terça-feira, 9 de junho de 2020

Crítica – The Looming Tower


Análise Crítica – The Looming Tower

Review – The Looming Tower
Depois dos ataques de 11 de setembro muitas teorias da conspiração começaram a pipocar. De inferências que foi tudo feito em acordo entre o governo dos EUA e a família real saudita, a proposições de que apenas o ataque às torres foi real e todo resto encenado. A verdade, no entanto, pode ser muito mais simples, como sugere o premiado livro-reportagem O Vulto das Torres, escrito por Lawrence Wright, que serviu de inspiração para esta minissérie The Looming Tower, produção da Hulu que chega ao Brasil via Amazon Prime.

A começa ainda no final da década de noventa e é centrada em John O’Neill (Jeff Daniels), especialista em contraterrorismo do FBI. John começa a prestar atenção na ameaça potencial de Osama Bin Laden e da Al-Qaeda graças a ajuda do agente Ali Soufan (Tahar Rahim), um libanês criado nos EUA que entende a filosofia dos radicais islâmicos. O FBI, no entanto, não é a única agência de olho neles, com a CIA também possuindo uma divisão própria dedicada a coletar informações sobre a rede liderada por Bin Laden. O problema é que ao invés de cooperarem, as duas agências brigavam pela jurisdição dos casos e ocultavam informações uma da outra e isso basicamente permitiu que os atentados acontecessem.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Crítica – The Last Days of American Crime

Análise Crítica – The Last Days of American Crime

Crítica – The Last Days of American Crime
Adaptado de uma graphic novel de mesmo nome, este The Last Days of American Crime, nova produção original da Netflix, consegue ser simultaneamente longo demais e ainda assim incapaz de construir de maneira convincente os arcos de alguns de seus personagens ou mesmo um universo envolvente. Tudo isso faz suas desnecessárias duas horas e meia extremamente cansativas.

A trama se passa em um futuro próximo distópico no qual o governo dos EUA está prestes a acabar com o crime usando um sinal sonoro que paralisa as pessoas que pensem em cometer algo ilegal. Em meio a isso está o ladrão Bricke (Edgar Ramírez), cujo irmão morreu na prisão ao ser usado como uma das cobaias para o tal sinal. Como vingança, ele decide roubar bilhões de uma reserva federal dias antes do sinal ser ativado e usar esse dinheiro para fugir do país. Para tal, contará com a ajuda do gângster Kevin (Michael Pitt) e da hacker Shelby (Anna Brewster).

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Crítica – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition

Análise Crítica – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition

Review – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition
Apesar de ter possuído um Nintendo Wii e ser fã de JRPGs, eu não cheguei a jogar Xenoblade Chronicles quando foi originalmente lançado. Isso porque o game saiu bem no fim do ciclo de vida do Wii e ainda por cima levou mais de um ano até ser lançado no ocidente. A esse ponto eu já tinha vendido meu console e adquirido um Playstation 3, perdendo esse e outro elogiado JRPG em The Last Story. Xenoblade Chronicles chegou a receber um port para 3DS, mas também não joguei essa versão. Assim sendo, este Xenoblade Chronicles lançado para Nintendo Switch foi minha oportunidade de conferir a aventura de Shulk e seus aliados.

A trama chama a atenção pela sua ambientação singular. O mundo se situa nos corpos de dois titãs gigantescos, Bionis e Mechonis, que milênios atrás travaram uma intensa batalha até os dois ficarem paralisados e sem vida. No corpo de Bionis surgiram os humanos (ou Homs) e outras espécies orgânicas, enquanto que no corpo de Mechonis surgiram os Mechons, seres mecânicos que constantemente atacam os habitantes de Bionis, por razões desconhecidas. A única arma capaz de causar dano aos Mechons é a misteriosa espada Monado, que nas mãos jovem Shulk é também capaz de prever o futuro. Assim, Shulk parte em uma jornada para deter os Mechons e desvendar os mistérios da Monado.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Crítica – Chips: O Filme



Análise Crítica – Chips: O Filme

Review – Chips: O FilmeÉ bem evidente desde os primeiros minutos desse Chips: O Filme que a intenção é refazer a famosa série Chips, estrelada por Erik Estrada na década de 70, em uma comédia sem noção nos moldes do remake de Anjos da Lei para os cinemas. No entanto, esse Chips: O Filme carece do nível de absurdo e metalinguagem que as comédias estreladas por Jonah Hill e Channing Tatum exibiam.

