quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Crítica – Good Girls: 3ª Temporada

Review – Good Girls: 3ª Temporada

Quando escrevi sobre as duas primeiras temporadas de Good Girls mencionei que apesar de ideias críticas sobre a vida da classe trabalhadora dos EUA e do carisma de suas protagonistas, a série muitas vezes se perdia em soluções demasiadamente convenientes ou tramas sem sentido. Pois essa terceira temporada consegue entregar arcos consistentes para a maioria das personagens, ainda que derrape aqui e ali.

A trama começa alguns meses depois do final do segundo ano. Beth (Christina Hendricks), Annie (Mae Whitman) e Ruby (Retta) acreditam que Rio (Manny Montana) está morto e estão prosperando depois de montar o próprio esquema de lavagem de dinheiro. O que elas não sabem é que Rio não só está vivo, como eliminou os agentes do FBI que estavam no encalço dele e do trio liderado por Beth. Agora elas precisarão dar um jeito de sobreviver à vingança de Rio e manter o esquema funcionando.

Annie e Ruby tem tramas mais convincentes nessa temporada. Annie tenta (ao jeito dela) fazer terapia para confrontar seus problemas emocionais e tentar desfazer o caos da própria vida. Aos poucos ela vai entendendo a razão das inseguranças e também descobre a possibilidade de planejar um futuro profissional. Claro, a personagem não resolve todos os seus conflitos, ninguém resolveria depois de apenas alguns meses de terapia, mas mostra como a série está disposta a fazer suas personagens amadurecerem.

Já Ruby enfrenta problemas em casa por consequência de suas ações ilegais. O marido dela, Stan (Reno Wilson), começa a trabalhar como segurança em um bar de strip e se envolve em um esquema das strippers para roubar os clientes. Ao mesmo tempo, a filha de Ruby descobre as ações da mãe e passa a questioná-la. Considerando que Stan sempre foi o mais correto dos personagens, há algo de trágico em sua falência moral no qual suas ações deixam de ser para manter as contas em dia e sim meramente para esbanjar dinheiro. O arco da família de Ruby constrói essa impressão da força corruptora do crime, como uma doença infectando todos ao redor.

Ainda assim, os personagens do núcleo familiar, nunca se tornam desprezíveis e é possível compreender a motivação deles. Stan é um sujeito que sempre agiu corretamente, mas cujas boas ações e correção moral nunca o tornaram bem sucedido. O arco, assim como os demais da série, mostra a ilusão do “sonho americano” inacessível à classe trabalhadora por meios corretos, já que ela fica restrita a trabalhos precarizados e altos com elementos básicos de sobrevivência, como custos com saúde. Não deixa de ser irônico, inclusive, que é justamente um gesto de bondade que coloca Ruby novamente na mira do FBI.

Beth, por sua vez, se concentra em evitar a vingança de Rio e se livrar do criminoso uma vez por todas. A trama dela está mais centrada no esquema de lavagem de dinheiro e alguns conflitos pontuais com o marido e a sogra, Judith (Jessica Walter, a Lucille de Arrested Development e a Mallory de Archer). Assim como as outras protagonistas, vemos como a relação dela com o marido evoluiu desde a primeira temporada, passando do papel submisso e doméstico de Beth para algo mais próximo de uma parceria nesta temporada. Claro, Dean (Matthew Lillard, o eterno Salsicha dos filmes do Scooby Doo) ainda continua sendo meio cafajeste, mas sua recusa em dormir com a chefe para avançar a carreira ao menos mostra que ele está disposto a abandonar seus antigos hábitos. Beth também lida com o sentimento de culpa pela morte de uma colega de trabalho que a ajudava com o dinheiro falso.

Por outro lado, a série continua a ter soluções muito convenientes ou pouco críveis. Um exemplo é o assassinato de Lucy (Charlyne Yi). Considerando que Rio é um criminoso ardiloso e experiente, é de se imaginar que ele seria esperto o bastante para saber que o sumiço da jovem ia levar a muitas perguntas das pessoas ao redor dela. Ele poderia simplesmente ter simulado um assalto que deu errado quando ela estivesse saindo do trabalho. Além disso, o namorado de Lucy simplesmente desiste da vingança quando fica frente a frente com Rio e nunca mais volta a aparecer, encerrando toda a questão muito rápida e fácil.

