Conhecia muito pouco sobre a trajetória da cantora e artista plástica chilena Violeta Parra. Sabia que era um nome importante da arte e cultura do Chile, mas nunca tive muito contato com a obra dela. Foi movido pela curiosidade de conhecer mais e também pelo meu interesse em filmes nos quais a canção popular desempenha um papel importante que fui conferir esse Violeta Foi Para o Céu, originalmente lançado em 2011.
A trama segue a trajetória de
Violeta Parra (Francisca Gavilán), sendo enquadrada a partir de uma entrevista
que Violeta dá para uma emissora de televisão. A partir da fala dela a trama
viaja para os principais momentos da vida da artista. A montagem se vale da
estrutura testemunhal que guia a trama para organizar as imagens como se de
fato estivéssemos vendo o fluxo de consciência de Violeta transitando por suas
memórias, muitas vezes misturando tempos, espaços e imagens da subjetividade da
protagonista usando a música para dar unidade a essas descontinuidades
imagéticas.
De certa forma são essas escolhas
de estrutura e de montagem que conferem personalidade ao filme, já que em
termos de narrativa o texto segue bem o formato padrão de biografias de
músicos. Acompanhamos a infância, as dificuldades, o despertar de seu interesse
artístico, a inspiração de seus sucessos, os momentos de triunfo, os
desencontros afetivos e sua decadência. Não fosse o esforço de fazer o
espectador mergulhar no fluxo de pensamento da protagonista, o resultado seria
bem quadrado.