sexta-feira, 12 de março de 2021

Crítica – Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta

 


De início este Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta parece uma comédia adolescente colegial cheia de mensagens positivas, girl power e autoafirmação, mas uma guinada brusca no terceiro ato dá um peso e uma seriedade inesperada que a trama não consegue lidar.

A narrativa é protagonizada por Vivian (Hadley Robinson), que cansa dos padrões machistas de sua escola, do bullying constante por conta dos garotos populares e da falta de ação da diretora Shelly (Marcia Gay Harden) e decide mobilizar as garotas do colégio. Para tanto, ela cria uma revista chamada Moxie que distribui anonimamente pela escola e, com isso, as coisas começam a mudar.

É um filme cheio de boas intenções para falar da importância da mobilização feminina e quanto as mulheres podem crescer se ficarem unidas e agirem junto. A questão é que a condução desses elementos acontece de maneira um tanto ingênua, com as garotas da escola rapidamente aderindo à revista de Vivian sem qualquer oposição além dos já citados garotos populares.

Tudo se resolve muito rapidamente, bastam algumas palavras de ordem e todos se dobram às garotas, sejam colegas, professores ou outras instâncias. Eu sei que filmes ou a arte como um todo não precisam necessariamente falar sobre como o mundo é, que podem contar histórias sobre como queriam que o mundo fosse, mas mesmo sob este viés, é difícil crer que, no mundo de hoje, as falas da protagonista e suas amigas não encontrariam oposição ou resistência.

Ocasionalmente o filme até põe em questão as facilidades que Vivian encontra em sua jornada ao mostrar as consequências das ações dela sobre Claudia (Lauren Tsai), melhor amiga de Vivian, que acaba sendo responsabilizada pela revista. Filha de imigrantes, Claudia conta a Vivian as dificuldades que ela e a família passam, chamando a atenção de como o feminismo sem consciência de classe social, etnia ou outras variáveis interseccionais pode continuar propagando as mesmas desigualdades. Como tudo mais no filme, passa por esses temas de maneira superficial, mas é um ponto importante de ser abordado.

Até então era possível deixar passar as palavras de ordem e resoluções fáceis por entender ser um feel good movie feito para funcionar como um passatempo para o público se sentir bem e inspirado. O problema maior vem nos últimos vinte minutos da narrativa quando a trama insere um problema sério demais para ser tratado de maneira tão leviana.

Nos seus últimos momentos o filme traz uma acusação de estupro contra o garoto popular que praticava bullying constantemente. É uma questão séria, que destoa do tom leve do restante do filme. Tratar esse tema com o devido cuidado por si só já traria uma mudança brusca no tom do filme, fazer isso nos cerca de quinze minutos entre o surgimento da acusação e o desfecho da trama é quase irresponsável. Isso porque, como todo resto da narrativa, bastam algumas palavras de ordem e frases motivacionais para que tudo se resolva e tudo fique bem, quando no mundo real as coisas são muito mais complexas.

Dificilmente uma acusação dessa natureza, principalmente contra um garoto popular e de classe alta, se resolveriam com tanta facilidade. A garota que denunciou provavelmente enfrentaria ataques pessoais e mesmo sendo muito otimista que isso não acontecesse, dificilmente seu trauma se resolveria com meia dúzia de frases clichê de autoajuda. Do modo como aparece no filme o estupro é usado de maneira sensacionalista e irresponsável apenas para gerar um choque e depois passar por cima de todas as repercussões e complexidades que um tema desses geraria. Dá para perceber que o filme tinha boas intenções, mas nem sempre boas intenções se concretizam e aqui elas prestam um desserviço que banaliza o modo como lidamos com abuso.

Perdido entre ser uma comédia adolescente leve ou filme sério sobre abuso, Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta é um exemplo que de que boas intenções não são suficiente para sustentar uma narrativa problemática.

 

Nota: 5/10


Trailer


Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2021

 

indicados ao Framboesa de Ouro 2021

O Framboesa de Ouro, premiação que “homenageia” os piores filmes do ano divulgou nesta sexta-feira (12/03) os seus indicados. 365 Dias e Dolittle lideram com seis indicações cada. Entre as omissões está The Last Days of American Crime, que foi massacrado no lançamento, mas não recebeu nenhuma indicação, e A Última Coisa que Ele Queria, que ficou em primeiro lugar em nossa lista de piores filmes do ano passado, mas aqui recebeu apenas uma indicação. O anúncio dos vencedores deve acontecer on-line no dia 24 de abril, até lá confiram abaixo a lista completa de indicados e contem para nós qual filme tem a torcida de vocês.

