segunda-feira, 15 de junho de 2020

Crítica – Destacamento Blood


Análise Crítica – Destacamento Blood

Resenha Crítica – Destacamento Blood
Spike Lee provavelmente não imaginou que Destacamento Blood, seu filme mais recente, seria lançado bem em meio a uma série de protestos sobre racismo e violência estatal contra a população negra dos Estados Unidos. Chegando via Netflix durante um momento político e um contexto de recepção que torna seus temas ainda mais relevantes, é difícil negar a força do trabalho de Lee aqui, ainda que tenha suas falhas.

Na trama, um grupamento de soldados negros que combateu junto na guerra do Vietnã retorna ao país nos dias de hoje para recuperar o corpo de um companheiro de farda que morreu em combate na selva. Eles também tem um segundo motivo: recuperar uma mala de ouro que resgataram de um avião de transporte da CIA e enterraram na floresta.

A narrativa, em essência, trata sobre duas guerras ou duas lutas que, para os personagens, nunca acabaram. Eles continuam vivendo o Vietnã, carregando em si todos os traumas e arrependimentos da guerra, assim como continuam vivendo a luta contra o racismo, por terem sido jogados em uma guerra para lutar, morrer e defender um país que os trata como cidadãos de segunda classe.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Drops – Férias Frustradas



Análise Crítica - Férias Frustradas

Review - Férias FrustradasFuncionando simultaneamente como uma continuação e um reboot do filme de 1983, este novo Férias Frustradas não tem lá muita trama e o arco dos personagens é previsível, mas tem momentos suficientemente divertidos para valer a experiência.

A narrativa acompanha a família Griswold liderada por Rusty (Ed Helms). Percebendo que seus filhos e esposa não estão com vontade de ir para o destino de férias habitual da família, ele decide repetir a viagem que fez na infância (nos eventos do Férias Frustradas original) e levar a família em uma viagem de carro através do país para o parque de diversões Walley World. Logicamente nem tudo dá certo ao longo da viagem e a família se coloca em muitas confusões.

A trama em si é bem previsível, com a família eventualmente colocando as diferenças de lado e aprendendo a cuidar melhor um do outro. O texto também tem sua parcela de furos e algumas incoerências, mas não chega a ser nada que quebre a imersão, principalmente porque não é o tipo de filme que assistimos pela história.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Drops – Doce Argumento

Análise Crítica – Doce Argumento

Review – Doce ArgumentoDoce Argumento é uma daquelas comédias bem lugar-comum que inundam constantemente o catálogo da Netflix, partindo da tradicional premissa do casal que se detesta, mas eventualmente descobre que se ama sem, no entanto, oferecer nada de novo ou diferente a esse clichê batido.

Na trama, Bennett (Jacob Latimore) e Lona (Sami Gayle) disputam a liderança do clube de debate da escola e são rivais desde a juventude. Ambos contam com a vitória no campeonato estadual de debate como meio de entrarem em uma boa universidade, mas quando não se classificam individualmente, tentam entrar como dupla. Ao trabalharem juntos, obviamente colocarão as diferenças de lado e vão descobrir que tem tudo a ver um com o outro.

Assim como outras comédias românticas da Netflix, a exemplo de Amor em Obras (2019), o principal problema nem é só a trama previsível, mas a completa ausência de drama ou conflito. Imaginamos que a disputa do campeonato será esse elemento, já que ambos contam com a vitória, mas isso é resolvido quando eles passam a competir como dupla. A informação de que as mães dos dois, Amy (Christina Hendricks) e Julia (Uso Aduba), foram rivais no colégio parece indicar que algum conflito surgirá disso, mas nada acontece nessa frente também.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Rapsódias Revisitadas – Pra Lá de Bagdá

Análise Crítica - Pra Lá de Bagdá


Review - Pra Lá de BagdáQuando foi originalmente lançado em 1998 a comédia de maconheiros Pra Lá de Bagdá não fez muito sucesso. Foi massacrada pela crítica e não rendeu muito em termos de bilheteria. Com o tempo, no entanto, acabou se tornando meio que um filme cult, provavelmente por ter algumas cenas realmente memoráveis ou pelo ganho de popularidade do comediante Dave Chappelle, que não era tão conhecido quando o filme estreou e hoje é um artista premiado.

