quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Reflexões Boêmias - Melhores Filmes de 2020

 

Crítica Melhores Filmes

Com todo final de ano e início de ano novo chega a hora de fazer um balanço do que passou. Já apresentamos nossa lista de piores filmes, então é chegada a hora de falarmos dos melhores. Por conta da pandemia do COVID-19 esse foi um ano atípico, ficamos de quarentena em casa, cinemas foram fechados, mas mais do que nunca, nesse período de confinamento, ficou evidente a importância da cultura e das artes. Sem filmes, séries, música, games e outras peças expressivas o confinamento da quarentena seria provavelmente muito pior. A arte nos ajudou a lidar com o isolamento, ofereceu alento, conexão, leveza, reflexão e tantas outras coisas que a arte pode trazer. Diante disso, vou listar os dez melhores filmes que assisti ao longo de 2020 levando em consideração o lançamento oficial no Brasil, nos cinemas ou plataformas digitais.

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Crítica – Soul

 

Análise Crítica – Soul


Review – Soul

A Pixar criou o costume de trabalhar temas complexos com uma linguagem acessível a todas as idades. Fez isso em filmes como Divertida Mente (2015) e tantos outros. Este Soul segue essa tendência ao trazer questionamentos existenciais e também ponderações metafísicas.

Na trama, Joe é um pianista de jazz que sofre um acidente e tem a alma separada de seu corpo horas antes de um grande show que ele acredita que mudaria sua carreira. No mundo das almas ele se recusa a ir ao pós-vida e aceita ser mentor de uma alma ainda para nascer, chamada de 22, para poder ter uma chance de voltar ao mundo dos vivos.

Como em outros filmes da produtora, a direção de arte é bastante criativa em ilustrar concretamente ideias abstratas, como o espaço do sublime no qual as pessoas, através da arte ou outros meios, entram em contato com o universo espiritual ou o modo como almas que se perdem em obsessões se tornam monstros presos em um invólucro de suas próprias ansiedades.

domingo, 3 de janeiro de 2021

Crítica – Nunca, Raramente, As Vezes, Sempre

Crítica – Nunca, Raramente, As Vezes, Sempre


Review – Nunca, Raramente, As Vezes, Sempre
Falar sobre aborto e questões relacionadas ao acesso ao aborto não são temas fáceis. Filmes que tratam do tema muitas vezes adotam um tom excessivamente panfletário e didático com diálogos pouco orgânicos que funcionam como palestras ao espectador sobre a necessidade de descriminalizar o aborto e deixá-lo acessível por questões de saúde pública. Esse erro nunca é cometido por este Nunca, Raramente, As Vezes, Sempre, da diretora Eliza Hittman,

A trama é centrada em Autumn (Sidney Flanigan), uma garota do interior dos Estados Unidos que descobre estar grávida. Quando ela vai a uma clínica em sua cidade se informar sobre a questão, é atendida por pessoas que a estimulam a continuar com a gravidez, mesmo que seja para posteriormente dar o bebê para adoção. Querendo encerrar a gravidez, Autumn pesquisa sobre as leis de aborto em diferentes estados e resolve ir até Nova Iorque. Acompanhada pela amiga Skylar (Talia Ryder), a única pessoa com quem confidencia a situação, Autumn reúne um pouco de dinheiro e parte em sua viagem até Nova Iorque.

sábado, 2 de janeiro de 2021

Reflexões Boêmias: Piores Filmes de 2020

 

Piores Filmes de 2020

Final de ano é sempre o momento de fazer um balanço de tudo que passou e com 2020 é diferente. Não foi um ano fácil graças à pandemia do COVID-19 e foi particularmente difícil para os filmes com o fechamento de cinemas, grandes lançamentos indefinidamente adiados ou lançados direto em streaming. Sim, alguns lugares até reabriram cinemas, mas o medo do contágio fez muitos se manterem afastados (eu incluso). Deixar de ir aos cinemas, no entanto, não significa que eu não tenha assistido vários filmes ao longo de 2020, bons e ruins. Como eu prefiro dar as notícias ruins primeiro, começo meu balanço do ano com os piores, então vamos a eles. Como em outros anos, a lista leva em consideração filmes que tiveram seu lançamento oficial no Brasil em 2020, seja nos cinemas ou direto em plataformas digitais.