 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Crítica - Duas Tias Loucas de Férias

 Análise Crítica - Duas Tias Loucas de Férias


Review - Duas Tias Loucas de Férias
Escrito e estrelado por Annie Mumolo e Kristen Wiig (que juntas também escreveram Missão Madrinha de Casamento) este Duas Tias Loucas de Férias é uma comédia tão absurda e sem noção que me pergunto como as duas roteiristas conseguiram pensar em tantas coisas sem sentido e conseguiram mesclar tudo em um filme minimamente coeso dentro do universo quase que cartunesco que tenta criar. Digo isso porque penso é necessário muita fabulação e inteligência para criar personagens tão estúpidos e ainda assim nos fazer minimamente nos importar com eles.

A trama acompanha as amigas Barb (Annie Mumolo) e Star (Kristen Wiig), duas mulheres de meia idade que ficam sem rumo depois que a loja de móveis em que trabalham acaba fechando. Elas decidem se reinventar viajando para uma pequena cidade na Flórida chamada Vista Del Mar, supostamente um paraíso para pessoas de meia idade. Lá elas conhecem o bonitão Edgar (Jamie Dornan) e se envolvem com ele romanticamente. O que elas não sabem é que Edgar é um perigoso espião trabalhando para a supervilã Sarah Gordon Fisherman (também Kristen Wiig) que deseja matar todos em Vista Del Mar usando um dispositivo que controla mosquitos assassinos.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Crítica – Raya e o Último Dragão

 

Análise Crítica – Raya e o Último Dragão

Review – Raya e o Último Dragão
Em termos de premissa, a jornada de uma garota para encontrar a última esperança de salvar um mundo à beira da destruição por forças malignas não é exatamente novidade, nem mesmo a ideia da necessidade de união diante de um grande mal. Estamos, no entanto, vivendo tempos tão polarizados, com tanta divisão e falta de diálogo que é difícil não perceber o quanto a animação Raya e o Último Dragão é relevante para os tempos em que estamos vivendo.

Na trama, a jovem Raya (voz de Kelly Marie Tran) percorre seu reino na esperança de conseguir invocar Sisu (voz de Awkwafina) a última dos dragões e a aparentemente a única capaz de deter o avanço dos Druun, uma praga mística que transforma em pedra todos os seres vivos que toca. Sisu já tinha contindo os Druun séculos atrás quando concentrou a magia dos dragões em uma joia mágica, mas a gema se partiu quando as múltiplas nações do reino lutaram por sua posse.

O coração da trama, portanto, é a ideia de união. O avanço dos Druun não se dá por conta de um vilão específico e sim pela incapacidade humana de cooperar. As nações se dividem porque não conseguem dialogar e se mantem divididas porque todos estão presos a rancores de séculos atrás e são incapazes de dar um voto de confiança para o outro. A divisão, portanto, enfraquece um mundo da trama. O arco de Raya vai se o de superar o trauma do passado quando foi traída por alguém que julgava ser sua amiga e aprender que as outras nações não são o que ela pensava ser.

terça-feira, 9 de março de 2021

Crítica – Um Príncipe em Nova York 2

 


Perdi as contas de quantas vezes vi Um Príncipe em Nova York (1988) na Sessão da Tarde e em VHS. Era uma comédia romântica bem tradicional em termos de trama (o cara rico que finge ser pobre é usado por Hollywood desde a década de 1930), mas tinha um diretor e um protagonista no auge de suas respectivas formas, conduzindo tudo com um carisma e um afeto que é difícil não se deixar conquistar pelo filme. É o tipo de clássico que não dá para repetir, então me aproximei deste Um Príncipe em Nova York 2 com certa cautela. O resultado é logicamente inferior ao original, mas não chega a ser intragável.

