Confesso que este Desvio
de Rota, que chegou ao Brasil direto em serviços digitais, me pegou de
surpresa em alguns aspectos. Não que seja um filme exatamente bom, mas
considerando as performances que Bella Thorne e Jessie T. Usher vem entregando
ultimamente, não imaginei que eles trariam atuações tão consistentes. Uma pena,
porém, que o roteiro não está a altura do comprometimento dos atores.
James (Jessie T. Usher) sonha em vencer como ator em
Hollywood e enquanto seu sonho não chega trabalha como motorista de aplicativo.
Um dia Jessica (Bella Thorne) entra em seu carro e eles tem uma boa conversa,
mas James reluta em chamá-la para sair. Na mesma noite James pega o estranho
Bruno (Will Brill), que o encoraja a ir atrás de Jessica.
Inicialmente o filme funciona bem como uma história de
pessoas errantes se encontrando por conta dos caprichos de algoritmos digitais.
Os momentos em que os personagens dialogam sobre suas vidas, seus anseios e
problemas trazem emoções bastante genuínas, com Usher, Thorne e Brill entregues
a seus personagens e nos fazendo acreditar em cada um deles.
As histórias sobre o Rei Arthur, a espada Excalibur e outros
elementos de sua mitologia já foram contadas e recontadas inúmeras vezes sob
diferentes perspectivas. Este Cursed: A
Lenda do Lago tenta olhar a lenda arturiana sob a perspectiva feminina,
algo que não é exatamente novidade, já que As
Brumas de Avalon (tanto o livro quanto a minissérie) fizeram isso décadas
atrás. Baseado em um romance escrito por Tom Wheeler e Frank Miller, este Cursed: A Lenda do Lago tenta recontar
as origens dos personagens arturianos centrando sua história em Nimue, que
posteriormente se tornaria A Dama do Lago, figura que guardaria a Excalibur a
espera do eterno e futuro rei bretão.
Na série, Nimue (Katherine Langford) é uma jovem ligada ao
povo feérico (uma denominação geral para seres mágicos) que é treinada pela mãe
para se tornar a próxima sacerdotisa de seu povo por conta de sua afinidade com
o oculto. Nimue, no entanto, rejeita os desígnios da mãe e as habilidades que
tem. Tudo muda quando paladinos vermelhos da igreja invadem sua vila e atacam
os habitantes. Nimue recebe a mítica espada de seu povo das mãos de sua mãe,
que a orienta a entregar o artefato para Merlin (Gustaf Skarsgard). Ao longo de
sua jornada Nimue encontrará aliados como um jovem ladrão chamado Arthur (Devon
Terrell).
O primeiro A Barraca do Beijo(2018) não era só um romance adolescente cheio de clichês, mas
trazia também uma representação problemática de conflito amoroso e de relações
entre homens e mulheres. Este Barraca do
Beijo 2 faz exatamente a mesma coisa, piorado por suas inchadas duas horas
e dez minutos, que torna toda a experiência ainda mais arrastada e entediante.
Na trama, Elle (Joey King) está em seu último ano do ensino
médio e tenta manter o relacionamento à distância com Noah (Jacob Elordi) que
está na faculdade. Ao mesmo tempo em que navega pelas dificuldades de uma
relação à distância, ela lida com o fato de Lee (Joel Courtney) estar namorando
com Rachel (Meganne Young) e não tem mais tempo para ela. Ao mesmo tempo um
novo bonitão, Marco (Taylor Zakhar Perez) chega na escola para balançar o
coração de Elle.
Impressiona o quanto o filme é extenso, tem várias subtramas
e ainda assim há a sensação de que muito pouco acontece. Talvez porque a
maioria dessas subtramas tem pouco impacto na narrativa principal, como a do
colega de Elle que está apaixonado por um outro rapaz da turma. É um arco que
não se relaciona com nenhum dos outros do filme e poderia ser removido sem
qualquer prejuízo para a trama. Toda a questão do concurso de dança, cujo
objetivo era conseguir dinheiro para que Elle fosse para Harvard, também não
tem muita relevância porque no final ela sequer decide a faculdade que vai e o
concurso acaba sendo um dispositivo de roteiro para forçar uma aproximação entre
ela e Marco.
