terça-feira, 7 de julho de 2020

Drops – 7500



Filmes que acontecem em um único espaço e com poucos personagens precisam encontrar meios de fazer a trama render com o número limitado de sets e personagens que tem em mãos. Esse 7500, produção da Amazon Prime estrelada por Joseph Gordon-Levitt quase consegue, mas tem dificuldades com o final.


Na trama, Levitt é Tobias, co-piloto de um voo saindo de Berlim com destino a Paris. Quando terroristas tentam invadir a cabine do avião e o piloto é gravemente ferido, cabe a Tobias fazer um pouso de emergência em segurança enquanto o resto dos terroristas tenta invadir sua cabine.

O filme trabalha a tensão aos poucos, começando com uma sensação de normalidade, passando por uma impressão de que algo está estranho até finalmente tudo explodir em uma situação de perigo constante. O som é um elemento fundamental para a construção da tensão aqui, já que o barulho das incessantes pancadas dos terroristas tentando invadir porta da cabine serve como um constante lembrete do perigo que todos correm ali.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Control e a construção de atmosfera em games



Desenvolvido pela Remedy, os mesmos criadores de Alan Wake e Quantum Break, Control foi lançado em agosto de 2019, mas só agora eu consegui jogá-lo e fiquei impressionado pelo como o game consegue criar uma atmosfera singular de estranheza e mistério. Na trama do jogo, a protagonista Jesse está em busca do irmão que foi levado por agentes do governo quando eram crianças. A busca leva Jesse ao prédio do misterioso Departamento Federal de Controle, uma espécie de departamento secreto voltado para pesquisar e defender a população de ameaças paranormais.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Rapsódias Revisitadas – Miss Tacuarembó


Resenha Crítica – Miss Tacuarembó

Review – Miss TacuarembóLançado em 2010, o filme uruguaio Miss Tacuarembó parece aquele musical bem tradicional sobre uma mocinha sonhadora em busca do sonho de ser cantora. De certa forma é isso, mas, ao mesmo tempo, o modo relativamente autoconsciente com o qual conta essa história acaba fazendo dele algo mais que isso.

Na trama, a jovem Natalia Cristal (Natalia Oreiro) sempre sonhou em ser uma cantora de sucesso, desde sua infância na pequena cidade de Tacuerembó até quando se mudou para a Argentina. Ela acredita ter conseguido sua chance quando é chamada para participar do reality show “Tudo por um Sonho”, mas na verdade isso é um pretexto da produção para promover um encontro entre ela e sua mãe adotiva, Haydeé (Mirela Pascual), a quem Natalia não vê há anos.

A história é contada sob o enquadramento do reality show, com Natalia e Haydeé contando a história delas para a excêntrica apresentadora do programa, Patricia (Rossy de Palma). As idas ao passado curiosamente tem a fotografia carregada em tons de sépia, conferindo as imagens um aspecto de foto antiga, desgastada, denotando que estamos diante de uma memória.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Crítica – Pequenos Incêndios Por Toda Parte


Análise Crítica – Pequenos Incêndios Por Toda Parte

Review – Pequenos Incêndios Por Toda Parte
Em seu primeiro episódio, a minissérie Pequenos Incêndios Por Toda Parte, adaptação do romance de mesmo nome de Celeste Ng, parece ser mais uma daquelas narrativas do “salvador branco”, aquela em que uma pessoa branca privilegiada ajuda uma pessoa negra que aparentemente é incapaz de ajudar a si mesma juntas as duas aprendem valiosas lições uma com a outra. A indústria hollywoodiana adora esse tipo de história, muitas vezes premiando esses filmes que colocam pessoas negras como figuras passivas que precisam de um branco para lutarem pelo que querem, já vimos isso em Um Sonho Possível (2009) ou em Green Book (2019) e essa minissérie parecia ser mais um exemplar desse clichê anacrônico. O texto a seguir contem SPOILERS para a série.

