quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Crítica – Amor em Little Italy

 

Análise Crítica – Amor em Little Italy

Review – Amor em Little Italy
Fui assistir Amor em Little Italy esperando algo como uma versão ítalo americana de Casamento Grego (2002), uma comédia romântica sobre um grupo específico de imigrantes que usa o humor para celebrar e homenagear essa herança cultural. O que encontrei, porém, é um filme cheio de clichês e estereótipos, seja em relação à trama de romance, seja em relação à representação da população ítalo-americana.

A trama acompanha o casal Leo (Hayden Christensen) e Nikki (Emma Roberts). Os dois se conhecem desde a infância quando os pais de ambos tinham uma pizzaria juntos. Décadas depois, Nikki retorna ao antigo bairro para passar alguns dias com os pais antes de partir para um emprego na Inglaterra e reencontra Leo, trazendo de volta sentimentos que ela pensava ter superado.

Christensen e Roberts se esforçam para tentar trazer alguma química ao casal, mas não conseguem superar o fato de que não há qualquer drama, tensão ou conflito entre eles. Já nas primeiras cenas o filme nos informa que eles tinham algo um pelo outro desde a infância e a rivalidade entre as famílias, que seria o principal elemento de conflito, não repercute em quase nada na trama do casal, fazendo pouca diferença. Só no final que a questão da disputa familiar se torna um fator, mas é resolvido tão rápido que não tem muito impacto.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Crítica – Zona de Combate

 

Análise Crítica – Zona de Combate

Review – Zona de Combate
Apesar de se passar em um futuro no qual a guerra é travada por robôs, Zona de Combate, produção original da Netflix, nunca aproveita ou justifica plenamente a ambientação que cria. Há uma tentativa de construir uma mensagem sobre a guerra, no entanto, durante boa parte da projeção também não parece haver um direcionamento claro da construção desse discurso.

Na trama, depois que o piloto de drones Harp (Damson Idris) contraria ordens e realiza ações que causam a morte de dois soldados aliados, ele é enviado diretamente para a zona de guerra para entender o que as tropas em solo passam e aprender que as consequências da guerra são mais severas do que aparecem nos monitores. Chegando lá ele é colocado para trabalhar com o androide Leo (Anthony Mackie) que está na caça por um perigoso traficante de armas Koval (Pilou Asbaek).

A ambientação no futuro nunca se justifica plenamente, já que a mensagem principal da trama, de que a guerra é ruim e desumanizante, poderia ser transmitida tranquilamente sem esse artíficio. Leo poderia simplesmente ser um soldado que se rebela contra as ordens de seus superiores por achá-las imorais que não faria diferença alguma. A impressão é que a questão do futuro só foi inserida para permitir algumas cenas de ação mais grandiloquentes com Leo enfrentando vários inimigos sozinhos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Crítica – Duas Por Uma

Resenha Crítica – Duas Por Uma

Review – Duas Por Uma
Duas Por Uma é daqueles filmes que não sabe que caminho seguir com sua premissa, tenta ir a várias direções diferentes e acaba não funcionando em nenhuma. Uma pena, pois a atriz Drew Barrymore consegue fazer as duas protagonistas soarem como pessoas completamente diferentes, mas o texto não dá a ela estofo suficiente para que nenhuma delas funcione.

A trama gira em torno de Candy (Drew Barrymore), uma atriz de comédia cuja carreira está afundando graças ao seu vício em drogas e seu péssimo temperamento. Paula (também Barrymore) é a substituta de Candy, ficando no set para que a equipe de filmagem ajuste luz, enquadramento ou façam as tomadas em que Candy não precisa falar ou mostrar o rosto. Com a decadência de Candy, Paula teme ficar sem trabalho e resolve ajudar Candy a reerguer a carreira se passando por ela.

Auxiliada por uma maquiagem que torna Paula levemente diferente da aparência normal de Barrymore, ainda que próxima o bastante para parecer com ela (cheguei a ficar em dúvida se ela era interpretada pela própria Drew), a atriz em ótima em fazer Candy e Paula soarem como pessoas completamente diferentes. Não só a voz é um pouco distinta, mas os maneirismos, linguagem corporal e outros elementos convencem de que estamos diante de pessoas diferentes.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Crítica – Pose: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Pose: 2ª Temporada

Review – Pose: 2ª Temporada
A primeira temporada de Pose construía um retrato complexo sobre a comunidade LGBTQI em Nova Iorque e essa segunda temporada continua a aprofundar as nuances desse universo e as vivências de seus personagens. Avançando no tempo e chegando na década de noventa, a série continua a mostrar os obstáculos que os membros dessa comunidade enfrentam e como o contexto da época interferia em suas vidas.