Na trama, Akeem (Eddie Murphy) se torna rei de Zamunda depois do falecimento de seu pai, Jaffe (James Earl Jones). Como Akeem não tem filhos homens, ele ascende ao trono sem um príncipe herdeiro, pois as leis de Zamunda determinam que apenas homens podem assumir o trono. Isso o coloca sob ameaça do general Izzi (Wesley Snipes), governante do país vizinho que planeja assassinar Akeem. As coisas mudam quando Semmi (Arsenio Hall) conta a Akeem que ele tem um filho bastardo nos Estados Unidos. Assim, Akeem retorna ao Queens para tentar trazer o filho, Lavelle (Jermaine Fowler), para Zamunda e torná-lo seu herdeiro.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Rapsódias Revisitadas – Cleo das 5 às 7

 Análise Crítica – Cleo das 5 às 7

Review - Cleo das 5 às 7
Lançado em 1962, Cleo das 5 às 7 é o segundo longa-metragem dirigido pela cineasta Agnes Varda e ajudou a sedimentar a diretora como um nome importante do movimento da nouvelle vague francesa bem como no cinema mundial. Em um espaço dominado por homens (e mesmo hoje ainda é) o filme de Varda toca em questões de existencialismo e também de como a sociedade francesa percebia as mulheres.

A trama é centrada na cantora Florence “Cleo” Victoire (Corinne Marchand) que aguarda o resultado de um exame que lhe dirá se ela tem câncer. Nas horas que antecedem a resposta sobre sua saúde, acompanhamos Cleo conforme ela questiona o que fazer com sua vida e encara a possibilidade da morte.

Se passando quase que em tempo real, a narrativa pondera sobre a vida e as coisas que lhe de dão sentido, mostrando como mesmo em um curto espaço de tempo muita coisa pode acontecer, podemos descobrir sentimentos que não conhecíamos ao nosso respeito, trabalhar ou mesmo agir de maneira fútil, mas que tudo isso significa estar experimentando a vida, as possibilidades que o mundo nos dá.

domingo, 7 de março de 2021

Crítica – WandaVision

 Análise Crítica – WandaVision


Review – WandaVision
A série (minissérie?) WandaVision não era para ser a primeira entre os seriados do universo Marvel previstos para o Disney+. O previsto era que O Falcão e o Soldado Invernal fosse a estreia da Marvel no streaming da Casa do Mickey, mas a série sofreu atrasos nas gravações, então esse papel coube a WandaVision. Assistindo à série é possível entender porque inicialmente ela não foi pensada para ser nosso primeiro contato com esse universo depois de quase um ano de hiato por conta da pandemia. O formato e estrutura narrativa, que foca em paródias de sitcoms é diferente demais do tipo de narrativas encontradas nos filmes da Marvel, um atributo que acaba sendo a principal vantagem e também um dos problemas da série. Aviso que o texto abaixo contem SPOILERS da série.

A trama se passa tempos depois de Vingadores: Ultimato (2019). Wanda (Elizabeth Olsen) está aparentemente casada com Visão (Paul Bettany) e vivendo uma idílica vida de classe média suburbana. Só um problema, Visão foi morto por Thanos (Josh Brolin) nos eventos de Vingadores: Guerra Infinita (2018) e, de alguma maneira, o casal parece estar vivendo em uma espécie de sitcom da década de 50. Aos poucos, no entanto, vamos percebendo que há algo muito estranho nessa realidade.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Drops – Cuidado Com Quem Chama

 

Análise Drops – Cuidado Com Quem Chama

Review Drops – Cuidado Com Quem Chama
A pandemia trouxe várias mudanças em nosso cotidiano. Afetou nossas relações pessoais, trabalho e mexeu na maneira como fazemos muitas coisas. A realização audiovisual foi uma das atividades mais afetadas pela pandemia, afinal ter dezenas de pessoas em um set fechado, mesmo de máscara, não é plenamente seguro. Muitos realizadores tentam pensar em tipos de histórias que podem ser contadas no contexto pandêmico e Cuidado Com Quem Chama é um desses esforços.

A narrativa segue um grupo de amigas que, entediadas com o confinamento da quarentena, contratam uma médium para fazer uma sessão espírita via videoconferência. Logicamente coisas estranhas começam a ocorrer e o grupo desconfia que talvez tenham invocado algum espírito maligno.

