sexta-feira, 17 de julho de 2020

Crítica – The Old Guard


Análise Crítica – The Old Guard

Review Crítica – The Old Guard
Baseada em um quadrinho escrito pro Greg Rucka (que não li), The Old Guard é uma produção da Netflix que acompanha um grupo de guerreiros imortais. Liderados por Andy (Charlize Theron), eles passam os séculos combatendo injustiças e recrutando os novos imortais que surgem ao longo do tempo.

A trama se passa nos dias atuais quando Andy e seus aliados começam ter sonhos envolvendo uma jovem militar, Nile (Kiki Layne), o que indica que ela pode ser uma nova imortal e eles devem encontrá-la. Ao mesmo tempo, eles têm seu segredo descoberto por Copley (Chiwetel Ejiofor), um ex-agente da CIA a serviço da companhia farmacêutica liderada por Merrick (Harry Melling). Merrick quer o grupo de Andy como objeto de pesquisa, esperando que a partir deles consiga reproduzir o que os torna imortais.

A ideia de um grupo operando nas margens da história interferindo em segredo na humanidade é bem interessante, mas nunca é plenamente explorada pelo filme, soando como potencial desperdiçado. Há uma breve explicação de Copley de como as ações deles beneficiaram a humanidade e algumas piadas que Andy ou Booker (Matthias Schoenarts) fazem com nomes conhecidos da história, no entanto fica a impressão de que o filme explora pouco aquilo que tem de mais singular, que seria esse “efeito borboleta” causado pelos personagens.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Rapsódias Revisitadas – Sonata de Outono


Análise Crítica – Sonata de Outono

Review – Sonata de OutonoO cineasta Ingmar Bergman costuma investigar os medos, anseios e neuroses presentes na mente e na existência humana, como o relação com a morte em O Sétimo Selo (1957) ou a recuperação de traumas e identidade em Persona (1966). Neste Sonata de Outono Bergman mira seu olhar para as relações entre pais e filhos, na maneira como isso nos define, nos marca e, de certa forma, nos traumatiza.

Na trama, a pacata Ava (Liv Ullman) recebe a mãe, Charlotte (Ingrid Bergman), uma reconhecida pianista internacional, em sua casa. Ava anseia pelo afeto e aprovação da mãe, mas Charlotte continua a tratá-la com frieza e distanciamento. Aos poucos as tensões entre as duas vão crescendo até inevitavelmente explodirem.

O confronto é construído de maneira bem cuidadosa e inicialmente sutil. Quando Charlotte chega à casa de Ava o diálogo entre as duas parece ameno e cordial, mas o texto e a interpretação de Ullman e Bergman deixa algumas pistas dos problemas na relação de ambas. Um exemplo é quando Ava menciona para a mãe que Helena (Lena Nyman), sua irmã caçula e com problemas de saúde, está morando com ela. A surpresa de Charlotte soa estranha, afinal que mãe ficaria anos sem saber do paradeiro da filha deficiente? Além disso, mais que surpresa, Charlotte demonstra incômodo com a presença de Helena.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Drops – Desperados

Análise Crítica – Desperados

Review – DesperadosA trama desse Desperados é praticamente uma cópia de Caindo na Estrada (2000). Aqui, Wes (Nasim Pedrad) manda uma correspondência comprometedora para o novo namorado, Jared (Robbie Amell), que está hospitalizado. Para evitar que ele a leia, Wes empreende uma viagem com as amigas Brooke (Anna Camp) e Kaylie (Sarah Burns) para o México para apagar o e-mail antes que Jared o leia.

O problema nem é repetir a trama de outro filme, mas conduzir tudo de uma maneira extremamente previsível e não muito engraçada. É óbvio que Wes irá descobrir que o pretendente que ela conhece no hotel, Sean (Lamorne Morris), é mais adequado para ela do que Jared. É óbvio que Jared iria se revelar um babaca machista (a frase dele sobre a antiga ex ser louca é um indicativo claro).