Na trama desse segundo ano, Blanca (MJ Rodriguez), tenta seguir seu sonho de abrir seu próprio salão como manicure. A protagonista também estimula Damon (Ryan Jamaal Swain) a investir em sua carreira de dançarino, bem como Angel (Indya Moore) a perseguir seu sonho de ser modelo. Blanca também lida com o agravamento de sua saúde por conta do HIV, algo que também acontece com Pray Tell (Billy Porter).

Ao falar sobre o fenômeno pop que foi a canção Vogue de Madonna e como ela levou ao mainstream elementos da cultura LGBTQI que eram relegados ao underground, a série fala também sobre como a indústria cultural muitas vezes se apropriam de determinadas práticas, mas promovem um relativo apagamento daqueles que originam essa cultura. Por mais que os personagens comemorem a visibilidade que a canção trouxe para eles, o cotidiano de preconceito e exclusão permanece. Isso fica evidente no arco de Angel, no qual apesar do talento e beleza, ela acaba sendo excluída do meio da moda quando descobrem o fato dela ser trans.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Crítica – A Assistente

 

Análise Crítica – A Assistente

Review – A Assistente
A Assistente é um daqueles filmes em que o material de divulgação dá uma percepção muito errada do que a obra final é, o que pode deixar muitos espectadores frustrados. Os trailers dão a impressão que se trata de um thriller, cheio de suspense e tensão, mas o filme em si é um olhar bem naturalista, quase como um documentário observativo, de uma jovem que trabalha como assistente de um poderoso produtor claramente inspirado na figura de Harvey Weinstein.

Na trama, Jane (Julia Garner), trabalha como assistente pessoal de um produtor de cinema. Ela tem poucos meses nesse emprego, mas vê nele uma oportunidade de crescer na carreira profissional. Aos poucos, no entanto, ela começa a perceber condutas suspeitas de seu chefe, principalmente no modo como ele trata algumas das atrizes, modelos e funcionárias que passam por lá. Toda vez que pensa em falar alguma coisa sobre o que presencia, é imediatamente hostilizada pelos colegas ou superiores, que a lembram de como o chefe pode abrir portas para ela e ir contra ele é jogar a carreira fora.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Crítica – Bill e Ted: Encare a Música

 

Resenha Crítica – Bill e Ted: Encare a Música

Review – Bill e Ted: Encare a Música
Feita quase trinta anos depois de Bill e Ted: Dois Loucos no Tempo (1991) esta continuação, Bill e Ted: Encare a Música parecia só mais uma na onda de remakes e continuações tardias de filmes das décadas de 80 e 90. Na verdade, os protagonistas Keanu Reeves e Alex Winter estavam há anos tentando fazer um novo Bill e Ted e só agora conseguiram. É possível ver aqui o cuidado e o afeto por esses personagens, embora o filme tenha sua parcela de problemas.

Na trama, contrariando o fim do segundo filme, Bill (Alex Winter) e Ted (Keanu Reeves), não conseguiram criar a música que iria unir o mundo. Mais de vinte anos depois, a dupla continua tentando compor a fatídica música, mas a fama deles já praticamente se esvaiu. Tudo muda com a chegada de Kelly (Kristen Schaal), vinda do futuro. Filha de Rufus (o finado George Carlin), Kelly avisa que se eles não conseguirem fazer a música nas próximas horas, todo o tempo, espaço e realidade irá entrar em colapso. Assim, Bill e Ted viajam pelo multiverso para conseguir a tão esperada música.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Crítica – Star Trek Discovery: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Star Trek Discovery: 3ª Temporada

Review – Star Trek Discovery: 3ª Temporada
A segunda temporada de Star Trek Discovery terminava com a tripulação da Discovery viajando mil anos no futuro para proteger os dados da Esfera. Era uma resolução ousada, que prometia um novo status quo para a série e dava mais possibilidades criativas, já que tirava os personagens da cronologia canônica pré série clássica e os levava a um período de tempo no qual teriam mais liberdade em relação ao que poderiam fazer.