A agente federal que começa a investigar o trio também toma decisões questionáveis. O ato de roubar o celular de Ruby é uma escolha bem estúpida, já que poderia fazer todo caso ser anulado, considerando que esse gesto é o ponto de partida da investigação dela. Alguns personagens ao longo da temporada acabam desperdiçadas, como Rhea (Jackie Cruz, a Flaca de Orange is the New Black), a mãe do filho de Rio. Rhea aparece nos primeiros episódios da temporada e fica a impressão de que ela terá um papel importante a desempenhar, mas logo sai de cena depois de relutantemente ajudar Beth em uma mentira para Rio que termina sendo desmascarada de qualquer maneira.

A terceira temporada de Good Girls leva suas personagens adiante e aprofunda seus conflitos, ainda que continue tendo os mesmos problemas de desenvolvimento da trama que anos anteriores.

 

Nota: 6/10


Trailer

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Crítica – High Life

Análise Crítica – High Life

Review Crítica – High Life
High Life, primeiro filme da diretora francesa Claire Denis em língua inglesa, é bem estranho. Falo isso no bom sentido. Ainda que a trama em si seja de certo modo previsível, a maneira como Denis conduz tudo, misturando gêneros e criando imagens inesperadas, traz momentos muito impactantes.

A narrativa se passa em um futuro não muito distante em que presidiários condenados à morte são enviados em uma missão sem volta para o espaço. Quando conhecemos Monte (Robert Pattinson), todos na nave estão mortos exceto ele e sua filha Willow, ainda bebê. Monte e Willow tentam sobreviver no isolamento e aos poucos vemos flashbacks de tudo que aconteceu. A nave era liderada pela Dra. Dibs (Juliette Binoche, colaboradora habitual de Denis) que tinha como objetivo tornar possível a reprodução humana no espaço, que era prejudicada pelos altos níveis de radiação. Eles também tinham que se aproximar de um buraco negro para descobrir como coletar energia dele.

Como é de se imaginar a missão dá errado quando conflitos irrompem e as pessoas começam a ficar violentas umas com as outras, mas o elenco consegue nos transmitir o desespero e desequilíbrio dos personagens diante das situações. O texto toca em diversos temas, de ética científica, passando por direitos reprodutivos, a brutalidade humana, a dificuldade de viver em conjunto, confinamento, desejo sexual e muitas outras ideias. Nem sempre todos esses temas transitam de maneira fluida uns com os outros e nem sempre o texto tem algo consistente a dizer sobre eles além de apontar sua existência na trama.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Crítica – Desvio de Rota

Análise Crítica - Desvio de Rota


Review - Desvio de Rota
Confesso que este Desvio de Rota, que chegou ao Brasil direto em serviços digitais, me pegou de surpresa em alguns aspectos. Não que seja um filme exatamente bom, mas considerando as performances que Bella Thorne e Jessie T. Usher vem entregando ultimamente, não imaginei que eles trariam atuações tão consistentes. Uma pena, porém, que o roteiro não está a altura do comprometimento dos atores.

James (Jessie T. Usher) sonha em vencer como ator em Hollywood e enquanto seu sonho não chega trabalha como motorista de aplicativo. Um dia Jessica (Bella Thorne) entra em seu carro e eles tem uma boa conversa, mas James reluta em chamá-la para sair. Na mesma noite James pega o estranho Bruno (Will Brill), que o encoraja a ir atrás de Jessica.

Inicialmente o filme funciona bem como uma história de pessoas errantes se encontrando por conta dos caprichos de algoritmos digitais. Os momentos em que os personagens dialogam sobre suas vidas, seus anseios e problemas trazem emoções bastante genuínas, com Usher, Thorne e Brill entregues a seus personagens e nos fazendo acreditar em cada um deles.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Crítica – Cursed: A Lenda do Lago

Análise Crítica – Cursed: A Lenda do Lago

Review – Cursed: A Lenda do Lago
As histórias sobre o Rei Arthur, a espada Excalibur e outros elementos de sua mitologia já foram contadas e recontadas inúmeras vezes sob diferentes perspectivas. Este Cursed: A Lenda do Lago tenta olhar a lenda arturiana sob a perspectiva feminina, algo que não é exatamente novidade, já que As Brumas de Avalon (tanto o livro quanto a minissérie) fizeram isso décadas atrás. Baseado em um romance escrito por Tom Wheeler e Frank Miller, este Cursed: A Lenda do Lago tenta recontar as origens dos personagens arturianos centrando sua história em Nimue, que posteriormente se tornaria A Dama do Lago, figura que guardaria a Excalibur a espera do eterno e futuro rei bretão.