Do mesmo modo, é óbvio que a protagonista irá aprender que anular a própria personalidade e se comportar de modo submisso só para arranjar homem não é saudável. Devo dizer que em pleno 2020 um filme tratar essa descoberta da personagem como um grande revelação e momento de clareza mental, como se estivesse nos ensinando algo inédito, soa antiquado e fora do tempo em que vivemos. Parece mais algo pensado para o fim dos anos 90.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Crítica – Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado

Análise Crítica – Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado

Review – Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado
Lembro do vidente Walter Mercado aparecendo na televisão brasileira no final da década de 90 fazendo previsões astrológicas e dos comerciais de seu “disque-vidente”, mas, apesar de sua aparência excêntrica, nunca dei muita atenção a ele. Também nunca me chamou atenção o seu desaparecimento súbito das telas, parecia só mais uma tendência de entretenimento que tinha se esgotado. Pois o documentário Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado chega para dar um outro entendimento à trajetória do vidente e como ele foi de um ator de telenovelas em canais hispanohablantes nos Estados Unidos até a fama internacional.

O documentário narra a vida do vidente, sua infância em Porto Rico e sua ascensão à fama. Há uma defesa para a relevância da figura de Mercado na televisão por questões de representatividade. Numa época em que poucos latinos chegavam ao mainstream das grandes emissoras dos Estados Unidos, ter esse guru latino respeitado por todos serviria como valorização da comunidade.

O filme também chama atenção para a sexualidade do vidente, que era constantemente alvo de piadas e imitações em programas de humor (como o personagem Walter Merdado na Praça é Nossa) que em geral o ridicularizavam pelo seu jeito andrógino e afeminado. Walter é elusivo em tratar a questão da sexualidade, precisando ser pressionado pelos entrevistadores (um dos poucos momentos em que o filme nos deixa ouvir as perguntas) até admitir ser virgem e se assumir como assexuado.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Crítica – Warrior Nun: 1ª Temporada


Análise Crítica – Warrior Nun: 1ª Temporada

Review – Warrior Nun: 1ª TemporadaO título Warrior Nun faz uma promessa muito clara ao seu espectador: freiras guerreiras armadas até os dentes enfiando a porrada em demônios do inferno. É tudo que eu esperava da série, uma adaptação do quadrinho de mesmo nome de Bem Dunn (que não li), e em geral ela cumpre o que promete, ainda que tenha alguns problemas.

A narrativa é protagonizada por Ava (Alba Baptista), uma órfã tetraplégica recém-falecida que acidentalmente tem implantado no seu corpo o artefato místico conhecido como Halo. Uma aureola de anjo passada por gerações por uma ordem secreta da Igreja Católica que treina freiras para combaterem demônios que tentam invadir o nosso mundo. Ressuscitada pelo poder do Halo, Ava agora precisa se tornar a nova Irmã Guerreira.

O percurso de Ava é uma típica jornada de herói, mas o texto ao menos consegue dar a ela alguma personalidade e motivações compreensíveis. A atriz portuguesa Alba Baptista convence do deslumbramento inicial da personagem em conseguir voltar a se mover e seu desejo de ter uma vida normal, dando a Ava energia e senso de humor que nos faz conectar com a protagonista. A série abraça a natureza pulp de sua premissa e nunca cai na besteira de se levar mais a sério do que deveria.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Crítica – Sombras da Vida


Análise Crítica – Sombras da Vida

Review Crítica – Sombras da VidaEste Sombras da Vida é basicamente uma história de fantasma contada do ponto de vista do próprio fantasma ao invés daqueles assombrados por ele. É menos uma história de terror ou mistério e mais um drama existencial que tenta entender o que é ser um fantasma.

A trama segue o casal interpretado por C (Casey Affleck) e M (Rooney Mara). Quando C morre em um acidente de carro, ele volta para sua casa como um fantasma, daqueles com um lençol branco na cabeça, para observar o luto da esposa. A existência do fantasma se estende ao longo dos anos e ele continua a habitar a casa mesmo depois da esposa ter se mudado do imóvel.

É um filme com poucos diálogos, que se constrói muito a partir das imagens para nos dar a dimensão do isolamento e solidão de seus personagens, seja a esposa enlutada interpretada por Rooney Mara, seja no fantasma que vaga pelas eras. O som é um elemento que ajuda a destacar a solidão e o isolamento dos personagens, seja pelos ruídos ambientes com insetos ou vento que explicitam o vazio daquele lugar, seja pelo uso de efeitos sonoros em volume considerável para mostrar as quebras nesse silêncio.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Lixo Extraordinário – Reféns



Análise Crítica – Reféns

Review – Reféns
Lançado em 2011, este Reféns é mais um filme de suspense sobre invasão domiciliar na qual uma família de classe alta tem sua residência invadida por bandidos cruéis atrás de seus bens, sendo agredida e torturada pelos criminosos. Parecia ser um filme bem clichê e, na verdade, é bem clichê, mas o problema é que sequer consegue fazer isso direito.