Mil anos no futuro, Michael (Sonequa Martin-Green) descobre que um evento cataclísmico conhecido como “a combustão” destruiu todas as nave movidas a dilítio cerca de um século antes da chegada da Discovery naquele futuro. Sem dilítio e sem poder viajar em dobra, os planetas estão muito mais isolados do que antes e a Federação praticamente se extinguiu sem a possibilidade de viajar longas distâncias. Como a Discovery usa um motor de esporos, ela não é impactada por essas limitações do dilítio e, assim, a tripulação parte para tentar entender o que causou a combustão e reconstruir a Federação.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Crítica – Pieces of a Woman

 Análise Crítica – Pieces of a Woman


Review – Pieces of a Woman
Perder um filho provavelmente deve ser uma das maiores dores que uma pessoa pode sentir. Perder um filho segundos depois do parto, sem sequer ter tempo para entender o que aconteceu, deve ser uma dor ainda pior. É sobre essa dor que Pieces of a Woman, produção original da Netflix, constrói sua narrativa.

Na trama, depois de um parto em casa que sai terrivelmente errado, Martha (Vanessa Kirby) perde a filha recém-nascida e fica sem saber como seguir adiante. O companheiro de Martha, Sean (Shia LaBeouf), e a mãe dela, Elizabeth (Ellen Burstyn), insistem que a culpa é da parteira e iniciam uma processo criminal contra ela a revelia da decisão de Martha. Enquanto isso, a protagonista tenta lidar com a perda ao seu modo.

O roteiro é hábil em evitar armadilhas e lugares comuns que uma trama dessas poderia cair. Poderia ser um dramalhão choroso e manipulativo cheio de platitudes e epifanias forçadas, poderia se reduzir a um drama de tribunal discutindo os méritos e problemas de partos em casa, corria o risco de cair em maniqueísmos simplórios e reduzir a mãe ou o marido de Martha em vilões manipuladores, mas o texto de Kata Weber evita tudo isso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Crítica – O Céu da Meia-Noite

 

Análise Crítica – O Céu da Meia-Noite


Review – O Céu da Meia-Noite
Um homem em estado terminal é deixado sozinho em um observatório na Antártica com o objetivo de avisar uma missão espacial retornando de uma das luas de Júpiter para não retornar ao planeta, que enfrenta uma catástrofe irreversível, esse é o início de O Céu da Meia-Noite. Enquanto Augustine (George Clooney) tenta contatar a estação espacial tripulada por Sully (Felicity Jones), ele encontra uma menina deixada no observatório. Sem escolha, ele decide cuidar da menina enquanto tenta avisar Sully e os demais para retornarem para a lua de Júpiter que descobriram ser habitável.

É um filme que tem muitas pretensões sobre temas como preservação ambiental, importância da família, o futuro da humanidade e outros temas complexos. A questão é essas ideias são todas tratadas sem qualquer complexidade ou nuance, recorrendo a clichês e discursos pré-prontos que não trazem nada de muito novo à discussão dessas ideias, mas que são tratadas por Clooney (que também dirige o filme) como se ele estivesse descobrindo a roda. A mesma empáfia messiânica que ele já tinha exibido no péssimo Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso (2017).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Crítica – Cobra Kai: 3ª Temporada

Análise Crítica – Cobra Kai: 3ª Temporada


Review – Cobra Kai: 3ª Temporada
As duas primeiras temporadas de Cobra Kai surpreendiam por pegar um material que poderia ser reduzido a um puro memorialismo vazio e o usou justamente para falar dos problemas de se viver apegado ao passado e a nostalgia. Johnny Lawrence (William Zabka) não consegue superar a derrota do passado e sua vida é pior por isso. Do mesmo modo Daniel Larusso (Ralph Macchio) se apega aos dias de glória de outrora e não aprecia plenamente a carreira e a família que construiu para si. Reviver a antiga rivalidade é, para os dois, uma maneira de tentar retornar a essa “era de ouro” da vida deles, no entanto isso só traz problemas a ambos. Aviso que o texto a seguir tem SPOILERS da temporada.

A terceira temporada continua onde o segundo ano parou, com Miguel (Xolo Maridueña) em coma depois da briga generalizada na escola, Kreese (Martin Kove) forçando a saída de Johnny do Cobra Kai e Daniel decidindo fechar o Miyagi-Do pela segurança dos alunos. Era de se esperar que as coisas esfriassem depois do conflito, mas Kreese parece disposto a insuflar ainda mais a rivalidade entre os seus alunos para provar que é superior a Daniel e Johnny.