Os personagens demonstram não ter aprendido nada desde o
filme anterior. A amizade entre Lee e Elle continua tão tóxica, controladora e
manipuladora quanto no primeiro filme. Lee continua a cobrar “lealdade” da
amiga, dizendo se sentir traído quando ela pensa em ir para outra faculdade
diferente da que escolheram para ir juntos e novamente coloca Elle para
escolher entre Lee e Noah, o que continua a ser um conflito tão estúpido e
forçado quanto no primeiro filme.
As cobranças de Lee para que Elle seja verdadeira e leal a
ele são agravadas pela postura hipócrita do personagem, que ao invés de ser
sincero com a amiga e com a namorada sobre a necessidade de ter espaço para
ambas, prefere ficar calado e manipular as duas a se odiarem. Ao invés, por
exemplo, de dizer para Elle que precisa de mais tempo sozinho com a namorada,
ele finge um machucado na perna para desistir do concurso de dança e a empurra
para os braços de Marco. O pior é que Elle nem fica incomodada ao saber da
mentira de Lee, o que apenas reforça a natureza unilateral da relação, já que
Lee sempre fica irritado e indignado toda vez que Elle faz algo que ele não
quer.
O conflito na relação entre Elle e Noah soa como algo
pequeno demais que poderia ser resolvido em cinco minutos de conversa, mas que
dilatado em mais de duas horas fica entediante e sem sentido. O triângulo
amoroso com Marco surge como mera necessidade de roteiro, cheio de
conveniências de trama para aproximar os dois, com Marco nunca conseguindo ter
uma personalidade própria, mais soando como um clone latino de Noah. Marco
também não tem qualquer narrativa ou motivação pessoais, existindo apenas para
gravitar em torno de Elle e motivar brigas entre as fãs a respeito de quem Elle deveria realmente escolher.
Assim como no primeiro filme, as tentativas de humor variam
entre o constrangedor e o forçado. As interações de Elle com as meninas
populares da escola, por exemplo, parecem saídas de uma cópia ruim de Meninas Malvadas (2004) e muitas
situações cômicas sequer fazem sentido. Um exemplo é a cena em que Elle
acidentalmente liga o sistema de som da escola enquanto começa a falar sobre
como Marco é gostoso e Lee sai correndo pelo campus, se batendo e derrubando
outros, para avisar a amiga. Porque Lee simplesmente não ligou para o celular
de Elle? Teria sido muito mais rápido.
Para piorar, a trama sequer oferece muito senso de conclusão
preferindo terminar em um gancho (ou ameaça) para um terceiro filme ao invés de
simplesmente resolver o dilema apresentado para Elle nesse filme. O final
também faz parecer muito fácil entrar em universidades de ponta, com a
protagonista sendo aceita com uma redação cafona sobre não saber o que quer do
futuro e querer aproveitar o tempo junto dos amigos. Porque alguém daria uma
vaga tão disputada em Harvard ou Berkeley para uma estudante que não tem a menor ideia
do que quer estudar ou de como deseja empregar o conhecimento obtido na
universidade? Como tudo mais no resto da narrativa, é algo que acontece
simplesmente porque o roteiro exige.
A Barraca do Beijo 2 continua
a exibir uma visão problemática e equivocada sobre amizade e relacionamentos
amorosos, piorado pela duração inchada, diálogos constrangedores e situações
forçadas.
Foram anunciados hoje, 28 de julho, os indicados à 72ª
edição dos Emmy, premiação máxima da televisão dos Estados Unidos. Um dos
grandes destaques foi a minissérie Watchmen,
que recebeu 26 indicações. Além dela, The
Marvelous Mrs. Maisel se destacou na categoria de comédia, com 30
indicações. Na categoria de série de drama houve um empate entre Succession e Ozark, ambas com 18 menções, enquanto que The Mandalorian, do streaming
Disney+, levou 15 indicações.
