Durante muito tempo o cinema foi
considerado um meio de natureza visual. A chegada da projeção síncrona do som
no final da década de 1920 provocou um intenso debate sobre a natureza desse
meio expressivo e o lugar do som no audiovisual. Nessa época, muito se falou
sobre o som ser uma espécie de apêndice, um acompanhamento redundante
desnecessário que vulgarizava a dita pureza visual do cinema. Durante muito
tempo essa visão prevaleceu, com o som sendo tratado como algo menos
importante.
Só lá pelos anos 80 que teóricos
como Rick Altman ou Michel Chion começaram a defender o valor expressivo do
som, não como um mero acompanhamento, mas como uma outra camada de produção de
sentidos, sensações e emoções. Chion chegou a cunhar o termo “valor
acrescentado” para se referir a como o som agregava capacidade expressiva ao
audiovisual. Eu digo tudo isso porque este A
Vastidão da Noite, que chegou no Brasil via Amazon Prime, resgata
exatamente essa ideia da força expressiva do som.
A trama se passa no interior dos
Estados Unidos da década de 50, um período em que o rádio começava a perder
espaço para a televisão. Em uma noite, o locutor de rádio Everett (Jake
Horowitz) e sua melhor amiga Fay (Sierra McCormick), uma operadora de central
telefônica, descobrem uma estranha frequência sonora e decidem investigar.