Desenvolvido pela Remedy, os mesmos criadores de Alan Wake e Quantum Break, Control foi
lançado em agosto de 2019, mas só agora eu consegui jogá-lo e fiquei
impressionado pelo como o game consegue criar uma atmosfera singular de
estranheza e mistério. Na trama do jogo, a protagonista Jesse está em busca do
irmão que foi levado por agentes do governo quando eram crianças. A busca leva
Jesse ao prédio do misterioso Departamento Federal de Controle, uma espécie de
departamento secreto voltado para pesquisar e defender a população de ameaças
paranormais.
segunda-feira, 6 de julho de 2020
Control e a construção de atmosfera em games
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Games,
Reflexões Boêmias

sexta-feira, 3 de julho de 2020
Rapsódias Revisitadas – Miss Tacuarembó

Na trama, a jovem Natalia Cristal
(Natalia Oreiro) sempre sonhou em ser uma cantora de sucesso, desde sua
infância na pequena cidade de Tacuerembó até quando se mudou para a Argentina.
Ela acredita ter conseguido sua chance quando é chamada para participar do reality show “Tudo por um Sonho”, mas na
verdade isso é um pretexto da produção para promover um encontro entre ela e
sua mãe adotiva, Haydeé (Mirela Pascual), a quem Natalia não vê há anos.
A história é contada sob o
enquadramento do reality show, com
Natalia e Haydeé contando a história delas para a excêntrica apresentadora do
programa, Patricia (Rossy de Palma). As idas ao passado curiosamente tem a
fotografia carregada em tons de sépia, conferindo as imagens um aspecto de foto
antiga, desgastada, denotando que estamos diante de uma memória.
Labels:
Musical,
Rapsódias Revisitadas

quinta-feira, 2 de julho de 2020
Crítica – Pequenos Incêndios Por Toda Parte
Em seu primeiro episódio, a minissérie Pequenos Incêndios Por Toda Parte, adaptação do romance de mesmo
nome de Celeste Ng, parece ser mais uma daquelas narrativas do “salvador
branco”, aquela em que uma pessoa branca privilegiada ajuda uma pessoa negra
que aparentemente é incapaz de ajudar a si mesma juntas as duas aprendem
valiosas lições uma com a outra. A indústria hollywoodiana adora esse tipo de
história, muitas vezes premiando esses filmes que colocam pessoas negras como
figuras passivas que precisam de um branco para lutarem pelo que querem, já
vimos isso em Um Sonho Possível (2009)
ou em Green Book (2019) e essa minissérie
parecia ser mais um exemplar desse clichê anacrônico. O texto a seguir contem
SPOILERS para a série.
Digo “parecia” porque, na verdade, ela é qualquer coisa
menos isso. A trama usa esse premissa batida para virá-la ao avesso, para
mostrar que a “salvadora branca” não é a heroína da história, mas a vilã. Que
esse tropos não é progressista, mas
uma força de manutenção do status quo,
feito para que tudo continue igual, expiando a culpa de uma elite branca pelas
desigualdades, mas sem promover uma transformação real, mantendo as minorias no
lugar que as elites reservaram a elas.

quarta-feira, 1 de julho de 2020
Drops - Sócias em Guerra

Haddish e Byrne conseguem convencer como duas pessoas que se
conhecem a vida inteira, mas o roteiro muitas vezes pesa tanto a mão na
imaturidade e estupidez das duas que é difícil se importar com elas. Isso fica
evidente em situações cômicas sem sentido, como quando elas tentam roubar um
drone no escritório de Claire. Elas estavam prestes a se encontrar com uma
pessoa que poderia salvar o negócio delas e a primeira coisa que tentam fazer
enquanto esperam para entrar na reunião é roubar algo que nem precisam? Qual o
motivo disso?