Na trama, Jon (Dax Shepard) é um motociclista em fim de carreira depois de múltiplos acidentes e decide se reinventar entrando para a patrulha rodoviária da Califórnia. Ele acaba se tornando parceiro de Frank “Ponch” Poncherello (Michael Peña), sem saber que Ponch é na verdade um agente do FBI infiltrado na patrulha para desbaratar uma gangue de oficiais corruptos que tem cometido roubos nas rodovias.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Crítica – A Vastidão da Noite


Análise Crítica – A Vastidão da Noite

Review – A Vastidão da NoiteDurante muito tempo o cinema foi considerado um meio de natureza visual. A chegada da projeção síncrona do som no final da década de 1920 provocou um intenso debate sobre a natureza desse meio expressivo e o lugar do som no audiovisual. Nessa época, muito se falou sobre o som ser uma espécie de apêndice, um acompanhamento redundante desnecessário que vulgarizava a dita pureza visual do cinema. Durante muito tempo essa visão prevaleceu, com o som sendo tratado como algo menos importante.

Só lá pelos anos 80 que teóricos como Rick Altman ou Michel Chion começaram a defender o valor expressivo do som, não como um mero acompanhamento, mas como uma outra camada de produção de sentidos, sensações e emoções. Chion chegou a cunhar o termo “valor acrescentado” para se referir a como o som agregava capacidade expressiva ao audiovisual. Eu digo tudo isso porque este A Vastidão da Noite, que chegou no Brasil via Amazon Prime, resgata exatamente essa ideia da força expressiva do som.

A trama se passa no interior dos Estados Unidos da década de 50, um período em que o rádio começava a perder espaço para a televisão. Em uma noite, o locutor de rádio Everett (Jake Horowitz) e sua melhor amiga Fay (Sierra McCormick), uma operadora de central telefônica, descobrem uma estranha frequência sonora e decidem investigar.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Crítica – Space Force: 1ª Temporada



Análise Crítica – Space Force: 1ª Temporada

Review – Space Force: 1ª Temporada
Se vocês acham que a ideia de uma divisão das forças armadas dos EUA atuando no espaço como algo absurdo, saibam que é uma possibilidade muito real. A criação de uma “Força Espacial” vem sendo ventilada pelo presidente Donald Trump desde que assumiu o cargo e pode ser que essa divisão já exista agora. A série Space Force tenta imaginar exatamente o que aconteceria se essa divisão existisse e como seria o cotidiano dos militares desse ramo.

A narrativa é centrada no general Naird (Steve Carell), recém promovido a general de quatro estrelas, o posto mais alto das forças armadas dos EUA e escolhido para comanda a recém criada divisão espacial do exército. Ao lado dele estará o cientista-chefe da divisão de pesquisas espaciais, Adrian Mallory (John Malkovich), que constantemente entra em atrito com Naird por se recusar a ver seu trabalho sendo usado para fins de guerra e morte.

É difícil não olhar para o Naird de Carell e não pensar no Michael Scott de The Office, personagem que tornou o ator célebre. Não só Space Force também é uma comédia sobre um ambiente de trabalho, como Naird é também um sujeito bem intencionado, mas meio egocêntrico, babaca, esquisito e inseguro como Michael Scott. Assim como seu personagem em The Office, Naird poderia facilmente se transformar em um mané insuportável, mas Carell dá a ele uma vulnerabilidade e ingenuidade que acaba nos aproximando do personagem.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Crítica – Mortal Kombat 11 Aftermath

Análise Crítica – Mortal Kombat 11 Aftermath

Review – Mortal Kombat 11 Aftermath
Eu imaginei que depois da primeira onda de personagens adicionais, Mortal Kombat 11 oferecesse uma segunda de combatentes (ou seria kombatentes?), dado o sucesso do jogo. Fui, no entanto, surpreendido com o anúncio deste Mortal Kombat 11 Aftermath, que além de inserir três novos personagens também trazia uma expansão do modo história com uma campanha servindo de epílogo para a trama principal.

O novo conteúdo pode ser dividido em dois. De um lado há uma série de adições gratuitas, como novos estágios e novos golpes para todos os personagens, como os Friendships, finalizações engraçadinhas para quem não quiser terminar a luta com um sangrento Fatality, e os Stage Fatalities, finalizações que podem ser feitas em estágios específicos. A essas novidades também vem uma série de alterações para fins de balanceamento que devem mudar um pouco o metajogo.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Crítica – Te Pego na Saída




Resenha Crítica – Te Pego na Saída

Review – Te Pego na SaídaVocês já se perguntaram como seria se o filme Te Pego Lá Fora (1987) substituísse seus protagonistas de alunos para professores? Não? Bem, problema seu, pois perguntando isso ou não este Te Pego na Saída é a resposta e não é lá uma resposta muito boa. Na trama, depois de fazer o bruto professor Strickland (Ice Cube) ser demitido, o manso professor Campbell (Charlie Day) é desafiado para uma briga por Strickland depois do horário da aula.