Na série, Nimue (Katherine Langford) é uma jovem ligada ao povo feérico (uma denominação geral para seres mágicos) que é treinada pela mãe para se tornar a próxima sacerdotisa de seu povo por conta de sua afinidade com o oculto. Nimue, no entanto, rejeita os desígnios da mãe e as habilidades que tem. Tudo muda quando paladinos vermelhos da igreja invadem sua vila e atacam os habitantes. Nimue recebe a mítica espada de seu povo das mãos de sua mãe, que a orienta a entregar o artefato para Merlin (Gustaf Skarsgard). Ao longo de sua jornada Nimue encontrará aliados como um jovem ladrão chamado Arthur (Devon Terrell).

terça-feira, 28 de julho de 2020

Crítica – A Barraca do Beijo 2

Análise Crítica - A Barraca do Beijo 2

Review – A Barraca do Beijo 2
O primeiro A Barraca do Beijo (2018) não era só um romance adolescente cheio de clichês, mas trazia também uma representação problemática de conflito amoroso e de relações entre homens e mulheres. Este Barraca do Beijo 2 faz exatamente a mesma coisa, piorado por suas inchadas duas horas e dez minutos, que torna toda a experiência ainda mais arrastada e entediante. 

Na trama, Elle (Joey King) está em seu último ano do ensino médio e tenta manter o relacionamento à distância com Noah (Jacob Elordi) que está na faculdade. Ao mesmo tempo em que navega pelas dificuldades de uma relação à distância, ela lida com o fato de Lee (Joel Courtney) estar namorando com Rachel (Meganne Young) e não tem mais tempo para ela. Ao mesmo tempo um novo bonitão, Marco (Taylor Zakhar Perez) chega na escola para balançar o coração de Elle.

Impressiona o quanto o filme é extenso, tem várias subtramas e ainda assim há a sensação de que muito pouco acontece. Talvez porque a maioria dessas subtramas tem pouco impacto na narrativa principal, como a do colega de Elle que está apaixonado por um outro rapaz da turma. É um arco que não se relaciona com nenhum dos outros do filme e poderia ser removido sem qualquer prejuízo para a trama. Toda a questão do concurso de dança, cujo objetivo era conseguir dinheiro para que Elle fosse para Harvard, também não tem muita relevância porque no final ela sequer decide a faculdade que vai e o concurso acaba sendo um dispositivo de roteiro para forçar uma aproximação entre ela e Marco.

Os personagens demonstram não ter aprendido nada desde o filme anterior. A amizade entre Lee e Elle continua tão tóxica, controladora e manipuladora quanto no primeiro filme. Lee continua a cobrar “lealdade” da amiga, dizendo se sentir traído quando ela pensa em ir para outra faculdade diferente da que escolheram para ir juntos e novamente coloca Elle para escolher entre Lee e Noah, o que continua a ser um conflito tão estúpido e forçado quanto no primeiro filme.

As cobranças de Lee para que Elle seja verdadeira e leal a ele são agravadas pela postura hipócrita do personagem, que ao invés de ser sincero com a amiga e com a namorada sobre a necessidade de ter espaço para ambas, prefere ficar calado e manipular as duas a se odiarem. Ao invés, por exemplo, de dizer para Elle que precisa de mais tempo sozinho com a namorada, ele finge um machucado na perna para desistir do concurso de dança e a empurra para os braços de Marco. O pior é que Elle nem fica incomodada ao saber da mentira de Lee, o que apenas reforça a natureza unilateral da relação, já que Lee sempre fica irritado e indignado toda vez que Elle faz algo que ele não quer.