Não é o primeiro filme a ser feito com personagens em videoconferência, outros como Amizade Desfeita (2014) e Buscando (2018) já contaram histórias usando esses dispositivos. Até mesmo a série Modern Family já tinha feito um episódio inteiro dessa maneira. Aqui, no entanto, dado o contexto da pandemia, recorrer a esse meio para contar uma história bem típica de invocação maligna soa como uma solução esperta para contornar os problemas que se impõem na realização audiovisual por conta dos cuidados sanitários que devem ser tomados.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Crítica – Pode Guardar um Segredo?

 Análise Crítica – Pode Guardar um Segredo?


Review – Pode Guardar um Segredo?
De início este Pode Guardar Um Segredo? começa como uma banal comédia romântica, mas conforme a trama se desenvolve, vai se tornando cada vez mais problemático, ao ponto em que fica insuportável de assistir. É o tipo de filme que até poderia funcionar como uma diversão despretensiosa, mas é tão equivocado na construção do relacionamento do casal principal que reproduz ideias antiquadas sobre homens e mulheres.

Na trama, Emma (Alexandra Daddario) é uma jovem atrapalhada, que constantemente se mete em problemas e não consegue manter um emprego. Durante um voo ela conhece Jack (Tyler Hoechlin) e acaba confidenciando a ele seus principais segredos durante uma violenta turbulência do avião. Ao voltar para o trabalho, Emma fica sabendo que o dono da empresa vai chegar para supervisionar a filial e descobre que ele é ninguém menos que Jack. Agora ela precisa saber como lidar com alguém que conhece seus segredos mais íntimos.

O roteiro tenta construir Emma como aquele clichê de comédias românticas como a jovem aparentemente banal, atrapalhada e sem confiança que não consegue fazer nada certo até que conhece um homem que abre seus horizontes e ela começa a por a vida no lugar. Tem vários problemas dentro dessa construção. O primeiro é que tanto o texto quanto a performance de Daddario pesam tanto a mão no lado desengonçado e esquisito da personagem que ela soa como uma completa lunática desequilibrada ao invés encantadora. Outro problema é que o texto tenta vender a ideia de Emma como essa garota sem graça, tão incapaz de chamar a atenção de qualquer homem que ela fica surpresa quando Jack demonstra interesse nela. Essa ideia cai por terra quando lembrando que a personagem tem a aparência de Alexandra Daddario, uma mulher extremamente atraente. Então quando ouvimos Emma falar sobre padrões de beleza é difícil comprar a insegurança da personagem, já que ela se encaixa completamente naquilo que seria considerado atraente.

Se por um lado temos Emma como uma mulher cheia de falhas, por outro Jack não possui absolutamente nenhuma. O personagem é um príncipe encantado perfeito durante boa parte da trama e relação entre dois não só é unilateral como nunca explica o motivo dele se sentir atraído por Emma. Sim, Jack explica que foram as confissões dela no avião, mas considerando que a personagem pende mais para doida do que para desengonçada, é difícil embarcar na ideia de que o alto executivo de uma empresa se apaixonaria por uma histérica que lhe revelou todas as intimidades durante uma turbulência. Além disso, incomoda que a relação deles consista em Emma idolatrar Jack enquanto ele é retratado como alguém magnânimo por estar dando oportunidade para que uma garota tão cheia de falhas como Emma esteja com alguém tão perfeito quanto ele.

Essa dinâmica da mulher cheia de problemas que é “resgatada” por um “príncipe encantado” transforma Emma em uma figura passiva, que precisa ser salva de sua vida de mediocridade por esse homem aparentemente perfeito já que de outro modo não conseguiria dar uma guinada na própria existência. Reproduzir essas noções anacrônicas em pleno século XXI, de que uma mulher só seria capaz de amadurecer quando um homem salvador aparecer em sua porta, é um desserviço.

O que já era ruim se torna muito pior quando Jack revela em uma entrevista na televisão todos os segredos íntimos que Emma lhe contou e a trama trabalha pesado em relativizar o comportamento do executivo e força a barra para atenuar as consequências. Realisticamente seria impossível que Emma conseguisse continuar trabalhando na empresa ou que conseguisse reconstruir a carreira por um bom tempo. O filme até mostra os colegas fazendo piadas e comentários maldosos, mas logo tudo é esquecido pelo roteiro.

