quinta-feira, 14 de maio de 2020

Crítica – Lost Girls: Os Crimes de Long Island



Análise Crítica – Lost Girls: Os Crimes de Long Island

Review – Lost Girls: Os Crimes de Long IslandBaseado em uma história real, Lost Girls: Os Crimes de Long Island acompanha uma mãe, Mari (Amy Ryan), que tenta desvendar por conta própria o desaparecimento da filha quando percebe a inação da polícia. As buscas acabam revelando vários corpos enterrados em uma área próxima, mas não o de Shannan, a filha de Mari. Como Shannan, assim como as demais mulheres encontradas mortas, também era prostituta, a polícia suspeita de que a filha da Mari também possa estar morta e que todas foram mortas pela mesma pessoa.

Além de mostrar o percurso investigativo e o descaso da polícia, o filme tenta também falar sobre o machismo estrutural que está por trás do tratamento dado ao caso pela polícia e pela mídia. Sempre tachando as mulheres como prostitutas, sem tentar apresentá-las como qualquer outra coisa além disso, a imprensa ou a polícia tratam as vítimas como se fossem culpadas pelas próprias mortes e como pessoas indignas de preocupação ou revolta por conta de mortes tão violentas. Ao mesmo tempo, há um esforço de mostrar como a morte de Shannan pesa na família de Mari e na relação da matriarca com as duas filhas mais novas.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Crítica – Má Educação




Análise Crítica – Má Educação

Review – Má EducaçãoContando uma pitoresca história real, é difícil não olhar para este Má Educação e não pensar em filmes dos irmãos Coen como Fargo (1996) por conta de como decisões estúpidas sem entender o que acontece se transformam em uma bola de neve de burrice que devastam tudo ao redor. Também lembram as tramas de filmes como Bernie: Quase um Anjo (2011) ou O Rei da Polca (2017), ambos sobre sujeitos aparentemente boa-praça que se envolvem em esquemas criminosos de apropriação indevida de dinheiro.

A trama acompanha Frank (Hugh Jackman), superintendente de um distrito de escolas públicas em Nova Jersey. Sob a tutela de Frank, as escolas de seu distrito começam a se tornar as melhores do país. Aos poucos, escândalos envolvendo desvio de dinheiro em seu departamento começam a aparecer e conforme a trama desses crimes começa a ser puxada, tudo aponta para o aparentemente simpático e inofensivo Frank.

A maneira como tudo se desenvolve é tão absurda que mostra como a realidade pode ser mais bizarra que qualquer ficção, nas quais atitudes estúpidas de pessoas envolvidas no esquema de desvio chamam atenção das autoridades e todos começam a olhar as contas do distrito escolar. Tudo isso envolvendo funcionárias que usam o cartão corporativo de maneira irresponsável e uma repórter do jornal de uma das escolas, Rachel (Geraldine Viswanathan) investigando as finanças do distrito mais do que deveria Frank percebe as paredes desmoronando ao seu redor e tenta se proteger a todo custo das acusações.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Drops – Os Irmãos Willoughby



Resenha Crítica – Os Irmãos Willoughbys

A animação Os Irmãos Willoughby primeiramente chama atenção por seu estilo visual, que parece misturar diferentes técnicas de animação, como 2D, 3D e stop-motion. Talvez não tenham sido usadas de fato as três técnicas, mas visualmente dá essa impressão. A direção de arte mistura visuais coloridos e excêntricos com um quê de macabro, lembrando coisas como Desventuras em Série.

Além dos visuais, chama a atenção o humor carregado de ironia, especialmente na voz do narrador dublado originalmente pelo comediante Ricky Gervais. A própria trama transita entre o excêntrico e o macabro, com os irmãos protagonistas tentando se livrar de seus pais negligentes. O texto toca em temas muito comuns a tramas infantis, falando de amor fraterno, esperança e a importância da família, lembrando também que família não é só aquela em que nascemos, mas a que construímos para nós.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Rapsódias Revisitadas – O Apocalipse de um Cineasta



Resenha – O Apocalipse de um Cineasta

Análise – O Apocalipse de um Cineasta
Eu já tinha visto Apocalypse Now (1979) algumas vezes e já tinha ouvido falar do documentário O Apocalipse de um Cineasta (1991), que mostra o conturbado processo de filmagem de Apocalypse Now na selva filipina, mas só agora assisti o documentário, que é um competente registro de uma produção fora de controle.