O primeiro problema é que toda a situação é bem difícil de embarcar. Eu sei que a comédia é um gênero marcado pelo exagero e pelo absurdo, mas mesmo esses absurdos precisam ser algo que precisamos acreditar que seria possível acontecer, como fazem filmes tipo Se Beber Não Case (2009) ou o recente Bons Meninos (2019). Aqui, no entanto, nada soa crível ou genuíno, com muitas situações parecendo falsas ao ponto em que a imersão do espectador é quebrada.

Quando somos apresentados ao agressivo Strickland, é difícil crer que alguém com a conduta agressiva dele sobreviveria no constante escrutínio de pais do sistema de educação pública dos EUA. Também é difícil embarcar na ideia que o aluno que Strickland ataca com um machado iria evitar dedurar o professor. O desafio feito a Campbell também não faz sentido. Se Strickland foi demitido por agredir um aluno, porque a escola o deixaria terminar o expediente? Seria mais provável que ele fosse colocado para fora do campus. Porque esperar até o fim da aula para dar uma surra em Campbell se ele poderia fazer isso assim que saem da sala do diretor? Se a informação da briga viraliza na internet em questão de minutos, como o diretor ou o resto das instâncias superiores parece não saber ou não faz nada para evitar?

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Crítica – O Estranho que Nós Amamos



Análise Crítica – O Estranho que Nós Amamos

Review – O Estranho que Nós AmamosDirigido por Sofia Coppola, este O Estranho que Nós Amamos é uma nova adaptação de um filme de mesmo nome lançado em 1971, que era baseado em um romance escrito por Thomas P. Cullinan. Não vi o original nem li o livro, então não sei dizer até que ponto essa versão da Sofia se aproxima ou se afasta. De todo modo, o que Sofia Coppola constrói aqui é uma competente metáfora para as relações entre masculino e feminino.

A trama se passa no período da guerra civil dos Estados Unidos e é centrada em um pequeno colégio interno para mulheres liderado por Miss Martha (Nicole Kidman). Um dia um soldado do norte, John McBurney (Colin Farrell), é encontrado ferido na floresta próxima ao casarão em que todas vivem. O soldado é levado para dentro da casa, onde Martha e as demais mulheres que ali habitam se comprometem a cuidar dos ferimentos dele. Aos poucos, algumas mulheres da casa vão se envolvendo com o soldado, o que começa a gerar problemas e ciúmes entre as garotas.

Poderia ser uma trama sobre rivalidade feminina e como todas as mulheres fazem de tudo para agarrar um homem, mas nas mãos de Sofia Coppola, o material acaba sendo virado ao avesso. O que a diretora faz é usar essa trama para falar de como a sociedade tem uma estrutura patriarcal, na qual as mulheres, mesmo em maior número, se preocupam mais em agradar um homem do que a si mesmas.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Rapsódias Revisitadas – O Homem Urso



Análise crítica – O Homem Urso

Review – O Homem UrsoLançado em 2005, o documentário O Homem Urso chama atenção não só pela história de Timothy Treadwell, que durante 13 anos seguidos passou o verão acampando em uma reserva de ursos pardos para viver entre os animais, mas pelo modo como o diretor Werner Herzog conta a história de Treadwell. Seria fácil, considerando as centenas de horas de material filmado pelo próprio Treadwell que Herzog teve acesso, pintar o sujeito simplesmente como um doido varrido caricato, na linha de alguma figura como o Joe Exotic de A Máfia dos Tigres (2020).

Seria fácil também Herzog guardar a informação da morte brutal de Treadwell e da companheira nas garras dos ursos que tentava proteger para o final de modo a criar uma reviravolta chocante. Ao invés disso, o diretor traz essa informação já no início, se preocupando mais em tentar entender quem era Treadwell e quais foram suas motivações para se arriscar ao ponto de eventualmente morrer. O olhar de Herzog é de empatia e respeito pelo seu personagem, no entanto, a linguagem direta e seca do diretor jamais romantiza o ator/ativista, deixando claras as suas falhas e também a ineficiência da militância dele pelos ursos.