Do mesmo modo, ter um alto executivo revelando em rede nacional as intimidades de uma funcionária com quem ele se relaciona certamente levantaria acusações de assédio a tal ponto que seria inviável ele se manter no cargo e causaria um enorme dano à imagem da empresa. Mais uma vez o filme até tenta abordar essa questão com a supervisora de Emma perguntando a ela se houve algum assédio, mas o momento é completamente sabotado pelo fato da supervisora dizer que conhece a boa índole de Jack, como que fazendo uma defesa prévia do personagem. É como se essa declaração anulasse a óbvia dinâmica de poder em jogo ou fato de Jack ser gente boa tornasse impossível que ele pudesse cometer assédio, sendo que assediadores comumente se apresentam como “caras legais”.

Para piorar tudo, o texto ainda tenta colocar Jack como uma vítima da situação ao inserir um mal entendido em que Jack crê que Emma iria contar as intimidades dele para um repórter. Assim que isso acontece, o filme parece esquecer a gravidade do que Jack fez (de novo, realisticamente ele teria acabado com a carreira de Emma) e constrói toda a situação como se Emma que devesse desculpas a Jack e as ações dele fossem um mero vacilo sem grandes consequências. Tudo isso soa manipulativo e desonesto, tentando forçar um enlace romântico quando não devia ter um e sequer temos motivos para torcer para que o casal termine junto, já que Jack se comportou como um babaca e Emma passa o filme inteiro agindo como uma lunática.

Os momentos de humor raramente funcionam, gerando mais vergonha ou irritação do risadas de fato. Gemma (Kimiko Glenn), por exemplo, deveria ser a amiga engraçada da protagonista que dá conselhos absurdos, mas ela é tão fútil, autocentrada e desagradável que mais causa incômodo do que gargalhadas. As cenas que o texto tenta fazer rir pela conduta desengonçada de Emma não funcionam porque é tudo tão exagerado que a protagonista não soa apenas como uma garota atrapalhada, mas como alguém tão incapaz de entender conduta humana básica que chega a ser surpreendente que ela consiga viver em sociedade.

Com personagens desinteressantes, humor que não funciona e uma visão problemática sobre relacionamentos, Pode Guardar um Segredo? é um desastre do qual praticamente nada se salva.

 

Nota: 3/10


Trailer

terça-feira, 2 de março de 2021

Crítica – Persona 5 Strikers

 

Análise Crítica – Persona 5 Strikers

Review – Persona 5 Strikers
Persona 5 é um dos melhores JRPGs da última geração de consoles, então quando foi anunciado este Persona 5 Strikers (disponível para PS4 e Nintendo Switch), um spin-off desenvolvido pela Omega Force que traria o combate explosivo de Dynasty Warriors para Persona 5 de maneira semelhante ao que tinham feito com Zelda em Hyrule Warriors ou com Dragon Quest em Dragon Quest Heroes. Tendo jogado Persona 5 Strikers posso dizer que o jogo é menos um derivado e mais uma continuação direta, que mantem muito da estrutura do jogo original.

A trama se passa seis meses depois da trama original (Persona 5 Royal não é cânone) com os personagens se reencontrando para passarem férias juntos. Antes que saiam em uma viajem juntos, no entanto, descobrem que o Metaverso ainda está ativo e alguém o está usando para roubar os desejos das pessoas. Os personagens logo descobrem que as prisões do Metaverso estão se manifestando ao redor do Japão, então decidem usar a viagem de férias para tentar resolver o mistério do que está acontecendo.

Apesar da narrativa ser uma continuação, é possível acompanhar o que acontece mesmo sem ter jogado Persona 5. Claro, você provavelmente vai perder uma ou outra referência aos eventos do original, mas a história consegue se sustentar por conta própria. A trama mostra o quanto os personagens amadureceram desde a última vez que os vimos, muitas vezes tentando aconselhar e redimir os antagonistas que controlam as prisões que encontram. Falo antagonistas porque muitos deles não são necessariamente malignos, são, em muitos casos, pessoas tomadas por trauma, que fizeram escolhas equivocadas e tentaram resolver seus problemas da pior maneira possível. Isso ajuda a dotar os antagonistas e situações encontradas de alguma medida de ambiguidade moral, evitando maniqueísmos fáceis.