A entrega dos prêmios deverá ser apresentada por Jimmy
Kimmel e está marcada para 20 de setembro, mas por conta da pandemia do COVID-19
ainda não tem local nem formato definido, podendo inclusive acontecer de forma
completamente virtual.
De início confesso que não me empolguei muito com Ghost of Tsushima. Parecia só mais um
jogo de mundo aberto que combinava ação e furtividade. Não que esses elementos
estejam ausentes, no entanto o que envolve neste exclusivo para Playstation 4 é
a maneira como ele é apresentado.
A narrativa acompanha o samurai Jin Sakai. Durante a invasão
dos mongóis à ilha de Tsushima no Japão praticamente todos os samurais são
eliminados e Jin mal sobrevive. Como o último samurai em sua ilha, cabe a ele
enfrentar a ocupação mongol, mas para derrotar um inimigo tão numeroso e tão
cruel, ele precisa recorrer a táticas furtivas que vão de encontro ao código de
honra dos samurais. Desta maneira, Jin precisa escolher entre seu lar e sua
honra.
O jogo não perde tempo em te deixar livre para explorar a
ilha e chama atenção como a interface tem pouquíssima informação. Não há
minimapa (é preciso entrar no menu de personagem para ver o mapa completo),
bússola ou outros ícones. A saúde do personagem só aparece durante combate.
Tudo isso parece feito para que possamos absorver os ambientes ao nosso redor,
as florestas de bambu, os campos de flores, as fontes termais, tudo repleto de
efeitos de partículas com folhas e pétalas sempre flutuando no ar.
Depois que Paper
Mario: Sticker Star e Paper Mario:
Color Splash entregaram resultados abaixo do que os fãs esperavam, havia a
expectativa de que este Paper Mario: The
Origami devolvesse a franquia ao auge de seus três primeiros jogos. Tudo
parecia no caminho certo com a volta dos parceiros que acompanhavam Mario,
acessórios equipáveis e outros elementos que tornaram essa série de jogos tão
adoradas. Apesar de acertar em muitos elementos e ser superior aos dois jogos
anteriores, o jogo tem algumas mecânicas que não são tão bem implementadas.
A trama e o universo
Na trama, Mario é convidado ao castelo de Peach para
participar do Festival do Origami, mas chegando lá descobre que a princesa e
toda população foram transformados em Origamis pelo maligno rei Olly, que leva
o castelo ao topo de uma montanha e o cerca com cinco fios longos de papelão.
Cabe a Mario destruir os fios e resgatar a princesa. Para isso, ele terá a
ajuda de Olivia, a irmã de Olly que não concorda com os planos de dominação do
rei origami.
As melhores histórias de zumbis são as que exploram essa
transformação e a disseminação da praga como metáfora para relações humanas e
questões presentes na nossa estrutura social.A primeira temporada de Boca a
Boca, série brasileira produzida pela Netflix, faz exatamente isso, além de
ganhar uma relevância maior para os seus temas por conta de ser lançada em meio
à pandemia do coronavírus. O texto a seguir pode conter SPOILERS da temporada.
Criada por Esmir Filho, responsável por Os Famosos e os Duendes da Morte (2009), a trama se passa em uma
pequena cidade rural que é atingida por uma espécie de vírus que só atinge
jovens e é transmitido pelo beijo. Os infectados deixam de sentir qualquer
coisa, física ou emocionalmente, virando praticamente zumbis (sem o componente
do canibalismo). Os jovens Alex (Caio Horowicz), Chico (Michel Joelsas) e Fran
(Iza Moreira) tentam descobrir o que está acontecendo e como o contágio talvez
esteja relacionado com uma seita que vive nos arredores da cidade.
A crise expõe as rachaduras na sociedade aparentemente
perfeita da cidade de Progresso, demonstrando o preconceito e a clara divisão
de classes sociais que existe no local apesar de tentarem projetar a imagem de
um local desenvolvido e inclusivo. Aos poucos vamos descobrindo como essas
famílias aparentemente bondosas, tolerantes e progressistas escondem segredos
por baixo dessa aparente correção moral e ninguém é tão certinho como aparenta.
