Lançado em 2005, o documentário O Homem Urso chama atenção não só pela
história de Timothy Treadwell, que durante 13 anos seguidos passou o verão
acampando em uma reserva de ursos pardos para viver entre os animais, mas pelo
modo como o diretor Werner Herzog conta a história de Treadwell. Seria fácil,
considerando as centenas de horas de material filmado pelo próprio Treadwell
que Herzog teve acesso, pintar o sujeito simplesmente como um doido varrido
caricato, na linha de alguma figura como o Joe Exotic de A Máfia dos Tigres (2020).
Seria fácil também Herzog guardar
a informação da morte brutal de Treadwell e da companheira nas garras dos ursos
que tentava proteger para o final de modo a criar uma reviravolta chocante. Ao
invés disso, o diretor traz essa informação já no início, se preocupando mais
em tentar entender quem era Treadwell e quais foram suas motivações para se
arriscar ao ponto de eventualmente morrer. O olhar de Herzog é de empatia e
respeito pelo seu personagem, no entanto, a linguagem direta e seca do diretor
jamais romantiza o ator/ativista, deixando claras as suas falhas e também a ineficiência
da militância dele pelos ursos.