldoon ser a protagonista, a trama entra em constantes digressões e longos flashbacks que detalham os casos anteriores. Isso dá ao filme todo um ar episódico, como se estivéssemos vendo uma coletânea de curtas-metragens conectados por um fiapo de trama (a investigação da protagonista) e um tema (a maldição). Isso não seria um problema tão grande se, ao menos, essas histórias fossem interessantes, mas elas são uma coleção de lugares-comuns sem muita personalidade tipo o casal prestes a ter o primeiro filho ou o policial obcecado por um caso que não consegue resolver.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Lixo Extraordinário – O VelociPastor

Crítica - O VelociPastor


Review - The VelociPastor
O diretor Brendan Steere primeiro pensou na ideia deste O VelociPastor ainda quando fazia faculdade de cinema e durante o curso chegou a fazer um trailer para o filme que ainda não existia. Foi só em 2017 quando ele conseguiu um financiamento de 35 mil dólares que finalmente conseguiu transformar sua ideia em um longa-metragem e o resultado é tão tosco e exagerado que se torna muito divertido.

Na trama, Doug (Greg Cohan) é um pastor protestante que viaja para a China depois que seus pais são assassinados. Durante a viagem Doug se corta com um fóssil e ganha a habilidade de se transformar em um velociraptor. De volta aos Estados Unidos, ele se transforma pela primeira vez quando vê a prostituta Carol (Alyssa Kempinski) sendo assaltada em um parque e decide usar seus poderes para ajudar as pessoas. Sua jornada de combate ao crime, no entanto, irá colocá-lo em rota de colisão com uma gangue de ninjas traficantes de drogas.

O filme é claramente feito para ser tosco, sem sentido e exagerado, criando cenas e diálogos que não soam coerentes com qualquer conduta humana básica. Um exemplo é quando Doug conversa com um superior sobre a morte dos pais (logo depois de vê-los morrer, por sinal) e ouve como resposta a frase “é isso que pais fazem, eles morrem”. Outro momento de puro nonsense é quando Doug está na China e encontra uma mulher caída com uma flecha atravessada no peito e pergunta se ela está machucada, como se a flecha e a poça de sangue no qual a jovem está caída não fossem indicativos suficientes.

Parasita faz história no Oscar 2020

Vencedores do Oscar 2020


A cerimônia de entrega do Oscar, premiação máxima do cinema hollywoodiano, aconteceu ontem, 09 de fevereiro e foi uma noite histórica. O filme Parasita, do sul-coreano Bong Joon-Ho, foi o grande vencedor, levando quatro prêmios, incluindo a estatueta de melhor filme. Foi a primeira vez nos mais de 90 anos da premiação que um filme feito fora dos Estados Unidos levou o tão cobiçado prêmio de melhor filme. Em geral filmes de outros países ficam relegados à categoria de filme estrangeiro, raramente concorrendo em outras categorias e é ainda mais raro que ganhem, como aconteceu com Roberto Benigni ganhando melhor ator por A Vida é Bela. Parasita, portanto, fez história ao, de certa forma, quebrar a hegemonia hollywoodiana e mostrar que os outros países também podem ambicionar o reconhecimento internacional da premiação.

Outro destaque fica com 1917, que levou três prêmios e Coringa, que ganhou dois, incluindo melhor ator para Joaquin Phoenix. As categorias de atuação, por sinal, foram as que tiveram menos surpresas, vencendo exatamente aqueles que todos esperaram. O Brasil que concorria na categoria de documentário com Democracia em Vertigem, infelizmente não levou a sonhada estatueta, com o prêmio da categoria indo para American Factory Confiram abaixo a lista completa de indicados com os vencedores destacados em negrito.