Lançado em 1967 adaptando uma peça escrita por Frederick
Knott, Um Clarão Nas Trevas chama
atenção pela construção do suspense e por seu trabalho de uso do som. A trama é
centrada em Susy (Audrey Hepburn) uma mulher que se tornou cega há pouco tempo
e ainda está se acostumando a viver sem a visão. O marido de Susy, Sam (Efrem
Zimbalist Jr), chega de viagem trazendo uma boneca, sem saber que o brinquedo
está cheio de drogas escondidas dentro dele.
Isso coloca o pacato casal na mira de bandidos, que invadem
a casa para conseguir a boneca. Susy, no entanto, chega mais cedo em casa e os
três criminosos, Roat (Alan Arkin), Mike (Richard Crenna) e Carlino (Jack
Weston), resolvem tirar vantagem da cegueira de Susy montando um ardil para
convencê-la de que a boneca é prova do envolvimento de Sam em um crime,
convencendo a mulher a dizer para eles onde a boneca está.
Muito da tensão acontece do fato de termos acesso a mais
informação do que a protagonista. Sabemos de antemão que Roat, Mike e Carlino
estão mentindo para enganar Susy e tememos pela personagem por ela não saber o
que se passa e não perceber que eles estão tirando vantagem da cegueira dela,
tentando silenciosamente vasculhar o apartamento enquanto um deles a mantem
distraída. Situado em praticamente uma única locação, a narrativa usa esse
espaço limitado a seu favor, criando uma sensação de clausura em relação a
Susy, literalmente confinada, ainda que sem saber, nesse espaço com pessoas que
desejam lhe fazer mal.