 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Crítica – Mulan

Análise Crítica – Mulan

Review – Mulan
De toda a onda de remakes live action que a Disney vem empreendido de suas clássicas animações, Mulan era o que eu estava mais empolgado. Não porque tenho particular afeto pelo filme original de 1999, mas porque era o único que parecia efetivamente fazer um esforço de reimaginar o original. Enquanto Aladdin (2019), O Rei Leão (2019) e A Bela e a Fera (2017) eram recriações preguiçosamente fidedignas do original com muito pouco que justificasse um remake além da vontade da Disney fazer dinheiro, Mulan parecia se justificar por tentar ser algo diferente. Ao invés do musical da animação, esta nova versão estaria mais próxima de um wuxia, gênero chinês que mistura artes marciais e fantasia (pensem em O Tigre e o Dragão ou Herói).

Na trama, Mulan (Yifei Liu) é uma garota que se recusa a se resignar ao papel que a sociedade chinesa obriga as mulheres a se colocarem. Quando invasores estrangeiros liderados por Bori Khan (Jason Scott Lee) colocam a China em risco, o imperador obriga que cada família ceda um homem para o exército. Querendo evitar que seu idoso pai, Zhou (Tzi Ma), sirva no exército, Mulan rouba as armas e armaduras da família e vai se alistar fingindo ser homem, temendo que caso o segredo seja revelado sua família seja desonrada e ela seja executada.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Crítica – Os Segredos do Castelo

 

Análise Crítica – Os Segredos do Castelo

Review Crítica – Os Segredos do Castelo
Adaptando um romance de Shirley Jackson, este Os Segredos do Castelo parecia, pela divulgação, um suspense ao redor dos segredos de uma estranha família que mora em uma ampla mansão no interior dos Estados Unidos. O produto final, no entanto, é mais um estudo de personagem que trata de alienação e relações entre irmãs do que algo repleto de tensão e mistério, então é possível que muitos não se agradem com o ritmo mais lento da narrativa.

A trama gira em torno das irmãs Marricat (Taissa Farmiga) e Constance (Alexandra Daddario) que vivem isoladas em uma grande mansão depois que o pai delas morreu de maneira extremamente suspeita e as pessoas da cidade acham que elas foram responsáveis por isso. Elas tem uma existência reclusa, com apenas Marricat saindo uma vez por semana para fazer compras, somente com a companhia do estranho tio Julian (Crispin Glover). O cotidiano das irmãs muda com a chegada do primo Charles (Sebastian Stan), que diz estar interessado em cuidar das irmãs, mas na verdade deseja colocar as mãos na fortuna da família.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Crítica – A Voz Suprema do Blues

 

Análise Crítica – A Voz Suprema do Blues

Review – A Voz Suprema do Blues
Baseada em uma peça de teatro escrita por August Wilson, A Voz Suprema do Blues usa a figura real da cantoria Ma Rainey para falar do racismo e das vivências da comunidade negra dos Estados Unidos no início do século XX. Tal como Um Limite Entre Nós (2016), também uma adaptação de uma peça de Wilson, a trama demora um pouco a engrenar e a dizer a que veio, mas assim que isso acontece é difícil não se envolver.

A trama acompanha um dia na vida da cantora Ma Rainey (Viola Davis) enquanto ela tenta iniciar a gravação de um disco. Ao mesmo tempo, a banda de Ma, presa na claustrofóbica sala de ensaio do estúdio, começa a discutir entre si e os ânimos começam a se exaltar quanto Levee (Chadwick Boseman), um dos músicos da banda, começa a querer mais destaque.

A trama demora a tocar nos seus temas principais, inicialmente acompanhando o cotidiano dos personagens e as conversas sobre banalidades. O elenco convence da naturalidade dessas interações, mas em seu terço inicial fica a impressão de que testemunhamos verborragia apenas pela verborragia. As coisas começam a melhorar a partir do momento em que começamos a entender melhor aqueles personagens e como eles têm experiências similares de racismo e exclusão.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Rapsódias Revisitadas – Duro de Matar

 

Die Hard christmas movie

Análise crítica - Duro de Matar
Lançado em 1988, Duro de Matar é constantemente lembrado como um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Recentemente ele também entrou em outras discussões sobre gêneros e subgêneros narrativos, mais especificamente: seria Duro de Matar um filme de Natal? A narrativa certamente se passa no período natalino, mas seria isso o bastante para considerá-lo um filme de Natal?