Em essência Pra Lá de Bagdá é mais uma comédia de maconheiros ao estilo daquelas estreladas por Cheech e Chong, por exemplo. Na trama, Thurgood (Dave Chappelle) trabalha como faxineiro em uma empresa farmacêutica que faz experiências com maconha medicinal. Quando o amigo dele, Kenny (Harland Williams), é preso, Thurgood e seus outros companheiros de apartamento, Scarface (Guillermo Diaz, o Huck de Scandal) e Brian (Jim Breuer) decidem roubar a maconha do laboratório para vender nas ruas e levantar dinheiro para pagar a fiança de Kenny.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Crítica – The Looming Tower


Análise Crítica – The Looming Tower

Review – The Looming Tower
Depois dos ataques de 11 de setembro muitas teorias da conspiração começaram a pipocar. De inferências que foi tudo feito em acordo entre o governo dos EUA e a família real saudita, a proposições de que apenas o ataque às torres foi real e todo resto encenado. A verdade, no entanto, pode ser muito mais simples, como sugere o premiado livro-reportagem O Vulto das Torres, escrito por Lawrence Wright, que serviu de inspiração para esta minissérie The Looming Tower, produção da Hulu que chega ao Brasil via Amazon Prime.

A começa ainda no final da década de noventa e é centrada em John O’Neill (Jeff Daniels), especialista em contraterrorismo do FBI. John começa a prestar atenção na ameaça potencial de Osama Bin Laden e da Al-Qaeda graças a ajuda do agente Ali Soufan (Tahar Rahim), um libanês criado nos EUA que entende a filosofia dos radicais islâmicos. O FBI, no entanto, não é a única agência de olho neles, com a CIA também possuindo uma divisão própria dedicada a coletar informações sobre a rede liderada por Bin Laden. O problema é que ao invés de cooperarem, as duas agências brigavam pela jurisdição dos casos e ocultavam informações uma da outra e isso basicamente permitiu que os atentados acontecessem.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Crítica – The Last Days of American Crime

Análise Crítica – The Last Days of American Crime

Crítica – The Last Days of American Crime
Adaptado de uma graphic novel de mesmo nome, este The Last Days of American Crime, nova produção original da Netflix, consegue ser simultaneamente longo demais e ainda assim incapaz de construir de maneira convincente os arcos de alguns de seus personagens ou mesmo um universo envolvente. Tudo isso faz suas desnecessárias duas horas e meia extremamente cansativas.

A trama se passa em um futuro próximo distópico no qual o governo dos EUA está prestes a acabar com o crime usando um sinal sonoro que paralisa as pessoas que pensem em cometer algo ilegal. Em meio a isso está o ladrão Bricke (Edgar Ramírez), cujo irmão morreu na prisão ao ser usado como uma das cobaias para o tal sinal. Como vingança, ele decide roubar bilhões de uma reserva federal dias antes do sinal ser ativado e usar esse dinheiro para fugir do país. Para tal, contará com a ajuda do gângster Kevin (Michael Pitt) e da hacker Shelby (Anna Brewster).

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Crítica – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition

Análise Crítica – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition

Review – Xenoblade Chronicles: Definitive Edition
Apesar de ter possuído um Nintendo Wii e ser fã de JRPGs, eu não cheguei a jogar Xenoblade Chronicles quando foi originalmente lançado. Isso porque o game saiu bem no fim do ciclo de vida do Wii e ainda por cima levou mais de um ano até ser lançado no ocidente. A esse ponto eu já tinha vendido meu console e adquirido um Playstation 3, perdendo esse e outro elogiado JRPG em The Last Story. Xenoblade Chronicles chegou a receber um port para 3DS, mas também não joguei essa versão. Assim sendo, este Xenoblade Chronicles lançado para Nintendo Switch foi minha oportunidade de conferir a aventura de Shulk e seus aliados.