terça-feira, 30 de junho de 2020
Crítica – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
De certa forma este Festival
Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars acaba sendo similar a outras
comédias protagonizadas por Will Ferrell. Tal como em Ricky Bobby: A Toda Velocidade (2006) e Escorregando para a Glória (2007), é uma história sobre um sujeito
faz uma dupla com outra pessoa igualmente excêntrica para participar de uma
competição em um nicho muito específico.
Na trama, Lars (Will Ferrell) e Sigrit (Rachel McAdams) tem
uma banda juntos e sonham em participar do festival Eurovision (uma competição
real que existe desde 1956), que reúne músicos de toda Europa em uma competição
musical, representando a Islândia, pais natal deles. Quando uma série de
acidentes bizarros elimina todos os outros músicos islandeses que tentavam
entrar no festival, Lars e Sigrit tem a chance de realizar o sonho deles.
O problema no filme nem é parecer demais em termos de
premissa com outros feitos por Ferrell e sim não conseguir nos envolver com esses
personagens. Ferrell aqui e ali consegue colocar uma frase de efeito divertida,
mas muito da comédia, como a relação entre Lars e o pai (Pierce Brosnan), e
outros elementos não funcionam.

segunda-feira, 29 de junho de 2020
Crítica – A Despedida

Na trama, Billi (Awkwafina) viaja de volta para China para
ir ao casamento de um primo depois de descobrir que avó, Nai Nai (Shuzhen Zhao)
foi diagnosticada com um câncer severo e aparentemente tem apenas três meses de
vida. Chegando lá, descobre que os parentes optaram por não contar para a avó
do seu estado de saúde, para que ela aproveite melhor seus últimos dias sem se
preocupar. Billi, no entanto, fica dividida com essa escolha, já que não poderá
se despedir adequadamente da avó e provavelmente não conseguirá voltar à China
para visitá-la uma outra vez.
A diretora Lulu Wang conduz tudo com muita sutileza,
deixando que os personagens comuniquem seus sentimentos mais com os corpos e
gestos do que com as palavras. Há muitos momentos de silêncio, seja em cenas
coletivas ou em segmentos em que Billi está sozinha, que enfatizam a natureza
contemplativa do dilema da protagonista, entre seu sentimento individual de ser
capaz de se despedir da avó e o seu compromisso com a coletividade familiar
para manter os ânimos da avó.

sexta-feira, 26 de junho de 2020
Crítica – The Sinner: 3ª Temporada
Quando falei sobre a segunda temporada de The Sinner, mencionei
que apesar de construir um mistério envolvente não dizia muito sobre a questão
da culpa que a primeira temporada já não tivesse feito. Essa terceira temporada
começa instigante, mas vai aos poucos perdendo força. Avisamos que o texto pode
conter SPOILERS.
Na trama, o detetive Harry
Ambrose (Bill Pullman) é chamado para investigar uma batida de carro que
termina com a morte do motorista, mas o passageiro, um professor de escola
particular chamado Jamie (Matt Bomer), sobrevive. Aparentemente parece só um
acidente causado pela imprudência do motorista, mas Ambrose desconfia que Jamie
conscientemente deixou o amigo, Nick (Chris Messina), morrer.
O ator Chris Messina traz uma
presença imprevisível e ameaçadora para Nick. O modo como o personagem consegue
afetar e manter o controle sobre Jamie cria um mistério envolvente sobre o que
teria acontecido no passado deles ao ponto em que Nick consegue manipular o professor
com tanta facilidade e que traumatiza Jamie ao ponto em que ele opta por deixar
Nick morrer. Matt Bomer convence da instabilidade que se instaura em Jamie a
partir do momento em que Nick volta para sua vida e também da culpa que se
instala nele depois de deixar o antigo amigo morrer, o que volta ao tema
central da série que é a culpa.