Os registros de bastidores foram feitos Eleanor, esposa do diretor Francis Ford Coppola, com o intento de serem um making of do filme. As coisas saíram tanto do controle durante os mais de 200 dias de filmagem que as imagens captadas por Eleanor não foram usadas na divulgação do filme e só foram apresentadas ao público neste documentário.

O documentário começa com uma entrevista com Coppola no qual ele diz que Apocalypse Now foi feito como se fosse a própria Guerra do Vietnã, com um grupo grande de pessoas pretensiosas na selva, com muito dinheiro a disposição e sem muita ideia do que estavam fazendo. De fato é o que acontece. Apesar de ter financiado a produção do próprio bolso, Francis Ford Coppola tinha bolsos razoavelmente fundos, o que permitiu por exemplo, construir sets enormes, como o templo do coronel Kurtz, graças à mão de obra barata do local. Trabalhando em condições precárias, os operários filipinos recebiam valores tão baixos que um dos produtores se pergunta se estavam explorando a população local (sim, estavam).

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Lixo Extraordinário – Gymkata: O Jogo da Morte



Análise – Gymkata: O Jogo da Morte

Review – Gymkata: O Jogo da Morte
Lançado em 1985, Gymkata: O Jogo da Morte parte da ideia de criar um novo estilo de luta a partir da combinação de artes marciais orientais e ginástica olímpica. Pode até parecer uma premissa curiosa e promissora, mas o resultado final causa risos pelo péssimo roteiro, atuações e cenas de luta.

Na trama, Jonathan (Kurt Thomas) é um ginasta de sucesso  que é recrutado pelo governo para participar de um mortal jogo de sobrevivência promovido pela fictícia nação do Parmistão. Como o governante do país concede um desejo a quem vencer, o governo americano quer colocar alguém na competição para ter seu desejo atendido, de colocar no Parmistão uma base militar de seu projeto antimísseis, o projeto Star Wars (como ninguém foi processado por usar esse nome no filme?). A partir daí acompanhamos o treinamento de Jonathan e depois sua participação nos jogos.

O filme é permeado por decisões sem sentido, sejam de roteiro ou de direção. Os primeiros minutos, que mostram Jonathan ganhando uma competição mais parecem o final de um filme da época, com uma única luz no protagonista, música tensa e a imagem sendo congelada (também conhecido como freeze frame) no momento em que ele desmonta do aparelho com um acompanhamento musical triunfante dá uma ideia de clímax, de fim. No entanto assistimos apenas uns quatro minutos do filme.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Crítica – Westworld: 3ª Temporada

Análise Crítica – Westworld: 3ª Temporada


Review – Westworld: 3ª Temporada
A segunda temporada de Westworld me incomodou por recorrer demais a truques desonestos de montagem para dar a impressão de algo complicado e impenetrável. Isso, no entanto, era artificialmente construído pelo fato da estrutura narrativa constantemente negar informações ao público apenas para poder revelá-las de maneira bombástica mais adiante sem dar qualquer pista do que poderia acontecer, como foi na primeira temporada, em que espectadores atentos conseguiram antever algumas reviravoltas.

A impressão é que o segundo ano queria tanto preservar seus segredos que foi desonesto com o público e criou uma estrutura hermética e complicada apenas para ser hermético e complicado ou soar mais esperta do que realmente é, sem que essa estrutura agregasse à jornada dos personagens como no ano de estreia da série. Felizmente essa terceira temporada é mais direta, sem recorrer a tantos truques desonestos, ainda que também tenha sua parcela de problemas. Aviso que o texto a seguir contem SPOILERS da temporada.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Crítica – Hollywood




Análise Crítica – Hollywood

Review – HollywoodProduzida por Ryan Murphy, criador de séries como American Horror Story e American Crime Story, a minissérie Hollywood começa como mais uma trama sobre como a indústria do cinema é uma máquina de moer gente. Aos poucos, no entanto, vai se mostrando algo mais e se transforma em uma fábula revisionista que mostra como a arte pode (ou poderia) moldar progressos sociais.

A narrativa se passa na década de 50 e acompanha um grupo de pessoas que chega a Los Angeles com o sonho de vencerem em Hollywood. Jack (David Corenswet) deseja se tornar ator, Archie (Jeremy Pope) sonha em ser roteirista, Ray (Darren Criss) quer ser diretor e Camille (Laura Harrier) quer ser atriz. Eles convergem no roteiro que Archie escreve sobre a vida de Peg Entwistle, uma figura real que tentou ser atriz, mas quando fracassou se suicidou se jogando do alto do letreiro de Hollywood.