Digo “parecia” porque, na verdade, ela é qualquer coisa menos isso. A trama usa esse premissa batida para virá-la ao avesso, para mostrar que a “salvadora branca” não é a heroína da história, mas a vilã. Que esse tropos não é progressista, mas uma força de manutenção do status quo, feito para que tudo continue igual, expiando a culpa de uma elite branca pelas desigualdades, mas sem promover uma transformação real, mantendo as minorias no lugar que as elites reservaram a elas.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Drops - Sócias em Guerra


Análise Crítica - Sócias em Guerra

Review - Sócias em GuerraContando com nomes como Tiffany Haddish e Salma Hayek, esperava que esse Sócias em Guerra fosse ao menos divertido, mas o que encontrei foi um produto vazio, que raramente faz rir. Na trama, Mia (Tiffany Haddish) e Mel (Rose Byrne) são amigas de infância que juntas abriram uma empresa de cosméticos. Quando a empresa está com problemas financeiros, elas recebem uma oferta da megaempresária Claire Luna (Salma Hayek) para adquirir parte da empresa delas. No processo de aquisição Claire começa a jogar uma sócia contra a outra, colocando em risco a amizade das duas.

Haddish e Byrne conseguem convencer como duas pessoas que se conhecem a vida inteira, mas o roteiro muitas vezes pesa tanto a mão na imaturidade e estupidez das duas que é difícil se importar com elas. Isso fica evidente em situações cômicas sem sentido, como quando elas tentam roubar um drone no escritório de Claire. Elas estavam prestes a se encontrar com uma pessoa que poderia salvar o negócio delas e a primeira coisa que tentam fazer enquanto esperam para entrar na reunião é roubar algo que nem precisam? Qual o motivo disso?

terça-feira, 30 de junho de 2020

Crítica – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

Análise Crítica – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

Review Crítica – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
De certa forma este Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars acaba sendo similar a outras comédias protagonizadas por Will Ferrell. Tal como em Ricky Bobby: A Toda Velocidade (2006) e Escorregando para a Glória (2007), é uma história sobre um sujeito faz uma dupla com outra pessoa igualmente excêntrica para participar de uma competição em um nicho muito específico.

Na trama, Lars (Will Ferrell) e Sigrit (Rachel McAdams) tem uma banda juntos e sonham em participar do festival Eurovision (uma competição real que existe desde 1956), que reúne músicos de toda Europa em uma competição musical, representando a Islândia, pais natal deles. Quando uma série de acidentes bizarros elimina todos os outros músicos islandeses que tentavam entrar no festival, Lars e Sigrit tem a chance de realizar o sonho deles.

O problema no filme nem é parecer demais em termos de premissa com outros feitos por Ferrell e sim não conseguir nos envolver com esses personagens. Ferrell aqui e ali consegue colocar uma frase de efeito divertida, mas muito da comédia, como a relação entre Lars e o pai (Pierce Brosnan), e outros elementos não funcionam.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Crítica – A Despedida


Análise Crítica – A Despedida

Review – A DespedidaLidar com o luto não é fácil, ainda mais quando sabemos que uma pessoa querida tem pouco tempo de vida. Quando sequer podemos contar pra essa pessoa o pouco tempo que se tem ou se despedir adequadamente, tudo pode ser ainda mais difícil. É esse o conflito central de A Despedida.

Na trama, Billi (Awkwafina) viaja de volta para China para ir ao casamento de um primo depois de descobrir que avó, Nai Nai (Shuzhen Zhao) foi diagnosticada com um câncer severo e aparentemente tem apenas três meses de vida. Chegando lá, descobre que os parentes optaram por não contar para a avó do seu estado de saúde, para que ela aproveite melhor seus últimos dias sem se preocupar. Billi, no entanto, fica dividida com essa escolha, já que não poderá se despedir adequadamente da avó e provavelmente não conseguirá voltar à China para visitá-la uma outra vez.

A diretora Lulu Wang conduz tudo com muita sutileza, deixando que os personagens comuniquem seus sentimentos mais com os corpos e gestos do que com as palavras. Há muitos momentos de silêncio, seja em cenas coletivas ou em segmentos em que Billi está sozinha, que enfatizam a natureza contemplativa do dilema da protagonista, entre seu sentimento individual de ser capaz de se despedir da avó e o seu compromisso com a coletividade familiar para manter os ânimos da avó.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Crítica – The Sinner: 3ª Temporada


Análise Crítica – The Sinner: 3ª Temporada

Review – The Sinner: 3ª Temporada
Quando falei sobre a segunda temporada de The Sinner, mencionei que apesar de construir um mistério envolvente não dizia muito sobre a questão da culpa que a primeira temporada já não tivesse feito. Essa terceira temporada começa instigante, mas vai aos poucos perdendo força. Avisamos que o texto pode conter SPOILERS.