O conflito na relação entre Elle e Noah soa como algo pequeno demais que poderia ser resolvido em cinco minutos de conversa, mas que dilatado em mais de duas horas fica entediante e sem sentido. O triângulo amoroso com Marco surge como mera necessidade de roteiro, cheio de conveniências de trama para aproximar os dois, com Marco nunca conseguindo ter uma personalidade própria, mais soando como um clone latino de Noah. Marco também não tem qualquer narrativa ou motivação pessoais, existindo apenas para gravitar em torno de Elle e motivar brigas entre as fãs a respeito de quem Elle deveria realmente escolher.

Assim como no primeiro filme, as tentativas de humor variam entre o constrangedor e o forçado. As interações de Elle com as meninas populares da escola, por exemplo, parecem saídas de uma cópia ruim de Meninas Malvadas (2004) e muitas situações cômicas sequer fazem sentido. Um exemplo é a cena em que Elle acidentalmente liga o sistema de som da escola enquanto começa a falar sobre como Marco é gostoso e Lee sai correndo pelo campus, se batendo e derrubando outros, para avisar a amiga. Porque Lee simplesmente não ligou para o celular de Elle? Teria sido muito mais rápido.

Para piorar, a trama sequer oferece muito senso de conclusão preferindo terminar em um gancho (ou ameaça) para um terceiro filme ao invés de simplesmente resolver o dilema apresentado para Elle nesse filme. O final também faz parecer muito fácil entrar em universidades de ponta, com a protagonista sendo aceita com uma redação cafona sobre não saber o que quer do futuro e querer aproveitar o tempo junto dos amigos. Porque alguém daria uma vaga tão disputada em Harvard ou Berkeley para uma estudante que não tem a menor ideia do que quer estudar ou de como deseja empregar o conhecimento obtido na universidade? Como tudo mais no resto da narrativa, é algo que acontece simplesmente porque o roteiro exige.

A Barraca do Beijo 2 continua a exibir uma visão problemática e equivocada sobre amizade e relacionamentos amorosos, piorado pela duração inchada, diálogos constrangedores e situações forçadas.

 

Nota: 2/10

Trailer

Conheçam os indicados ao Emmy 2020


Indicados ao Emmy 2020

Foram anunciados hoje, 28 de julho, os indicados à 72ª edição dos Emmy, premiação máxima da televisão dos Estados Unidos. Um dos grandes destaques foi a minissérie Watchmen, que recebeu 26 indicações. Além dela, The Marvelous Mrs. Maisel se destacou na categoria de comédia, com 30 indicações. Na categoria de série de drama houve um empate entre Succession e Ozark, ambas com 18 menções, enquanto que The Mandalorian, do streaming Disney+, levou 15 indicações.

A entrega dos prêmios deverá ser apresentada por Jimmy Kimmel e está marcada para 20 de setembro, mas por conta da pandemia do COVID-19 ainda não tem local nem formato definido, podendo inclusive acontecer de forma completamente virtual.

Confiram a lista completa de indicados abaixo:

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Crítica - Ghost of Tsushima

Crítica Ghost of Tsushima

Análise Crítica - Ghost of Tsushima
De início confesso que não me empolguei muito com Ghost of Tsushima. Parecia só mais um jogo de mundo aberto que combinava ação e furtividade. Não que esses elementos estejam ausentes, no entanto o que envolve neste exclusivo para Playstation 4 é a maneira como ele é apresentado.

A narrativa acompanha o samurai Jin Sakai. Durante a invasão dos mongóis à ilha de Tsushima no Japão praticamente todos os samurais são eliminados e Jin mal sobrevive. Como o último samurai em sua ilha, cabe a ele enfrentar a ocupação mongol, mas para derrotar um inimigo tão numeroso e tão cruel, ele precisa recorrer a táticas furtivas que vão de encontro ao código de honra dos samurais. Desta maneira, Jin precisa escolher entre seu lar e sua honra.

O jogo não perde tempo em te deixar livre para explorar a ilha e chama atenção como a interface tem pouquíssima informação. Não há minimapa (é preciso entrar no menu de personagem para ver o mapa completo), bússola ou outros ícones. A saúde do personagem só aparece durante combate. Tudo isso parece feito para que possamos absorver os ambientes ao nosso redor, as florestas de bambu, os campos de flores, as fontes termais, tudo repleto de efeitos de partículas com folhas e pétalas sempre flutuando no ar.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Crítica – Paper Mario: The Origami King


Análise Crítica – Paper Mario: The Origami King

Review – Paper Mario: The Origami KingDepois que Paper Mario: Sticker Star e Paper Mario: Color Splash entregaram resultados abaixo do que os fãs esperavam, havia a expectativa de que este Paper Mario: The Origami devolvesse a franquia ao auge de seus três primeiros jogos. Tudo parecia no caminho certo com a volta dos parceiros que acompanhavam Mario, acessórios equipáveis e outros elementos que tornaram essa série de jogos tão adoradas. Apesar de acertar em muitos elementos e ser superior aos dois jogos anteriores, o jogo tem algumas mecânicas que não são tão bem implementadas.