A trama chama a atenção pela sua ambientação singular. O mundo se situa nos corpos de dois titãs gigantescos, Bionis e Mechonis, que milênios atrás travaram uma intensa batalha até os dois ficarem paralisados e sem vida. No corpo de Bionis surgiram os humanos (ou Homs) e outras espécies orgânicas, enquanto que no corpo de Mechonis surgiram os Mechons, seres mecânicos que constantemente atacam os habitantes de Bionis, por razões desconhecidas. A única arma capaz de causar dano aos Mechons é a misteriosa espada Monado, que nas mãos jovem Shulk é também capaz de prever o futuro. Assim, Shulk parte em uma jornada para deter os Mechons e desvendar os mistérios da Monado.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Crítica – Chips: O Filme



Análise Crítica – Chips: O Filme

Review – Chips: O FilmeÉ bem evidente desde os primeiros minutos desse Chips: O Filme que a intenção é refazer a famosa série Chips, estrelada por Erik Estrada na década de 70, em uma comédia sem noção nos moldes do remake de Anjos da Lei para os cinemas. No entanto, esse Chips: O Filme carece do nível de absurdo e metalinguagem que as comédias estreladas por Jonah Hill e Channing Tatum exibiam.

Na trama, Jon (Dax Shepard) é um motociclista em fim de carreira depois de múltiplos acidentes e decide se reinventar entrando para a patrulha rodoviária da Califórnia. Ele acaba se tornando parceiro de Frank “Ponch” Poncherello (Michael Peña), sem saber que Ponch é na verdade um agente do FBI infiltrado na patrulha para desbaratar uma gangue de oficiais corruptos que tem cometido roubos nas rodovias.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Crítica – A Vastidão da Noite


Análise Crítica – A Vastidão da Noite

Review – A Vastidão da NoiteDurante muito tempo o cinema foi considerado um meio de natureza visual. A chegada da projeção síncrona do som no final da década de 1920 provocou um intenso debate sobre a natureza desse meio expressivo e o lugar do som no audiovisual. Nessa época, muito se falou sobre o som ser uma espécie de apêndice, um acompanhamento redundante desnecessário que vulgarizava a dita pureza visual do cinema. Durante muito tempo essa visão prevaleceu, com o som sendo tratado como algo menos importante.

Só lá pelos anos 80 que teóricos como Rick Altman ou Michel Chion começaram a defender o valor expressivo do som, não como um mero acompanhamento, mas como uma outra camada de produção de sentidos, sensações e emoções. Chion chegou a cunhar o termo “valor acrescentado” para se referir a como o som agregava capacidade expressiva ao audiovisual. Eu digo tudo isso porque este A Vastidão da Noite, que chegou no Brasil via Amazon Prime, resgata exatamente essa ideia da força expressiva do som.

A trama se passa no interior dos Estados Unidos da década de 50, um período em que o rádio começava a perder espaço para a televisão. Em uma noite, o locutor de rádio Everett (Jake Horowitz) e sua melhor amiga Fay (Sierra McCormick), uma operadora de central telefônica, descobrem uma estranha frequência sonora e decidem investigar.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Crítica – Space Force: 1ª Temporada



Análise Crítica – Space Force: 1ª Temporada

Review – Space Force: 1ª Temporada
Se vocês acham que a ideia de uma divisão das forças armadas dos EUA atuando no espaço como algo absurdo, saibam que é uma possibilidade muito real. A criação de uma “Força Espacial” vem sendo ventilada pelo presidente Donald Trump desde que assumiu o cargo e pode ser que essa divisão já exista agora. A série Space Force tenta imaginar exatamente o que aconteceria se essa divisão existisse e como seria o cotidiano dos militares desse ramo.

A narrativa é centrada no general Naird (Steve Carell), recém promovido a general de quatro estrelas, o posto mais alto das forças armadas dos EUA e escolhido para comanda a recém criada divisão espacial do exército. Ao lado dele estará o cientista-chefe da divisão de pesquisas espaciais, Adrian Mallory (John Malkovich), que constantemente entra em atrito com Naird por se recusar a ver seu trabalho sendo usado para fins de guerra e morte.

É difícil não olhar para o Naird de Carell e não pensar no Michael Scott de The Office, personagem que tornou o ator célebre. Não só Space Force também é uma comédia sobre um ambiente de trabalho, como Naird é também um sujeito bem intencionado, mas meio egocêntrico, babaca, esquisito e inseguro como Michael Scott. Assim como seu personagem em The Office, Naird poderia facilmente se transformar em um mané insuportável, mas Carell dá a ele uma vulnerabilidade e ingenuidade que acaba nos aproximando do personagem.