Desde o material de divulgação fica bem evidente que Encontro Fatal é um daqueles suspenses B
feitos a toque de caixa. Um produto com todo o jeito de filme exaustivamente
reprisado nas madrugadas de sábado no Supercine da Globo. Ainda assim você
espera que ele ao menos seja um bom filme B e consiga oferecer boas cenas de
suspense, mas nem isso ele consegue, como outros clones recentes de Atração Fatal (1987), a exemplo dos
fracos Acrimônia(2018), Fica Comigo(2017) ou Paixão Obsessiva(2017).
Na trama, Ellie (Nia Long) é uma advogada que está deixando
seu trabalho em uma poderosa firma para iniciar uma nova vida em uma cidade costeira
e recomeçar a vida ao lado do marido, Marcus (Stephen Bishop). Em seu último
trabalho na firma, entretanto, ela reencontra um antigo romance de faculdade em
David (Omar Epps), eles se conectam rapidamente e David deixa claro que quer
algo mais, mas Ellie decide não ir adiante. David não aceita e continua a
encontrar maneiras de entrar na vida de Ellie.
O primeiro problema aparece já no início com a construção
quase que ausente da crise do casamento de Ellie com Marcus. Se os personagens
não falassem que há uma crise, não teríamos como saber, já que isso não é
mostrado, não é sentido. Assim, o conflito inicial de Ellie ceder ou não às
investidas de David não tem impacto, porque não temos a exata dimensão de que
maneira o casamento dela está com problemas ao ponto de trair o marido parecer o
único jeito dela sentir alguma coisa.
Depois de comandar um navio durante um sequestro de piratas
somalianos em Capitão Phillips
(2013), Tom Hanks volta ao leme como capitão neste Greyhound: Na Mira do Inimigo. A trama, baseada em fatos reais, se
passa durante a Segunda Guerra Mundial e foca no navio Greyhound, incumbido de
proteger um comboio marítimo de suprimentos rumo à Inglaterra durante um longo
trecho em que não possuem cobertura aérea. Hanks interpreta o capitão Krause.
Inexperiente em combate, Krause se vê cercado por submarinos nazistas e agora
precisa enfrentá-los sozinhos.
A trama é basicamente essa, sem muitos arcos de personagem
nem ninguém passando por grandes transformações ou aprendizados. Tal como
aconteceu com Dunkirk (2017) a
narrativa confia que a tensão da situação vai ser suficiente para envolver o
espectador, mas, diferente do filme de Christopher Nolan, não consegue criar
situações de tensão ou batalha tão impactantes.
Nas entranhas do navio Tom Hanks consegue construir uma
sensação crível da tensão e insegurança de Krause diante de uma situação de
combate tão desfavorável. Ele e o resto do elenco conseguem minimamente nos
envolver com a situação, embora o filme consista basicamente de pessoas
gritando números de coordenadas por noventa minutos.
Pelo trailer Os
Tubarões de Copacabana parece ser um daqueles filmes sobre amigos que se
reencontram depois de um tempo afastados e passam a refletir sobre a vida,
sobre o passado e pensar nos rumos que tomaram. De certa forma ele é sobre
isso, mas, ao mesmo tempo, trata de tantas outras coisas que mal consegue
construir uma mensagem coesa.
Na trama, Nando (Raul Gazolla) recebe a notícia que Neto, um
amigo de sua antiga turma de surfe, morreu em um acidente. Apesar de estarem
afastados desde que Neto casou com uma ex-namorada de Nando, Zulma (Alcione
Mazzeo), ele resolve ir ao velório acompanhado dos outros membros da turma. O
evento serve de catalisador para o reencontro de Nando com Tiago (Ricardo Macchi),
Ezequiel (Ricardo Herriot), Bruno (Alex Teix) e Marcelo (Andre Luiz Pereira).
Ao mesmo tempo, Nando precisa lidar com o fato de seu pai estar com câncer
terminal e com os avanços de Nicole (Rayane Morais), a filha de Zulma com Neto.