Na trama, o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) é chamado para investigar uma batida de carro que termina com a morte do motorista, mas o passageiro, um professor de escola particular chamado Jamie (Matt Bomer), sobrevive. Aparentemente parece só um acidente causado pela imprudência do motorista, mas Ambrose desconfia que Jamie conscientemente deixou o amigo, Nick (Chris Messina), morrer.

O ator Chris Messina traz uma presença imprevisível e ameaçadora para Nick. O modo como o personagem consegue afetar e manter o controle sobre Jamie cria um mistério envolvente sobre o que teria acontecido no passado deles ao ponto em que Nick consegue manipular o professor com tanta facilidade e que traumatiza Jamie ao ponto em que ele opta por deixar Nick morrer. Matt Bomer convence da instabilidade que se instaura em Jamie a partir do momento em que Nick volta para sua vida e também da culpa que se instala nele depois de deixar o antigo amigo morrer, o que volta ao tema central da série que é a culpa.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Rapsódias Revisitadas – Um Dia De Fúria

Resenha – Um Dia De Fúria

Análise Crítica - Um Dia de Fúria
Apesar de ser mais lembrado pelos dois filmes do Batman que dirigiu, o diretor Joel Schumacher também conduziu muitos filmes marcantes nas décadas de 80 e 90, como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Os Garotos Perdidos (1987) e Um Dia de Fúria (1993), o filme que revisitaremos hoje nessa coluna.

A trama segue um trabalhador (Michael Douglas) que abandona o carro em um engarrafamento e decide ir andando para casa, já que é aniversário da filha. Ao longo do caminho, ele não encontra nada além de hostilidade e responde a isso de maneira agressiva, criando ainda mais violência e espalhando o caos por onde passa.

A narrativa opera em vários níveis de crítica à sociedade e cultura dos Estados Unidos e como o resultado de um grupo social com essa estrutura e valores é uma receita para o desastre. A primeira coisa que chama atenção é o individualismo. Praticamente todas as pessoas com as quais o protagonista se encontra veem apenas o próprio lado e tentam se impor diante do protagonista. O que resulta nessas interações não é uma conversa, uma troca, mas um duelo em que um tenta forçar o outro a fazer o que quer e no qual o mais agressivo sai vitorioso. Uma sociedade na qual as pessoas só se preocupam consigo mesmas.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Crítica – Wasp Network: Rede de Espiões



Análise Crítica – Wasp Network: Rede de Espiões

Review – Wasp Network: Rede de Espiões
Dirigido por Olivier Assayas e adaptando um livro escrito pelo brasileiro Fernando Morais baseado em uma história real, este Wasp Network: Rede de Espiões tinha, ao menos no papel, tudo para dar certo. Para quem não conhece a obra de Morais, ele é um dos melhores escritores de não-ficção do Brasil, tendo escrito biografias de figuras como Olga Benário e Assis Chateaubriand, ambas adaptadas para o cinema em Olga (2004) e Chatô: O Rei do Brasil (2015). O produto final, porém, acaba deixando a desejar graças a uma série de escolhas relativas à estrutura narrativa.

Adaptando o livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, escrito por Morais, a trama acompanha um grupo de agentes da inteligência cubana que viajam aos Estados Unidos na década de noventa com o intuito de se infiltrarem em organizações anticastristas para impedirem ataques ao governo cubano. Entre esses agentes estão os pilotos Rene (Edgar Ramirez) e Juan Pablo (Wagner Moura) e o burocrata Gerardo (Gael Garcia Bernal).

O livro escrito por Morais era uma espécie de “James Bond do subdesenvolvimento”, com os personagens precisando lidar tanto com as dificuldades de manterem uma história falsa sobre si e todas as implicações disso, como também com os recursos limitados da ilha para fazerem seu trabalho. O filme comandado por Assayas, no entanto, acaba carecendo tanto de suspense quanto de drama.