Apesar de ser mais lembrado pelos dois filmes do Batman que
dirigiu, o diretor Joel Schumacher também conduziu muitos filmes marcantes nas
décadas de 80 e 90, como O Primeiro Ano
do Resto de Nossas Vidas (1985), Os
Garotos Perdidos (1987) e Um Dia de
Fúria (1993), o filme que revisitaremos hoje nessa coluna.
A trama segue um trabalhador (Michael Douglas) que abandona
o carro em um engarrafamento e decide ir andando para casa, já que é
aniversário da filha. Ao longo do caminho, ele não encontra nada além de
hostilidade e responde a isso de maneira agressiva, criando ainda mais
violência e espalhando o caos por onde passa.
A narrativa opera em vários níveis de crítica à sociedade e
cultura dos Estados Unidos e como o resultado de um grupo social com essa
estrutura e valores é uma receita para o desastre. A primeira coisa que chama
atenção é o individualismo. Praticamente todas as pessoas com as quais o
protagonista se encontra veem apenas o próprio lado e tentam se impor diante do
protagonista. O que resulta nessas interações não é uma conversa, uma troca,
mas um duelo em que um tenta forçar o outro a fazer o que quer e no qual o mais
agressivo sai vitorioso. Uma sociedade na qual as pessoas só se preocupam
consigo mesmas.