Spike Lee provavelmente não imaginou
que Destacamento Blood, seu filme mais recente, seria lançado bem
em meio a uma série de protestos sobre racismo e violência estatal contra a
população negra dos Estados Unidos. Chegando via Netflix durante um momento
político e um contexto de recepção que torna seus temas ainda mais relevantes,
é difícil negar a força do trabalho de Lee aqui, ainda que tenha suas falhas.
Na trama, um grupamento de soldados
negros que combateu junto na guerra do Vietnã retorna ao país nos dias de hoje
para recuperar o corpo de um companheiro de farda que morreu em combate na
selva. Eles também tem um segundo motivo: recuperar uma mala de ouro que
resgataram de um avião de transporte da CIA e enterraram na floresta.
A narrativa, em essência, trata sobre
duas guerras ou duas lutas que, para os personagens, nunca acabaram. Eles
continuam vivendo o Vietnã, carregando em si todos os traumas e arrependimentos
da guerra, assim como continuam vivendo a luta contra o racismo, por terem sido
jogados em uma guerra para lutar, morrer e defender um país que os trata como
cidadãos de segunda classe.