quinta-feira, 25 de junho de 2020
Rapsódias Revisitadas – Um Dia De Fúria
Apesar de ser mais lembrado pelos dois filmes do Batman que
dirigiu, o diretor Joel Schumacher também conduziu muitos filmes marcantes nas
décadas de 80 e 90, como O Primeiro Ano
do Resto de Nossas Vidas (1985), Os
Garotos Perdidos (1987) e Um Dia de
Fúria (1993), o filme que revisitaremos hoje nessa coluna.
A trama segue um trabalhador (Michael Douglas) que abandona
o carro em um engarrafamento e decide ir andando para casa, já que é
aniversário da filha. Ao longo do caminho, ele não encontra nada além de
hostilidade e responde a isso de maneira agressiva, criando ainda mais
violência e espalhando o caos por onde passa.
A narrativa opera em vários níveis de crítica à sociedade e
cultura dos Estados Unidos e como o resultado de um grupo social com essa
estrutura e valores é uma receita para o desastre. A primeira coisa que chama
atenção é o individualismo. Praticamente todas as pessoas com as quais o
protagonista se encontra veem apenas o próprio lado e tentam se impor diante do
protagonista. O que resulta nessas interações não é uma conversa, uma troca,
mas um duelo em que um tenta forçar o outro a fazer o que quer e no qual o mais
agressivo sai vitorioso. Uma sociedade na qual as pessoas só se preocupam
consigo mesmas.
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Rapsódias Revisitadas,
Suspense

quarta-feira, 24 de junho de 2020
Crítica – Wasp Network: Rede de Espiões
Dirigido
por Olivier Assayas e adaptando um livro escrito pelo brasileiro Fernando
Morais baseado em uma história real, este Wasp
Network: Rede de Espiões tinha, ao menos no papel, tudo para dar certo.
Para quem não conhece a obra de Morais, ele é um dos melhores escritores de
não-ficção do Brasil, tendo escrito biografias de figuras como Olga Benário e
Assis Chateaubriand, ambas adaptadas para o cinema em Olga (2004) e Chatô: O Rei do Brasil (2015). O produto final, porém, acaba deixando a desejar graças a
uma série de escolhas relativas à estrutura narrativa.
Adaptando
o livro Os Últimos Soldados da Guerra
Fria, escrito por Morais, a trama acompanha um grupo de agentes da
inteligência cubana que viajam aos Estados Unidos na década de noventa com o
intuito de se infiltrarem em organizações anticastristas para impedirem ataques
ao governo cubano. Entre esses agentes estão os pilotos Rene (Edgar Ramirez) e
Juan Pablo (Wagner Moura) e o burocrata Gerardo (Gael Garcia Bernal).
O
livro escrito por Morais era uma espécie de “James Bond do subdesenvolvimento”,
com os personagens precisando lidar tanto com as dificuldades de manterem uma
história falsa sobre si e todas as implicações disso, como também com os recursos
limitados da ilha para fazerem seu trabalho. O filme comandado por Assayas, no
entanto, acaba carecendo tanto de suspense quanto de drama.

terça-feira, 23 de junho de 2020
Crítica – Kidding: 2ª Temporada
Depois de uma excelente primeira temporada em que a série Kidding
levou seu protagonista provavelmente até o fundo do poço de onde os sentimentos
reprimidos dele poderiam levá-lo, essa segunda temporada parece voltada a
mostrar o esforço do personagem em se reerguer. Em muitos casos é difícil que
uma série com um ano de estreia tão bom consiga manter o nível em temporadas
posteriores, mas essa segunda consegue ser tão boa quanto a primeira.
A narrativa retoma exatamente no
ponto em que a primeira temporada acabou. Depois de atropelar Peter (Justin
Kirk), o namorado de Jill (Judy Greer), Jeff (Jim Carrey) decide doar o próprio
fígado para salvar a vida dele. Ao mesmo tempo, Deirdre (Catherine Keener) dá
prosseguimento ao processo de divórcio do marido e tenta ajudar Jeff a reerguer
o programa de televisão.
Se o mote da primeira temporada
era descer ao fim da cachoeira e entender as decisões que levaram a essa queda,
o mote da segunda parece ser o da reparação. Em como, depois das coisas serem
inevitavelmente destruídas, é possível reconstruir as coisas, em que medida
existe a possibilidade de reparação. Claro que, tal qual a primeira temporada,
os personagens permaneçam sujeitos falhos, que nem sempre tomam as melhores ou
mais louváveis decisões.

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