A trama e o universo 


Na trama, Mario é convidado ao castelo de Peach para participar do Festival do Origami, mas chegando lá descobre que a princesa e toda população foram transformados em Origamis pelo maligno rei Olly, que leva o castelo ao topo de uma montanha e o cerca com cinco fios longos de papelão. Cabe a Mario destruir os fios e resgatar a princesa. Para isso, ele terá a ajuda de Olivia, a irmã de Olly que não concorda com os planos de dominação do rei origami.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Crítica – Boca a Boca: 1ª Temporada


Análise Crítica – Boca a Boca: 1ª Temporada

Review – Boca a Boca: 1ª TemporadaAs melhores histórias de zumbis são as que exploram essa transformação e a disseminação da praga como metáfora para relações humanas e questões presentes na nossa estrutura social.  A primeira temporada de Boca a Boca, série brasileira produzida pela Netflix, faz exatamente isso, além de ganhar uma relevância maior para os seus temas por conta de ser lançada em meio à pandemia do coronavírus. O texto a seguir pode conter SPOILERS da temporada.

Criada por Esmir Filho, responsável por Os Famosos e os Duendes da Morte (2009), a trama se passa em uma pequena cidade rural que é atingida por uma espécie de vírus que só atinge jovens e é transmitido pelo beijo. Os infectados deixam de sentir qualquer coisa, física ou emocionalmente, virando praticamente zumbis (sem o componente do canibalismo). Os jovens Alex (Caio Horowicz), Chico (Michel Joelsas) e Fran (Iza Moreira) tentam descobrir o que está acontecendo e como o contágio talvez esteja relacionado com uma seita que vive nos arredores da cidade.

A crise expõe as rachaduras na sociedade aparentemente perfeita da cidade de Progresso, demonstrando o preconceito e a clara divisão de classes sociais que existe no local apesar de tentarem projetar a imagem de um local desenvolvido e inclusivo. Aos poucos vamos descobrindo como essas famílias aparentemente bondosas, tolerantes e progressistas escondem segredos por baixo dessa aparente correção moral e ninguém é tão certinho como aparenta.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Crítica – Encontro Fatal


Análise Crítica – Encontro Fatal

Review – Encontro FatalDesde o material de divulgação fica bem evidente que Encontro Fatal é um daqueles suspenses B feitos a toque de caixa. Um produto com todo o jeito de filme exaustivamente reprisado nas madrugadas de sábado no Supercine da Globo. Ainda assim você espera que ele ao menos seja um bom filme B e consiga oferecer boas cenas de suspense, mas nem isso ele consegue, como outros clones recentes de Atração Fatal (1987), a exemplo dos fracos Acrimônia (2018), Fica Comigo (2017) ou Paixão Obsessiva (2017).

Na trama, Ellie (Nia Long) é uma advogada que está deixando seu trabalho em uma poderosa firma para iniciar uma nova vida em uma cidade costeira e recomeçar a vida ao lado do marido, Marcus (Stephen Bishop). Em seu último trabalho na firma, entretanto, ela reencontra um antigo romance de faculdade em David (Omar Epps), eles se conectam rapidamente e David deixa claro que quer algo mais, mas Ellie decide não ir adiante. David não aceita e continua a encontrar maneiras de entrar na vida de Ellie.

O primeiro problema aparece já no início com a construção quase que ausente da crise do casamento de Ellie com Marcus. Se os personagens não falassem que há uma crise, não teríamos como saber, já que isso não é mostrado, não é sentido. Assim, o conflito inicial de Ellie ceder ou não às investidas de David não tem impacto, porque não temos a exata dimensão de que maneira o casamento dela está com problemas ao ponto de trair o marido parecer o único jeito dela sentir alguma coisa.