Lembro do vidente Walter Mercado aparecendo na televisão brasileira no final da década de 90 fazendo previsões astrológicas e dos comerciais de seu “disque-vidente”, mas, apesar de sua aparência excêntrica, nunca dei muita atenção a ele. Também nunca me chamou atenção o seu desaparecimento súbito das telas, parecia só mais uma tendência de entretenimento que tinha se esgotado. Pois o documentário Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado chega para dar um outro entendimento à trajetória do vidente e como ele foi de um ator de telenovelas em canais hispanohablantes nos Estados Unidos até a fama internacional.
O documentário narra a vida do vidente, sua infância em
Porto Rico e sua ascensão à fama. Há uma defesa para a relevância da figura de
Mercado na televisão por questões de representatividade. Numa época em que
poucos latinos chegavam ao mainstream
das grandes emissoras dos Estados Unidos, ter esse guru latino respeitado por
todos serviria como valorização da comunidade.
O filme também chama atenção para a sexualidade do vidente,
que era constantemente alvo de piadas e imitações em programas de humor (como o
personagem Walter Merdado na Praça é
Nossa) que em geral o ridicularizavam pelo seu jeito andrógino e afeminado.
Walter é elusivo em tratar a questão da sexualidade, precisando ser pressionado
pelos entrevistadores (um dos poucos momentos em que o filme nos deixa ouvir as
perguntas) até admitir ser virgem e se assumir como assexuado.