A narrativa é centrada na família de Kyle (Nicolas Cage). Um dia a casa dele é invadida por um quarteto de ladrões que querem o dinheiro vivo e as joias que ele e a esposa, Sarah (Nicole Kidman), guardam na casa. Com medo que os ladrões os matem quando conseguirem o que querem, Kyle se recusa a abrir o cofre, ao mesmo tempo que teme que a filha, Avery (Liana Liberato), chegue em casa e seja também feita de refém.

A primeira coisa que salta aos olhos é como todos os personagens do filme, sem qualquer exceção, são incrivelmente burros. Os ladrões usam os nomes reais, mostram o rosto para as vítimas e só lembram de amarrar os reféns depois do filme já ter passado da metade. Já os reféns também são idiotas ao extremo. Quando Avery volta para casa e percebe os ladrões, ao invés de tentar sair pela janela do quarto por onde entrou ela desce e tenta sair pela frente, o que obviamente a faz ser pega.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Crítica – Feel the Beat

Análise Crítica – Feel the Beat

Review – Feel the Beat
Feel the Beat, produção original da Netflix, tem uma trama bem presa a lugares-comuns. Apresenta uma narrativa sobre uma jovem que perde sua grande chance na Broadway e acaba voltando para sua cidade natal no interior e precisa reconstruir a vida. Já vimos inúmeros filmes com premissas parecidas e Feel the Beat não sai muito do traçado desse tipo de filme.

Na trama, April (Sofia Carson) é uma jovem dançarina com aspirações de fazer sucesso na Broadway. Depois de um mal entendido com uma poderosa diretora, April vê sua carreira acabar praticamente antes de começar. Sem chances, ela retorna a sua cidade natal. Uma chance de retornar à dança aparece quando sua antiga professora de dança, Barb (Donna Lynn Champlin, a Paula de Crazy Ex-Girlfriend), que a chama para ajudar o estúdio de dança em uma competição nacional. Assim, April tentará usar a competição para ganhar notoriedade e retornar a Broadway, mas as desajustadas alunas de Barb podem dar mais trabalho do ela esperava.

É claro que ao longo da competição ela irá aprender com as alunas a ser mais humilde e as alunas aprenderam a importância da dança. É evidente que terão uma escola rival composta por esnobes com técnica impecável, mas sem o coração das alunas desajustadas de April. É lógico que no clímax April terá que escolher entre o sucesso na Broadway que tanto almeja e a lealdade a suas alunas. É tudo extremamente previsível, mas, ainda assim, o filme consegue envolver graças ao carisma do elenco.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Drops – 7500



Filmes que acontecem em um único espaço e com poucos personagens precisam encontrar meios de fazer a trama render com o número limitado de sets e personagens que tem em mãos. Esse 7500, produção da Amazon Prime estrelada por Joseph Gordon-Levitt quase consegue, mas tem dificuldades com o final.


Na trama, Levitt é Tobias, co-piloto de um voo saindo de Berlim com destino a Paris. Quando terroristas tentam invadir a cabine do avião e o piloto é gravemente ferido, cabe a Tobias fazer um pouso de emergência em segurança enquanto o resto dos terroristas tenta invadir sua cabine.

O filme trabalha a tensão aos poucos, começando com uma sensação de normalidade, passando por uma impressão de que algo está estranho até finalmente tudo explodir em uma situação de perigo constante. O som é um elemento fundamental para a construção da tensão aqui, já que o barulho das incessantes pancadas dos terroristas tentando invadir porta da cabine serve como um constante lembrete do perigo que todos correm ali.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Control e a construção de atmosfera em games



Desenvolvido pela Remedy, os mesmos criadores de Alan Wake e Quantum Break, Control foi lançado em agosto de 2019, mas só agora eu consegui jogá-lo e fiquei impressionado pelo como o game consegue criar uma atmosfera singular de estranheza e mistério. Na trama do jogo, a protagonista Jesse está em busca do irmão que foi levado por agentes do governo quando eram crianças. A busca leva Jesse ao prédio do misterioso Departamento Federal de Controle, uma espécie de departamento secreto voltado para pesquisar e defender a população de ameaças paranormais.