Eu não estava preparado para a
sucessão de absurdos que a trama deste A
Arte da Autodefesa colocou diante de mim. Falo absurdos no bom sentido, já
que todos os eventos inesperados e condutas sem noção parecem claramente pensados
para agregar à mensagem do filme e suas ponderações sobre masculinidade.
A trama é protagonizada por Casey
(Jesse Eisenberg), um contador pacato e tímido que um dia é assaltado e
espancado por uma gangue de motoqueiros. Traumatizado pelo ocorrido, Casey
decide começar a fazer aulas de karatê para ser capaz de se defender. Aí ele
conhece Sensei (Alessandro Nivola), um instrutor artes marciais que promete
fazer o protagonista superar todos os medos.
Dizer mais seria estragar a
experiência de quem ainda não assistiu, já que a trama nos leva a muitos
desdobramentos inesperados. O que parecia uma história de um sujeito lidando
com os traumas da violência urbana se transforma em uma versão idiota de Clube da Luta (1999). Por outro lado, a
reviravolta envolvendo a gangue de motoqueiros é relativamente previsível.
Sim, o plano da gangue não faz muito sentido, mas me parece ser uma decisão
proposital de mostrar como toda a situação e o esforço precisar rearfirmar a
masculinidade o tempo todo é, em si, absurdo e potencialmente perigoso.