Quando escrevi sobre a segunda
temporada de Ozark mencionei como a
trama era eficiente em impor dilemas morais aos personagens principais e
colocá-los em rumos sombrios. Pois este terceiro padece justamente por não
conseguir criar conflitos convincentes graças aos coadjuvantes ruins que insere
na narrativa, ainda que o elenco principal seja bom o suficiente para manter o
nosso interesse. O texto a seguir pode conter SPOILERS da temporada.
A trama continua no ponto onde o
ano anterior parou. Os Byrde consolidam a posição deles no lago Ozark
inaugurando um cassino que serve de fachada para lavar dinheiro de carteis
mexicanos. Marty (Jason Bateman) começa a pensar em estratégias para fugir de
tudo isso, enquanto Wendy (Laura Linney) pensa em aproveitar para se
consolidarem em uma posição de poder na comunidade local e expandir a presença
deles em negócios lícitos. O casal está em desacordo quanto à melhor estratégia
e isso começa a causar conflitos ao mesmo tempo em que outras ameaças surgem ao
redor deles.
A série sempre teve sua parcela
de personagens mal construídos que serviam apenas para ser um obstáculo, a
exemplo do agente Petty (Jason Butler Harner), que ficava tão dentro do clichê
do policial obsessivo que virava uma caricatura. No entanto essa terceira
temporada abusa desse recurso, com a maioria dos novos personagens se
comportando de maneira estúpida e caricata ou produzindo reações estúpidas nos
personagens. Um exemplo é Erin (Madison Thompson), filha de Helen (Janet McTeer),
a advogada do cartel. Erin é uma jovem que quer perder a virgindade a qualquer
custo e se envolve com pequenos criminosos de Ozark. A personagem parece saída
de uma daquelas comédias adolescentes e destoa do resto da trama.