A morte real de Entwistle serve para mostrar como a Hollywood da época (e mesmo hoje) era um lugar de sonhos partidos, que pega pessoas ingênuas e as destrói por completo e a jornada dos personagens parece refletir isso. Sem perspectivas de se estabelecer em Hollywood ou conseguir outro emprego, Jack e Archie acabam por se prostituir no serviço comandado por Ernie (Dylan McDermott). Camille consegue um contrato em um grande estúdio, mas por ser negra só é escalada como empregada ou serviçal.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Crítica – Mentiras Perigosas




Análise Crítica – Mentiras Perigosas

Review – Mentiras PerigosasProdução original da Netflix, Mentiras Perigosas tem cara de um daqueles suspenses genéricos que são constantemente exibidos no SuperCine da Globo. O quê? Achou que viria um “mas” depois da primeira frase desse parágrafo? Bem, infelizmente não, já que o período define muito bem o que é Mentiras Perigosas.

A trama gira em torno de Katie (Camila Mendes, a Veronica de Riverdale), que trabalha como cuidadora de Leonard (Elliot Gould), um idoso solitário e sem parentes que mora em um casarão enorme. Quando Leonard morre aparentemente de causas naturais, Katie é surpreendida com a informação de que ela foi nomeada no testamento dele como a única herdeira. O fato chama atenção da polícia, que começa a suspeitar de Katie, e também de um corretor de imóveis, Mickey (Cam Gigandet), que insistentemente começa a rondar a casa. Aos poucos, Katie começa a descobrir que a propriedade guarda muitos segredos.

A premissa podia ao menos render um bom filme B, mas nem isso consegue. Tudo caminha de maneira arrastada, sem ritmo, sem senso de tensão ou urgência. Conforme as diferentes forças suspeitas começam a convergir em Katie deveríamos sentir como se as paredes estivessem se fechando ao redor da protagonista, que ela está em uma situação de difícil escapatória, no entanto isso nunca acontece.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Rapsódias Revisitadas – Inspetor Faustão e o Mallandro



Resenha Inspetor Faustão e o Mallandro

Review – Inspetor Faustão e o MallandroConfesso que não lembrava o quanto este Inspetor Faustão e o Mallandro era surtado até revê-lo. O filme começa com a câmera passeando por uma feira enquanto a voz de Deus (Paulo Cesar Pereio) reclama do comércio de animais silvestres e procura seu novo campeão para proteger os animais. A câmera passa por vários personagens que encontraremos ao longo do filme até chegar no feirante Faustão (Faustão) e Deus decide que ele será seu novo campeão, fulminando a barraca com um raio e, da fumaça da destruição, Faustão surge já uniformizado de policial para o choque dos populares. Sim, um literal deus ex machina dá início ao filme e as coisas não ficam menos doidas daí em diante.

Na trama, Faustão precisa encontrar um casal de codornas, as últimas da espécie, que foram roubadas do zoológico no qual Lucinha (Luiza Tomé), namorada de Faustão, trabalha. As codornas foram roubadas pelo contrabandista Budum (Chiquinho Brandão) a mando do estadunidense Tom Cru (Claudio Mamberti), que quer as codornas por conta das propriedades misteriosas de seus ovos que supostamente o ajudariam a arrumar uma namorada.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Crítica – Eu Nunca...


Análise Crítica – Eu Nunca...


Review – Eu Nunca...
Escrita por Mindy Kaling, a série Eu Nunca... parece ser mais uma narrativa cômica adolescente sobre perda de virgindade. Aos poucos, no entanto, vai mostrando ser um pouco mais que isso ao lidar com os traumas da protagonista e desenvolvendo os dramas de seus personagens.

A trama é centrada em Devi (Maitreyi Ramakrishnan) uma jovem de descendência indiana que começa o segundo ano do ensino médio decidida a perder a virgindade e se tornar popular. Ela decide essa guinada depois de um ano difícil envolvendo a morte do pai e de ficar com as pernas paralisadas. Agora que voltou a andar, Devi quer correr atrás do tempo perdido, mas a vida escolar guarda surpresas.

De certa forma, a série adere a batidas bem típicas dessas tramas adolescentes, como a protagonista que quer tanto ser popular que se afasta das amigas e se torna o tipo de megera que desprezava, o garoto com quem tem rivalidade, mas que acaba se aproximando dela, o galã popular que a protagonista quer a todo custo pegar. Tudo está aí, presente, mas o texto de Mindy Kaling evita que seus personagens sejam arquétipos vazios ao dar a eles seus próprios conflitos e problemas, ajudando a humanizar todos esses personagens e dando mais complexidade a eles.