Narrativas policiais e investigativas são costumeiramente
calcadas em racionalidade, em um exame lógico-dedutivo de evidências para
resolver um crime aparentemente sem explicação e demonstrar a onipotência da
razão humana desvendar o mundo a nossa volta. A partir disso a ideia de
misturar um gênero tão cartesiano e positivista com elementos de fantasia, como
faz a série brasileira Cidade Invisível,
poderia parecer contraprodutivo, mas não é a primeira vez que esses elementos
convergem.
Tim Burton, por exemplo, já tinha misturado investigação e
magia no bacana A Lenda do Cavaleiro Sem
Cabeça (1999), a série Supernatural em
suas primeiras temporadas tinha esse misto de investigação e sobrenatural e Sleepy Hollow, série também baseada nas
histórias do Cavaleiro Sem Cabeça, igualmente caminhava por esses dois gêneros.
É portanto, perfeitamente possível convergir esses dois elementos, mas a
questão é: Cidade Invisível consegue
trabalhar bem mescla? A resposta é um sonoro sim.
A trama é centrada em Eric (Marco Pigossi), um investigador
da polícia ambiental do Rio de Janeiro que perdeu a esposa em um misterioso
incêndio florestal em uma vila próxima ao Rio. Depois da morte da esposa Eric
começa a se deparar com eventos estranhos, como um boto cor de rosa (um animal
de água doce) aparecendo morto em uma praia carioca. A partir daí, Eric começa
a perceber elementos que pareciam estar ocultos em nosso mundo e descobre que
histórias do nosso folclore, como o Saci, a Cuca e o Curupira, na verdade são
bem reais.