Para quem não conhece, na trama o policial nova-iorquino John McClane (Bruce Willis) viaja até Los Angeles para reencontrar a esposa Holly (Bonnie Bedelia) para tentar recuperar o casamento dos dois. Holly trabalha em um luxuoso e tecnologicamente avançado arranha-céu na cidade e John chega para encontrá-la durante uma festa da empresa, mas a festa é invadida pelo grupo de ladrões liderados por Hans Gruber (Alan Rickman) que toma todos de reféns. McClane consegue escapar e agora ele tentará lidar com os criminosos por conta própria.

Na época de seu lançamento, o filme chamou atenção pelo modo como reconfigurava os padrões de um filme de ação hollywoodiano. Durante a década de oitenta, o gênero era tomado por astros com corpos hiperbólicos e personagens virtualmente indestrutíveis que despachavam hordas de bandidos sem se ferir como acontecia em Comando para Matar (1985) ou Stallone Cobra (1986). O John McClane de Bruce Willis era o oposto disso. Ele tinha um físico relativamente normal, estava em uma clara situação de desvantagem em relação aos seus inimigos e era vulnerável, física e emocionalmente.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Crítica – Tenet

 

Análise Crítica – Tenet

Review – Tenet
Confesso que os primeiros trailers de Tenet não me atraíram em nada. Tudo parecia uma reciclagem de coisas que o diretor Christopher Nolan tinha feito antes em seus outros filmes. A impressão era de se tratava de um A Origem (2010) que trocava a manipulação de realidades e sonhos por manipulação temporal. Ainda assim fui assistir aberto ao que filme me traria e devo dizer que o resultado final é relativamente decepcionante.

Na trama, um agente (John David Washington) é recrutado por uma força-tarefa secreta para combater a mais nova ameaça ao mundo: a manipulação temporal. O protagonista descobre que forças do futuro estão enviando para o presente itens com “entropia invertida” que se movem temporalmente ao contrário. Para descobrir quem está por trás disso, o protagonista recorre a ajuda do misterioso Neil (Robert Pattinson) para localizar o elusivo traficante de armas russo Sator (Kenneth Branagh) que parece ser o responsável por trazer ou receber esses objetos do futuro.

É um conceito complexo, tal como outros filmes do diretor, mas se antes havia um mínimo de clareza em estabelecer esses elementos complicados de maneira que fosse possível entender o que está em jogo, isso não acontece aqui. Nos primeiros minutos o protagonista ouve a explicação de uma cientista de que esses objetos invertidos seriam extremamente perigosos, o motivo disso, no entanto, não fica claro e o texto demora em evidenciar as razões disso. Se em outros filmes Nolan conseguia apresentar seu universo ficcional no primeiro ato, aqui o filme é inteiro permeado por longos diálogos expositivos que tentam explicar o tempo todo as regras de funcionamento desse universo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Crítica – Ava

Análise Crítica – Ava

Review – Ava
Uma assassina de aluguel tem uma crise de consciência e começa a questionar a vida de violência que leva, por causa disso é considerada inapta para o serviço e seus superiores tentam eliminá-la. É uma premissa pra lá de batida, mas considerando o elenco formado por nomes como Jessica Chastain, John Malkovich, Geena Davis e outros, poderia até render um exame envolvente do que move uma pessoa que leva essa vida. Os primeiros minutos também dão a impressão de que este Ava vai conseguir ir além dos clichês narrativos ao inserir também elementos de drama familiar ao explorar a relação complicada que a protagonista tem com a mãe e as irmãs. O problema é que o filme acaba apenas passando superficialmente por todas essas ideias.

Na trama, Ava (Jessica Chastain) é uma ex-militar que virou assassina de aluguel. Seu contato é Duke (John Malkovich), antigo mentor de Ava no exército e que nutre um afeto paternal por ela. Quando Ava começa a questionar a natureza do trabalho, Duke tenta convencer o líder da organização, Simon (Colin Ferrel), de que Ava não é um risco para as operações, mas Simon acha melhor descartá-la. Ao mesmo tempo, Ava tenta se reaproximar da família depois que a mãe, Bobbi (Geena Davis), tem um infarto.